:::::RIO DE JANEIRO - 30 DE JULHO DE 2006 :::::
 

O Globo
30/07/06
China importa pilotos brasileiros


Gilberto Scofield Jr. - Correspondente - PEQUIM

Enquanto a Varig demite no Brasil, empresas aéreas chinesas de médio porte — as que mais crescem no superaquecido mercado de aviação da China — estão contratando os já treinados e experientes pilotos brasileiros que saem de companhias como Varig, Rio Sul, Vasp e Transbrasil para comandar suas frotas, especialmente aeronaves Boeing 737 e Airbus 320.

A Shenzhen Airlines, por exemplo, acaba de contratar 43 pilotos brasileiros, a maioria da Varig e da Rio Sul, enquanto a Air Macau está contratando 16 co-pilotos a partir de agosto, todos da Varig e Rio Sul. Estes profissionais vão se juntar aos 15 pilotos do Brasil que já trabalham para a Shenzhen e aos 40 pilotos que já estão na Air Macau, o que significa que a China tem cerca de 115 pilotos brasileiros trabalhando no país desde 2001, quando a crise na aviação civil do Brasil se agravou.

— O que se vê aqui é um momento de expansão da indústria de aviação chinesa ao mesmo tempo em que a aviação brasileira passa por sua maior crise — diz Armindo Viriato Souza Freitas, que trabalhou por 16 anos na Varig até ser contratado, em 2003, como gerente do Departamento de Aviação da Shenzhen Airlines. — Há uma necessidade de se contratar pilotos experientes que possam tocar uma indústria que cresce a uma taxa de 15% ao ano, como é a chinesa.

De fato, segundo o vice-ministro da Administração Chinesa de Aviação Civil, Gao Hongfeng, a China vai duplicar sua atual frota, de cerca de 870 aviões para 1.580, até 2010. E os investimentos para fazer frente a este crescimento, num país de dimensões continentais como a China, serão de US$ 17,4 bilhões nos próximos cinco anos, segundo a Comissão de Administração e Supervisão de Ativos Estatais do país. Ano passado, as 27 companhias de aviação da China foram responsáveis pelo transporte de 138 milhões de passageiros, um volume 15,5% maior que o de 2004.

E, neste ambiente, as companhias estabelecem metas ambiciosas. É o caso da Shenzhen Airlines, uma empresa cujo controle acionário é dividido entre um grupo de investidores privados chineses, a Air China e a prefeitura de Shenzhen. Com a administração nas mãos dos investidores privados, a empresa, de cerca de 2.000 funcionários, voa não apenas na China, mas para o exterior (Malásia, Tailândia, Sri Lanka, entre outras rotas) e pretende ter 120 aviões até 2014 (hoje são 38).

A própria companhia aérea pediu que Souza Freitas montasse uma empresa que os ajudasse a contratar pilotos estrangeiros experientes o mais rápido possível. Em 2004, o piloto brasileiro fundou a Vega Aviation, responsável pela contratação da maioria dos pilotos brasileiros que trabalham na China hoje.

— O mercado de mão-de-obra para aviação mundial trabalha com grandes empresas de contratação, como a inglesa Parc Aviation ou a Contractair, que ficam de olho nos países onde há oferta de mão-de-obra qualificada, como o Brasil hoje — diz Souza Freitas. — Nós acabamos ganhando mercado na China pelo momento infeliz pelo qual passa o setor aéreo brasileiro, que hoje exporta pilotos por causa das crises da Vasp, Transbrasil e, agora, da Varig.

Aproveitamento no Brasil é pequeno

Para os pilotos brasileiros que foram demitidos pelas companhias aéreas ao longo dos últimos anos, trata-se de uma opção interessante de trabalho, ao menos enquanto o mercado nacional não se recupera. É o que pensa Reginaldo Teixeira, ex-piloto da Varig por 18 anos e demitido num dos programas de enxugamento da empresa em 2002, que há dois anos trabalha para a Shenzhen Airlines:

— Da mesma maneira que a China está comprando todos os recursos básicos no mundo para garantir o seu crescimento o mais rápido possível, eles querem bons pilotos rapidamente e sabem onde procurar.

Teixeira, que foi vice-presidente da Associação de Pilotos da Varig e participou de muitas reuniões para “salvar” a empresa, acha que a exportação de pilotos brasileiros para a China é uma solução interessante, enquanto o setor de aviação do Brasil não termina sua reestruturação.

Segundo Souza Freitas, as empresas aéreas chinesas estão pagando aos pilotos estrangeiros de aeronaves Boeing 737 um salário de cerca de US$ 8.750 (algo em torno de R$ 19 mil), incluindo benefícios — como anuênio, auxílio moradia e passagens grátis — enquanto os salários no Brasil estão perto de US$ 4 mil (R$ 8.760) para a mesma aeronave. O processo de seleção exige um teste local, com provas de simulador e questões específicas, além da exigência de comprovação de no mínimo 500 horas de vôo nos últimos seis meses.

— Quando eu estava na associação, pedimos ao governo uma ajuda para realocação dos pilotos brasileiros, porque uma hora de treinamento nos simuladores de vôo, a título de atualização da carteira de piloto, custa cerca de US$ 4 mil, um valor que um piloto desempregado não tem facilmente — diz Reginaldo Teixeira.

Especialistas brasileiros dizem que a média salarial de pilotos brasileiros que fazem vôos internacionais varia de R$ 17 mil a R$ 19 mil brutos, se os pilotos voarem dentro do limite da regulamentação do setor — 85 horas por mês ou 230 horas por trimestre. Esses pilotos recebem adicional por voar à noite. Para os que trabalham no mercado doméstico, o salário bruto oscila entre R$ 8 mil e R$ 12 mil.

