Site da AMVVAR
29/09/2007
SUBCOMISSÃO AERUS DA ALERGS
Na tarde do dia 26 de Setembro, os representantes
da Amvvar e Apvar foram recebidos pelos membros da Comissão
Aerus do Sindicato de Aeroviários de Porto Alegre,
em sua sede.
A reunião ocorreu para elaborar um documento
à ser enviado aos Ministros da Previdência,
do Trabalho, da Casa Civil e Justiça, pela Subcomissão
Aerus da ALERGS, formada pelos Deputados Adão
Villaverde, Raul Carrion e Kalil Sehbe (Relator) alertando
sobre a possibilidade e responsabilidade de o Governo
Federal fazer um acordo sobre o pagamento da dívida
da Varig para com seus planos no Aerus, através
do resultado da ação de congelamento tarifário,
já perdida pela União. Após um
longo debate, contando com a colaboração
da advogada Dra. Cristina Dornelles chegamos a um consenso,
sobre o documento que segue abaixo.
Acreditamos que a união de todos os segmentos
é o melhor caminho para atingirmos o objetivo,
que é comum a todos, por isso nos reunimos.
ADENDO À NOTA TÉCNICA ANEXA,
DA SUBCOMISSÃO AERUS DA ALERGS, REFERENTE A UM
POSSÍVEL ACORDO ENTRE A UNIÃO E A VARIG,
NA AÇÃO DE CONGELAMENTO TARIFÁRIO.
A ação ordinária em que a Varig
pleiteia indenização da União Federal,
referente às perdas decorrentes da política
de congelamento de preços, o que abrangeu as
passagens aéreas entre 1985 e 1992 – chamada
“defasagem tarifária”, ação
esta ainda em curso, possibilita a composição
do almejado acordo previsto na Lei 9.469/97.
O interventor/liquidante do AERUS, nomeado pela Secretaria
de Previdência Complementar, vinculado ao Ministério
da Previdência Social, votou favoravelmente ao
recebimento dos créditos decorrentes da referida
ação, acordo este que já foi homologado
inclusive pelo competente Juízo da Recuperação
Judicial.
O Interventor/Liquidante, ao votar, respondendo pelo
AERUS, concordou com a sub-rogação dos
créditos na ação de defasagem tarifária
dos Planos Varig perante Patrocinadora Varig, renunciando
a qualquer outro bem desta para quitar sua dívida
com o AERUS.
Cabe ressaltar também, que independente da concordância
da sub-rogação efetuada pelo Interventor/liquidante,
um acordo entre a União e a Varig já poderia
ser celebrado. Até porque, ação
idêntica proposta pela Transbrasil, foi objeto
de acordo e a demanda da VARIG já foi julgada
procedente em 1ª e 2ª instâncias, sendo
que no último dia 25 de abril, o STJ confirmou
estas decisões reconhecendo a responsabilidade
da União pelas perdas decorrentes do congelamento
tarifário.
O instrumento jurídico para tal acordo também
existe, previsto no art. 1º da Lei nº. 9.469/97,
podendo o Advogado Geral da União, mediante prévia
e expressa autorização de Ministro da
Estado ou Secretaria da Presidência da República
celebrar transação neste sentido.
Não há, portanto, necessidade do trânsito
em julgado da ação de defasagem tarifária,
para que a União celebre um acordo que possibilite
vantagem para os trabalhadores e aposentados da Varig
que passariam a receber seus créditos dentro
da preferência que o ordenamento jurídico
nacional estabelece.
Há que se ressaltar também, que está
em curso a liquidação dos planos Varig
no Aerus. Liquidação esta, em desacordo
com a Lei Complementar 109. Essa ilegalidade pode levar
ao risco de que o pagamento da ação de
congelamento tarifário venha a ocorrer depois
do final dessa liquidação, o que traria
imenso e irreparável prejuízo aos ativos,
aposentados e suas famílias.
