:::::RIO DE JANEIRO - 31 DE JULHO DE 2006 :::::
 

O Globo
31/07/06
Funcionários da Varig podem entrar em greve amanhã


SÃO PAULO, RIO e BRASÍLIA. Os funcionários da Varig ameaçam cruzar os braços a partir de amanhã. Em São Paulo, os trabalhadores participam de assembléia, hoje pela manhã, para votar o indicativo de greve e discutir quais atitudes serão tomadas em relação à demissão de 5,5 mil funcionários na última sexta-feira.

— Vamos denunciar a Varig por demissão em massa ao Ministério Público (MP) do Trabalho e entrar com pedido de julgamento de dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) — diz o presidente do Sindicato dos Aeroviários de São Paulo, Uébio Dias.

O sindicalista disse ainda que, esta semana, de 500 a mil trabalhadores da VarigLog, a ex-subsidiária da Varig que comprou a empresa aérea em leilão, devem ser demitidos. Segundo o presidente do sindicato, a Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (Sata) — prestadora de serviços para a aérea — com 5,7 mil trabalhadores, também pode demitir 3 mil funcionários. Ainda de acordo com Dias, a VEM, empresa de manutenção da Varig comprada pela TAP, deve ajudar a engrossar o grupo dos desempregados. Estariam previstas 500 demissões para esta semana.

Procurados, representantes da Varig não foram localizados. Já a assessoria da VarigLog disse que não tinha informações sobre o assunto.

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Graziella Baggio, afirma que pediu ao governo federal que estenda ao setor aéreo o pagamento do auxílio-desemprego em cinco parcelas. O benefício normalmente é pago em três parcelas, mas no último dia 18, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador aprovou o pagamento de mais duas parcelas para trabalhadores de setores atingidos pela desvalorização do dólar frente ao real, como o calçadista.

Mais um plano de benefícios do Aerus é liquidado

Leonardo Souza, diretor do SNA, disse que a entidade realizará reuniões informativas com a categoria nos dias 2, no Rio, e 3, em São Paulo, para divulgar os resultados do encontro, amanhã, com representantes do Ministério Público do Trabalho. Souza destaca que a Varig ainda não apresentou uma proposta para o pagamento dos salários atrasados e das verbas rescisórias, e que, sem isso, o sindicato não homologará as demissões.

— Ninguém sabe quais são os 1.700 profissionais já escolhidos pela VarigLog para atuar na nova empresa. Eles podem, inclusive, estar entre os demitidos — frisa Souza.

Ontem, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a Varig está cumprindo a programação de vôos. Segundo a Anac, um vôo do Rio para Belém foi cancelado e 60 passageiros foram acomodados em hotéis. Já os vôos de Londres e Frankfurt para o Brasil estavam lotados.

A Varig informou à Anac que os passageiros em locais onde seus vôos não estão sendo realizados podem procurar lojas de venda de passagens para endossar seus bilhetes.

A Secretaria de Previdência Complementar (SPC) decretou a liquidação de mais um plano de benefícios administrado pelo Aerus (fundo de pensão dos funcionários da Varig), destinado a pilotos e comissários — o chamado Pecúlio por Perda de Habilitação Técnica. A decisão, a ser publicada hoje no Diário Oficial da União, resultará na extinção do benefício a 40 pessoas, que recebem em média uma aposentadoria mensal de R$ 5.500.

Segundo o secretário da SPC, Leonardo André Paixão, a liquidação é necessária porque o fundo está quebrado, tem um déficit de R$ 3 milhões. Os recursos para pagar os assistidos estão vindo do fundo de administração do Aerus, que também administra planos de benefícios de outras empresas do setor.


O Estado de São Paulo
31/07/06
Sindicatos tentam ampliar proteção para demitidos
Ex-funcionários da Varig pedem mais dois meses de seguro-desemprego
Adriana Chiarini

Os sindicatos nacionais dos Aeronautas e Aeroviários estão pedindo que o governo aumente em dois meses o período de pagamento de seguro-desemprego para os demitidos da Varig. O pedido está na carta enviada pelos sindicatos ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

"Queremos a extensão do seguro-desemprego, como tiveram os setores cujas exportações estão prejudicadas pelo câmbio", disse a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio, referindo-se à decisão recente do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) de dar duas parcelas extras do auxílio para setores como o de calçados, muito afetado pelo câmbio.

Os sindicatos esperam para esta semana uma resposta do ministério. Na carta, eles pedem também a intervenção do governo para que a Varig pague em 10 dias salários atrasados e as rescisões de contrato de trabalho. Na sexta-feira, a empresa demitiu 5.500 funcionários, de um total de 9.485.

O Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro convocou para amanhã uma reunião com os sindicatos, a Varig e a VarigLog, nova dona da empresa, para discutir o assunto. Pelo plano de recuperação aprovado pelos credores, o pagamento cabe à velha Varig e não à VarigLog, que assumiu a parte operacional da companhia.

"A Varig garantiu ativos suficientes para pagar credores. Só que não há expectativa de recebimento desses ativos rapidamente", afirmou Graziela. Uma esperança dos aeronautas é que os governos de Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Bahia emitam títulos para pagar os créditos do ICMS que ficaram com a Varig. Contando apenas esses Estados, os créditos somariam cerca de R$ 220 milhões .

