:::::RIO DE JANEIRO - 30 DE OUTUBRO DE 2006 :::::

 

Folha de São Paulo
30/10/2006
Atraso em vôo evita riscos, diz sindicato
Presidente da entidade que reúne civis que fazem controle de aviões afirma que condições de trabalho reduzem segurança
Ontem foi o terceiro dia consecutivo de atrasos em aeroportos devido à operação-padrão, que é negada pela Aeronáutica

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os atrasos em vôos, registrados ontem pelo terceiro dia consecutivo em alguns dos principais aeroportos do país, representam, na verdade, uma tentativa de preservar a segurança dos passageiros. A afirmação é de Jorge Botelho, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, entidade que reúne os civis que atuam como controladores de vôos.

"É uma questão de segurança para a população", disse Botelho, acrescentando que os controladores decidiram cumprir determinações recomendadas internacionalmente.

Na prática, a operação-padrão iniciada na última sexta-feira pelos operadores de vôo de Brasília consiste em dobrar, de 5 milhas para 10 milhas náuticas, a distância entre os aviões. Isso implica coibir pousos e decolagens com pouco intervalo. No limite, os aviões acabam proibidos de deixar o solo. Também reduziram o número de aviões que são "vigiados" por cada controlador. A Aeronáutica nega que exista a operação-padrão.

"Trabalhando com um número a mais de aviões você acaba colocando em risco a segurança. Por isso nós resolvemos que não vamos mais trabalhar nessas condições", disse Botelho. Apesar de seu sindicato representar apenas os controladores aéreos civis -no Brasil, a maior parte desses profissionais é formada por militares ligados ao comando da Aeronáutica-, Botelho afirma que, neste momento, fala também em nome dos militares, pois reuniu-se várias vezes com os seus diversos setores.

Anteontem, o comando da Aeronáutica convocou uma entrevista para negar a existência da operação-padrão. De acordo com o tenente-brigadeiro-do-ar Paulo Roberto Vilarinho, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo, problemas meteorológicos e o aumento do tráfego aéreo por conta das eleições têm, entre outros fatores, provocado os atrasos.

A equipe de cerca de 60 operadores de Brasília, todos militares de baixa patente, está desfalcada de oito profissionais, afastados desde a queda do Boeing da Gol, um mês atrás.

Atrasos

O terceiro dia de operação-padrão dos controladores em Brasília teve ontem menor escala. Mesmo assim, houve atrasos em decolagens na capital federal, Belo Horizonte (Confins), Rio (Galeão) e São Paulo (Cumbica), entre outros.

Segundo balanço da Aeronáutica atualizado às 18h30 de ontem, os atrasos começaram por volta das 14h, estendendo-se até as 16h30, quando a situação foi normalizada nos quatro aeroportos. De acordo com a Força, responsável pelo controle aéreo do país, a média dos atrasos foi de 20 minutos. Mas em Manaus, por exemplo, dois vôos tiveram atraso de quatro horas e em Campinas a média foi de duas horas.

De acordo com dois controladores de vôo ouvidos ontem pela reportagem, se não houver um "enquadramento" por parte do Comando da Aeronáutica, quarta-feira deverá ser o "dia D" do protesto atual.

O motivo é óbvio: será a véspera do feriado prolongado, quando os aeroportos normalmente já ficam mais lotados do que na média.

Para tentar conter a insatisfação dos controladores, o governo anunciou um investimento de cerca de R$ 10 milhões na melhoria do tráfego aéreo de Brasília. Além disso, a Aeronáutica diz que controladores de outros Estados estão sendo remanejados para Brasília.
(MARIANA TAMARI E EDUARDO SCOLESE)

Folha de São Paulo
30/11/2006
Aeroportos de Porto Alegre e Belo Horizonte foram afetados
DA AGÊNCIA FOLHA

A operação-padrão dos controladores de tráfego aéreo de Brasília continuou a causar atrasos ontem em aeroportos de Campinas, Manaus, Porto Alegre e Belo Horizonte.

No aeroporto de Viracopos, em Campinas (95 km de São Paulo), a média de atrasos foi de pelo menos duas horas em pousos e decolagens em alguns vôos da manhã e em parte da tarde de ontem.

A central de informações do aeroporto comunicou que passageiros de todas as aéreas reclamaram dos atrasos, principalmente pela manhã. Houve filas em alguns guichês. A lentidão foi motivada por atrasos em vôos provenientes de São Paulo e de Brasília.

