Jornal do Brasil
31/05/2007
Piora a situação da
Infraero na CPI
Leandro Mazzini
Em Brasília. A situação da Empresa
de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) está
cada vez pior. O alerta partiu do Tribunal de Contas da
União (TCU). Ontem, o procurador do Ministério
Público junto ao TCU, Lucas Furtado, deu munição
para a oposição na CPI do Apagão
Aéreo no Senado. Em depoimento, disse que a estatal
deixou de repassar R$ 582 milhões ao Fundo da Aeronáutica
entre 2000 e 2006. Também chamou o Ministério
da Defesa de "perfumaria", porque não
manda em nada.
Furtado entregou à CPI um relatório que
comprova o não repasse de recursos obtidos de três
tarifas cobradas pela Infraero. Indagado sobre o Orçamento
da estatal, o procurador foi claro:
- O problema não é o contingenciamento.
É a Infraero.
A oposição, que já queria mirar
a artilharia no governo investigando a Infraero, aproveitou
o momento.
- Lucas veio elucidar com um linguajar bem simples o
que aconteceu. A Infraero é uma caixa-preta. Vamos
abri-la e descobrir os responsáveis - disse o relator
da comissão, senador Demóstenes Torres (DEM-GO).
O senador defendeu a demissão de políticos
dos cargos da direção da Infraero. Disse
que pretende focar as investigações da CPI
na estatal, a partir de semana que vem, e vai convocar
ex-presidentes do órgão:
- Não interessa se é da gestão de
Fernando Henrique ou de Lula. Vamos verificar.
Segundo Furtado, as tarifas cobradas de companhias e
passageiro são as de uso das comunicações
e dos auxílios à navegação
aérea, a de uso das comunicações
e dos auxílios de rádio e visuais em área
terminal de tráfego aéreo e o adicional
de tarifa aeroportuária. De acordo com o procurador,
49% dos recursos devem ser repassados à Aeronáutica,
o que não está acontecendo, por "falta
de clareza".
- Ninguém sabe qual a regra ali. Não há
diálogo nem mesmo dentro dos órgãos
- comentou Furtado.
Um levantamento feito pelo deputado Otávio Leite
(PSDB-RJ) no Sistema Integrado de Administração
Financeira (Siafi) mostrou, no entanto, que a Aeronáutica
deixou de investir R$ 1,06 bilhão do fundo nos
últimos três anos.
- Isso só mostra a inércia do governo -
acusou o deputado, integrante da CPI do Apagão
na Câmara.
Tribuna da Imprensa
31/05/2007
"Infraero é uma caixa
preta", diz procurador do MP
BRASÍLIA - O procurador do Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas
Furtado, afirmou ontem que a Infraero - Empresa Brasileira
de Infra-estrutura Aeroportuária - é uma
"caixa preta em todos os sentidos". Em depoimento
à CPI do Apagão Aéreo do Senado,
Furtado revelou que auditoria feita pelo TCU, entre 20
de novembro de 8 de dezembro do ano passado, detectou
que a Infraero deixou de repassar R$ 582 milhões
ao Comando da Aeronáutica. Esses recursos referem-se
à cobrança de taxas aeroportuárias
das companhias aéreas e deveriam ter sido usados
na manutenção e modernização
do sistema de controle do tráfego aéreo.
"A Infraero é uma caixa preta em todos os
sentidos. Não se sabe sequer a norma que regra
a distribuição da arrecadação
das tarifas entre a Infraero e o Comando da Aeronáutica",
disse o procurador. "Existem problemas de orçamento
em todos os contratos da Infraero. As obras em dez aeroportos
são alvo de auditoria do TCU", observou Furtado.
Ele chamou Ministério da Defesa de "perfumaria",
uma vez que não tem controle nenhum sobre o orçamento
dos comandos da Aeronáutica, Marinha e Exército,
nem sobre as empresas ligadas às Forças
Armadas. "O Ministério da Defesa, na prática,
não tem papel; é perfumaria", disse.