"Mesmo vendendo com 30% de deságio aos bancos, esses títulos seriam suficientes para pagar as dívidas que a empresa fez no período da recuperação extrajudicial com os trabalhadores, que acreditamos estar abaixo de R$ 100 milhões." De acordo com Graziela, o desemprego dos trabalhadores da Varig deve ser temporário, já que o setor aéreo está crescendo a um ritmo estimado entre 20% e 23% no primeiro semestre.

NÚMEROS

5.500 é o total de funcionários da Varig demitidos na semana passada

R$ 100 milhões é a dívida estimada da companhia com os trabalhadores

R$ 220 milhões é o crédito que RS, SC e BA devem pagar para a empresa


Folha de São Paulo
31/07/06
Funcionários da Varig buscam mais benefícios

DO "AGORA"

Os trabalhadores da Varig vão pedir a liberação de duas parcelas extras de seguro-desemprego aos 5.500 funcionários já demitidos. O benefício é pago a demitidos sem justa causa.

A liberação das parcelas extras depende de aprovação do Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador), composto por representantes de centrais sindicais, governo e entidades de classe patronais. Neste mês, a medida foi tomada em favor de trabalhadores de setores como o calçadista e o moveleiro.

Artur Henrique, presidente da CUT -que participa do Codefat-, confirma a possibilidade. "Estamos articulando com o ministério [do Trabalho] e outros representantes que têm voto. A idéia é que a ampliação no número de parcelas seja estendida aos demitidos da Varig."


Zero Hora
31/07/06
Sorriso nervoso dá lugar à "lista de Schindler"

Novos administradores da empresa anunciaram que ficarão com apenas 3,9 mil funcionários, afastando 5,5 mil
SEBASTIÃO RIBEIRO *

- Já chamaram os paramédicos? Aí vem a Lista de Schindler - brincavam os funcionários da Varig.

Uma piadinha para driblar a tensão instalada no balcão da empresa no aeroporto Salgado Filho sábado pela manhã. Inútil. Quando a listagem com o nome dos demitidos chegou, por volta das 11h, o nervosismo tomou conta dos rostos, e o riso virou choro.

Um a um, os funcionários arrolados foram chamados à sala da gerência, de onde saíam com uma carta de demissão em uma mão e a incerteza sobre o futuro na outra. Os mais antigos, "com mais tempo de casa", deixaram o aeroporto apressados, fugindo da imprensa e, principalmente, do flash dos fotógrafos. Foi o caso de Gisele Amaral, 46 anos, mais de 25 de Varig. Antes de receber a carta, ela projetara as dificuldades que teria caso estivesse na lista.

- Não vou me desesperar. Estou preparada para tudo. Mas, para mim, que tenho mais de 40 anos, o mercado é difícil - afirmou.

Somente no check-in do aeroporto porto-alegrense, dos 82 funcionários da Varig, 42 perderam o emprego. Outros aeroviários, como os que trabalham com a venda de bilhetes, só ficarão sabendo se estão na lista hoje. Segundo o diretor-geral da empresa no Estado, Carlo Coelho, dos 350 aeroviários (pessoal que atua nas lojas, check-in, controle de grupos e administração) da empresa no Estado, 200 devem perder o emprego. Para os cem aeronautas (comissários e comandantes), que receberão cartas em casa informando da demissão, a situação pode ser pior: o posto de Porto Alegre deve ser fechado.

Os novos administradores da Varig anunciaram na sexta-feira a previsão de cortar 5,5 mil funcionários do quadro, ficando com apenas 3.985 em todo o país.

- A informação que tenho é de que todos serão demitidos - afirma Coelho.

O dia triste de devolver o uniforme de tantos anos

Ontem, no Salgado Filho, o check in (embarque) da companhia funcionou com a metade dos trabalhadores que normalmente estariam no setor. Como há poucos vôos, explicou uma atendente que não quis se identificar, o trabalho não ficou comprometido.

Apesar da comoção que o processo de demissão em massa causou, houve trabalhadores que encararam o fato como oportunidade de delinear novos rumos para a vida profissional. Formadas em turismo, as atendentes Priscilla Krug e Vanessa Prates deixaram o aeroporto sem saber como ou quando receberão da Varig os salários atrasados e outras dívidas trabalhistas. Mas cheias de planos para o futuro.

Priscilla quer decolar no ramo, deixando o serviço de solo que executou por cinco anos e assumindo postos nas aeronaves. Para isso, conclui no final do mês o curso de comissária de bordo. Depois, pretende participar de seleções de empresas aéreas.

- Mas, agora, não queria voltar para a Varig - desabafou.

Vanessa deve deixar a aviação. Investe no futuro fazendo um curso de pós-graduação em marketing, área na qual pretende atuar nos próximos anos. Depois de passar pela turbulência da Varig nos últimos meses, ela não quer mais saber de ser aeroviária.

- Me desiludi. (Como aeroviário), a gente não tem oportunidade de crescimento profissional e eu quero crescer - disse.