Ressalta-se que o que almejam os participantes e assistidos
dos planos VARIG no AERUS, é o restabelecimento
do pagamento das aposentadorias e pensões e a
preservação da poupança dos ativos,
sendo estes, aposentados e ativos os destinatários
finais do crédito da ação de congelamento
tarifário.
Jornal do Brasil
29/09/2007
Passageiro Lula só pousa
na boa
Kayo Iglesias
Por ironia, no dia em que a Justiça Federal
proibiu o pouso de aviões com só um reverso
operante na pista de Congonhas, local do maior acidente
aéreo da história do país, e véspera
do aniversário da tragédia da Gol, que
matou 154 pessoas, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, ao aterrissar com o Boeing 737 da presidência
no asfalto do recém-inaugurado Aeroporto Internacional
de Cabo Frio, no Rio, revelou um cuidado especial de
sua equipe.
- O pessoal que cuida do meu avião só
pousa em aeroporto seguro, por isso estou pousando aqui
- declarou ontem, em discurso, depois de desembarcar
da aeronave oficial, apelidada de Sucatinha.
Por sinal, a pista de Cabo Frio - que tem vocação
econômica para atender à área de
produção de petróleo de Macaé
- é bem maior que a do aeroporto paulista. São
2.560 metros de extensão, contra 1.640 de Congonhas,
mais curto ainda com a delimitação das
novas áreas de escape, dois meses depois do acidente
que deixou 199 mortos.
Administrado desde 2002 por uma concessionária
particular, que venceu licitação da prefeitura,
o Aeroporto de Cabo Frio passou por obras de R$ 35 milhões,
divididos entre os governos federal, estadual, prefeitura
e concessionária. Ganhou um novo terminal de
cargas apto para trabalhar com todos os regimes aduaneiros
e o título de segundo maior do Estado.
De lá, o passageiro Lula mudou de avião
e zarpou para a capital no Aerolula, um Airbus A-319,
e pousou no aeroporto Santos Dumont, cuja pista tem
apenas 1.200 metros. Na Academia Brasileira de Letras,
recebeu homenagens na solenidade de 110 anos da entidade.
Em meio aos imortais, o que se viu foi um presidente
mais preocupado com a educação do que
com o transporte ou a economia. Entre o governador Sérgio
Cabral, e os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), e da ABL, Marcus Villaça, Lula criticou
as editoras e prometeu que, até o início
de 2008, todos os municípios do país terão
pelo menos uma biblioteca. Foi uma prévia do
anúncio que ele fará no dia 4, sobre as
novas metas do Plano Nacional do Livro e da Leitura.
- Em 2003, tive a honra de sancionar a lei do livro.
Queríamos abaixar o preço dos livros.
Mas isso não aconteceu, porque deve ter aumentado
o lucro das editoras - disse o petista, aludindo à
lei que torna os livros isentos de impostos, projeto
do senador pelo PMDB do Amapá e decano da ABL
José Sarney.
O ex-presidente da República também discursou
e declarou que o presidente Lula poderia até
entrar na Academia, mas como "personagem da literatura".
Outro anúncio feito por Lula foi a criação
de uma olimpíada nacional de português
para estudantes.
Jornal do Brasil
29/09/2007
Oposição prepara
novo relatório
BRASÍLIA. A oposição vai apresentar
um relatório paralelo na CPI do Apagão
Aéreo da Câmara em contraponto ao texto
apresentado pelo deputado Marco Maia (PT-RS). Em textos
separados, o PSOL e o PSDB vão defender o indiciamento
de todo o comando da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) e apontar responsabilidades de setores
da Infraero por terem liberado a pista do aeroporto
de Congonhas, ao contrário do que fez Maia em
seu relatório.
O objetivo da oposição é o de
apresentar alternativas para o Ministério Público
dar continuidade às investigações.
O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que já
na próxima semana o documento será encaminhado
ao MP.
No texto do PSDB, há críticas sobre suposta
falta de apoio do governo às investigações
solicitadas pela comissão. Também há
condenações sobre a maneira como é
tratado o orçamento destinado ao setor aéreo.
