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  • IG - Ultimo Segundo
    07/06/2010

    Reforma de aeroportos esbarra em 60 aviões-sucatas
    Aeronaves de empresas falidas ou inoperantes estão paradas nos pátios há anos, ocupando um espaço nobre para a aviação comercial
    Marina Gazzoni, iG São Paulo

    O projeto de expansão dos aeroportos brasileiros terá o desafio de ampliar os estacionamentos de aeronaves sem retirar aviões que estão parados nestes locais há anos. Há 59 aeronaves de grande porte inoperantes em 14 aeroportos do Brasil, a maioria delas estacionada em cidades-sede da Copa de 2014, segundo levantamento da Infraero feito a pedido do iG. Metade desta frota pertence à falida Vasp, mas há também aviões de outras nove companhias aéreas que deixaram de voar, como Transbrasil, Fly e a antiga Varig.

    A Infraero anunciou investimentos de R$ 4,5 bilhões nos aeroportos para receber a Copa de 2014. Uma das principais ações é a expansão dos terminais de passageiros e do pátio das aeronaves, que permitirá aumentar a capacidade de operação. Segundo a empresa, os espaços hoje ocupados por aeronaves inoperantes poderiam ser usados para a ampliação de pistas, pátios e criação de hangares, por exemplo.

    “As obras nos aeroportos relacionados com as cidades-sede da Copa do Mundo foram projetadas levando em conta todo o potencial do sítio aeroportuário”, afirma a Infraero ao iG, em nota. Como o prazo para a liberação destes espaços e a remoção das aeronaves não dependem do órgão, pode ser que esses aviões ainda estejam nos aeroportos até 2014. Se isso ocorrer, a Infraero estuda realocar os equipamentos dentro do próprio aeroporto, para poder aproveitar as áreas que elas hoje ocupam. A instituição não informou o número de aeronaves em cada aeroporto.

    Espaço nobre

    A capacidade de um aeroporto é estabelecida pela extensão do pátio, da pista e pelo controle de tráfego aéreo, afirma o diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins. Assim, ele conclui que ocupar posições no solo com aviões que não operam reduz a capacidade do aeroporto. “É até um contrassenso gastar para ampliar o pátio do aeroporto se há posições disponíveis mal utilizadas.”

    Essas aeronaves estão exatamente nos aeroportos mais movimentados, onde o espaço é mais disputado. No Antônio Carlos Jobim, o antigo Galeão, no Rio de Janeiro, há aviões da Vasp, da Fly, da antiga Varig e da Platinum Air, companhia que trouxe em 2007 três Boeings para o Brasil, mas não operou por falta de certificação. Em Congonhas, em São Paulo, além de aeronaves da Vasp, há também um hangar desativado da companhia. A Infraero já obteve na Justiça o direito de retomar a área, mas não de retirar partes de aeronaves, móveis e outros bens que estão no local. Até que consiga essa autorização, a utilização do espaço é limitada.

    A situação já incomoda as companhias aéreas. “Na área do hangar da Vasp, poderia existir outro terminal de passageiros”, afirma o diretor institucional da Azul, Adalberto Febeliano. Durante evento da companhia no mês passado, o fundador da Azul, David Neeleman, criticou a situação. “Precisamos de mais pátio. Tirando a sucata e abrindo espaço no pátio podemos operar mais rotas.”

     

     

    IG - Ultimo Segundo
    07/06/2010

    Transbrasil culpa GE por falência da companhia
    Credora da empresa aérea, General Eletric diz que quebra era iminente e que não foi única a executar dívidas da Transbrasil
    Marina Gazzoni, iG São Paulo

    A falência da Transbrasil, decretada em 2003 após pedido da General Eletric (GE), colocou as empresas em batalha judicial. A companhia aérea afirma que a quebra decorre de uma execução de títulos que já foram pagos. No outro lado, a GE alega que a dívida total não foi quitada e que foi apenas uma entre várias empresas que pediram a falência da Transbrasil.

    A disputa ainda está longe de terminar, mas a última vitória foi da Transbrasil. Neste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que a cobrança das notas promissórias pela GE foi indevida e condenou a empresa a pagar US$ 40 milhões à Transbrasil, o dobro do valor atualizado dos títulos. O advogado da GE, Antônio Tavares Paes Júnior, afirmou que a empresa vai recorrer.

    Indenização

    Mais do que a multa pela suposta cobrança indevida de notas promissórias, a Transbrasil quer receber da GE uma indenização pela interrupção de suas atividades. Segundo o advogado da empresa, Cristiano Zanin Martins, o pedido de falência pela GE inviabilizou a recuperação financeira da companhia áerea.

    "No dia anterior ao pedido, a Transbrasil recebeu 30 mil consultas para compra de passagens. No dia seguinte, foram apenas 300. O temor que se espalhou entre os clientes e fornecedores por este pedido foi uma catástrofe para a Transbrasil", afirma Martins.