Hoje, Priscilla e Vanessa não precisarão prender o cabelo, como faziam diariamente por exigência da empresa. Devem apenas passar no departamento pessoal da Varig. Tentarão descobrir quanto têm a receber após a demissão e entregarão o blazer e a calça azuis, a camisa branca e o lenço verde, amarelo, azul e branco que serviram de uniforme até a manhã de sábado.
*Colaborou Martiane Welter


Revista Época
30/07/06

O caso Varig
Ela já foi a maior empresa de aviação do país e agora tenta se reerguer. Aqui, um breve histórico da crise que quase levou a companhia à falência
ÉPOCA Online

A Varig, que já foi a maior empresa aérea nacional, luta para se reestruturar
Antes de chegar ao ápice da crise neste ano, a companhia aérea Varig já vinha sofrendo problemas internos há algum tempo. Um dos motivos, acredita-se, está na defasagem dos preços das passagens acumulada nos governos de José Sarney (1985-90) e Fernando Collor (1990-92). No segundo mandato FHC, com a instabilidade cambial, a Varig continuou a enfrentar dificuldades financeiras.

Em 2000, foi criada a Varig Log, ex-subsidiária de transporte de cargas da Varig, que já tinha se tornado a terceira maior empresa do grupo. Para piorar a situação, a concorrência crescia, principalmente de empresas como a TAM e a GOL. A crise se agravou no mesmo ano. Desde aquela época, a empresa teve nove presidentes, reforçando assim um dos principais motivos que desencadeou a crise: a má gestão da companhia.

Depois da onda terrorista, como o atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, o preço dos seguros disparou e caiu a procura por viagens internacionais - mercado em que a Varig dominava.

Em abril do ano passado, a empresa GOL ultrapassou a Varig na participação no mercado doméstico. Em novembro, a estatal aérea portuguesa TAP e investidores brasileiros formalizaram a compra das subsidiárias Varig Log e VEM (responsável pela manutenção), o que garantia o pagamento a credores internacionais. Mas foi em janeiro deste ano que a crise atingiu um patamar insustentável. Credores aprovaram o texto final do plano de recuperação judicial da Varig, que previa a criação de Fundos de Investimentos e Participação (FIPs), visando novos investidores para permitir a conversão de dívidas em ações.

SEM SAÍDA
Em abril de 2006, a Varig Log ofereceu US$ 350 milhões pela empresa, mas os credores rejeitaram a proposta. A diretoria da Varig recomendou que o Conselho de Administração aceitasse a nova proposta de US$ 400 milhões.

A Corte de Falências de Nova York estendeu até o fim de maio a liminar que impedia a apreensão dos aviões da Varig por falta de pagamento. Mas quando uma solução parecia se desenhar, a Varig Log retirou sua proposta de compra da companhia aérea. Dias depois, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou que poderia emprestar até US$ 166,6 milhões para o investidor interessado em capitalizar a Varig. O Banco do Brasil também se mostrou disposto a oferecer empréstimo. O que deixava os possíveis compradores na dúvida era a possibilidade de herdar as dívidas da Varig, mas a Justiça anunciou que o comprador da empresa não assumiria o déficit.

DESTINO INCERTO
Na quinta-feira, dia 20 de julho, a companhia foi enfim vendida em leilão no Rio de Janeiro por US$ 24 milhões - uma fração do preço mínimo do leilão anterior, de US$ 860 milhões. A companhia, então, foi dividida em duas: a Varig nova, sem dívidas, e a Varig velha, com passivos de R$ 8 bilhões. A parte boa ficou com a Varig Log e os novos donos afirmaram que não pretendem se utilizar de dinheiro público. O nome Varig será mantido e a empresa pretende ter até oitenta aviões nos céus - hoje conta com cinco aeronaves. Entre as primeiras providências dos novos gestores estão a demissão de cerca de 8 mil funcionários e a redução emergencial das operações.

Inicialmente, apenas a ponte aérea Rio-São Paulo - linha mais lucrativa - vai continuar operando normalmente. A empresa espera retomar rotas de Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Salvador. Nos vôos internacionais, as prioridades serão Frankfurt, Madri e Los Angeles.

Para quitar o saldo de R$ 8 bilhões, a Viação Aérea Rio-Grandense, que tem 10% da nova companhia conta com a receita do aluguel de imóveis, do dinheiro proveniente da ação contra o governo, uma linha São Paulo-Porto Seguro e o aluguel do Centro de Treinamento de Pilotos.

Em 2007, a Varig completa 80 anos de sua criação.


 

Revista Época
30/07/06
"Vamos sobreviver"

VARIG
O empresário Marco Antonio Audi
Na primeira semana à frente da Varig, o empresário Marco Antonio Audi participou de uma reunião atrás da outra na sede da empresa, no Rio de Janeiro. Celulares e telefones fixos tocavam ao mesmo tempo. Num raro intervalo, concedeu entrevista a Época, na quinta-feira, dia 27, no início da noite. Audi, de 45 anos, promete recuperar a Varig. Afirma ter nove anos para isso. Sua experiência no ramo de aviação estava limitada, até então, ao gerenciamento de uma empresa de helicópteros. Virou dono de um ex-império. Ao lado do misterioso Lap Chan, o chinês que representa um fundo de investimentos americano, Audi diz que eles estão prestes a fazer nova oferta por uma empresa do ramo.