Já o PSOL vai sugerir a revogação
de decisões tomadas pela Aeronáutica,
como a retirada da autorização para que
os controladores de vôo possam interditar as pistas
de pousos e decolagens em decorrência do mau tempo.
O partido ainda vai propor o fim das medidas restritivas
para diminuir o fluxo de aeronaves.
Os relatórios alternativos serão propostos
uma semana depois de o relator Marco Maia apresentar
o seu texto - muito criticado pela oposição.
O petista evitou responsabilizar a Anac e a Infraero
pela crise aérea, também não detalhou
hipóteses sobre as causas do acidente com Airbus-A320
da TAM, que matou 199 pessoas em julho. Preferiu voltar
a atenção para o acidente com o Boeing
da Gol, em setembro do ano passado - quando 154 pessoas
morreram.
Jornal do Brasil
29/09/2007
Avião pinado não
desce mais
São Paulo. A Justiça Federal determinou
a restrição das operações
no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São
Paulo. A partir da sentença, não serão
permitidos pousos de aviões com reverso travado
- pinado - aeronaves com qualquer defeito mecânico
e com passageiros ou combustível acima do limite.
Aviões com problemas deverão ser desviados
para Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo,
ou para outro aeroporto com pista mais extensa.
A decisão também proíbe o chamado
abastecimento econômico - quando as aeronaves
voam com excesso de combustível para não
ter que abastecer nos Estados onde o combustível
é mais caro - com partida e chegada em Congonhas.
Além disso, a decisão prevê que
as empresas que operem no aeroporto têm de ter
tripulantes treinados para operar em Congonhas, a exemplo
do que é feito com os operadores de aviões
que trabalham no aeroporto Santos Dumont, no Rio.
O desembargador federal Roberto Haddad, da 4ª
Turma do Tribunal Regional Federal (TRF), decidiu conceder,
em parte, um recurso pedido pelo Ministério Público
Federal contra a decisão que indeferiu o pedido
de suspensão imediata de todas as atividades
de Congonhas.
De acordo com o TRF, o Ministério Público
alegou, em ação civil pública,
que o aeroporto deveria permanecer fechado até
que sejam confirmadas suas condições de
segurança e afastadas as dúvidas trazidas
pelo acidente com o Airbus da TAM no último 17
de julho de 2007, com 199 mortes.
Para o desembargador, a decisão de conceder
parcialmente o pedido da procuradoria tenta tornar mais
seguros os pousos e decolagens até que seja realizado
um estudo aprofundado.
Haddad destacou em seu voto que "utilizou como
parâmetro para estabelecer tais limitações
a experiência, o bom senso, dentro dos limites
da razoabilidade para evitar novo desastre".
O Dia
29/9/2007
Ex-chefe da Infraero: estava só
no meio do caos
São Paulo - O ex-presidente da Infraero, brigadeiro
José Carlos Pereira, lembra em detalhes o dia
da tragédia com o vôo 1907 da Gol, que
matou 154 pessoas, e afirma que se sentiu só
em meio ao caos. Segundo ele, a crise aérea em
que o País mergulhou nos meses seguintes começou
naquela noite, na sala de controle de tráfego
aéreo do Cindacta 1, em Brasília, onde
teria vivido confusão entre controladores.
"Eu estava em casa, quando recebi a notícia
que um Boeing da Gol tinha sido dado como desaparecido.
Um supervisor da Infraero no aeroporto de Brasília
me avisou. Liguei para o ministro Waldir Pires e disse
que iria para o aeroporto. Daí, no elevador do
meu prédio, liguei para o brigadeiro Servan (Ricardo
da Silva), que era chefe de operações
do Decea (Departamento de Controle do Espaço
Aéreo), e ele me contou que não era só
isso, que um Legacy tinha pousado na base aérea
do Cachimbo com avarias", afirmou.
"Com essas duas informações concluí
que tinha havido uma colisão. A essa altura já
estava em andamento o plano de emergência para
acidentes aéreos da Infraero", relembra.