Além das contratações para a China, a Vega Aviation também começa a intermediar a contratação de pilotos para empresas da Índia, outro mercado em rápida expansão na Ásia. Cerca de dez pilotos brasileiros estão sendo contratados para a Índia Express, uma subsidiária da Air India.

— Pilotos de aeronaves não são mão-de-obra barata, mas qualificada. É uma pena que o mercado de aviação civil do Brasil passe por uma crise tão grande a ponto de se tornar um exportador de mão-de-obra qualificada para outros países — diz Reginaldo Teixeira.

O reaproveitamento dos funcionários da Varig ainda é tímido no Brasil, diz a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, apesar das expectativas favoráveis para o setor. Graziella espera um crescimento acima de 20% para o mercado em 2006.

— Minha expectativa é que esse quadro seja superado. Solicitamos ao SNEA (sindicato que representa as companhias aéreas) que incentivem a contratação de funcionários da Varig. O SNEA tem uma bolsa de empregos para esse fim — explica Graziella.

Fontes que acompanham o setor afirmam que somente no mês de junho a TAM contratou 45 aeronautas (pilotos e comissários de bordo) e que a OceanAir teria contratado 600 empregados, entre pilotos, comissários e pessoal que atua no atendimento em terra, a maioria deles ex-funcionários da Varig. Em junho e julho, a GOL contratou 70 pilotos e comissários que trabalhavam na Varig.
COLABOROU Erica Ribeiro

 

 

ISTOÈ - Dinheiro
30/07/06
TAM + GOL = 88%

Crise da Varig criou um duopólio que já se reflete em alta de preços e deterioração dos serviços
Por elaine cotta

O mercado brasileiro de aviação vive o seguinte cenário: juntas, TAM e Gol concentram 88% da participação do mercado. A combalida Varig, que há pouco mais de um ano era líder, agora tem menos de 5% do total.

E o pouco espaço que resta está dividido entre companhias menores como Ocean Air e BRA. Para os especialistas, essa situação gerou na aviação brasileira um fenômeno chamado duopólio. Ele provoca elevação de preços, redução da oferta de serviços e degradação de sua qualidade. Mas a Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, não vê esse cenário. “É cedo para falar em duopólio.

O mercado está passando por uma tempestade, por uma crise momentânea”, disse à DINHEIRO o presidente da Anac, Milton Zuanazi. Sabe-se que a Varig, que no final do ano passado tinha 60 aeronaves, hoje opera com apenas 13 e tem até o dia 31 para retomar as suas antigas rotas. Caso não o faça, os trechos serão divididos entre as concorrentes. Enquanto isso, o mercado opera com preços distorcidos.

Desde que a Varig deixou de voar para o México, as passagens dessa linha subiram 150%. A associação das empresas operadoras de turismo, conhecida como Braztoa, diz que os preços no mercado doméstico aumentaram 50% nos últimos 30 dias. “Se os preços mais altos não forem apenas um reflexo temporário do mercado, iremos investigar”, alertou, na semana passada, o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg.

Foto: Andreas Faria

 
O caos se instalou nos aeroportos do País: a Varig chegou a ter 60 aviões, mas agora opera apenas com 13.

Zuanazi, da Anac, afirma que a situação só chegou a esse ponto por conta da crise operacional da Varig, que se aprofundou nos últimos três meses. Trechos antes cobertos pela empresa, como as rotas diárias entre São Paulo e Boa Vista, ou São Paulo e Manaus, deixaram de existir. Ele acha que a Varig não terá condições de reassumir tudo e que haverá um “sorteio” das rotas que a companhia abandonar.

Se desse sorteio resultar uma divisão proporcional à fatia que cada empresa já detém, o duopólio se consagra. A alternativa é ratear as rotas deixadas por ela entre companhias menores, criando alternativas para os clientes. “TAM e Gol ganharam muito com a deterioração da Varig”, disse à DINHEIRO o presidente da Ocean Air, Carlos Ebner. “Assim fica difícil competir.”

Nos EUA, por exemplo, a American Airlines, a maior companhia aérea local, detém apenas 15,8% de participação do mercado doméstico. “O Brasil não pode ter apenas duas companhias aéreas nacionais”, complementa o diretor da área internacional da Abav, a associação dos agentes de viagens, Leonel Rossi.

Na semana passada, Rossi teve que preparar um roteiro surrealista para um grupo de executivos que viajava a negócios para Londres: eles voaram de São Paulo para Fortaleza por uma companhia local. De lá, embarcaram para Lisboa num vôo da portuguesa TAP e, só então, tomaram o avião que os levou à capital inglesa. Total da viagem: 19 horas.

Há consenso de que é preciso agir rápido para contornar a situação. De 2002 para cá, a demanda por vôos domésticos cresceu em média 15% ao ano. Só entre janeiro e maio deste ano, segundo a Infraero, foram 42,2 milhões de passageiros. Não foi à toa que, na semana passada, a Vasp, que saiu dos ares em janeiro de 2005, anunciou um plano de recuperação para voltar a operar em dez meses. Há demanda. “Até o final do ano a situação vai se regularizar”, garante Zuanazi. A ver.

Participação no mercado



Zero Hora
30/07/06
Manhã de demissões
Primeiros cortes dos 5,5 mil previstos em todo o país pela Varig começaram em Porto Alegre no sábado

A manhã deste sábado não será esquecida pelos funcionários da Varig no Aeroporto Salgado Filho. Às 10h45min, começaram a ser chamados um a um pelo departamento pessoal para saberem se permaneceriam ou não na empresa.

pouco a pouco, rostos cobertos de lágrimas começaram a aparecer por detrás dos guichês do check in. Terminava ali uma relação profissional, mas também de amor à companhia aérea. Um dos primeiros a sair no saguão, o atendente de check-in Cristiano Pinzon, há cinco anos na empresa, não escondia a indignação:

- Quase todos estão sendo demitidos, sem critério. Eles dizem que a lista veio pronta do Rio de Janeiro.