Época - Como surgiu sua parceria com Lap Chan? Como ele chegou até você?
Marco Antonio Audi -
Tenho outras empresas com participação de fundos de investimento. Esses fundos me procuraram e, por acaso, o Lap me foi apresentado por um consultor como um investidor que procurava negócios no Brasil.

Época - Que outras empresas são essas?
Audi -
Um exemplo só é a HeliSolutions. Tem a RioBravo (do ex-presidente Gustavo Franco) no meio. Uma outra tem o fundo Fênix.

Época - Quando vocês se conheceram?
Audi -
Há quase dois anos.

Época - Por que comprar uma empresa com tanta dificuldade e não montar uma nova?
Audi -
Deixa eu explicar como começou meu relacionamento com a Varig. Contratei para ser presidente da HeliSolutions uma pessoa que foi diretor da Varig por 18 anos, o Walterson Caravajal Júnior. A gente batia papo e ele falava para mim: 'você que é um cara para a frente, estuda alguma coisa com a Varig, que está em crise'. Assim começou. Esse pessoal que trabalha na Varig tem um amor muito grande pela companhia. Primeiro olhamos a VEM, depois a VarigLog, e aí a gente se interessou pela VEM. Nisso, eu atraí o fundo Matlin Patterson e o Lap Chan, que é um dos integrantes do fundo, para estudar o negócio.

Época - Como será a Varig no ano que vem?
Audi -
Se der tudo certo, pretendemos ter uma empresa com algo entre 50 e 60 aeronaves no ano que vem. Não sei de cabeça a participação de mercado que a gente quer ter, sei que o mercado está crescendo demais e quero voltar a ocupar o espaço que a Varig já teve.

Época - O senhor acha possível voltar a ter 80% dos vôos internacionais?
Audi -
Não, não, não, de maneira alguma, não tem mais espaço para isso. Quero voltar a ocupar parte do espaço. Não sei quanto vamos conseguir.

Época - Há uma grande expectativa entre os funcionários sobre demissões. O que está decidido?
Audi -
Na realidade, as pessoas falam em demissão, mas elas já estão demitidas. Não recebem salários há meses. Acho que o importante é quanto de empregos vamos gerar. Hoje é algo em torno de 1.700 diretos.

Época - O que significa isso, aproveitar o pessoal da Varig velha?
Audi -
Todo o pessoal.

Época - Não tem espaço para todo mundo...
Audi -
Não tem hoje pelo número de aviões no ar. Mas, cada avião que acrescentamos são mais 100, 150.

Época - Sendo assim, se vocês pretendem voltar a ter algo como 60 aeronaves, estamos falando de 6 mil funcionários?
Audi -
Até 7 mil e pouco.

Época - E os boatos sobre demissões?
Audi -
Eu estou preocupado em gerar emprego.

Época - O que vai acontecer? Vão formalizar as demissões na Varig antiga e recontratá-las na nova?
Audi -
Como vai ser na Varig antiga eu não sei porque não tenho nada a ver com ela. Essas pessoas serão contratadas pela empresa nova. Nosso compromisso moral é aproveitar e priorizar os funcionários Varig.

Época - E quanto à parceria do Matlin Patterson, é sabido que o negócio deles é recuperar a empresa e vender depois. É o que vai acontecer com a Varig?
Audi -
Sem dúvida. Esse fundo que participa da Varig tem nove anos de vida. Começou agora e temos nove anos para sair do negócio. Esse negócio poderá ser vendido no mercado, para nós mesmos. O fato é que eles vão sair. É o mandato do fundo.

Época - O fundo trouxe todos os recursos do investimento?
Audi -
Parte é deles, parte é nossa.

Época - Qual o percentual que coube a cada um?
Audi -
Não tenho isso na mão agora para te dizer. Da Volo do Brasil, temos (os brasileiros) 80% do capital votante. Metade é votante e metade preferencial. Temos a maior parte do votante.

Época - Quer se concorde com o Código Brasileiro de Aeronáutica ou não, há uma limitação à participação estrangeira no controle de concessionárias e o senhor sabe que a concorrência está questionando isso.
Audi -
Uma coisa chama-se origem do dinheiro, que é equivocada, e outra é origem do capital. É preciso diferenciar as coisas. O que está sendo discutido é a origem do capital. Estamos 100% à vontade porque tudo nosso foi aberto à Anac e ao Ministério Público. A gente jamais serviria para um papel desses.

Época - De ser laranja?
Audi -
Exatamente. Não tenho perfil para isso, basta ver meu perfil empresarial.

Época - Qual a diferença da origem do dinheiro e do capital?
Audi -
As pessoas falam que o dinheiro é estrangeiro. Tudo o que veio para o país está registrado no Banco Central. Nõa tem nada vindo de paraíso fiscal. São países que mantêm relações com o Brasil. Está tudo aberto. Tudo o que veio do estrangeiro está registrado.

Época - Qual o papel do Lap Chan nessa história? Ele vai ter alguma função?
Audi -
Não. Ele é um dos integrantes e sócios do fundo. São muitos e muitos sócios do fundo que têm negócios no mundo inteiro, embora seja a primeira vez no Brasil.

