Jornal do Brasil
29/07/2007
Quebra da Varig deu origem à
crise aérea
Fernando Exman
BRASÍLIA. Escancarado com o choque do Boeing
da Gol com o jato Legacy em setembro do ano passado, o
colapso do sistema aéreo nacional também
tem como causa a crise da Varig. A quebra da companhia
reduziu em cerca de 60 a quantidade de aviões disponíveis
e acabou com 208 rotas no Brasil, o que gerou a concentração
de linhas nos aeroportos de Congonhas e Brasília.
Com o aumento gradativo do número de passageiros,
o resultado é conhecido há 10 meses: filas,
atrasos, acidentes e mortes.
Segundo o presidente da Associação dos
Pilotos da Varig (Apvar), comandante Elnio Borges, o governo
argumentava que TAM e Gol teriam capacidade para compensar
a queda da oferta causada pela saída da Varig do
mercado. O apagão aéreo, no entanto, diz
o presidente da Associação Nacional em Defesa
dos Direitos dos Passageiros do Transporte Aéreo
(Andep), Claudio Candiota Filho, demonstra que o crescimento
da oferta não acompanhou o aumento da demanda.
Depois de uma longa agonia, a Varig foi vendida para
um grupo de investidores que já havia comprado
a VarigLog em julho do ano passado. Em março, a
Gol adquiriu a companhia. Formou-se um duopólio
integrado por TAM e Gol. Antes de sair do mercado, a Varig
tinha 79 aeronaves. Passou a operar cerca de 15. Atualmente,
calcula Borges, a frota da aviação comercial
regular do país é de 446 aeronaves, 14 a
mais do que no ano passado. O número é insuficiente.
De janeiro a maio deste ano, já passaram pelos
aeroportos 45.869.158 pessoas, 8,39% a mais do que no
mesmo período do ano passado.
- A crise atual do transporte aéreo é decorrente
do afastamento da Varig do mercado sem que as concorrentes
tenham conseguido substituí-la - diz Borges.
O resultado, segundo o comandante, foi a concentração
de vôos em Congonhas e Brasília, a sobrecarga
de trabalho dos controladores e o apagão aéreo.
- Com certeza há relação entre a
saída da Varig do mercado e a crise - diz o relator
da CPI do Apagão Aéreo no Senado, Demóstenes
Torres (DEM-GO). - A conseqüência foi a concentração
criminosa dos vôos em Congonhas.
Ou seja, se a Varig ainda estivesse operando de forma
plena, a oferta teria crescido mais.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella
Baggio, discorda. Segundo a sindicalista, a transformação
dos aeroportos de Congonhas e Brasília em centros
de distribuição ocorre desde 2001, período
em que a Varig teve força. Para Graziella, a causa
do caos aéreo é a falta de investimentos
públicos.
Jornal do Brasil
29/07/2007
Editorial: Um recomeço mais
promissor
A imagem do novo ministro da Defesa, de capacete de bombeiro
e capa, vistoriando as ruínas do local onde o Airbus
da TAM explodiu, em Congonhas, é carregada de simbolismos.
Nelson Jobim foi o primeiro alto funcionário do
governo Lula a deixar o conforto e a proteção
do gabinete para encontrar com o Brasil real, não
o que gargalhava na constrangedora cerimônia de
transmissão de cargo em Brasília, mas o
que ainda procura nas cinzas de um prédio calcinado
algum sinal dos entes desaparecidos na tragédia
que minore a dor.
Jobim mudou a linha na sua própria posse, na
qual não houve espaço para sorrisos. Só
avisos claros de que o tempo da bagunça, da omissão,
do acintoso despreparo acabou. Fez bem em desembarcar
em Congonhas no primeiro dia de pleno domínio do
cargo. Mostrou que é atribuição do
ministro da Defesa compreender o drama com o alcance estratégico
para a sobrevivência de um setor vital à
vida econômica e cotidiana de milhões de
brasileiros. Foi importante perceber que finalmente alguém
com pulso e comando determinou que já houve mortes
demais e que era hora de encerrar com as aventuras.
As mudanças são obrigatórias na
Infraero tanto quanto na Anac, porém nesta última
o governo sempre se viu manietado. Curiosamente, o modelo
foi criado justamente para impedir que interferências
políticas atrapalhassem a fiscalização,
mas as distorções decorrentes do loteamento
de cargos levou ao colapso.
A pressão da opinião pública vinha
sendo ignorada pela burocracia da agência há
dez meses, mas quando a ela se somaram a ordem de investigar
as empresas aéreas, dada pelo Ministério
da Justiça à Polícia Federal, e a
fiscalização do Ministério Público
nas escalas de trabalho, o fardo ficou pesado demais para
ser suportado. Ainda assim, compreende-se a resistência
de alguns à renúncia. Afinal, trata-se de
um emprego com estabilidade e um belo programa de milhagem.
A renúncia coletiva na terça-feira é
quase certa e vem até tarde. A revelação
de que um dos diretores viajou a Nova York com despesas
pagas pela companhia aérea a quem prestava serviços
( antes de ingressar na agência) é o réquiem
para um grupo de políticos cuja presença
na mídia será sempre lembrada pelo que há
de pior: as mais de 400 mortes em dois desastres gravíssimos.
