::::: RIO DE JANEIRO - 29 DE SETEMBRO DE 2007 :::::

 

Site da AMVVAR
29/09/2007
SUBCOMISSÃO AERUS DA ALERGS

Na tarde do dia 26 de Setembro, os representantes da Amvvar e Apvar foram recebidos pelos membros da Comissão Aerus do Sindicato de Aeroviários de Porto Alegre, em sua sede.
A reunião ocorreu para elaborar um documento à ser enviado aos Ministros da Previdência, do Trabalho, da Casa Civil e Justiça, pela Subcomissão Aerus da ALERGS, formada pelos Deputados Adão Villaverde, Raul Carrion e Kalil Sehbe (Relator) alertando sobre a possibilidade e responsabilidade de o Governo Federal fazer um acordo sobre o pagamento da dívida da Varig para com seus planos no Aerus, através do resultado da ação de congelamento tarifário, já perdida pela União. Após um longo debate, contando com a colaboração da advogada Dra. Cristina Dornelles chegamos a um consenso, sobre o documento que segue abaixo.

Acreditamos que a união de todos os segmentos é o melhor caminho para atingirmos o objetivo, que é comum a todos, por isso nos reunimos.

ADENDO À NOTA TÉCNICA ANEXA, DA SUBCOMISSÃO AERUS DA ALERGS, REFERENTE A UM POSSÍVEL ACORDO ENTRE A UNIÃO E A VARIG, NA AÇÃO DE CONGELAMENTO TARIFÁRIO.

A ação ordinária em que a Varig pleiteia indenização da União Federal, referente às perdas decorrentes da política de congelamento de preços, o que abrangeu as passagens aéreas entre 1985 e 1992 – chamada “defasagem tarifária”, ação esta ainda em curso, possibilita a composição do almejado acordo previsto na Lei 9.469/97.

O interventor/liquidante do AERUS, nomeado pela Secretaria de Previdência Complementar, vinculado ao Ministério da Previdência Social, votou favoravelmente ao recebimento dos créditos decorrentes da referida ação, acordo este que já foi homologado inclusive pelo competente Juízo da Recuperação Judicial.

O Interventor/Liquidante, ao votar, respondendo pelo AERUS, concordou com a sub-rogação dos créditos na ação de defasagem tarifária dos Planos Varig perante Patrocinadora Varig, renunciando a qualquer outro bem desta para quitar sua dívida com o AERUS.

Cabe ressaltar também, que independente da concordância da sub-rogação efetuada pelo Interventor/liquidante, um acordo entre a União e a Varig já poderia ser celebrado. Até porque, ação idêntica proposta pela Transbrasil, foi objeto de acordo e a demanda da VARIG já foi julgada procedente em 1ª e 2ª instâncias, sendo que no último dia 25 de abril, o STJ confirmou estas decisões reconhecendo a responsabilidade da União pelas perdas decorrentes do congelamento tarifário.

O instrumento jurídico para tal acordo também existe, previsto no art. 1º da Lei nº. 9.469/97, podendo o Advogado Geral da União, mediante prévia e expressa autorização de Ministro da Estado ou Secretaria da Presidência da República celebrar transação neste sentido.

Não há, portanto, necessidade do trânsito em julgado da ação de defasagem tarifária, para que a União celebre um acordo que possibilite vantagem para os trabalhadores e aposentados da Varig que passariam a receber seus créditos dentro da preferência que o ordenamento jurídico nacional estabelece.

Há que se ressaltar também, que está em curso a liquidação dos planos Varig no Aerus. Liquidação esta, em desacordo com a Lei Complementar 109. Essa ilegalidade pode levar ao risco de que o pagamento da ação de congelamento tarifário venha a ocorrer depois do final dessa liquidação, o que traria imenso e irreparável prejuízo aos ativos, aposentados e suas famílias.

Ressalta-se que o que almejam os participantes e assistidos dos planos VARIG no AERUS, é o restabelecimento do pagamento das aposentadorias e pensões e a preservação da poupança dos ativos, sendo estes, aposentados e ativos os destinatários finais do crédito da ação de congelamento tarifário.

 

 

Jornal do Brasil
29/09/2007
Passageiro Lula só pousa na boa
Kayo Iglesias

Por ironia, no dia em que a Justiça Federal proibiu o pouso de aviões com só um reverso operante na pista de Congonhas, local do maior acidente aéreo da história do país, e véspera do aniversário da tragédia da Gol, que matou 154 pessoas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao aterrissar com o Boeing 737 da presidência no asfalto do recém-inaugurado Aeroporto Internacional de Cabo Frio, no Rio, revelou um cuidado especial de sua equipe.