Época - Mas de todos esses sócios só o Lap Chan aparece no Brasil, participa de reuniões. Até no leilão ele estava. Ele acompanha o dia-a-dia da Varig de perto?
Audi -
São reuniões que, às vezes, precisam dele presente para a gente tomar certas decisões. Não a respeito da empresa, mas sobre investimentos. É completamente diferente. Por exemplo, vamos fazer uma oferta a outra empresa que não posso revelar o nome agora, mas também da área de aviação, não é que a gente vai chegar para um fundo e falar 'manda' tantos milhões que a gente vai comprar uma empresa. Eles têm que vir, olhar. Por isso a presença do Lap, dele e de outros integrantes do fundo, para estudar o negócio. Ou não dá para decidir nada. As pessoas falam muito. Se eu não o convencer de que o negócio é bom, seguro e tem retorno, você acha que ele vai investir? Não vai. Ele é responsável por esse dinheiro.

Época - O Matlin Patterson tem alguma outra experiência no ramo de aviação sem ser a ATA Airlines?
Audi -
Não.

Época - O senhor é do ramo de solventes também?
Audi -
Temos a Raudi, que é a maior fabricante de bicarbonato de sódio do país. Sou eu e um irmão. Temos também no ramo de química uma de impermeabilizantes, de tintas, a Primax Indústria e Comércio. Em todas eu faço parte do conselho.

Época - O senhor está a par das suspeitas levantadas sobre a aparente falta de recursos próprios ou experiência. O que acha disso?
Audi -
O crescimento de um grupo depende de se galgar um degrau. E há três maneiras de fazer as coisas: com o próprio dinheiro, com empréstimos ou sócios. Minha estratégia é, preferencialmente, atrair sócios porque aí você fica com uma empresa sadia, sem dívidas. Não é dar um passo maior que as pernas, mas uma empresa pega empréstimos porque, obviamente, não tem dinheiro em caixa para crescer. A Raudi foi construída com financiamentos.

Época - Quais serão os próximos passos da Varig?
Audi -
Teremos ainda muitas novidades. Estamos incomodando porque não era previsto que a Varig sobrevivesse. A concorrência não gostou disso e vai lutar até o final, mas viemos para ficar e tomar nosso espaço no mercado. Em apenas quatro dias úteis, a Varig já consegue botar seus passageiros em hotéis, já tem vários aviões renegociados. Vamos ter ainda muitas novidades. Star Alliance voltou a atender a gente. O Smiles não só permanece como terá ainda novidades. Estamos contratando consultorias de fora especializadas em programas de milhagens e vamos honrar todas as milhas dos passageiros.


 

Estadão
30 de julho de 2006 - 19:42
Demitidos da Varig querem 5 parcelas de auxílio-desemprego
Eles querem o mesmo benefício concedido para trabalhadores de setores atingidos pela desvalorização do dólar frente ao real

Agência Brasil

São Paulo - A presidente nacional do Sindicato dos Aeronautas, Graziela Baggio, informou , no Rio, que os funcionários da Varig querem que o governo federal estenda ao setor aéreo o pagamento do auxílio-desemprego em cinco parcelas. O benefício normalmente é pago em três parcelas, mas no último dia 18, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) aprovou o pagamento de mais duas parcelas para trabalhadores de setores atingidos pela desvalorização do dólar frente ao real.

"O setor aéreo também é considerado de exportação. E esse aumento também seria muito importante para os mais de cinco mil trabalhadores da Varig que serão demitidos", argumentou. Ela informou que a ampliação do benefício foi um dos pedidos feitos ao Ministério do Trabalho em carta enviada no dia 27 pelos sindicatos dos Aeronautas e dos Aeroviários.

As duas entidades terão terça-feira, 1º de agosto, audiência no Ministério Público do Trabalho com a Varig e a Variglog para discutir sobre a rescisão de contratos dos 5,5 mil funcionários atingidos pelo programa de reestruturação da empresa.

Segundo Graziela Baggio, até agora não foi apresentado nenhum plano para as rescisões. "Após os avisos de demissão, a Variglog teria dez dias para começar a pagar as rescisões contratuais. Mas achamos que ela não tem fluxo de caixa para honrar esse pagamento".

De acordo com o Sindicato dos Aeroviários, a Varig deve R$71 milhões por quatro meses de salários atrasados. O pagamento referente a julho dos funcionários que não serão demitidos deve ser feito no início de agosto. As informações são da Agência Brasil.


Estadão
30 de julho de 2006 - 18:04
Anac registra dois problemas com vôos da Varig
Os passageiros dos vôos de Londres e Frankfurt foram vítimas de overbooking

Equipe AE

SÃO PAULO - A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)avaliou neste domingo, 30, que a Varig continua cumprindo a malha temporária de horários autorizada. No entanto, a Anac informa, em boletim, a ocorrência de dois problemas. No Rio, 60 passageiros com destino a Belém tiveram seus vôos cancelados pela Varig em aguardam em hotéis para embarcarem em vôos da própria empresa no início desta semana.

Nos vôos a partir de Londres e Frankfurt, houve overbooking (número de reservas superior à capacidade de avião), atribuído ao final das férias no Brasil. "Estão sendo tomadas providências para solução do problema e a previsão de embarque de todos os passageiros é para os próximos dois dias", esclareceu a Anac.