Essa lista era aguardada desde cedo por um grupo de cerca de 30 funcionários. A ansiedade deu lugar ao fato concreto, com a comunicação das primeiras dispensas. Durante algumas horas pela manhã, o balcão da Varig esteve vazio. Antes disso, a noite havia sido de tensão:

- Eu não dormi direito, ninguém dormiu direito. Está todo mundo ansioso - dizia a atendente Paula Adriane Zanfelice antes de as demissões começarem.

Segundo o diretor dos Sindicato dos Aeroviários de Porto Alegre, Osvaldo Rodrigues, os funcionários que ficarem na empresa não farão paralisação na Capital:

- Nós lutamos muito para a empresa sobreviver. As pessoas que continuarem vão trabalhar.

Na terça-feira, o Ministério Público do Trabalho (MPT) realizará reunião com a Varig Log, a Varig "antiga" e os sindicatos de trabalhadores para para discutir a situação dos funcionários da empresa.

Caso a Varig antiga não consiga pagar as rescisões e os salários e a Varig Log não assuma os débitos, o MPT pode entrar com uma ação coletiva para que os novos donos realizem o pagamento. Os salários estão atrasados há quatro meses, totalizando R$ 106 milhões devidos pela companhia aérea.


O Estado de São Paulo
30/07/06
Sindicatos temem calote na rescisão
Carta a ministro do Trabalho pede intervenção do governo para evitar que a Varig deixe de pagar R$ 170 milhões
Rodrigo Morais, RIO

O Sindicato Nacional dos Aeroviários enviou carta ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, solicitando a intervenção do governo no caso dos funcionários da Varig que estão com salários atrasados. A situação se agravou com o anúncio da demissão de 5.500 empregados, sem garantia de pagamento das rescisões trabalhistas, estimadas em R$ 170 milhões. Na terça-feira, os sindicatos de aeroviários e o Sindicato Nacional dos Aeronautas participarão de reunião com representantes da Varig e do Ministério Público do Trabalho para discutir as demissões.

“Enviamos uma correspondência dramática ao ministro Marinho, anteontem (quinta-feira), mostrando para ele que o caos está instalado. Pedimos a intervenção do ministro para que a Varig pague as homologações no ato”, disse a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino. “As pessoas estão sem dinheiro. Todo mundo já esgotou as reservas.” Selma calcula que, apenas em salários atrasados, a Varig já deve R$ 71 milhões, relativos a parcelas de abril (R$ 3 milhões) e maio (R$ 8 milhões), além das folhas integrais de junho e julho (R$ 60 milhões, somadas).

Para minimizar o problema, Selma quer prioridade na quitação de dívidas da empresa para os trabalhadores. “A Varig em recuperação deve ter uma renda mensal em torno de R$ 20 milhões, divididos entre as três classes de credores. Queremos que os credores do governo sejam colocados em segundo plano. A prioridade tem de ser para os trabalhadores, até porque eles vão ficar desempregados”, disse.

Selma propõe também que as demissões sejam feitas na medida em que Varig tenha capacidade de pagar o que deve aos funcionários. “As homologações têm de ser pagas na hora”, disse a sindicalista.

Nos aeroportos, os transtornos para os passageiros continuam. O casal Denis Ricardo da Cunha Costa e Cinara Nunes da Costa, ambos de 33 anos, tentava embarcar para Rio Branco, no Acre, onde mora, desde a quinta-feira. Eles chegaram ao Rio para passar férias com a passagem de volta comprada, mas a Varig cancelou os vôos e o casal não encontra vagas em outras companhias. “Estamos gastando dinheiro e perdendo dias de trabalho. Temos que vir todos os dias ao aeroporto. Gastamos com hotel, refeições e táxi. Se eu voltar amanhã e não tiver como embarcar, vou comprar outra passagem e depois tentar resolver na Justiça”, disse ele, diante do balcão da companhia no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.


O Estado de São Paulo
30/07/06
Segurança privada vigia aeroporto
Varig contrata empresa para garantir tranqüilidade em Cumbica

O primeiro dia após a demissão de 5,5 mil funcionários da Varig foi relativamente tranqüilo no aeroporto de Guarulhos - com a exceção dos já rotineiros problemas com passageiros de vôos cancelados tentando conseguir um assento em outras companhias. Para garantir o clima de tranqüilidade, a Varig contratou a firma de segurança privada Vise Vigilância e Segurança, com homens de plantão dia e noite em frente ao check-in.

Na sexta-feira, após o anúncio da lista de 5,5 mil demissões, funcionários demitidos tentavam impedir os remanescentes de trabalhar. As operações só foram garantidas com a presença da Polícia Militar.
A ameaça de paralisação dos funcionários da empresa - fato que acabou não acontecendo - gerou apreensão no grupo de 150 garotos de 12 a 18 anos que foram de Varig para a Escandinávia participar de um campeonato de futebol. “Se tiver greve e o avião não sair, como vão ficar essas crianças?”, indagou um dos responsáveis pelo grupo, Luiz Mascarenhas.

Metade do grupo chegou ontem em Guarulhos. Nenhum time ganhou o campeonato, mas a cara dos jogadores era de felicidade, apesar do cansaço. “Bateu o desespero, a gente não sabia quanto tempo ia ficar, se o dinheiro ia dar”, conta Leonardo Seli, de 18 anos. Sob pressão dos organizadores do campeonato, que avisaram a imprensa e a embaixada do Brasil na Finlândia, que por sua vez contatou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Varig teve que operar dois vôos extras para Londres e Copenhague. “O vôo de Londres para quinta-feira só foi feito para buscar a gente”, disse Mascarenhas. Ontem estava previsto mais um vôo para Londres e Copenhague, que deve retornar na segunda-feira com o resto da turma.

