Folha de São Paulo
31/10/2007
Presidente da Anac informa
sua renúncia
Milton Zuanazzi deve dar hoje
explicação sobre a crise que provocou
a queda de toda a cúpula da agência de
aviação
Nelson Jobim (Justiça) convocou reunião
ontem, sem a presença de Zuanazzi, para discutir
a previsão de vôos no feriado de Finados
ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA
FOLHA
O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil), Milton Zuanazzi, comunicou ontem ao governo
que está renunciando ao cargo e à sua
vaga na agência e convocou entrevista coletiva
hoje para explicar os motivos e dar sua versão
da profunda crise que provocou a queda de todos os primeiros
diretores da agência.
A primeira comunicação de Zuanazzi foi
ao seu principal padrinho político no governo,
o ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações
Institucionais), num telefonema pela manhã. Zuanazzi
disse que estava saindo da Anac e pediu um encontro
com Mares Guia para ontem mesmo.
A intenção do presidente da agência
era entregar a carta da renúncia diretamente
à Casa Civil, no Palácio do Planalto,
passando ao largo do ministro da Defesa, Nelson Jobim,
com quem vem trocando desaforos em público há
meses.
Ontem, Jobim convocou reunião dos órgãos
responsáveis pela aviação civil
no ministério e simplesmente excluiu Zuanazzi.
Aos jornalistas, explicou que estava tratando "do
futuro, não do passado", em mais uma farpa
contra o conterrâneo -ambos são gaúchos.
No início da noite, Jobim confirmou, por meio
de sua assessoria, que tinha sido informado por Mares
Guia da decisão de Zuanazzi de renunciar tanto
ao cargo de presidente quanto à sua posição
de diretor da agência.
Com isso, o ministro pretende submeter o nome da economista
Solange Vieira ao Senado, para que possa ser nomeada
diretora e nova presidente da agência. Atualmente,
ela ocupa o cargo de Secretária de Aviação
Civil na Defesa.
A reunião do Ministério da Defesa foi
para discutir a previsão de vôos e do funcionamento
dos aeroportos durante o feriado prolongado de Finados,
que começa na próxima sexta-feira e pode
gerar nova crise no setor e mais desgastes para o governo.
Participaram, entre outros, dois dos novos diretores
da Anac, o brigadeiro Allemander Pereira Filho, já
nomeado, e Marcelo dos Guaranys, já sabatinado
pelo Senado. A nomeação de Guaranys e
Alexandre Gomes de Barros deve ser publicada hoje no
"Diário Oficial" da União. Outro
futuro diretor é Cláudio Jorge Pinto Alves.
A diretoria anterior, presidida por Zuanazzi, renunciou
depois que a diretora Denise Abreu foi acusada de tráfico
de influência e de ter usado uma falsa norma para
que a Justiça liberasse o aeroporto de Congonhas,
onde veio a ocorrer o maior acidente da história
da aviação brasileira, com um Airbus da
TAM, em 17 de julho, matando 199 pessoas.
Pela manhã, ao ser questionado sobre a saída
de Zuanazzi, Jobim afirmou: "Estamos num momento
de substituição. O problema não
é o Zuanazzi. Estamos trabalhando com o futuro,
não com o passado".
Conforme a Folha apurou, Zuanazzi vai ficar de "quarentena".
Não há a perspectiva de que venha ocupar
outro cargo público a curto prazo.
Folha de São Paulo
31/10/2007
"Nova
Varig" negocia dívidas com títulos
DA SUCURSAL DO RIO
O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial
do Rio, pretende convocar uma assembléia de credores
da "velha Varig" até o fim deste ano.
O objetivo é submeter à apreciação
dos credores a proposta da "nova Varig", controlada
pela Gol, de pagamento antecipado de debêntures
(títulos de dívida). O plano de recuperação
judicial da empresa prevê que o comprador das
operações da empresa pague um montante
de R$ 100 milhões em debêntures com prazo
de dez anos a credores das classes 1 e 2, principalmente
trabalhadores e o fundo de pensão dos funcionários,
o Aerus.