    A GE não quis se pronunciar sobre o tema, mas, por meio de seu advogado, refutou a acusação de que é responsável pela falência da Transbrasil. "É muito simples atribuir a falência ao pedido de uma empresa", afirma Paes. Para ele, a companhia quebrou por ineficiência, endividamento e pela competição acirrada no setor.

    O advogado também afirmou que a dívida da Transbrasil com a GE é "muito maior" do que os títulos executados e que ela ainda não foi sanada. Segundo ele, vários contratos da GE não foram honrados pela Transbrasil e um escalonamento da dívida foi negociado. Como parte dos títulos não foi paga, a empresa pediu a falência da companhia, afirma Paes.

    A Transbrasil encerrou suas atividades em 2001 e foi a falência em 2003. Atualmente, a empresa possui cinco aeronaves paradas no aeroporto de Brasília.

     

     

    IG - Ultimo Segundo
    07/06/2010

    Aviões perderam valor e credores não receberam
    Sem manutenção e com tecnologia desatualizada, aeronaves dificilmente voltarão a voar; realização de leilões depende da Justiça
    Marina Gazzoni, iG São Paulo

    A maioria dos aviões parados nos aeroportos brasileiros pertence a empresas falidas, que deixaram suas aeronaves nos pátios quando interromperam os voos. Como os processos de falência se arrastam no Judiciário por anos, os aviões perderam seu valor e dificilmente voltarão a voar. Muitos estão sem motor e peças de maior valor, que foram retiradas por credores e, até mesmo, saqueadas. Sem equipamentos essenciais, manutenção, limpeza e com tecnologia desatualizada, essas aeronaves receberam o apelido de “sucatões”, já que provavelmente serão vendidas a empresas de reciclagem.

    Os credores de companhias como Varig, Transbrasil e Vasp aguardam a autorização judicial para a realização de um leilão destes ativos, que prevê levantar recursos para sanar a dívida das companhias falidas. Sem ordens judiciais, a Infraero não pode remover as aeronaves e permanece como fiel depositária, ou seja, responsável pela guarda dos bens.

    Desvalorização

    A demora da Justiça em autorizar os leilões das aeronaves prejudiciou os credores, a maioria deles ex-funcionários e fornecedores. "A Justiça não colocou os aviões à venda em tempo hábil e eles se deterioraram. O que restou é pura sucata, que não vale mais nada e ninguém quer", afirma Graziela Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, entidade que representa os trabalhadores do setor aéreo.

    É o caso da Vasp, dona de 29 dos 59 aviões de grande porte parados nos aeroportos brasileiros, segundo dados da Infraero. As aeronaves já foram leiloadas duas vezes, sem sucesso. Elas estão avaliadas em R$ 16,8 milhões, mas o valor ofertado por uma delas no último leilão, realizado neste ano, foi de apenas R$ 30 mil, de acordo com a ex-funcionária Vera Salgado, presidente da Associação dos Ex-empregados Trabalhistas da Vasp (AETV). A estimativa da entidade é que a dívida trabalhista da empresa chegue a R$ 1,6 bilhão, de um passivo total de R$ 4,5 bilhões.

    "Quando essas aeronaves pararam de voar, em 2005, elas estavam completas. Agora estão deterioradas. Se tivessem vendido antes, esse patrimônio poderia ser usado para pagar as dívidas da empresa", afirma Salgado. Segundo ela, os trabalhadores ainda não receberam nove salários que estão atrasados desde da falência da empresa, em 2008.

    Mudança de perfil

    Os anos 2000 foram marcados por uma crise no setor de aviação, que culminou com a falência de três companhias que lideravam a aviação comercial _Varig, Vasp e Transbrasil. Para o consultor Paulo Bittencourt Sampaio, elas sofreram com as variações cambiais e com o aumento da competição no setor. A entrada na Gol no mercado, em 2001, trouxe o conceito de operação com custos reduzidos e venda de passagens a preços mais acessíveis. Endividadas, Vasp e Transbrasil foram à falência e a Varig foi vendida à Gol. "Elas não souberam se adaptar às mudanças do setor", afirma o consultor.

    A reportagem do iG procurou duas vezes o admnistrador judicial da Vasp, Alexandre Tajra, mas ele não retornou aos pedidos de entrevista. Representantes das empresas Fly, Flex, Platinum Air e Sky Master também foram procurados, mas seus contatos estão desatualizados nos cadastros de empresas áreas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

    O avião desativado da Pantanal que está em Congonhas será doado ao Museu da TAM. A companhia está em recuperação judicial e foi adquirida pela TAM em dezembro de 2009. A TAM também comprou, na década de 80, a Votec, mas não confirmou se o avião parado no aeroporto de Jacarepaguá pertence a ela e qual será seu destino.

     

     


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