A estudante sueca Jenny Olsson foi outra que sofreu com o cancelamento dos vôos de Copenhague. O seu estava previsto para deixar a Dinamarca na segunda-feira. Mas ela só conseguiu chegar ontem à São Paulo, depois de voar com outra companhia para Chicago e lá perder dois dias devido ao fechamento do aeroporto por razões climáticas. “Foi um pesadelo”, diz.


O Estado de São Paulo
30/07/06

Na lista, comandante Juarez faz último vôo
Depois de 32 anos dedicados à Varig, piloto pode ir para a Índia
Mariana Barbosa

Foi com um choro contido e muita emoção que o comandante Juarez Silva, 48 anos, 32 dedicados à Varig, fez ontem seu último vôo, de Fortaleza para Guarulhos, em um Boeing 737. “O vôo estava lotado”, diz com certo orgulho, para depois se lembrar que tantos passageiros não eram sinal de sucesso, mas de crise, conseqüência dos cancelamentos. “Eu me preparei (para não chorar). Já tinha sofrido muito antes.”

Quando a direção da Varig anunciou a lista dos 5,5 mil demitidos, Silva suspeitava que seria incluído por ser novato no posto de comandante, tendo sido promovido há um ano. “Fiz minha parte na associação de pilotos (Apvar). Briguei, fui para o Rio, para Brasília. Acreditei e paguei para ver”, diz ele, que culpa a Fundação Ruben Berta e o governo Lula pela situação. “A Fundação entregou os dedos para não entregar os anéis. E eu votei nesse tal de Lula e estou pagando por isso.”

Silva ainda não havia procurado outro emprego, como muitos de seus colegas, pois tinha esperança. E continua tendo. “O chinês (Lap Chan, sócio do fundo Matlin Patterson, um dos novos donos da Varig ) precisa trazer 80 aviões para recuperar o investimento. Aí eles terão de recontratar. Quem sabe não volto.”

Divorciado com duas filhas de 18 e 20 anos, ele pretende tentar a sorte no exterior, quem sabe na Índia. Em 2003, com a crise já se agravando na Varig, Silva passou um ano e meio voando como co-piloto na Vietnam Airlines. “Hoje estou sobrevivendo com as economias que juntei no Vietnã”, conta o comandante, que há quatro meses não recebia salário. “Felizmente o mercado está aquecido. Não me venderei por qualquer preço.”

Silva entrou na Varig em 1974, como mecânico em Porto Alegre e começou a voar, ainda como mecânico, nos antigos Electras. Era co-piloto até um ano atrás, quando foi promovido a comandante. “Estou começando”, disse ele, antes de entrar em um ônibus desbotado alugado pela Varig que levaria a tripulação de seu último vôo para casa - muitos definitivamente, outros com futuro ainda incerto.


Folha de São Paulo
30/07/06
Com crise, tarifas da Varig despencam

Companhia aérea reduz preços das passagens para tentar atrair passageiros assustados com cancelamentos de vôos
Pesquisa mostra que, em maio, tarifas de TAM e Gol eram 23% e 9% maiores que as da companhia em vôos a Belém, Manaus e São Luís

MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL

No final de maio, a Varig era a empresa aérea que praticava as tarifas mais baixas para rotas ligando os aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em SP, aos aeroportos de Belém (PA), Manaus (AM) e São Luís (MA).

É o que mostra pesquisa do Nectar (Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo), do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), realizada nos sites da TAM, da Gol e da Varig.

Segundo a pesquisa, as tarifas médias por km da Gol e da TAM eram, respectivamente, 9% e 23% mais altas do que a cobrada pela Varig nessas rotas.

Os preços da companhia aérea caíram porque, em crise financeira e cancelando boa parte de seus vôos, a empresa tinha que oferecer um estímulo para atrair passageiros e garantir um caixa mínimo.

Nesse caso, o consumidor pagou menos, mas correu o risco de ter seu vôo cancelado ou atrasado.

Mesmo depois de ter sido comprada pela VarigLog, a operação da Varig era irregular na semana passada. "Os dados mostram que, nessa fase de crise da Varig, ela acabou sendo a alternativa "low fare'", afirma o economista Alessandro de Oliveira, coordenador do Nectar.

O levantamento nos sites foi feito entre os dias 25 e 29 de maio, portanto antes da venda da Varig para a VarigLog, que ocorreu no dia 20 deste mês.

A pesquisa mostra que a tarifa média por km da TAM para essas rotas era entre 12% e 13% mais alta do que a da Gol para passagens vendidas pelas companhias na internet.

Perfis

Apesar de, na média, a tarifa da TAM ser mais alta nessas rotas de longa distância, a "low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) Gol tinha o preço mais alto em duas situações: quando os preços pesquisados eram condizentes com o perfil de passageiros viajando a negócios e turistas de feriado (no caso, o de Corpus Christi).

Os preços variam de acordo com a antecedência de compra e quantidade de dias no destino (passageiros de negócios, por exemplo, em geral compram com antecedência menor e por isso o preço sobe). Com base nessas diferenças, o Nectar pesquisou preços para diferentes perfis de passageiros.

Mesmo se restringindo a algumas rotas de longo percurso (a pesquisa se limitou aos vôos ligando Congonhas e Guarulhos a Belém, Manaus e São Luís), o levantamento é relevante pelo seu ineditismo: é a primeira vez no país que é feita uma pesquisa mais aprofundada sobre as tarifas praticadas pelas aéreas brasileiras.