A Gol propõe o pagamento antecipado desses títulos
com desconto. Com isso, o valor cairia para R$ 88 milhões,
metade desse montante seria destinado para a classe
1 e o restante para a classe 2.
Folha de São Paulo
31/10/2007
FAB estima índice
recorde de acidentes aéreos neste ano
LEILA SUWWAN DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aeronáutica estima que o país terminará
o ano com 85 acidentes de avião ou helicóptero,
sendo que 71 ocorrências e 250 mortes já
foram registradas até a metade de outubro.
Segundo o levantamento estatístico do Cenipa
(Centro de Investigação e Prevenção
de Acidentes Aeronáuticos), esses números
são recordes para a aviação nacional
nos últimos dez anos -antes de 1996, ocorriam
mais acidentes por ano.
No ano passado, ocorreram 66 acidentes e 215 mortes.
As fatalidades por acidente aéreo de 2006 e 2007
são altas devidos aos dois piores acidentes da
história nacional -vôo 1907 da Gol, em
setembro de 2006, e vôo 3054 da TAM, em julho,
que somaram 353 vidas.
A previsão de 14 acidentes até o final
deste ano é baseada numa extrapolação
da média de acidentes ocorridos em novembro e
dezembro dos últimos anos. Procurada, a FAB não
comentou os dados.
Para o comandante Ronaldo Jenkins, diretor técnico
de segurança de vôo do Snea (Sindicato
Nacional das Empresas Aéreas), o crescimento
deste ano pode indicar abalos sofridos na cultura de
segurança de vôo depois do acidente da
Gol.
Para ele, a divulgação das caixas-pretas
dos acidentes e outras informações utilizadas
em prevenção tiveram "conseqüências
nefastas", pois os envolvidos temem ser culpados
ao reconhecer falhas.
"Tivemos uma reversão na curva nos dados
de segurança aérea e já temos 71
acidentes neste ano. Espero que seja temporária",
disse Jenkins. Apesar disso, ele avalia que a aviação
nacional é segura.
O percentual da frota envolvida em acidentes era de
0,53% em 2005, 0,60% em 2006 e está em 0,63%
neste ano. Se forem considerados apenas acidentes com
mortes, os percentuais são de: 0,16% (2005),
0,18% (2006) e 0,20% (2007). Desde 1998, 628 acidentes
foram registrados, com 972 mortes.
Folha de São Paulo
31/10/2007
Grupos querem 30% da Gol,
diz Constantino
DA BLOOMBERG
A Gol afirmou ontem, durante coletiva de imprensa em
Londres, ter sido contatada por grupos de compras de
participações interessados em adquirir
30% do capital da empresa aérea.
Os contatos foram "muito preliminares", segundo
o presidente da companhia, Constantino de Oliveira Júnior,
durante apresentação para a imprensa da
estréia do vôo da Varig para a capital
inglesa. "Eles sondaram a possibilidade de se tornar
parte de alguma transação", disse
o executivo, sem dar mais detalhes.
A família Oliveira, a investidora controladora
da Gol, afirmou no mês passado que poderá
fechar o capital da companhia depois que seus papéis
perderam quase 50% de seu valor em um ano. Cerca de
30% das ações da empresa são negociadas
em bolsa.
Valor Econômico
31/10/2007
Antes de sair, Zuanazzi age para
evitar punição à BRA
Daniel Rittner e Paulo de Tarso Lyra
O diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), Milton Zuanazzi, que deve anunciar hoje
sua renúncia ao cargo, agiu nos bastidores, como
uma de suas últimas medidas, para evitar a paralisação
das operações da BRA. Zuanazzi contrariou
recomendação da equipe técnica
da agência, em dois pareceres, de suspensão
total dos vôos e vendas de passagens da companhia
aérea, por supostos descuidos na manutenção
de aeronaves e mau atendimento aos passageiros, entre
outros problemas.