Segundo a Infraero, as retenções das aeronaves ocorreram por causa da operação-padrão no centro de tráfego aéreo de Brasília. A expectativa da Infraero é que a situação em Viracopos seja normalizada hoje.

Pelo menos sete vôos atrasaram ontem no aeroporto de Confins (região metropolitana de Belo Horizonte). O aeroporto não divulgou detalhes.

No aeroporto Eduardo Braga, em Manaus (AM), ocorreram atrasos de até quatro horas, durante a madrugada, em dois vôos da Gol. A situação se regularizou pela manhã.

Os atrasos registrados no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), ficaram em torno de uma hora. A Infraero informou que a movimentação dos vôos era normal nos aeroportos de Curitiba (PR) e Recife (PE). Em Salvador (BA), os atrasos foram considerados "dentro do limite tolerável".

Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a situação estava controlada e havia tendência de "estabilização".

Folha Online
29/10/2006 - 19h34
Passageiros voltam a enfrentar atrasos em aeroportos do país
da Agência Folha
da Folha Online

Passageiros voltaram a enfrentar atrasos, neste domingo, em alguns dos principais aeroportos do país. Os problemas atingiram, Brasília, São Paulo, Manaus, Porto Alegre e Belo Horizonte e seriam resultado de uma operação-padrão dos controladores de tráfego aéreo.

No aeroporto de Viracopos, em Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), a média de atrasos foi de pelo menos duas horas em pousos e decolagens em alguns vôos da manhã e em parte da tarde. A central de informações do aeroporto informou que passageiros de todas as empresas reclamaram dos atrasos, principalmente pela manhã. Houve filas em alguns guichês. A lentidão foi motivada por atrasos em vôos vindos de São Paulo e Brasília.

Segundo a Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), as retenções das aeronaves ocorreram por causa da operação-padrão no centro de tráfego aéreo de Brasília.

No aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica (Guarulhos, Grande São Paulo), ocorreram atrasos de até três horas, principalmente nos pousos.

Ao menos sete vôos atrasaram no aeroporto de Confins (região metropolitana de Belo Horizonte). O aeroporto não divulgou detalhes.

No aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus (AM), ocorreram atrasos de até quatro horas, durante a madrugada, em dois vôos da Gol. A situação se regularizou pela manhã.

Os atrasos registrados no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), ficaram em torno de uma hora.

A Infraero informou que a movimentação dos vôos era normal nos aeroportos de Curitiba (PR) e Recife (PE). Em Salvador (BA), os atrasos foram considerados "dentro do limite tolerável", informou a Infraero.

Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a situação estava controlada e havia uma tendência de "estabilização".

Reunião

Na sexta-feira (27), os controladores de tráfego aéreo se reuniram em Brasília, em sigilo, para discutir as dificuldades do setor e definir uma forma de pressionar o governo a atender a reivindicação por melhores salários, menor carga horária e a contratação de mais profissionais.

A Aeronáutica nega que os problemas sejam conseqüência de uma operação-padrão por parte dos controladores e afirmou que os atrasos foram provocados pelo excesso do tráfego aéreo, o que obrigou as aeronaves em solo aguardar um maior espaçamento para decolar.

Os controladores de tráfego aéreo sofrem com a pressão e ainda estão sob efeito do maior acidente aéreo do país e, segundo a Folha Online apurou, poderiam fazer uma "greve branca", como o atraso proposital dos vôos. A maioria dos controladores é militar, por isso estão proibidos por lei de fazer greve.

Na manhã de sexta (27), ao menos 32 aeronaves com destino a São Paulo, Cuiabá, Campo Grande e à região Sul do país decolaram do aeroporto de Brasília com atrasos de uma hora e meia, em média. No sábado, o problema voltou a atingir vôos entre as principais capitais do país. As decolagens atrasam até quatro horas entre os aeroportos de São Paulo, Rio e Brasília e os pousos chegam a atrasar duas horas.

Medidas

Em nota enviada no sábado (28), a FAB (Força Aérea Brasileira) informou que "estão sendo implementadas medidas" para tentar resolver o problema do aumento de tráfego aéreo em Brasília e os atrasos nos vôos.

Entre as medidas estão o remanejamento de controladores de tráfego para Brasília, onde ocuparão as vagas dos operadores afastados depois do acidente com o vôo 1907, da Gol. Na ocasião, 154 pessoas morreram.

A nota também promete "um aumento substancial do número de controladores de tráfego aéreo".