O estudo conclui ainda que as companhias cobram preços mais altos para vôos com conexão do que para vôos diretos. Na média, segundo a pesquisa, a Gol cobrava nessas rotas R$ 810,19 para vôos com conexão e R$ 531,98 nos vôos "non-stop" (diretos). A Varig cobrava em média R$ 711,08 para os vôos com conexão e R$ 629,97 para os diretos.
"Detectamos isso há algum tempo, o que leva a crer que a precificação das companhias aéreas é feita mais baseada em custos do que pensando na demanda. Se há uma parada do avião, aumentam os custos aeroportuários da empresa, e isso é repassado para o consumidor", explica Oliveira.

Para chegar a uma tarifa média comparável, os pesquisadores "filtraram" da tarifa média encontrada nos sites, por meio de modelos estatísticos, fatores que poderiam alterar os preços, como horários dos vôos, a antecedência da compra do bilhete e se eram vôos com ou sem conexão, entre outros.

"Os 12% a 13% a mais da tarifa média da TAM em relação à da Gol, por exemplo, é o que ela cobra pelo valor mais alto que o consumidor confere a seu produto. Todos os outros fatores que poderiam afetar o preço foram isolados no cálculo", afirma Oliveira.

A TAM, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que não considera o levantamento representativo pois não leva em conta os benefícios do seu programa de milhagem, porque são poucas as rotas pesquisadas e porque a pesquisa foi realizada apenas por meio do site das empresas na internet.


Folha de São Paulo
30/07/06
Varig deve ter paralisações parciais a partir de terça

Funcionários protestam contra 5.500 cortes já anunciados pela empresa
Sem greve geral, sindicato quer evitar perda de apoio de passageiros e demissões por justa causa; ontem operação foi normal em SP

CLAUDIA ROLLI DA REPORTAGEM LOCAL

Os funcionários da Varig devem optar por fazer paralisações parciais em São Paulo a partir de terça-feira em protesto ao anúncio de 5.500 demissões feito anteontem pela companhia. O objetivo é não prejudicar os passageiros e evitar que os consumidores sintam "antipatia" aos protestos, segundo informam representantes do Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo.

"O passageiro não pode pagar pelas demissões feitas pela empresa. São consumidores fiéis, que merecem nosso respeito. Não podem ficar na mão. Vamos definir protestos para defender os empregos e demissões mais dignas, mas não queremos prejudicá-los", disse Rogério Aparecido dos Santos, diretor do sindicato.

No aeroporto de Guarulhos, os funcionários optaram por fazer anteontem uma paralisação parcial, das 17h às 21h, em vez de decretar a greve por tempo indeterminado.

Os sindicalistas querem evitar também que a companhia tenha motivos para realizar demissões por justa causa. Assembléias serão realizadas nos aeroportos paulistas amanhã e na terça-feira para definir como serão as manifestações.

"Entregaremos aviso à companhia de que os protestos vão acontecer. Mas o que queremos, de fato, é saber da Varig quais foram os critérios para os cortes e que garantias terão os demitidos. Por que não fomos chamados para negociar as dispensas?", diz Uébio José da Silva, presidente do sindicato.

A entidade vai recorrer ao Ministério Público do Trabalho de São Paulo para pedir ajuda no processo de demissão dos funcionários da Varig. "A fiscalização do Ministério Público pode nos ajudar", diz Silva.

Amanhã, os sindicalistas também se reunirão com a direção da Sata, coligada da Varig que presta serviços às companhias nos aeroportos, que planeja demitir 2.000 pessoas por causa da crise da Varig. A aérea responde por 60% dos negócios da Sata. Com 5.700 funcionários no país, a Sata (serviços de limpeza, bagagens e check-in) deve anunciar 230 cortes em Congonhas e 600 em Guarulhos. A Folhanão localizou ontem a direção da empresa.

No início deste mês, a empresa abriu um programa de demissão incentivada, que teve a adesão de 180 empregados, segundo o sindicato.

No aeroporto de Congonhas, apesar das demissões, o clima era tranqüilo ontem pela manhã e no início da tarde. Funcionários da Varig, que preferiram não se identificar, disseram ter expectativa de que a empresa volte a crescer com os novos proprietários.

Três professoras de inglês estrangeiras, vindas do aeroporto JFK, de Nova York, reclamavam da falta de esclarecimentos da Varig. "Não tem problema a empresa quebrar ou ter dificuldades. Mas poderiam dizer se o vôo vai sair ou não", disse a indiana Renuka Gusain, que chegou ontem em São Paulo, dois dias após o previsto.


Folha de São Paulo
30/07/06
"Playboy" quer publicar ensaio com funcionárias

DA FOLHA ONLINE

A revista "Playboy" confirmou que tem interesse em publicar ensaio de nudez com um grupo de funcionárias da Varig.

Ainda não foi feita a seleção das participantes, diz a ER Comunicações, responsável pela assessoria da "Playboy" no país.

Não será a primeira vez em que a revista faz ensaio com trabalhadoras de uma empresa em crise. Nos EUA, em 2002, foi a vez das funcionárias da Enron (energia), que sofreu colapso financeiro devido a fraudes.


O Globo
29/07/2006 - 22h18m

Demissões devem ser maiores no Rio, diz associação de comissários
Agência Brasil, Globo Online, O Globo e Extra

RIO - O presidente da Associação dos Comissários da Varig, Reinaldo Filho, estima que o desligamento de funcionários seja maior no Rio de Janeiro, "onde deve ter uma demissão maciça”, já que a VarigLog, compradora da Varig no leilão da companhia, resolveu concentrar os vôos em São Paulo. No Rio, a companhia "está parada”, afirmou. Neste sábado, a empresa deu prosseguimento aos avisos de dispensa. De um total de 9.485 trabalhadores, 5.500 serão demitidos.