Superados os dois maiores pontos de resistência
à intervenção que pretende fazer,
Jobim precisará mudar todo o foco de atuação
dos setores envolvidos. Já avisou que, na Infraero,
o objetivo não é mais a comodidade, mas
a eficiência. Despachar passageiros, decolar, pousar
e assim sucessivamente, com o máximo de pontualidade
e segurança. Refazer um sistema doente pela sobrecarga
do desgoverno.
Assim, é possível concluir que o tempo
dos investimentos milionários em terminais-shoppings
ficará para trás - o que é uma ironia
com o novo Aeroporto Santos Dumont e suas mais de cem
lojas. Melhor para o passageiro, que poderá esperar
um pouso tranqüilo em Cumbica sob qualquer condição
meteorológica, mais áreas de desembarque
e embarque no principal aeroporto internacional do país,
enfim, que tudo funcione dentro da normalidade esperada.
Espera-se, também, que o ministro aprofunde a
intervenção a ponto não só
de corrigir o que deu errado, mas de gerar um modelo que
se atualize constantemente, de acordo com as exigências
do mercado mas, principalmente, levando em conta a necessidade
de segurança. A confiabilidade é uma conquista
que o governo tenta obter, depois de ter deixado que a
ineficiência a solapasse nesses dez meses. Mas há
um bom começo.
Jornal do Brasil
29/07/2007
Três aviões
fazem pousos forçados
Carlos Braga
Um barulho forte, semelhante ao de uma explosão,
deu início a mais de uma hora de desespero entre
os 96 passageiros do vôo 6329 da Ocean Air. O avião
tinha decolado cerca de meia hora antes de uma escala
em Salvador, vindo de Recife. Naquele momento, os comissários
serviam a refeição, mas tiveram que recolhê-la
rapidamente. Uma aeromoça chegou a dizer que o
barulho poderia ter origem no ar-condicionado. Mas o comandante,
Salvador Santoro, informou que a aeronave estava com um
problema técnico que o obrigava a voltar a Salvador.
Momentos depois, usou o sistema de comunicação
para dizer que o pouso de emergência seria feito
no Aeroporto de Ilhéus, a 458 quilômetros
da capital baiana. Antes da aterrissagem, o avião
sobrevoou em círculos por cerca de uma hora. Com
a lembrança da tragédia da TAM, a maioria
dos passageiros rezava. Crianças choravam.
- O pouso foi brusco. O avião bateu forte com
o trem de aterrissagem na pista. Parecia filme americano.
Já havia bombeiros e ambulâncias na pista
- contou o engenheiro Eder Mateus.
Depois de pernoitarem em Ilhéus, os passageiros
desembarcaram no Rio, pouco depois do meio-dia de ontem,
no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Galeão.
Foram recebidos por parentes com poucas informações.
Segundo os familiares, a companhia Ocean Air, responsável
pelo vôo, não lhes deu nenhuma informação.
- Ninguém da companhia disse coisa alguma - contou
Roberto Alex, 64 anos.
Depois do pouso de emergência, os passageiros tiveram
de esperar por cerca de 1h30 no aeroporto de Ilhéus.
De lá, foram acomodados em dois hotéis da
região. A passageira Elizabeth Haselbach, que vinha
de Salvador, queixou-se da falta de explicações.
Segundo ela, nenhuma informação foi passada.
- Ficamos muito tempo esperando sem uma explicação
- reclamou a passageira.
Também ontem, um avião da TAM, que ia para
Bariloche, na Argentina, teve problema na asa esquerda
e teve que voltar ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto
Alegre. Em Goiás, também no sábado,
um avião da FAB fez um pouso não-programado.
Segundo a FAB, o avião partiu de São Carlos
(SP) com destino a Brasília. Com um dos pneus do
trem de pouso estourado, a tripulação preferiu
não pousar em Brasília para não atrapalhar
o tráfego. (Com agências)
Jornal do Brasil
29/07/2007
TAM tenta conter a revoada
Kayo Iglesias
Com a imagem abalada e as ações desvalorizadas
depois do maior acidente aéreo do país,
a TAM tenta de todas as formas manter seus funcionários
na ativa. Uma comissária que pediu demissão
esta semana depois de seis meses de trabalho para a companhia
revelou ao JB que o setor de Gestão de Pessoas
apela aos demissionários que tirem licença
e "pensem melhor" sobre a decisão pelo
menos até quarta-feira, dia 1º.
- Só na mesma hora que eu, estavam na sala três
pessoas pedindo demissão - lembra a tripulante
que pediu demissão por causa do excesso de trabalho
e do medo que outro acidente como o do vôo 3054
aconteça. - Estão oferecendo licença
psiquiátrica, mas muitos colegas pensam no seu
plano de saúde, nas passagens de graça.