Ele conta que quando chegou ao aeroporto notou que
já havia muitos familiares aflitos com o atraso
do vôo 1907, que vinha de Manaus e faria escala
em Brasília, antes de concluir sua jornada no
Rio de Janeiro.
"Quando cheguei ao aeroporto falei com a supervisora
da Gol e passei o quadro para ela. Disse que o avião
provavelmente havia caído. Ela relutou em aceitar
isso. Dizia que não havia caído, que não
era possível. Nesses casos, é a companhia
que precisa dar a notícia aos familiares e as
pessoas que estão esperando os passageiros",
conta.
"Meu sentimento naquele dia foi de completa solidão,
porque a Aeronáutica se concentrou na busca,
o ministro da Defesa, Waldir Pires, não estava
em Brasília. Eu estava só", revela.
Caos na sala de controle
Ele conta que soube ainda naquela noite que a sala
de controle do Cindacta 1, em Brasília, vivia
um caos. "Depois eu soube que foi um verdadeiro
caos na sala do controle. Houve controladores se xingando,
um culpando o outro. Nessas horas, tem que ter alguém
para comandar", afirma.
"Para mim a crise aérea começou
aí. Claro que depois surgiram outros fatos, mas
a ausência de comando no Cindacta naquele dia
deu início à crise aérea, que tinha
como base o controle de tráfego. Nesse ponto,
o Zuanazzi (Milton Zuanazzi, presidente da Agência
Nacional de Aviação Civil) tem razão.
A crise era de controle de tráfego", comenta.
"Quando liguei pela segunda vez para o ministro
Waldir e informei a ele que todos os passageiros deviam
estar mortos, ele custou a acreditar. Disse que eu estava
sendo pessimista", diz, lembrando o telefonema
que deu no final da noite.
Despreparo
Ele afirma que houve muito tumulto para fazer o resgate
porque ninguém estava preparado para um acidente
dessas proporções, sobretudo por que o
avião havia caído no meio da floresta.
"Faltavam até sacos para recolher os corpos.
A Aeronáutica tinha poucos. Nós (da Infraero)
tínhamos mais e cedemos", revela.
Segundo Pereira, o brigadeiro Luiz Carlos Bueno, comandante
da Aeronáutica, estava muito concentrado no resgate
e deu menos atenção para o que estava
acontecendo na sala de controle de tráfego no
Cindacta 1, em Brasília, naquela noite. "Isso
é natural. Eu cheguei a falar com ele sobre os
problemas que eu fiquei sabendo. Naquela hora, tinha
que ter um brigadeiro lá para dar tranqüilidade
à tropa. Colocar ordem no lugar", avalia
Pereira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou
duas vezes para Pereira. "Ele me ligou na noite
do acidente e no dia seguinte. Queria saber o que estava
acontecendo e quais as providências. Eu me limitei
a dizer o que eu sabia e era minha responsabilidade.
Contei sobre a avaliação de que todos
haviam morrido", conta.
Ao relembrar a tragédia, Pereira repetiu várias
vezes que se sentiu muito só naquela noite, apesar
de estar rodeados de funcionários da Infraero,
de jornalistas e pessoas que queriam informações.
E disse que o acidente serviu para ele firmar mais uma
convicção: nunca mais quer ocupar um cargo
público.
Folha de São Paulo
29/09/2007
Justiça impõe mais
restrições a Congonhas
Liminar do Tribunal Regional
Federal determina que apenas aviões com até
130 passageiros operem no aeroporto
Tribunal também proibiu aeronaves com o reversor
inoperante no local; Anac disse que já foi notificada
e que irá recorrer da decisão
ALENCAR IZIDORO DA REPORTAGEM LOCAL
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região
determinou novas restrições para as operações
no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São
Paulo, que incluem a limitação de 130
passageiros nas aeronaves em pousos e decolagens.
As principais companhias aéreas do país
utilizam modelos com capacidade superior a essa. O Airbus-A320
da TAM tem 174 assentos, por exemplo.