O número de funcionários foi reduzido à metade no aeroporto de Congonhas. Mas os passageiros não ficaram sem atendimento, já que o número de vôos da companhia foi reduzido há cerca de dez dias. Mesmo assim, houve concelamentos de vôos e quem precisava ir para o exterior sofreu para embarcar. No Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, pelo menos duas viagens foram canceladas - para Miami e Bogotá. Lá, o atendimento também foi normal, apesar de terem sido demitidos cerca de 300 dos 400 funcionários. No aeroporto de Congonhas, apenas os vôos para Florianópolis e Belém foram cancelados. Segundo os funcionários da Varig, a TAM e a Gol estavam embarcando os passageiros.

O atraso no pagamento dos funcionários chega a quatro meses.

- Outros sequer puderam ir trabalhar porque estão sem dinheiro até para sair de casa - disse.

Na próxima quinta-feira, a categoria pretende fazer uma assembléia na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) para discutir as questões trabalhistas. Uma das críticas dos funcionários apontadas por Filho é sobre a proposta que prevê o pagamento do passivo trabalhista da Varig com os créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS).

O Ministério Público do Trabalho convocou a VarigLog, a Varig "antiga" e os sindicatos de trabalhadores para uma reunião na próxima terça-feira para discutir a situação dos trabalhadores da empresa. Na sexta-feira passada, o diretor nacional do sindicato Nacional dos Aeronautas, Élnio Borges, já havia informado que os funcionários da Varig recorreriam à Justiça do Trabalho para terem assegurados todos os seus direitos. Segundo ele, na próxima quinta-feira, os trabalhadores realizam assembléia para definir os próximos passos.

Borges lembrou que no dia 26 já foi indicado o caminho junto à Justiça do Trabalho.

- Nós temos uma esperança forte de que a Justiça do Trabalho vem compor o conceito de ética, moral, legalidade e justiça que foi destruído até o momento - disse.

Se a Varig antiga não puder honrar as rescisões e os salários e a VarigLog não assumir esses débitos, o Ministério Público pode entrar com uma ação coletiva para que os novos donos realizem o pagamento. Os salários atrasados somam R$ 106 milhões.

PRESIDENTE DA VARIG ANUNCIA DEMISSÕES

Os funcionários da Varig receberam na manhã desta sexta-feira comunicado do presidente Marcelo Bottini anunciando o início do processo de demissões .

"Hoje (sexta-feira) damos início a uma das mais importantes fases do projeto de reestruturação da nossa Varig, promovendo a adequação do quadro funcional da empresa às reais necessidades das operações do momento", afirmou Bottini no comunciado enviado por e-mail aos funcionários.

Segundo a nota, "os desligamentos começam a ser comunicados pessoalmente a vocês por suas chefias e, nos casos de funcionários que não têm local físico de trabalho, por correspondência enviada à residência de cada um".

A empresa disse também que a reestruturação do quadro de funcionários não vai atingir as operações da Varig nem de seu plano de milhagem Smiles.

"O Programa Smiles também não sofrerá alterações e os passageiros vão poder continuar a fazer uso e creditar suas milhas."

A companhia informa que atualmente voa para São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Fortaleza, Salvador, Recife, Manaus (rotas no Brasil), Frankfurt e Buenos Aires (no exterior) com um total de 10 aeronaves. Além desses, a empresa opera a ponte aérea Rio de Janeiro/São Paulo diariamente. A companhia mantém vôos extras para a Europa e América do Sul e um diário para Miami e Nova York em dias alternados.

A Nova Varig diz que decidiu focar nos serviços de atendimento ao cliente, operação e manutenção.

A companhia diz ainda estar "discutindo com os sindicatos representativos de seus funcionários as alterações necessárias nos acordos coletivos de trabalho, para que as rescisões contratuais se enquadrem no estabelecido pelo plano de recuperação judicial aprovado por todos os seus credores. Vem sendo dada prioridade à documentação relativa à liberação do FGTS e do seguro desemprego."

Ainda não se sabe de onde viriam os recursos para pagar os funcionários. Só para quitar os quatro meses de salários atrasados a companhia precisaria de R$ 106 milhões. Esse valor deve mais do que dobrar se considerados os custos com as demissões. Uma proposta enviada pela empresa aos sindicatos do setor dizia que seriam necessários R$ 253 milhões para mandar embora todos os empregados da empresa no Brasil.

O Sindicato Nacional dos Aeroviários pediu ao Ministério Público do Rio de Janeiro o bloqueio dos US$ 75 milhões depositados na conta da Varig, após a companhia propor liberação do FGTS e do seguro-desemprego e acertar o restante depois.

A VarigLog adquiriu a companhia em leilão no dia 20 de julho.

Na antiga Varig, que deverá passar a se chamar Nordeste e vai operar apenas uma linha, Congonhas-Porto Seguro, a estimativa é de aproveitamento de 50 funcionários.


O Globo
29/07/2006 - 20h36m
Funcionários do Rio já receberam avisos de demissão, diz representante de comissários da Varig
Agência Brasil


BRASÍLIA - O presidente da Associação dos Comissários da Varig, Reinaldo Filho, informou neste sábado que vários funcionários que comparecerem ao trabalho neste sábado no Rio de Janeiro, onde está localizada a associação, já receberam avisos de demissão. O atraso no pagamento dos funcionários chega a quatro meses.

- Outros sequer puderam ir trabalhar porque estão sem dinheiro até para sair de casa - disse.

Para evitar as demissões, ele defende a intervenção da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac).

- Como agente do poder público encarregada de regular o setor, ela deve ter em vista não apenas a ilegalidade das demissões como também o não pagamento dos direitos dos servidores.

A estimativa, de acordo com ele, é que o desligamento dos funcionários seja maior no Rio de Janeiro, "onde deve ter uma demissão maciça”, já que a VarigLog [que comprou a Varig no leilão da companhia] resolveu concentrar os vôos em São Paulo. No Rio, a companhia está parada”, afirmou.

Na próxima quinta-feira, a categoria pretende fazer uma assembléia na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) para discutir as questões trabalhistas. Uma das críticas dos funcionários apontadas por Filho é sobre a proposta que prevê o pagamento do passivo trabalhista da Varig com os créditos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS).