- O pessoal que cuida do meu avião só pousa em aeroporto seguro, por isso estou pousando aqui - declarou ontem, em discurso, depois de desembarcar da aeronave oficial, apelidada de Sucatinha.

Por sinal, a pista de Cabo Frio - que tem vocação econômica para atender à área de produção de petróleo de Macaé - é bem maior que a do aeroporto paulista. São 2.560 metros de extensão, contra 1.640 de Congonhas, mais curto ainda com a delimitação das novas áreas de escape, dois meses depois do acidente que deixou 199 mortos.

Administrado desde 2002 por uma concessionária particular, que venceu licitação da prefeitura, o Aeroporto de Cabo Frio passou por obras de R$ 35 milhões, divididos entre os governos federal, estadual, prefeitura e concessionária. Ganhou um novo terminal de cargas apto para trabalhar com todos os regimes aduaneiros e o título de segundo maior do Estado.

De lá, o passageiro Lula mudou de avião e zarpou para a capital no Aerolula, um Airbus A-319, e pousou no aeroporto Santos Dumont, cuja pista tem apenas 1.200 metros. Na Academia Brasileira de Letras, recebeu homenagens na solenidade de 110 anos da entidade.

Em meio aos imortais, o que se viu foi um presidente mais preocupado com a educação do que com o transporte ou a economia. Entre o governador Sérgio Cabral, e os presidentes da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e da ABL, Marcus Villaça, Lula criticou as editoras e prometeu que, até o início de 2008, todos os municípios do país terão pelo menos uma biblioteca. Foi uma prévia do anúncio que ele fará no dia 4, sobre as novas metas do Plano Nacional do Livro e da Leitura.

- Em 2003, tive a honra de sancionar a lei do livro. Queríamos abaixar o preço dos livros. Mas isso não aconteceu, porque deve ter aumentado o lucro das editoras - disse o petista, aludindo à lei que torna os livros isentos de impostos, projeto do senador pelo PMDB do Amapá e decano da ABL José Sarney.

O ex-presidente da República também discursou e declarou que o presidente Lula poderia até entrar na Academia, mas como "personagem da literatura".

Outro anúncio feito por Lula foi a criação de uma olimpíada nacional de português para estudantes.

 

Jornal do Brasil
29/09/2007
Oposição prepara novo relatório

BRASÍLIA. A oposição vai apresentar um relatório paralelo na CPI do Apagão Aéreo da Câmara em contraponto ao texto apresentado pelo deputado Marco Maia (PT-RS). Em textos separados, o PSOL e o PSDB vão defender o indiciamento de todo o comando da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e apontar responsabilidades de setores da Infraero por terem liberado a pista do aeroporto de Congonhas, ao contrário do que fez Maia em seu relatório.

O objetivo da oposição é o de apresentar alternativas para o Ministério Público dar continuidade às investigações. O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) disse que já na próxima semana o documento será encaminhado ao MP.

No texto do PSDB, há críticas sobre suposta falta de apoio do governo às investigações solicitadas pela comissão. Também há condenações sobre a maneira como é tratado o orçamento destinado ao setor aéreo.

Já o PSOL vai sugerir a revogação de decisões tomadas pela Aeronáutica, como a retirada da autorização para que os controladores de vôo possam interditar as pistas de pousos e decolagens em decorrência do mau tempo. O partido ainda vai propor o fim das medidas restritivas para diminuir o fluxo de aeronaves.

Os relatórios alternativos serão propostos uma semana depois de o relator Marco Maia apresentar o seu texto - muito criticado pela oposição. O petista evitou responsabilizar a Anac e a Infraero pela crise aérea, também não detalhou hipóteses sobre as causas do acidente com Airbus-A320 da TAM, que matou 199 pessoas em julho. Preferiu voltar a atenção para o acidente com o Boeing da Gol, em setembro do ano passado - quando 154 pessoas morreram.

 

 

Jornal do Brasil
29/09/2007

Avião pinado não desce mais

São Paulo. A Justiça Federal determinou a restrição das operações no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. A partir da sentença, não serão permitidos pousos de aviões com reverso travado - pinado - aeronaves com qualquer defeito mecânico e com passageiros ou combustível acima do limite. Aviões com problemas deverão ser desviados para Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, ou para outro aeroporto com pista mais extensa.