As limitações previstas na decisão
liminar do desembargador federal Roberto Haddad devem
ser cumpridas de imediato e também abrangem a
proibição de aviões no aeroporto
com reversor inoperante -sistema auxiliar de frenagem
que estava sem funcionar em um dos lados do avião
que se acidentou em Congonhas em julho, matando 199
pessoas.
Defeito mecânico
Elas incluem, por fim, uma restrição maior
à quantidade de combustível nos vôos,
além da obrigatoriedade de as empresas aéreas
fazerem desvios para Cumbica quando houver "qualquer
defeito mecânico" e de submeter as tripulações
a treinamento específico para Congonhas, semelhante
ao que existe para quem pousa no Santos Dumont, no Rio
-devido à pequena extensão da sua pista.
O despacho foi dado em resposta a um recurso do MPF
(Ministério Público Federal), que queria
a interdição do aeroporto depois do acidente
com a aeronave Airbus-A320 da TAM até a conclusão
das investigações -solicitação
que foi recusada em primeira instância.
Ele é datado de 19 de setembro, mais de dois
meses após a tragédia, para ser cumprido
assim que a Anac (Agência Nacional da Aviação
Civil) e a Infraero recebessem a notificação.
Recurso
A Anac disse ter sido comunicada nesta semana e que
já informou as empresas, mas decidiu recorrer.
A Infraero em São Paulo afirmou desconhecer.
O MPF não quis se manifestar.
A TAM disse que desde ontem as vendas para vôos
que partam ou decolem de Congonhas estão limitadas
a 130 assentos -e que, se necessário, haverá
uma reacomodação para honrar passagens
vendidas.
A Gol afirmou que já cumpre parte das exigências,
sem citar quais, mas que "está trabalhando
para atender as demais".
Um representante das empresas aéreas e outro
da Anac disseram extraoficialmente considerar a medida
esdrúxula por falta de embasamento técnico.
As restrições são mais severas
do que as fixadas nos últimos dias pela Anac,
que vetou conexões e escalas e limitou os vôos
em Congonhas a destinos num raio de mil quilômetros.
O desembargador Roberto Haddad, na sua decisão,
disse que não considerou convincente a eficácia
da criação de áreas de escape em
Congonhas anunciada nas últimas semanas.
Ele fez críticas à Anac, que "não
exerceu a contento" a sua "obrigação"
de "zelar" pela segurança dos passageiros.
Haddad fez referência à norma apresentada
pela agência à Justiça no começo
do ano vetando pousos sem reversor em Congonhas com
a pista molhada e que não foi seguida.
Haddad rejeitou a solicitação original
do MPF para a interdição completa do aeroporto
sob a justificativa de que não há ainda
"nexo causal" do acidente do Airbus-A320 da
TAM com as condições da pista.
A reportagem apurou ter havido insatisfação
pelo fato de a decisão ter saído só
dois meses depois do acidente -ela foi vista por alguns
setores como extemporânea depois de uma série
de restrições já definidas.
Haddad justificou a demora "em razão de
haver retornado das férias" somente no dia
15 de agosto e também devido à "complexidade
da matéria".
Folha de São Paulo
29/09/2007
Empresas aéreas criticam
novas restrições
Para sindicato, do ponto de
vista da segurança área, não há
sentido limitar número de passageiros, mas apenas
o peso do avião
Companhias avaliam que medidas determinadas pela Justiça
Federal vão agravar os atrasos e os cancelamentos
de vôos
DA REPORTAGEM LOCAL
As novas restrições para vôos em
Congonhas determinadas pelo desembargador federal Roberto
Haddad foram criticadas por representantes das empresas
aéreas e da Anac, que questionaram a falta de
embasamento técnico das medidas.
A principal contestação é que,
do ponto de vista da segurança aérea,
só há sentido em restrições
ao peso dos aviões, e não na quantidade
de passageiros. Alegam que, pelo critério fixado
por Haddad, a companhia poderia deixar uma aeronave
muito mais pesada com carga, em vez de pessoas.