Segundo a agência, a Varig também informou que nas localidades em que ela não está realizando vôos, os passageiros que precisarem endossar seus bilhetes devem procurar as lojas de venda da empresa para as providências cabíveis.


O Globo
30/07/2006 - 17h24m

Anac diz que Varig cumpriu programa de vôos previstos para o fim de semana
Globo Online


RIO - Boletim da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) divulgado neste domingo informa que a Varig está cumprindo seu programa de vôos na malha temporária, de acordo com o que foi autorizado pela Anac. Segundo o boletim, neste fim de semana foram registrados problemas no Rio de Janeiro e Alemanha.

"No Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, 60 passageiros com destino a Belém e que tiveram seus vôos cancelados, aguardam em hotéis para serem embarcados, em vôo da própria VARIG, ainda no início desta semana. No âmbito Internacional, foi constatado overbooking nos vôos retornando de Londres e Frankfurt ao Brasil, tendo em vista o início do período de final das férias. Estão sendo tomadas providências para resolução do problema e a previsão para embarque de todos os passageiros é para os próximos dois dias".


O Globo
30/07/2006 - 16h07m
Demitidos da Varig vão pedir parcela extra do seguro-desemprego
Agência Brasil


RIO DE JANEIRO - Os funcionários da Varig querem que o governo federal estenda ao setor aéreo o pagamento do auxílio-desemprego em cinco parcelas, informou neste domingo a presidente nacional do Sindicato dos Aeronautas, Graziela Baggio. O benefício normalmente é pago em três parcelas, mas no último dia 18, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador aprovou o pagamento de mais duas parcelas para trabalhadores de setores atingidos pela desvalorização do dólar frente ao real.

- O setor aéreo também é considerado de exportação. E esse aumento também seria muito importante para os mais de 5 mil trabalhadores da Varig que serão demitidos - argumentou.

Graziela Baggio disse que a ampliação do benefício foi um dos pedidos feitos ao Ministério do Trabalho na carta elaborada com o Sindicato Nacional dos Aeroviários.

- No documento, solicitamos que o ministério nos ajude a encontrar uma forma de facilitar que a Variglog (ex-subsidiária da Varig, que comprou a companhia aérea em leilão) honre a dívida com os trabalhadores.

Segundo ela, a carta foi enviada ao ministério na quinta-feira.

Na próxima terça-feira, os sindicatos terão uma audiência no Ministério Público do Trabalho com a Varig e a Variglog para discutir a rescisão de contratos. Pelo plano de reestruturação da empresa, cerca de 5,5 mil funcionários dos 9.485 empregados serão demitidos. O anúncio das demissões foi feito na sexta-feira.

Graziela Baggio disse que até agora não foi apresentado nenhum plano para as rescisões.

- Após os avisos de demissão, a Variglog teria dez dias para começar a pagar as rescisões contratuais. Mas achamos que ela não tem fluxo de caixa para honrar esse pagamento.

De acordo com o Sindicato dos Aeroviários, a Varig deve R$ 71 milhões por quatro meses de salários atrasados. O pagamento referente a julho dos funcionários que não serão demitidos deve ser feito no início de agosto.


 

Folha Online
30/07/2006 - 10h39
Varig deve ter paralisações parciais a partir de terça
CLAUDIA ROLLI da Folha de S.Paulo


Os funcionários da Varig devem optar por fazer paralisações parciais em São Paulo a partir de terça-feira em protesto ao anúncio de 5.500 demissões feito anteontem pela companhia. O objetivo é não prejudicar os passageiros e evitar que os consumidores sintam "antipatia" aos protestos, segundo informam representantes do Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo.

"O passageiro não pode pagar pelas demissões feitas pela empresa. São consumidores fiéis, que merecem nosso respeito. Não podem ficar na mão. Vamos definir protestos para defender os empregos e demissões mais dignas, mas não queremos prejudicá-los", disse Rogério Aparecido dos Santos, diretor do sindicato.

No aeroporto de Guarulhos, os funcionários optaram por fazer anteontem uma paralisação parcial, das 17h às 21h, em vez de decretar a greve por tempo indeterminado.

Os sindicalistas querem evitar também que a companhia tenha motivos para realizar demissões por justa causa. Assembléias serão realizadas nos aeroportos paulistas amanhã e na terça-feira para definir como serão as manifestações.

"Entregaremos aviso à companhia de que os protestos vão acontecer. Mas o que queremos, de fato, é saber da Varig quais foram os critérios para os cortes e que garantias terão os demitidos. Por que não fomos chamados para negociar as dispensas?", diz Uébio José da Silva, presidente do sindicato.

A entidade vai recorrer ao Ministério Público do Trabalho de São Paulo para pedir ajuda no processo de demissão dos funcionários da Varig. "A fiscalização do Ministério Público pode nos ajudar", diz Silva.
Amanhã, os sindicalistas também se reunirão com a direção da Sata, coligada da Varig que presta serviços às companhias nos aeroportos, que planeja demitir 2.000 pessoas por causa da crise da Varig.