A BRA enfrenta a pior crise desde sua fundação,
em 1999. Técnicos da Anac constataram descumprimento
de várias normas pela empresa e encaminharam
ao presidente do órgão regulador, há
cerca de dez dias, relatórios em que sugeriam
a suspensão das operações, por
tempo indeterminado, até que os problemas fossem
corrigidos. Zuanazzi, então integrante único
da diretoria, vetou a recomendação sem
dar explicações.
O presidente demissionário da Anac é
do ramo de turismo e uma das possibilidades cogitadas
pelo governo é remanejá-lo para um cargo
na Embratur. A família Folegatti, principal acionista
da BRA, é oriunda do mesmo setor e dona também
de uma das maiores operadoras de turismo do país,
a PNX Travel.
A Anac já suspendeu a venda de passagens internacionais
da BRA e realizou auditoria na empresa, mas parte dos
problemas continuaram mesmo após o cerco à
empresa. Segundo funcionários da agência,
passageiros de vôos cancelados não têm
recebido tratamento adequado e a companhia não
forneceu todos os dados financeiros.
Houve denúncias do Sindicato Nacional dos Aeronautas
de que as refeições de bordo disponíveis
aos tripulantes estavam estragadas. Novos problemas
nas aeronaves, como a despressurização
de um Boeing 737 após decolagem em Porto Alegre,
foram determinantes na recomendação de
paralisar as operações. Fornecedores também
se queixam de atrasos nos pagamentos.
Zuanazzi convocou uma entrevista para a manhã
de hoje e deve colocar o cargo à disposição.
A informação da demissão foi confirmada,
ontem à noite, pela assessoria do ministro da
Defesa, Nelson Jobim. Pressionado pelo ministro, ele
tem buscado apoio dentro do PT para enfrentar o ex-presidente
do Supremo Tribunal Federal. Na segunda-feira, o conselho
consultivo da Anac, formado por 22 entidades ligadas
à aviação, encaminhou ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva uma carta em que pede
a permanência de Zuanazzi.
Ontem, Jobim ignorou o atual presidente da Anac na
reunião que fez com as principais autoridades
aeronáuticas do país. O ministro convocou
uma reunião com a cúpula da Infraero,
oficiais da Aeronáutica e os novos diretores
da Anac. Estiveram presentes o economista Marcelo Guaranys,
cuja nomeação para a diretoria da agência
ainda não saiu, e o brigadeiro Allemander Pereira
Filho, empossado anteontem. Zuanazzi não foi
convidado.
Amigos de Zuanazzi afirmam que o presidente da Anac
decidiu deixar hoje o cargo em cumprimento de acordo
entre o próprio Zuanazzi e o presidente Lula,
no auge da crise do apagão aéreo. Depois
do acidente da TAM e com a Anac recebendo críticas,
Zuanazzi procurou o ministro da coordenação
política, Walfrido dos Mares Guia, com um recado.
"Não serei empecilho às mudanças
na agência. Pode falar isso ao presidente Lula."
Walfrido transmitiu o recado ao presidente. Nesse meio
tempo, contudo, Jobim elevou o tom das divergências
com a agência e aumentou a pressão pela
renúncia. Zuanazzi não quis assumir o
"status"" de incompetente e começou
a dar repetidas entrevistas dizendo que "só
deixaria o cargo se fosse tirado pelo presidente da
República".
No governo, a resistência de Zuanazzi, que tem
amigos no Palácio do Planalto, tinha interpretações
diversas. Alguns interlocutores do ministro da Defesa
viam na atitude do presidente da Anac uma mensagem indireta
do PT, sobretudo do PT gaúcho, incomodado com
o crescimento do prestígio de Jobim dentro do
governo. Aliados de Zuanazzi, porém, avaliavam
sua insistência em permanecer no cargo como uma
questão de preservação profissionalAntes
de sair, Zuanazzi age para evitar punição
à BRA.