A decisão também proíbe o chamado abastecimento econômico - quando as aeronaves voam com excesso de combustível para não ter que abastecer nos Estados onde o combustível é mais caro - com partida e chegada em Congonhas.

Além disso, a decisão prevê que as empresas que operem no aeroporto têm de ter tripulantes treinados para operar em Congonhas, a exemplo do que é feito com os operadores de aviões que trabalham no aeroporto Santos Dumont, no Rio.

O desembargador federal Roberto Haddad, da 4ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF), decidiu conceder, em parte, um recurso pedido pelo Ministério Público Federal contra a decisão que indeferiu o pedido de suspensão imediata de todas as atividades de Congonhas.

De acordo com o TRF, o Ministério Público alegou, em ação civil pública, que o aeroporto deveria permanecer fechado até que sejam confirmadas suas condições de segurança e afastadas as dúvidas trazidas pelo acidente com o Airbus da TAM no último 17 de julho de 2007, com 199 mortes.

Para o desembargador, a decisão de conceder parcialmente o pedido da procuradoria tenta tornar mais seguros os pousos e decolagens até que seja realizado um estudo aprofundado.

Haddad destacou em seu voto que "utilizou como parâmetro para estabelecer tais limitações a experiência, o bom senso, dentro dos limites da razoabilidade para evitar novo desastre".

 

 

O Dia
29/9/2007
Ex-chefe da Infraero: estava só no meio do caos

São Paulo - O ex-presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, lembra em detalhes o dia da tragédia com o vôo 1907 da Gol, que matou 154 pessoas, e afirma que se sentiu só em meio ao caos. Segundo ele, a crise aérea em que o País mergulhou nos meses seguintes começou naquela noite, na sala de controle de tráfego aéreo do Cindacta 1, em Brasília, onde teria vivido confusão entre controladores.

"Eu estava em casa, quando recebi a notícia que um Boeing da Gol tinha sido dado como desaparecido. Um supervisor da Infraero no aeroporto de Brasília me avisou. Liguei para o ministro Waldir Pires e disse que iria para o aeroporto. Daí, no elevador do meu prédio, liguei para o brigadeiro Servan (Ricardo da Silva), que era chefe de operações do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), e ele me contou que não era só isso, que um Legacy tinha pousado na base aérea do Cachimbo com avarias", afirmou.

"Com essas duas informações concluí que tinha havido uma colisão. A essa altura já estava em andamento o plano de emergência para acidentes aéreos da Infraero", relembra.

Ele conta que quando chegou ao aeroporto notou que já havia muitos familiares aflitos com o atraso do vôo 1907, que vinha de Manaus e faria escala em Brasília, antes de concluir sua jornada no Rio de Janeiro.

"Quando cheguei ao aeroporto falei com a supervisora da Gol e passei o quadro para ela. Disse que o avião provavelmente havia caído. Ela relutou em aceitar isso. Dizia que não havia caído, que não era possível. Nesses casos, é a companhia que precisa dar a notícia aos familiares e as pessoas que estão esperando os passageiros", conta.

"Meu sentimento naquele dia foi de completa solidão, porque a Aeronáutica se concentrou na busca, o ministro da Defesa, Waldir Pires, não estava em Brasília. Eu estava só", revela.

Caos na sala de controle

Ele conta que soube ainda naquela noite que a sala de controle do Cindacta 1, em Brasília, vivia um caos. "Depois eu soube que foi um verdadeiro caos na sala do controle. Houve controladores se xingando, um culpando o outro. Nessas horas, tem que ter alguém para comandar", afirma.

"Para mim a crise aérea começou aí. Claro que depois surgiram outros fatos, mas a ausência de comando no Cindacta naquele dia deu início à crise aérea, que tinha como base o controle de tráfego. Nesse ponto, o Zuanazzi (Milton Zuanazzi, presidente da Agência Nacional de Aviação Civil) tem razão. A crise era de controle de tráfego", comenta.

"Quando liguei pela segunda vez para o ministro Waldir e informei a ele que todos os passageiros deviam estar mortos, ele custou a acreditar. Disse que eu estava sendo pessimista", diz, lembrando o telefonema que deu no final da noite.

Despreparo

Ele afirma que houve muito tumulto para fazer o resgate porque ninguém estava preparado para um acidente dessas proporções, sobretudo por que o avião havia caído no meio da floresta. "Faltavam até sacos para recolher os corpos. A Aeronáutica tinha poucos. Nós (da Infraero) tínhamos mais e cedemos", revela.