- Crédito de ICMS não é moeda, não é aceito no supermercado, onde o servidor precisa fazer compras. O pagamento em título, proposto no passado pelos funcionários, não foi aceito, mas é mais real do que o crédito de ICMS - ponderou.

Ele disse, ainda, que muitos funcionários terão dificuldade em se acomodar no mercado de trabalho, pois estão capacitados para trabalhar em aeronaves que não existem em outras companhias, como os jatos 777, 757 e 767, usados pela Varig. As outras empresas, segundo ele, aéreas operam com aeronaves 737 e Airbus.


Estadão
29 de julho de 2006 - 13:40
Funcionários da Varig pedem ajuda ao Governo Federal
Na terça-feira acontece reunião entre sindicalistas, representantes da Varig e o Governo Federal
Rodrigos Morais


RIO - O Sindicato Nacional dos Aeroviários enviou carta ao ministro do Trabalho, Luiz Marinho, solicitando uma ação do governo no caso dos funcionários da Varig que estão com salários atrasados. A situação se agravou com o anúncio da demissão de 5.500 empregados, sem garantias sobre o pagamento das rescisões trabalhistas, estimadas em R$ 170 milhões.

Na terça-feira, os sindicatos de aeroviários e o Sindicato Nacional dos Aeronautas participarão de uma reunião com representantes da Varig e do Ministério Público do Trabalho para discutir as demissões.

"Enviamos uma correspondência dramática para o ministro Marinho, anteontem (quinta-feira), mostrando para ele que o caos está instalado. Pedimos a intervenção do ministro para que a Varig pague as homologações no ato", disse a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino.

"As pessoas estão sem dinheiro. Todo mundo já esgotou suas reservas." Selma calcula que, apenas em salários atrasados, a Varig já deve R$ 71 milhões, relativos a parcelas de abril (R$ 3 milhões) e maio (R$ 8 milhões), além das folhas integrais de junho e julho (R$ 60 milhões, somadas).

Para minimizar o problema, Selma defende que a prioridade na quitação de dívidas da empresa deve ser para os trabalhadores. "A Varig em recuperação deve ter uma renda mensal em torno de R$ 20 milhões, divididos entre as três classes de credores. Queremos que os credores do governo sejam colocados em segundo plano. A prioridade tem que ser para os trabalhadores, até porque vão ficar desempregados", disse ela. Selma defende também que a Varig só demita na proporção em que tenha capacidade de pagar o que deve aos funcionários. "As homologações têm de ser pagas na hora", disse a sindicalista.

Nos aeroportos, os transtornos para os passageiros continuam. O casal Denis Ricardo da Cunha Costa e Cinara Nunes da Costa, ambos de 33 anos, tentava embarcar para Rio Branco, no Acre, onde mora, desde a quinta-feira. Eles chegaram ao Rio para passar férias com a passagem de volta comprada, mas a Varig cancelou os vôos e o casal não encontra vagas em outras companhias. "Estamos gastando dinheiro e perdendo dias de trabalho. Temos que vir todos os dias ao aeroporto. Gastamos com hotel, refeições e táxi. Se eu voltar amanhã e não tiver como embarcar, vou comprar outra passagem e depois tentar resolver na Justiça", disse ele, diante do balcão da companhia no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.


Folha Online
29/07/2006 - 09h56

"Playboy" confirma que vai desnudar funcionárias da Varig

A revista masculina "Playboy" confirmou que tem interesse em realizar um ensaio de nudez com um grupo de funcionárias da Varig. Ontem, a companhia aérea, vendida neste mês para a VarigLog, anunciou a demissão de 5.500 empregados, o que representa um corte de 58% de sua mão-de-obra em todo o país.

A diretoria da "Playboy" começou a analisar a idéia de fazer um ensaio com comissárias da Varig, mas não foi definida ainda como será, informa a ER Comunicações, responsável pela assessoria de imprensa da "Playboy" no Brasil.

Ou seja, a revista ainda não selecionou as funcionárias que vão participar do ensaio nem definiu em que mês as fotografias serão publicadas.

A edição de agosto, que vai comemorar o aniversário de 31 anos da revista no Brasil, já foi finalizada e trará na capa a atriz Flávia Alessandra.

Pela lógica, a "Playboy" deverá publicar o ensaio com as comissárias da Varig logo na edição de setembro, antes que o assunto perca o interesse e a visibilidade na mídia.

Não será a primeira vez que a revista masculina aproveita o momento para revelar a nudez de funcionárias de uma empresa em crise. Nos EUA, em 2002, a "Playboy" tirou a roupa de funcionárias da Enron, empresa de energia que sofreu um colapso financeiro devido a fraudes. No mesmo ano, empregadas da WorldCom, empresa norte-americana de comunicações, também foram convidadas para um ensaio de nudez.




Folha Online
29/07/2006 - 09h19

Pilotos e comissários da Varig devem ter mais chances de recolocação

Com o crescimento da demanda de passageiros neste ano e com companhias como TAM, Gol e OceanAir trazendo mais aviões, parte dos funcionários demitidos pela Varig deverá ser absorvida pela concorrência.

Os aeronautas, ou seja, os pilotos e comissários, devem ter mais chances do que o pessoal de terra. Os trabalhadores da área administrativa são os que têm as menores chances, já que a concorrência tem a estrutura mais enxuta e modernizada. "A Gol, por exemplo, é toda computadorizada. Quando ela cresce, o crescimento proporcional dos trabalhadores administrativos é menor", diz o consultor Paulo Bittencourt Sampaio.

No caso dos aeronautas, ele analisa que as comissárias mais velhas devem ter dificuldade maior de ingressarem em outras companhias. "Além de terem salários mais altos, existe aquela crueldade da beleza exigida por essa profissão."