O Globo
31/10/2007
Queda anunciada na Anac
Jobim divulga demissão
de Zuanazzi, que deve ser formalizada hoje com Lula
Gerson Camarotti e Jaitton de Carvalho
BRASÍLIA Principal alvo das críticas
na crise que levou caos aos aeroportos, o presidente
da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), Milton Zuanazzi, deve entregar hoje seu pedido
de demissão ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. O encontro com Lula foi o último
gesto do governo para tentar dar uma saída honrosa
ao presidente da Anac, Zuanazzi vinha tentando se manter
no cargo, mas o ministro da Defesa, Nelson Jobim, desde
sua posse, há três meses, não escondia
que contava as horas para vê-lo fora da agência.
Zuanazzi resistia em pedir demissão, pois se
sentia humilhado publicamente pelo ministro da Defesa.
Chegou a avisar a assessores do governo que usaria
o mandato para ficar no cargo.
Para evitar constrangimento ainda maior, Lula deu sinal
verde para o ministro das Relações Institucionais,
Walfrido dos Mares Guia, costurar os termos da exoneração.
O martelo foi batido ontem. O presidente da Anac comunicou
que deixaria o órgão para ocupar um cargo
na iniciativa privada. De manhã, Zuanazzi recebeu
o majorbrigadeirodoar Allemander Jesus Pereira Filho,
nomeado para a diretoria da Anac. Na conversa, foi iniciada
a transição.
— O Zuanazzi vai entregar a carta de demissão
ao presidente Lula. É uma maneira de homenageá-lo.
Ele é um homem de alto gabarito. Não pode
sair chutado do governo — disse Mares Guia.
Ironicamente, coube ontem ao principal desafeto de
Zuanazzi no governo a divulgação de que
a demissão estava acertada.
— Tenho a informação do ministro
Walfrido que amanhã (hoje) ele (Zuanazzi) se
afastaria e levaria a carta ao Palácio do Planalto
— afirmou Jobim, no início da tarde.
Reunião de cúpula foi sem Zuanazzi
A movimentação para tornar pública
a demissão de Zuanazzi começou de manhã.
Jobim reuniu a cúpula da administração
da aviação civil, sem o presidente da
Anac. O pretexto do encontro seria definir medidas preventivas
para o aumento de vôos que tradicionalmente ocorre
entre 10 de dezembro e 15 de março. Estavam na
reunião, no gabinete do ministro, o comandante
da Aeronáutica, Juniti Saito, o presidente da
Infraero, Sérgio Gaudenzi, e dois novos diretores
da Anac, Marcelo dos Guaranys e Allemander Pereira Filho,Guaranys
nem sequer tomou posse.
Após o encontro, Jobim explicou por que não
convidou Zuanazzi: — Estamos num momento de substituição.
Nós temos que trabalhar com quem vai para o futuro
e não com quem fica no presente.
A versão oficial é que Zuanazzi só
sairia quando já houvesse no mínimo três
novos diretores da Anac, o que aconteceu agora. Nos
bastidores, ele mandou recados ao governo de que estava
disposto a enfrentar Jobim. Nos dois últimos
meses, dois ministros passaram a atuar para fazê-lo
mudar de idéia: a chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, e Mares Guia, padrinhos da indicação
dele para a presidência da agência. Na reta
final, o ministro assumiu o comando das negociações.
O presidente da Anac fora secretário Nacional
de Política de Turismo quando Mares Guia era
o titular do Ministério do Turismo.
Com a vaga de Zuanazzi livre, finalmente deve ser indicada
a economista e secretária de Aviação
Civil, Solange Paiva Vieira, para o cargo de diretora-presidente
da Anac. Ontem o presidente da República em exercício,
deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), assinou a nomeação
de Marcelo Pacheco dos Guaranys e Alexandre Gomes de
Barros. Os nomes foram aprovados semana passada pelo
Senado.