Segundo Pereira, o brigadeiro Luiz Carlos Bueno, comandante da Aeronáutica, estava muito concentrado no resgate e deu menos atenção para o que estava acontecendo na sala de controle de tráfego no Cindacta 1, em Brasília, naquela noite. "Isso é natural. Eu cheguei a falar com ele sobre os problemas que eu fiquei sabendo. Naquela hora, tinha que ter um brigadeiro lá para dar tranqüilidade à tropa. Colocar ordem no lugar", avalia Pereira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ligou duas vezes para Pereira. "Ele me ligou na noite do acidente e no dia seguinte. Queria saber o que estava acontecendo e quais as providências. Eu me limitei a dizer o que eu sabia e era minha responsabilidade. Contei sobre a avaliação de que todos haviam morrido", conta.

Ao relembrar a tragédia, Pereira repetiu várias vezes que se sentiu muito só naquela noite, apesar de estar rodeados de funcionários da Infraero, de jornalistas e pessoas que queriam informações. E disse que o acidente serviu para ele firmar mais uma convicção: nunca mais quer ocupar um cargo público.

 

 

 

Folha de São Paulo
29/09/2007
Justiça impõe mais restrições a Congonhas
Liminar do Tribunal Regional Federal determina que apenas aviões com até 130 passageiros operem no aeroporto
Tribunal também proibiu aeronaves com o reversor inoperante no local; Anac disse que já foi notificada e que irá recorrer da decisão

ALENCAR IZIDORO DA REPORTAGEM LOCAL

O TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região determinou novas restrições para as operações no aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, que incluem a limitação de 130 passageiros nas aeronaves em pousos e decolagens.

As principais companhias aéreas do país utilizam modelos com capacidade superior a essa. O Airbus-A320 da TAM tem 174 assentos, por exemplo.

As limitações previstas na decisão liminar do desembargador federal Roberto Haddad devem ser cumpridas de imediato e também abrangem a proibição de aviões no aeroporto com reversor inoperante -sistema auxiliar de frenagem que estava sem funcionar em um dos lados do avião que se acidentou em Congonhas em julho, matando 199 pessoas.

Defeito mecânico

Elas incluem, por fim, uma restrição maior à quantidade de combustível nos vôos, além da obrigatoriedade de as empresas aéreas fazerem desvios para Cumbica quando houver "qualquer defeito mecânico" e de submeter as tripulações a treinamento específico para Congonhas, semelhante ao que existe para quem pousa no Santos Dumont, no Rio -devido à pequena extensão da sua pista.

O despacho foi dado em resposta a um recurso do MPF (Ministério Público Federal), que queria a interdição do aeroporto depois do acidente com a aeronave Airbus-A320 da TAM até a conclusão das investigações -solicitação que foi recusada em primeira instância.

Ele é datado de 19 de setembro, mais de dois meses após a tragédia, para ser cumprido assim que a Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) e a Infraero recebessem a notificação.

Recurso

A Anac disse ter sido comunicada nesta semana e que já informou as empresas, mas decidiu recorrer. A Infraero em São Paulo afirmou desconhecer. O MPF não quis se manifestar.

A TAM disse que desde ontem as vendas para vôos que partam ou decolem de Congonhas estão limitadas a 130 assentos -e que, se necessário, haverá uma reacomodação para honrar passagens vendidas.

A Gol afirmou que já cumpre parte das exigências, sem citar quais, mas que "está trabalhando para atender as demais".

Um representante das empresas aéreas e outro da Anac disseram extraoficialmente considerar a medida esdrúxula por falta de embasamento técnico. As restrições são mais severas do que as fixadas nos últimos dias pela Anac, que vetou conexões e escalas e limitou os vôos em Congonhas a destinos num raio de mil quilômetros.

O desembargador Roberto Haddad, na sua decisão, disse que não considerou convincente a eficácia da criação de áreas de escape em Congonhas anunciada nas últimas semanas.

Ele fez críticas à Anac, que "não exerceu a contento" a sua "obrigação" de "zelar" pela segurança dos passageiros.

Haddad fez referência à norma apresentada pela agência à Justiça no começo do ano vetando pousos sem reversor em Congonhas com a pista molhada e que não foi seguida.