Segundo o procurador, auditoria do Tribunal fez com que
a Infraero reduzisse em R$ 104 milhões o orçamento
das obras do aeroporto de Guarulhos, estimadas em R$ 1
bilhão. "Não existe parâmetro
de preço para as obras aeroportuárias",
reclamou. Para exemplificar, Furtado citou novamente as
obras em Guarulhos, onde a Infraero apresentou orçamento
no mesmo valor para a construção de duas
pistas totalmente diferentes: a de pouso dos aviões
e a que dá acesso dos carros ao aeroporto. "Esse
tipo de problema, que é a total falta de parâmetro
dos preços, existe nas obras de outros aeroportos
como o de Goiânia e de Vitória", afirmou.
Prejuízos injustificáveis
Entre as irregularidades, o procurador apontou ainda que
a Infraero teria um prejuízo de R$ 100 milhões
com o aluguel dos carrinhos que transportam bagagens nos
aeroportos. Ele explicou que a estatal contrata uma empresa
que subloca uma outra empresa, que fornece os carrinhos
para os aeroportos. "O que a Infraero paga por esses
carrinhos é muito superior ao que é cobrado
do fornecedor. São valores exorbitantes. É
um cartel que domina todos os aeroportos brasileiros",
acusou o procurador.
Pela auditoria do TCU, a Infraero deixou de repassar
R$ 582 milhões ao Comando da Aeronáutica,
entre os anos de 2000 e 2006, que foram arrecadados com
a cobrança de tarifas das companhias de aviação.
Furtado explicou que os auditores não conseguiram
saber corretamente como é feita a divisão
da arrecadação das tarifas entre a Infraero
e o Comando da Aeronáutica. "Não se
sabe exatamente quanto a Infraero tem de repassar para
a Aeronáutica", observou. O procurador disse
que a Infraero já admitiu que, entre 2004 e 2006,
deixou de repassar R$ 70 milhões ao Comando da
Aeronáutica.
No depoimento à CPI do Apagão Aéreo
do Senado, Furtado revelou também que pediu ao
TCU que investigue denúncia feita ao Ministério
Público Federal sobre irregularidades na terceirização
do desenvolvimento de software para o controle do espaço
aéreo no Comando da Aeronáutica. Esse software,
que antes de 2000 era feito pela própria Aeronáutica,
estaria sendo desenvolvido por uma empresa chamada Atec
que, de acordo com a denúncia, tem entre seus sócios
o irmão de um brigadeiro. "Esse sistema era
para ser implantado, mas até hoje não está
funcionando. A estimativa é que cause um prejuízo
de R$ 60 milhões ao Comando da Aeronáutica
entre 2000 e o ano passado", disse Furtado.
Orçamento
No depoimento, Furtado afirmou ainda que o orçamento
do Departamento de Controle do Tráfego Aéreo
(Decea) não foi contingenciado, nos últimos
anos, pelo governo federal. Segundo ele, o orçamento
foi cortado pelo próprio Comando da Aeronáutica,
antes de ser enviado ao Ministério do Planejamento.
"Não há contingenciamento do orçamento,
o que ocorre é que os valores solicitados pelo
Decea são objeto de cortes dentro da própria
Aeronáutica", afirmou o procurador.
"A única exceção foi em 2005
quando todos os ministérios tiveram orçamento
contingenciado. Nesse ano, foram cortados R$ 59 milhões
do orçamento do Decea", explicou. Na auditoria
feita no ano passado, o TCU detectou também que
o Comando da Aeronáutica deixou de realizar concurso
para contratação de 160 controladores de
tráfego aéreo em 2004, embora tenha sido
autorizado pelo Ministério do Planejamento.
O Globo
31/05/2007
Caos aéreo com data marcada
SÃO PAULO - Os aeroportos do país estão à beira de uma
nova crise aérea. Desta vez, no entanto, não será no feriadão
de Corpus Christi e nem culpa dos controladores de vôo.
É que a Sata, empresas de suporte aeroportuário do Brasil,
tem até 17 de junho para solucionar uma dívida de R$ 64
milhões com o INSS. Caso não encontre a tal solução para
o problema, será impedida de explorar as concessões em
15 dos maiores aeroportos do país.
Assim, companhias aéreas como VRG (a Nova Varig), OceanAir,
Air France, TAP, LAN Chile e as maiores empresas de transporte
de cargas do Brasil poderão ficar sem suporte terrestre.
O caso está sendo acompanhado de perto pela Infraero,
que descarta a possibilidade de um novo apagão aéreo.