Na reunião, Jobim exigiu que os órgãos
de controle da aviação civil forneçam
aos passageiros informações sobre vôos,
horários de saída e atrasos.
Um dos participantes sugeriu a aplicação
de multas às empresas. Para o ministro, a punição
não é suficiente.
Ele entende que os órgãos de controle
têm de multar as empresas e repassar informações
aos passageiros.
O Globo
31/10/2007
Ancelmo Góis
Jornal do Brasil
31/10/2007
Jornal do Brasil
Jobim vence a queda-de-braço
e Zuanazzi decide deixar Anac
Alexandra Bicca
Brasília. Depois de 19 meses à frente
da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), Milton Zuanazzi deve seguir o caminho de outros
quatro diretores e entregar hoje sua carta de demissão
da presidência da agência. Foram três
meses de resistência desde que Nelson Jobim assumiu
o Ministério da Defesa, em julho. Sem confirmação
oficial da Anac ou do próprio Zuanazzi, Jobim
tomou a frente e garantiu que a carta de demissão
será entregue hoje.
- A afirmação é que se afaste
amanhã (hoje). Tenho informação
do ministro Walfrido de que amanhã ele se afastaria
e levaria carta ao presidente - disse Jobim.
O afastamento de Zuanazzi era um pedido de parte do
governo e da sociedade desde o acidente com Airbus A
320 da TAM, em julho passado no Aeroporto de Congonhas,
em São Paulo. O acidente, que deixou 199 mortos,
provocou uma série de mudanças no setor
aéreo, como por exemplo, a queda do então
ministro da Defesa Waldir Pires. A situação
de Zuanazzi estava pior a cada dia e desde que Jobim
assumiu a Defesa, a agência acabou perdendo espaço.
Para Respicio Espírito Santo Júnior,
presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos
e de Políticas Públicas em Transporte
Aéreo (Cepta), essas mudanças não
irão resolver os problemas do setor aéreo
do país. Segundo ele, a falta de marcos regulatórios
para o sistema aéreo fez com que ele se estruturasse
sobre uma planta sem hierarquia. Todo órgão
tido como autoridade aeronáutica, de acordo com
ele, acaba se transformando em mais uma esfera burocrática
que não orienta o setor. Respicio destaca que
hoje a maior autoridade aeronáutica é
o Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac)
que nada mais é, disse ele, do que "um conselho
de ministro que não toma qualquer decisão".
- Essa situação caótica não
nasceu da noite para dia, nasceu da falta de marco regulatório.
Política aérea deve ser igual política
econômica, deve ser pensada para o sistema e não
ocasionalmente - afirmou.
O ministro da Defesa vem anunciando uma série
de mudanças no setor. Ontem, ele reuniu o comando
da Aeronáutica e os novos diretores da Anac para
discutir a implementação das mudanças,
com o objetivo de fazer as coisas funcionarem. Jobim
disse que a reunião não contou com a presença
de Zuanazzi porque os temas eram sobre o futuro e não
sobre o passado.
O ESTADO DE SÃO PAULO
31/10/2007
Jobim anuncia saída de
Zuanazzi
Ministro vence disputa e já
avisa que vai nomear Solange Vieira
Luciana Nunes Leal e Tânia Monteiro,
BRASÍLIA
Depois de três meses de queda de braço,
o presidente da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), Milton Zuanazzi, vai deixar o cargo, segundo
informou na tarde de ontem o ministro da Defesa, Nelson
Jobim. Amigos de Zuanazzi confirmaram a saída
da presidência, mas informavam que ele ainda cogitava
permanecer na diretoria. A definição de
quem comanda uma agência reguladora é do
presidente da República, mas o cargo de diretor
está garantido por mandato e só pode ser
retirado em casos especiais, como condenação
na Justiça e a existência de processo de
improbidade administrativa.