A aérea responde por 60% dos negócios da Sata. Com 5.700 funcionários no país, a Sata (serviços de limpeza, bagagens e check-in) deve anunciar 230 cortes em Congonhas e 600 em Guarulhos. A Folhanão localizou ontem a direção da empresa.

No início deste mês, a empresa abriu um programa de demissão incentivada, que teve a adesão de 180 empregados, segundo o sindicato.
No aeroporto de Congonhas, apesar das demissões, o clima era tranqüilo ontem pela manhã e no início da tarde. Funcionários da Varig, que preferiram não se identificar, disseram ter expectativa de que a empresa volte a crescer com os novos proprietários.

Três professoras de inglês estrangeiras, vindas do aeroporto JFK, de Nova York, reclamavam da falta de esclarecimentos da Varig. "Não tem problema a empresa quebrar ou ter dificuldades. Mas poderiam dizer se o vôo vai sair ou não", disse a indiana Renuka Gusain, que chegou ontem em São Paulo, dois dias após o previsto.


Folha Online
30/07/2006 - 09h40
Com crise, tarifas da Varig despencam
MAELI PRADO da Folha de S.Paulo

No final de maio, a Varig era a empresa aérea que praticava as tarifas mais baixas para rotas ligando os aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em SP, aos aeroportos de Belém (PA), Manaus (AM) e São Luís (MA).

É o que mostra pesquisa do Nectar (Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo), do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), realizada nos sites da TAM, da Gol e da Varig.

Segundo a pesquisa, as tarifas médias por km da Gol e da TAM eram, respectivamente, 9% e 23% mais altas do que a cobrada pela Varig nessas rotas.

Os preços da companhia aérea caíram porque, em crise financeira e cancelando boa parte de seus vôos, a empresa tinha que oferecer um estímulo para atrair passageiros e garantir um caixa mínimo.

Nesse caso, o consumidor pagou menos, mas correu o risco de ter seu vôo cancelado ou atrasado.

Mesmo depois de ter sido comprada pela VarigLog, a operação da Varig era irregular na semana passada. "Os dados mostram que, nessa fase de crise da Varig, ela acabou sendo a alternativa "low fare'", afirma o economista Alessandro de Oliveira, coordenador do Nectar.

O levantamento nos sites foi feito entre os dias 25 e 29 de maio, portanto antes da venda da Varig para a VarigLog, que ocorreu no dia 20 deste mês.

A pesquisa mostra que a tarifa média por km da TAM para essas rotas era entre 12% e 13% mais alta do que a da Gol para passagens vendidas pelas companhias na internet.

Perfis

Apesar de, na média, a tarifa da TAM ser mais alta nessas rotas de longa distância, a "low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) Gol tinha o preço mais alto em duas situações: quando os preços pesquisados eram condizentes com o perfil de passageiros viajando a negócios e turistas de feriado (no caso, o de Corpus Christi).

Os preços variam de acordo com a antecedência de compra e quantidade de dias no destino (passageiros de negócios, por exemplo, em geral compram com antecedência menor e por isso o preço sobe). Com base nessas diferenças, o Nectar pesquisou preços para diferentes perfis de passageiros.

Mesmo se restringindo a algumas rotas de longo percurso (a pesquisa se limitou aos vôos ligando Congonhas e Guarulhos a Belém, Manaus e São Luís), o levantamento é relevante pelo seu ineditismo: é a primeira vez no país que é feita uma pesquisa mais aprofundada sobre as tarifas praticadas pelas aéreas brasileiras.

O estudo conclui ainda que as companhias cobram preços mais altos para vôos com conexão do que para vôos diretos. Na média, segundo a pesquisa, a Gol cobrava nessas rotas R$ 810,19 para vôos com conexão e R$ 531,98 nos vôos "non-stop" (diretos). A Varig cobrava em média R$ 711,08 para os vôos com conexão e R$ 629,97 para os diretos.

"Detectamos isso há algum tempo, o que leva a crer que a precificação das companhias aéreas é feita mais baseada em custos do que pensando na demanda. Se há uma parada do avião, aumentam os custos aeroportuários da empresa, e isso é repassado para o consumidor", explica Oliveira.

Para chegar a uma tarifa média comparável, os pesquisadores "filtraram" da tarifa média encontrada nos sites, por meio de modelos estatísticos, fatores que poderiam alterar os preços, como horários dos vôos, a antecedência da compra do bilhete e se eram vôos com ou sem conexão, entre outros.

"Os 12% a 13% a mais da tarifa média da TAM em relação à da Gol, por exemplo, é o que ela cobra pelo valor mais alto que o consumidor confere a seu produto. Todos os outros fatores que poderiam afetar o preço foram isolados no cálculo", afirma Oliveira.

A TAM, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não considera o levantamento representativo pois não leva em conta os benefícios do seu programa de milhagem, porque são poucas as rotas pesquisadas e porque a pesquisa foi realizada apenas por meio do site das empresas na internet.