Haddad rejeitou a solicitação original do MPF para a interdição completa do aeroporto sob a justificativa de que não há ainda "nexo causal" do acidente do Airbus-A320 da TAM com as condições da pista.

A reportagem apurou ter havido insatisfação pelo fato de a decisão ter saído só dois meses depois do acidente -ela foi vista por alguns setores como extemporânea depois de uma série de restrições já definidas.

Haddad justificou a demora "em razão de haver retornado das férias" somente no dia 15 de agosto e também devido à "complexidade da matéria".

 

 

Folha de São Paulo
29/09/2007
Empresas aéreas criticam novas restrições
Para sindicato, do ponto de vista da segurança área, não há sentido limitar número de passageiros, mas apenas o peso do avião
Companhias avaliam que medidas determinadas pela Justiça Federal vão agravar os atrasos e os cancelamentos de vôos

DA REPORTAGEM LOCAL

As novas restrições para vôos em Congonhas determinadas pelo desembargador federal Roberto Haddad foram criticadas por representantes das empresas aéreas e da Anac, que questionaram a falta de embasamento técnico das medidas.

A principal contestação é que, do ponto de vista da segurança aérea, só há sentido em restrições ao peso dos aviões, e não na quantidade de passageiros. Alegam que, pelo critério fixado por Haddad, a companhia poderia deixar uma aeronave muito mais pesada com carga, em vez de pessoas.

Eles avaliam que, se elas forem cumpridas, os atrasos e os cancelamentos de vôos serão agravados, embora apostem que a liminar será derrubada.

"Todo mundo quer holofote, é um absurdo", disse Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (sindicato das empresas aéreas).

Jenkins afirmou que a medida que mais afetava as companhias era a restrição ao número de passageiros. Disse que, se for levada adiante, haverá "reflexos econômicos" -sem querer especificar se isso significaria uma eventual elevação de preço das passagens.

O fato de a decisão prever desvio para Cumbica de aviões com defeito mecânico, para ele, "é uma aberração" que pode provocar confusão. Jenkins avalia que isso pode envolver problemas insignificantes à segurança aérea -como na porta do banheiro de uma aeronave.

A limitação de combustível foi fixada em três toneladas acima do mínimo exigido. Muitas empresas voam para São Paulo com mais querosene em seus aviões do que precisam, com a intenção de pagar menos impostos em outros Estados -algo que passou a ficar vetado.

A proibição de operações em Congonhas com reversor inoperante não deve ter impactos significativos porque as principais companhias, como a Gol e a TAM, já vinham adotando a medida, principalmente depois do acidente do Airbus-A320 que voava no aeroporto com esse sistema auxiliar de frenagem ativo somente em um lado.

O desembargador federal Roberto Haddad citou em seu despacho reportagens jornalísticas e disse que, devido à urgência da medida, que "impossibilita a elaboração de perícia", utilizou como parâmetro itens como "experiência" e "bom senso". Ressalvou que as restrições, "dentro dos critérios de provisoriedade da liminar", devem valer "até que seja realizado um estudo aprofundado".

 

 

Jornal de Turismo
18/09/2007
Uma perigosa passividade no fim dos vôos da Varig para a Argentina
Ninguém do trade reclama e Itamaraty se mantém inerte sem atentar para a quebra do princípio da reciprocidade
Cláudio Magnavita*

O Governo Federal, em todos os assuntos referentes à Varig e ao processo que envolveu a recuperação judicial da companhia, tem ficado atrelado a um imobilismo assustador. A suspensão dos vôos da companhia para a Argentina, realizada de forma unilateral pelo governo do país vizinho, não gerou nenhuma reação da diplomacia brasileira, que não foi ainda capaz de reverter uma decisão que teve vários diferentes motivos e que vem trazendo prejuízo para as duas nações.

Foi um decisão unilateral e que mereceria uma reação enérgica imediata, que poderia ter sido a penalização, dentro das regras do acordo bilateral, das freqüências da empresa argentina que voa para o Brasil. Um cálculo simples: se o governo argentino suspende os vôos da Varig e eles equivalem a 30% da cota de cada país, as Aerolíneas Argentinas deveriam reduzir os seus vôos na mesma equivalência. Esta é uma fórmula dura que poderia ter sido aplicada pelo brigadeiro Eliezer Negri, superintendente de Relações Internacionais da Anac e um dos nomes cotados para ocupar a diretoria da empresa. O ministro Nelson Jobim poderia encampar esta nova cruzada, que se encontra completamente órfã.