Eles avaliam que, se elas forem cumpridas, os atrasos
e os cancelamentos de vôos serão agravados,
embora apostem que a liminar será derrubada.
"Todo mundo quer holofote, é um absurdo",
disse Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (sindicato das
empresas aéreas).
Jenkins afirmou que a medida que mais afetava as companhias
era a restrição ao número de passageiros.
Disse que, se for levada adiante, haverá "reflexos
econômicos" -sem querer especificar se isso
significaria uma eventual elevação de
preço das passagens.
O fato de a decisão prever desvio para Cumbica
de aviões com defeito mecânico, para ele,
"é uma aberração" que
pode provocar confusão. Jenkins avalia que isso
pode envolver problemas insignificantes à segurança
aérea -como na porta do banheiro de uma aeronave.
A limitação de combustível foi
fixada em três toneladas acima do mínimo
exigido. Muitas empresas voam para São Paulo
com mais querosene em seus aviões do que precisam,
com a intenção de pagar menos impostos
em outros Estados -algo que passou a ficar vetado.
A proibição de operações
em Congonhas com reversor inoperante não deve
ter impactos significativos porque as principais companhias,
como a Gol e a TAM, já vinham adotando a medida,
principalmente depois do acidente do Airbus-A320 que
voava no aeroporto com esse sistema auxiliar de frenagem
ativo somente em um lado.
O desembargador federal Roberto Haddad citou em seu
despacho reportagens jornalísticas e disse que,
devido à urgência da medida, que "impossibilita
a elaboração de perícia",
utilizou como parâmetro itens como "experiência"
e "bom senso". Ressalvou que as restrições,
"dentro dos critérios de provisoriedade
da liminar", devem valer "até que seja
realizado um estudo aprofundado".
Jornal de Turismo
18/09/2007
Uma perigosa passividade no fim
dos vôos da Varig para a Argentina
Ninguém do trade reclama
e Itamaraty se mantém inerte sem atentar para
a quebra do princípio da reciprocidade
Cláudio Magnavita*
O Governo Federal, em todos os assuntos referentes
à Varig e ao processo que envolveu a recuperação
judicial da companhia, tem ficado atrelado a um imobilismo
assustador. A suspensão dos vôos da companhia
para a Argentina, realizada de forma unilateral pelo
governo do país vizinho, não gerou nenhuma
reação da diplomacia brasileira, que não
foi ainda capaz de reverter uma decisão que teve
vários diferentes motivos e que vem trazendo
prejuízo para as duas nações.
Foi um decisão unilateral e que mereceria uma
reação enérgica imediata, que poderia
ter sido a penalização, dentro das regras
do acordo bilateral, das freqüências da empresa
argentina que voa para o Brasil. Um cálculo simples:
se o governo argentino suspende os vôos da Varig
e eles equivalem a 30% da cota de cada país,
as Aerolíneas Argentinas deveriam reduzir os
seus vôos na mesma equivalência. Esta é
uma fórmula dura que poderia ter sido aplicada
pelo brigadeiro Eliezer Negri, superintendente de Relações
Internacionais da Anac e um dos nomes cotados para ocupar
a diretoria da empresa. O ministro Nelson Jobim poderia
encampar esta nova cruzada, que se encontra completamente
órfã.
Penalizar a Aerolíneas seria uma ação
extrema, que também traria prejuízos para
o turismo dos dois lados. A Argentina é o maior
emissor de turistas estrangeiros para o Brasil, da mesma
forma que somos os seus maiores emissores de turistas
internacionais. Perder uma transportadora, que realizava
dez freqüências diárias multidestinos
em cada trecho da rota, é estrangular o fluxo
de turistas para os dois lados.
A Varig foi abatida por uma pressão sindical,
que em um ano eleitoral ganhou força e que envolve
uma indenização de 104 funcionários
da antiga Varig, que, no caso da transferência
da empresa velha e na admissão da nova VRG, gerou
uma indenização não superior a
US$ 400 mil. Esta conta ficou no limbo do processo de
transição. Eles receberam salários
em dia e o que se discutia era a transição
dos empregos de uma empresa para outra. É só
nestas horas que aparece a indenização
trabalhista, já que as vagas foram asseguradas.