O Globo
29/07/2006 - 22h18m
Demissões devem ser maiores no Rio, diz associação de comissários

Agência Brasil, Globo Online, O Globo e Extra

RIO - O presidente da Associação dos Comissários da Varig, Reinaldo Filho, estima que o desligamento de funcionários seja maior no Rio de Janeiro, "onde deve ter uma demissão maciça”, já que a VarigLog, compradora da Varig no leilão da companhia, resolveu concentrar os vôos em São Paulo. No Rio, a companhia "está parada”, afirmou. Neste sábado, a empresa deu prosseguimento aos avisos de dispensa. De um total de 9.485 trabalhadores, 5.500 serão demitidos.

O número de funcionários foi reduzido à metade no aeroporto de Congonhas. Mas os passageiros não ficaram sem atendimento, já que o número de vôos da companhia foi reduzido há cerca de dez dias. Mesmo assim, houve concelamentos de vôos e quem precisava ir para o exterior sofreu para embarcar. No Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, pelo menos duas viagens foram canceladas - para Miami e Bogotá. Lá, o atendimento também foi normal, apesar de terem sido demitidos cerca de 300 dos 400 funcionários. No aeroporto de Congonhas, apenas os vôos para Florianópolis e Belém foram cancelados. Segundo os funcionários da Varig, a TAM e a Gol estavam embarcando os passageiros.

O atraso no pagamento dos funcionários chega a quatro meses.

- Outros sequer puderam ir trabalhar porque estão sem dinheiro até para sair de casa - disse.

Na próxima quinta-feira, a categoria pretende fazer uma assembléia na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) para discutir as questões trabalhistas. Uma das críticas dos funcionários apontadas por Filho é sobre a proposta que prevê o pagamento do passivo trabalhista da Varig com os créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS).

O Ministério Público do Trabalho convocou a VarigLog, a Varig "antiga" e os sindicatos de trabalhadores para uma reunião na próxima terça-feira para discutir a situação dos trabalhadores da empresa. Na sexta-feira passada, o diretor nacional do sindicato Nacional dos Aeronautas, Élnio Borges, já havia informado que os funcionários da Varig recorreriam à Justiça do Trabalho para terem assegurados todos os seus direitos. Segundo ele, na próxima quinta-feira, os trabalhadores realizam assembléia para definir os próximos passos.

Borges lembrou que no dia 26 já foi indicado o caminho junto à Justiça do Trabalho.

- Nós temos uma esperança forte de que a Justiça do Trabalho vem compor o conceito de ética, moral, legalidade e justiça que foi destruído até o momento - disse.

Se a Varig antiga não puder honrar as rescisões e os salários e a VarigLog não assumir esses débitos, o Ministério Público pode entrar com uma ação coletiva para que os novos donos realizem o pagamento. Os salários atrasados somam R$ 106 milhões.

PRESIDENTE DA VARIG ANUNCIA DEMISSÕES

Os funcionários da Varig receberam na manhã desta sexta-feira comunicado do presidente Marcelo Bottini anunciando o início do processo de demissões .

"Hoje (sexta-feira) damos início a uma das mais importantes fases do projeto de reestruturação da nossa Varig, promovendo a adequação do quadro funcional da empresa às reais necessidades das operações do momento", afirmou Bottini no comunciado enviado por e-mail aos funcionários.

Segundo a nota, "os desligamentos começam a ser comunicados pessoalmente a vocês por suas chefias e, nos casos de funcionários que não têm local físico de trabalho, por correspondência enviada à residência de cada um".

A empresa disse também que a reestruturação do quadro de funcionários não vai atingir as operações da Varig nem de seu plano de milhagem Smiles.

"O Programa Smiles também não sofrerá alterações e os passageiros vão poder continuar a fazer uso e creditar suas milhas."

A companhia informa que atualmente voa para São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Recife, Manaus (rotas no Brasil), Frankfurt e Buenos Aires (no exterior) com um total de 10 aeronaves. Além desses, a empresa opera a ponte aérea Rio de Janeiro/São Paulo diariamente. A companhia mantém vôos extras para a Europa e América do Sul e um diário para Miami e Nova York em dias alternados.

A Nova Varig diz que decidiu focar nos serviços de atendimento ao cliente, operação e manutenção.

A companhia diz ainda estar "discutindo com os sindicatos representativos de seus funcionários as alterações necessárias nos acordos coletivos de trabalho, para que as rescisões contratuais se enquadrem no estabelecido pelo plano de recuperação judicial aprovado por todos os seus credores. Vem sendo dada prioridade à documentação relativa à liberação do FGTS e do seguro desemprego."

Ainda não se sabe de onde viriam os recursos para pagar os funcionários. Só para quitar os quatro meses de salários atrasados a companhia precisaria de R$ 106 milhões. Esse valor deve mais do que dobrar se considerados os custos com as demissões. Uma proposta enviada pela empresa aos sindicatos do setor dizia que seriam necessários R$ 253 milhões para mandar embora todos os empregados da empresa no Brasil.

O Sindicato Nacional dos Aeroviários pediu ao Ministério Público do Rio de Janeiro o bloqueio dos US$ 75 milhões depositados na conta da Varig, após a companhia propor liberação do FGTS e do seguro-desemprego e acertar o restante depois.

A VarigLog adquiriu a companhia em leilão no dia 20 de julho.

Na antiga Varig, que deverá passar a se chamar Nordeste e vai operar apenas uma linha, Congonhas-Porto Seguro, a estimativa é de aproveitamento de 50 funcionários.