Depois de comandar uma reunião com todas as
autoridades do setor aéreo - para a qual Zuanazzi
nem foi convidado - Jobim disse ter a informação
de que o presidente da Anac se afastaria e entregaria
a carta de demissão ao ministro das Relações
Institucionais, Walfrido Mares Guia. “A informação
é que se afaste amanhã (hoje).”
Pela manhã, o ministro da Defesa já deixara
a impressão de que se sentia vitorioso nessa
disputa na agência. Em um intervalo da reunião,
até justificou a ausência de Zuanazzi.
“Estamos num momento de substituição.
Temos de trabalhar com quem vai para o futuro, não
com quem ficou no presente. Estamos trabalhando com
o futuro, não com o passado.” Jobim deixou
claro que já tinha conhecimento do destino de
Zuanazzi. “A questão pontual vai ser resolvida
hoje à tarde”, informou, sem dar detalhes.
A reunião de ontem tinha como pretexto o entrosamento
com os novos diretores da agência e a discussão
de uma nova malha aérea para evitar caos nos
aeroportos no período de alta temporada (veja
ao lado), entre 1º de dezembro e 15 de março.
No entanto, soou como um marco dos novos tempos na Anac,
sacramentado pela ausência de Zuanazzi. Compareceram
o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura
Aeroportuária (Infraero), Sérgio Gaudenzi,
e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti
Saito.
O ministro anunciou ainda que, na próxima semana,
indicará a economista Solange Paiva Vieira, chefe
da Secretaria de Aviação Civil, para a
presidência da Anac. O nome dela terá de
ser encaminhado pela Casa Civil ao Senado.
Embora no Palácio do Planalto e no Ministério
da Defesa a aposta seja na saída de Zuanazzi
tanto da presidência quanto da diretoria, Jobim
resolveu não indicar por enquanto o nome do engenheiro
Cláudio Jorge Pinto Alves para uma das vagas.
Três novos diretores já estão escolhidos
e o quarto nome é o de Solange Paiva Vieira.
Como a diretoria é formada por cinco integrantes,
se Zuanazzi insistir em continuar diretor, não
haverá lugar para o engenheiro.
No caso da permanência de Zuanazzi na diretoria,
a estratégia do ministro será apostar
na investigação da Controladoria Geral
da União, que apura improbidade administrativa
na agência reguladora. A saída de Zuanazzi
da presidência permite que seja nomeado presidente
interino o diretor Alemander Pereira Silva, empossado
na segunda-feira.
O ESTADO DE SÃO PAULO
31/10/2007
Gol diz que Varig volta
ao lucro em 2008
Último resultado positivo
da empresa foi registrado em 1997
Alberto Komatsu
A Gol, nova dona da Varig, acredita que sua controlada
passe a apresentar lucro a partir do terceiro trimestre
de 2008, disse ontem o presidente da Gol, Constantino
de Oliveira Junior. O último resultado positivo
apresentado pela Varig - vendida para a Gol em abril
por US$ 320 milhões - foi registrado em 1997.
Naquela época, o ganho da empresa foi de R$ 27,8
milhões, segundo a empresa de informações
financeiras Economática. A marca Varig permanece
com a Gol, mas a empresa que herdou as dívidas
e tem ações em bolsa continua em recuperação
judicial e mudou o nome para Flex.
O presidente da Gol fez a estimativa em Londres, para
onde a Varig voltou a voar desde segunda-feira. Lá,
Constantino Junior disse que duas possibilidades estão
em aberto para o futuro da Gol: reafirmou que pode fechar
o capital da companhia e admitiu a hipótese de
a Gol ser adquirida por um fundo de participação
em empresas (private equity).
'Estamos considerando todas as possibilidades, discussões
estão acontecendo. Podemos tomar uma decisão
em breve', acrescentou o presidente da Gol. De acordo
com ele, a companhia estava confiante de que expandiria
os negócios, salientando que a Varig ainda é
uma marca de valor no Brasil.