No processo de colapso da própria Varig, os funcionários
antigos pediram demissão e foram afastados mediante
acordos indenizatórios, que foram quitados pelo
fôlego que restava da operação internacional.
O quadro funcional é de contratados com poucos
anos de empresa, que agora ficam sem indenização
e agora correm o risco de até perder o emprego
definitivamente pela paralisação da empresa.
O motivo, não divulgado, para paralisar as
operações e encobrir a pressão
sindical, teria sido a inexistência de uma apólice
de seguros. Foi por este motivo que se reduziu o número
de assentos oferecidos na rota entre o Brasil e a Argentina,
promovendo aumento substancial das tarifas e redução
de assentos. Só a receita cessante das vendas
realizadas pela Varig na rota, faz com que os lados
acumulem prejuízos superiores a 20 vezes o que
é obtido no ingresso de divisas trazidas pelos
turistas.
O mais curioso é que as autoridades responsáveis
pela gestão governamental da aviação
na Argentina têm as suas origens nos movimentos
sindicais, o que foi revelado pela radicalização
da posição. E a medida foi tomada depois
de alguns avisos e de um ultimato que não levou
em conta os aspectos da balança comercial e do
turismo.
No setor indústria do turismo, os protestos
são tímidos, nos dois lados, principalmente
quando se esperava uma reação diplomática
na altura da violência cometida. Tudo segue como
antes, sem nenhuma pressão e como se fosse absolutamente
normal.
No Brasil, as operadoras que apostam em venda para
o mercado argentino estão desesperadas. Sem contar
com a Varig, a maior delas, em plena véspera
do feriado de 7 de Setembro, não sabia como embarcar
80 passageiros para Buenos Aires, nem como obter acomodação
aos congêneres, até mesmo na co-irmã
da própria Varig.
O trade espera o reaquecimento das rotas de longa
distância da Varig para a Europa, principalmente
para irrigar o Carnaval e o Fim de Ano, mas o atual
cenário deve resultar em um incremento de estrangeiros
para o Brasil. Como não existem lugares nos aviões,
perderemos uma operação para a Argentina
e ninguém reclama. Só o Rio, perdeu dois
vôos diários para Buenos Aires. Querem
uma missão impossível? Conseguir um lugar
do Rio para Buenos Aires nos próximos finais
de semana. Quando se consegue, a tarifa já chega
a três vezes ao que era praticada em maio.
A Gol, como proprietária da nova Varig, não
pode honrar os compromissos da antiga empresa sob o
risco de firmar jurisprudência e com isso desencadear
uma sucessão de ações indenizatórias.
O mercado assiste passivamente e as autoridades brasileiras,
que durante tantas outras ações como o
caso do visto, defende a reciprocidade, fica passiva
e calada, como se tivéssemos culpa e merecêssemos
uma advertência dos nossos irmãos portenhos.
A passividade da diplomacia brasileira neste caso
é irritante. O Itamaraty não se meteu
como devia nesta questão e a própria sociedade
aceitou passivamente a atitude unilateral argentina,
que agora atravessa um período eleitoral e é
bem sensível as esses rompantes nacionalistas.
O mais grave é que ninguém fez as contas
de quanto estamos perdendo e de como ficaram estranguladas
as ligações com nosso principal destino
turístico e, principalmente, com o nosso principal
país emissor.
Quando os vermelhos começarem a aparecer nos
balanços é que se dará conta do
que aconteceu. Aí, teremos que chorar sobre o
ocorrido e será tarde demais. Deixe a alta estação
chegar e veremos que voar para a Argentina ficará
mais caro do que voar para Miami.
*Cláudio
Magnavita é presidente da Associação
Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet), membro
do Conselho Nacional de Turismo e diretor do Jornal
de Turismo