Penalizar a Aerolíneas seria uma ação extrema, que também traria prejuízos para o turismo dos dois lados. A Argentina é o maior emissor de turistas estrangeiros para o Brasil, da mesma forma que somos os seus maiores emissores de turistas internacionais. Perder uma transportadora, que realizava dez freqüências diárias multidestinos em cada trecho da rota, é estrangular o fluxo de turistas para os dois lados.

A Varig foi abatida por uma pressão sindical, que em um ano eleitoral ganhou força e que envolve uma indenização de 104 funcionários da antiga Varig, que, no caso da transferência da empresa velha e na admissão da nova VRG, gerou uma indenização não superior a US$ 400 mil. Esta conta ficou no limbo do processo de transição. Eles receberam salários em dia e o que se discutia era a transição dos empregos de uma empresa para outra. É só nestas horas que aparece a indenização trabalhista, já que as vagas foram asseguradas. No processo de colapso da própria Varig, os funcionários antigos pediram demissão e foram afastados mediante acordos indenizatórios, que foram quitados pelo fôlego que restava da operação internacional. O quadro funcional é de contratados com poucos anos de empresa, que agora ficam sem indenização e agora correm o risco de até perder o emprego definitivamente pela paralisação da empresa.

O motivo, não divulgado, para paralisar as operações e encobrir a pressão sindical, teria sido a inexistência de uma apólice de seguros. Foi por este motivo que se reduziu o número de assentos oferecidos na rota entre o Brasil e a Argentina, promovendo aumento substancial das tarifas e redução de assentos. Só a receita cessante das vendas realizadas pela Varig na rota, faz com que os lados acumulem prejuízos superiores a 20 vezes o que é obtido no ingresso de divisas trazidas pelos turistas.

O mais curioso é que as autoridades responsáveis pela gestão governamental da aviação na Argentina têm as suas origens nos movimentos sindicais, o que foi revelado pela radicalização da posição. E a medida foi tomada depois de alguns avisos e de um ultimato que não levou em conta os aspectos da balança comercial e do turismo.

No setor indústria do turismo, os protestos são tímidos, nos dois lados, principalmente quando se esperava uma reação diplomática na altura da violência cometida. Tudo segue como antes, sem nenhuma pressão e como se fosse absolutamente normal.

No Brasil, as operadoras que apostam em venda para o mercado argentino estão desesperadas. Sem contar com a Varig, a maior delas, em plena véspera do feriado de 7 de Setembro, não sabia como embarcar 80 passageiros para Buenos Aires, nem como obter acomodação aos congêneres, até mesmo na co-irmã da própria Varig.

O trade espera o reaquecimento das rotas de longa distância da Varig para a Europa, principalmente para irrigar o Carnaval e o Fim de Ano, mas o atual cenário deve resultar em um incremento de estrangeiros para o Brasil. Como não existem lugares nos aviões, perderemos uma operação para a Argentina e ninguém reclama. Só o Rio, perdeu dois vôos diários para Buenos Aires. Querem uma missão impossível? Conseguir um lugar do Rio para Buenos Aires nos próximos finais de semana. Quando se consegue, a tarifa já chega a três vezes ao que era praticada em maio.

A Gol, como proprietária da nova Varig, não pode honrar os compromissos da antiga empresa sob o risco de firmar jurisprudência e com isso desencadear uma sucessão de ações indenizatórias. O mercado assiste passivamente e as autoridades brasileiras, que durante tantas outras ações como o caso do visto, defende a reciprocidade, fica passiva e calada, como se tivéssemos culpa e merecêssemos uma advertência dos nossos irmãos portenhos.

A passividade da diplomacia brasileira neste caso é irritante. O Itamaraty não se meteu como devia nesta questão e a própria sociedade aceitou passivamente a atitude unilateral argentina, que agora atravessa um período eleitoral e é bem sensível as esses rompantes nacionalistas. O mais grave é que ninguém fez as contas de quanto estamos perdendo e de como ficaram estranguladas as ligações com nosso principal destino turístico e, principalmente, com o nosso principal país emissor.

Quando os vermelhos começarem a aparecer nos balanços é que se dará conta do que aconteceu. Aí, teremos que chorar sobre o ocorrido e será tarde demais. Deixe a alta estação chegar e veremos que voar para a Argentina ficará mais caro do que voar para Miami.

*Cláudio Magnavita é presidente da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet), membro do Conselho Nacional de Turismo e diretor do Jornal de Turismo