Já as outras empresas que prestam serviços de suporte
aeroportuário afirmam que não há tempo para contratar
mão-de-obra e compra de equipamentos que permitam suprir
a ausência da Sata.
A direção da Sata, no entanto, não vem demonstrando preocupação.
O presidente da empresa, Mário Mariz, afirmou que a Sata
está se recuperando, após a turbulência decorrente da
falência da Varig, e espera apenas um investidor para
se recuperar:
O Dia
31/5/2007
Aeronaves passam por susto
Aviões rompem limite
de segurança em São Paulo e piloto faz desvio
BRASÍLIA - A Aeronáutica admitiu ontem
que dois aviões romperam a margem de segurança
quando voavam sobre o interior de São Paulo no
dia 22 de abril. Boeing da Gol que ia de Campinas para
o Rio e aeronave da TAM que fazia trajeto São Paulo-Ribeirão
Preto se aproximaram perigosamente perto de Atibaia. Diálogo
divulgado por rádio mostra que um dos pilotos desviou
para não colidir.
A Aeronáutica negou, no entanto, que as aeronaves
tenham quase se chocado. O caso é investigado pelo
Departamento de Controle do Espaço Aéreo.
Segundo as autoridades, os aviões chegaram a uma
distância de 6,3 quilômetros quando a diferença
de altitude era de 200 metros. O máximo permitido
é de 7 quilômetros de separação
horizontal e de 300 metros de vertical.
Ontem o delegado da Polícia Federal que apura
o acidente, Renato Sayão Dias, depôs na CPI
do Apagão no Senado. Segundo ele, os controladores
de vôo tiveram conduta culposa no acidente com o
Boeing da Gol que matou 154 pessoas. Teria havido falhas
na comunicação com os pilotos do Legacy
e com o controle em Manaus. Segundo as investigações,
os controladores não deveriam ter permitido o jato
voar àquela altura.
O Dia
30/5/2007 18:06h
Infraero deixou de repassar R$ 582
milhões à Aeronáutica, aponta TCU
Brasília - Entre 2000 e 2006, a Empresa Brasileira
de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) deixou
de repassar ao Comando da Aeronáutica cerca de
R$ 582 milhões. O resultado de auditoria do Tribunal
de Contas da União (TCU) foi entregue à
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
do Apagão Aéreo do Senado pelo procurador
-geral do Ministério Público junto ao TCU,
Lucas Rocha Furtado.
O principal problema, segundo Furtado, é a falta
de clareza das regras. A verba correspondia às
três tarifas cobradas pela Infraero e que deveriam
ser encaminhadas, em parte, à Aeronáutica.
São as tarifas de uso das comunicações
e dos auxílios à navegação
aérea (TAN ), a tarifa de uso das comunicações
e dos auxílios rádio e visuais em área
terminal de tráfego aéreo (TAT) e o adicional
de tarifa aeroportuária (Ataero). Do total arrecado
com as taxas, 8% são usados pela Infraero. Do restante,
41% permanecem com a empresa e 59% devem ser destinado
ao Comando da Aeronáutica.
No entanto, uma lei de 1999 determina que a Infraero
deposite os recursos arrecadados com as tarifas no Fundo
Aeronáutico, ficando com até 41% da arrecadação
mensal.
Nenhuma das duas regras, na avaliação do
TCU, é seguida na prática. "Essa auditoria
do TCU verificou que ninguém sabe qual é
a norma que vigora", afirma.
Além da falta de repasse, o procurador-geral aponta
falta de clareza no estabelecimento de preços de
suas obras. “Existem problemas de orçamento
em todas as obras da Infraero”, afirma. "A
Infraero não segue parâmetros de preço.
Os preços da Infraero caíram do céu,
mas sem que ninguém assuma e assine”, afirma.
Atualmente, o TCU está auditando 10 obras em aeroportos
da Infraero. Só a obra de Guarulhos está
orçada em mais de R$ 1 bilhão.
A auditoria do TCU foi realizada logo após a queda
do avião da Gol, em setembro passado. Foram auditados
o Comando da Aeronáutica, a Infraero, o Ministério
da Defesa, a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), o Conselho de Aviação Civil
(Conac) e o Departamento de Controle do Espaço
Aéreo (Decea).