A Varig, segundo o executivo, deve retomar sua operação
para os Estados Unidos a partir do ano que vem, com
vôos para Miami e Nova York. Negocia também,
com outras companhias aéreas, acordos para ampliar
sua rede de destinos, embora seja cedo para se juntar
a uma aliança internacional, acrescentou Constantino
Junior. A Varig fazia parte da Star Alliance, pool de
companhias internacionais, de onde saiu por causa de
seus problemas financeiros.
A empresa está usando aviões da Boeing,
modelo 767-300, para vôos no mercado internacional,
mas negociações preliminares já
estão sendo realizadas com a Airbus, que a partir
de 2015 deve começar a vender seu novo modelo
em desenvolvimento, o A350. Outra alternativa, para
a Varig, é a nova aeronave 787 Dreamliner, que
também está em fase de final de desenvolvimento.
DEBÊNTURES
O juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela recuperação
judicial da Varig antiga (Flex), tenta marcar uma assembléia
de credores da empresa até o final deste ano
para dar andamento à amortização
de dívidas da empresa. A idéia é
votar uma antecipação do resgate de papéis
de dívida (debêntures) que a nova Varig
(VRG), a parte comprada pela Gol, está disposta
a fazer.
A emissão poderia ser feita em 10 anos, no valor
de R$ 100 milhões, mas a VRG propõe R$
88 milhões para fazer a antecipação.
O problema é que há uma diferença
nos valores dos créditos dos trabalhadores que
foram listados e que estão sendo contestados.
Por isso, o débito terá de ser recalculado,
o que põe em risco a realização
da assembléia ainda este ano.
'Vou tentar marcar a assembléia até o
final deste ano, mas não sei se consigo', afirmou
Ayoub. A Varig antiga continua em recuperação
judicial com uma dívida de cerca de R$ 7 bilhões.
Com a marca Flex, a empresa pretende fazer seu vôo
inaugural em dezembro, com um Boeing 737-300. A idéia
é iniciar com vôos fretados ou com a rota
Rio-Salvador-Recife.
Informe
AMVVAR
31/10/2007
Escritório de
advocacia ganha ação trabalhista de variguiano
Sentença determina
competência da Justiça do Trabalho
Mesmo
diante de um cenário no mínimo conturbado
no que diz respeito às demandas trabalhistas
dos variguianos, o escritório de advocacia Meirelles
Quintella ganhou ação de uma colega com
todos direitos sendo considerados.
O
mais interessante desse caso é que a ação
ganha determina ser de competência da Justiça
Trabalhista o julgamento dessa questão. Assim
deixa de estar sob a competência da Vara Empresarial,
que tenta negligenciar os direitos dos trabalhadores.
A
sentença do Juiz Titular Álvaro Borges
Faria, da 37ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro,
condena as empresas Varig S/A, VarigLog, Volo do Brasil,
VRG Linhas Aéreas, Gol Transportes Aéreos,
GTI S/A, GOL Linhas Aéreas Inteligentes. Essas
companhias serão responsabilizadas solidariamente.
Isso significa que os advogados da colega que ajuizou
a ação poderão escolher de qual
empresa cobrarão as dívidas.
Dessa
maneira, não há necessidade alguma de
optar pela Varig que ainda está em recuperação
judicial e então fica de fora a Vara Empresarial
que está impedindo os trabalhadores de conseguirem
a sucessão.
O
Juiz determinou o pagamento de todas as dívidas
trabalhistas: salários em atraso, juros, mora
e correção monetária relativas
aos salários já pagos (mas com atraso),
reajuste previsto pelo ACT, FGTS não pago, décimo
terceiro, férias, abono, danos morais.
Mesmo
sendo em 1ª Instância, essa vitória
nos concede um enorme ganho. Cria-se a jurisprudência
para não estarmos reféns de alguma Vara
Empresarial. Para os trabalhadores, quem julga é
a Justiça do Trabalho.
Site da AMVVAR
31/10/2007
Convite