Sampaio lembra que o problema social trazido pelas demissões será potencializado devido ao fato de haver famílias de trabalhadores na Varig. "O comandante é casado com uma comissária. Há muitos casos de gerações de funcionários, como pais e filhos, que trabalhavam na empresa", exemplifica.

 

Zero Hora - Transportes
28/07/2006
Ônibus ganha passageiros com crise no setor aéreo
Tarifas mais caras e suspensão de vôos provocam mudanças


Se você não tiver pressa e pretende viajar para outros Estados, é prudente consultar os preços de passagens em empresas de transporte rodoviário. Com a redução da oferta de assentos provocada pela crise da Varig, as demais companhias aéreas pisaram no freio das promoções e os bilhetes estão mais caros.

O passageiro que pretende escapar do reajuste nas tarifas aéreas para destinos como Rio, São Paulo, Curitiba e até Buenos Aires está trocando o ar pela terra. Há disponibilidade de passagens com preços promocionais nas companhias de aviação só com duas semanas de antecedência (veja quadro).

A migração para o modal rodoviário ficou mais latente desde a sexta-feira passada, um dia depois de a Varig Log arrematar a Varig e a nova gestora ter suspendido praticamente todos os vôos - exceto a ponte aérea Rio-São Paulo. Somente naquele dia, uma empresa que faz trajetos diários para o Sudeste do país partindo de Porto Alegre registrou acréscimo de 70% na procura. De acordo com um funcionário que não se identificou, para suprir a demanda foram colocados sete ônibus extras.

Professora universitária em São José do Goiabal (MG), Isabel Vasconcelos, 33 anos, comparou as tarifas aéreas e rodoviárias e optou por viajar de ônibus. Como pretendia conhecer algumas cidades no interior do Paraná e de Santa Catarina, antes de chegar ao Rio Grande do Sul, Isabel não se importou com o longo trajeto. Se fizesse o mesmo trecho de avião iria gastar cerca de R$ 1 mil de ida e volta. De ônibus, o desembolso não alcança R$ 600.

- O dinheiro que economizei viajando de ônibus investi na própria viagem. Conheci cidades como Joinville e Gramado e ainda estou levando suvenires para meus amigos e familiares - comenta Isabel, que às 19h30min de ontem deu início ao retorno.

Mais turistas chegam por via rodoviária

A Pluma, que tem rotas para Curitiba e Buenos Aires, registrou aumento na demanda na última semana. De acordo com o líder rodoviário da empresa em Porto Alegre, Leandro Padilha, somente para a capital paranaense, na sexta-feira passada, foram seis ônibus extras.

- Para Buenos Aires, há uma semana, temos diariamente um ônibus extra partindo de Porto Alegre - contabiliza Padilha.

O processo inverso, a chegada de passageiros à Capital, pode ser constatado no Centro de Informações ao Turista, vinculado à Secretaria Estadual de Turismo, situado na Rodoviária. Não há estatística oficial, mas funcionários relatam que mais pessoas vindas de outros Estados do país têm solicitado informações turísticas.


Confira as tarifas de ônibus e de avião para diferentes destinos
Eu vou de ônibus
Porto Alegre-São Paulo
Penha/Itapemirim: R$ 131 (convencional, 12h30min); R$ 125,50 (semileito, 18h30min); R$ 140,50 (semileito com café/lanche e manta, 22h)
Porto Alegre-Rio
Penha/Itapemirim: R$ 184 (leito, café/lanche e manta, 8h30min); R$ 181 (convencional, 9h)
Porto Alegre-Curitiba
Penha/Itapemirim: R$ 78,50 (convencional, 7h e 17h15min); R$ 96,50 (semileito, com café/lanche e manta, 19h45min)
Pluma: R$ 79,40 (convencional, 9h e 19h30min); R$ 99 (executivo, 21h); R$ 165,90 (leito, 19h30min e 21h)
Porto Alegre-Florianópolis
Penha/Itapemirim: R$ 150 (semileito, com café/lanche e manta, 23h10min); R$ 85 (convencional, 23h25min); R$ 87,50 (semileito, 13h)
Santo Anjo: R$ 108,33 (leito, com café/lanche e manta, 9h e 0h); R$ 75,89 (executivo, 9h e 17h, 0h); R$ 53,43 (convencional, 12h15min)
Porto Alegre-Buenos Aires
Pluma: R$ 156 (semileito, 17h30min)
Eu vou de avião
Porto Alegre-Rio
BRA: R$ 209 (8h30min)
Gol: R$ 240 (23h55min)
OceanAir: R$ 250 (18h15min)
TAM: R$ 199,50 (12h30min)
Webjet: R$ 215 (10h30min)
Porto Alegre-São Paulo
BRA: R$ 169 (8h30min, 21h05min)
Gol: R$ 230 (7h, 8h25min)
OceanAir: R$ 200 (14h40min)
TAM: R$ 189,50 (7h)
Porto Alegre-Curitiba
BRA: R$ 99 (8h30min)
Gol: R$ 99 (6h35min, 9h)
OceanAir: R$ 85 (9h30min,18h15min)
TAM: R$ 99,50 (14h)
Webjet: R$ 95 (10h30min)
Porto Alegre-Florianópolis
Gol: R$ 99 (23h)
TAM: R$ 159,90 (9h55min)
Porto Alegre-Buenos Aires
Gol: R$ 302,18 (6h35min, 9h)
TAM: R$ 454,22 (14h30min)
- Os valores e horários foram informados por telefone pelas companhias aéreas, simulando vôos somente de ida partindo de Porto Alegre no dia 17 de agosto, pela menor tarifa disponível. Exceto a Gol e a TAM (Buenos Aires), cujos valores foram pesquisados nos sites das empresas. A Gol não informa preços pelo telefone.