Segundo relato da comissária, a TAM negocia a
dispensa do aviso prévio para quem não muda
de idéia, a fim de ganhar tempo e evitar muitos
registros de demissão nos dias próximos
ao acidente. Além de estar sendo investigada pela
Polícia Federal desde o dia 20 por suspeitas de
violação do Código de Defesa do Consumidor,
a companhia está na mira da força-tarefa
do Ministério Público do Trabalho, que começa
esta semana as ações de campo para constatar
desrespeito à legislação trabalhista.
O diretor de Gestão de Pessoas da TAM, Roberto
Hobeika, disse que estava realizando o levantamento do
número de dispensas médicas desde a data
da tragédia do Airbus, mas a assessoria de imprensa
da empresa informou na sexta-feira que não divulgaria
os números. O Sindicato Nacional dos Aeronautas
(SNA) estuda pedir uma solicitação à
companhia para que informe as estatísticas.
Segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) no Rio, Wadih Damous - que é advogado trabalhista
- a prática de oferecer licença médica
para que o funcionário repense a decisão
de sair não é ilegal, a não ser que
haja emprego de coação.
- Mas se o empregado quiser se demitir na hora, a empresa
é obrigada a aceitar - destacou.
O excesso das jornadas de trabalho e a crise aérea
somaram-se ao abalo psicológico causado pela perda
de colegas no acidente com o A320 e geraram pelo menos
70 pedidos de demissão e 100 de licença
médica.
- Nos dias em que Congonhas fica lotado, por exemplo,
chegamos a sobrevoar São Paulo durante uma hora.
Você só se cansa, e não recebe nada
por isso.
Pela Lei 7.183, que regulamenta a profissão de
aeronauta, a tripulação simples - a mais
comum nos vôos domésticos, com piloto, co-piloto
e quatro comissários - tem de trabalhar 11 horas
e descansar 12. Mas, segundo tripulantes, no Brasil a
jornada tem durado até 18 horas. E o tempo para
se recuperar e voar novamente não tem sido suficiente.
- Num vôo para Milão, no começo do
ano, a tripulação foi obrigada pela escala
a voltar para o Brasil. Eles ficaram só cinco horas
no hotel. É loucura - conta a aeromoça.
Em sete anos de profissão, ela diz nunca ter sido
tão exigida:
- Na época da Varig, não existia isso.
Espero que, depois desse acidente, o mercado melhore.
Site da AMVVAR
29/07/2007
Liquidação dos Planos
Varig/Aerus - uma reflexão
Nelson Cirtoli - Assistido Aerus, sócio
do SNA e AMVVAR
Por iniciativa do Sindicato Nacional dos Aeronautas,
os correios eletrônicos foram inundados com críticas
a dez participantes do Aerus, num verdadeiro linchamento
moral, por terem conseguido liminarmente o cancelamento
da liquidação dos planos Varig no Aerus.
Foram considerados os culpados de impedirem 8000 aposentados
de receberem seus proventos, como se fossem obrigados
a abrir mão de seus direitos para que a Diretoria
do sindicato e sua Comissão de Trabalho Aerus usassem
suas poupanças como lhes conviesse.
Esse fato deixou muitos assistidos assustados, pois em
princípio parece ser coisa de 10 malucos desnaturados
que estão fazendo o mal aos velhinhos desamparados
do Aerus. Mas, não é! O que assusta mesmo
é o método estalinista usado pela Diretoria
e Comissão do SNA para amedrontar essas pessoas
velhas e desamparadas.
Depois de essa liminar ter sido despachada pelo Desembargador
surgiu à possibilidade do Interventor/Liquidante
“ceder” mais 40% do benefício mensal
a que temos direito e que é à custa da poupança
de outros. Assim podemos afirmar que para o plano I, não
existe mais nível de cobertura e que para o plano
II a previsão é de apenas mais dois meses
de benefício.
Não vejo motivos claros, sem nebulosidade, para
que o Interventor/Liquidante gaste os parcos recursos
ainda existentes no Aerus, com advogados para levantar
o cancelamento da liquidação.
Acaso antes da instalação dessa patética
liquidação, já não estávamos
sendo sustentados pelas contribuições dos
colegas da ativa? Porque não pode continuar como
antes?
O Sindicato quer cancelar a liminar garantindo o dinheiro
para uns em detrimento e a custa de outros?
Acaso não existe alguém da ativa precisando
dessa poupança?
Acaso a Diretoria do Sindicato e sua Comissão Aerus,
não sabem que existem muitas famílias passando
necessidades e que estamos sendo sustentados com a poupança
deles também?
E qual o interesse do Interventor/Liquidante e do SNA,
em manter a liquidação se existe fundos
já garantidos judicialmente, para ambos os planos?
Porque liquidá-los?
É para proteger os tais velhinhos contra algum
ato da TGV, já que ela pode estar querendo cometer
o crime de ressuscitar a Varig à custa da poupança
deles?
Essa não cola mais!
Não podemos esquecer que os três bilhões
relativos ao congelamento tarifário são
devidos aos planos Varig. Será que uma vez liquidados
os planos Varig, tendo os seus assistidos e ativos recebido
a sua quitação e considerando que esse montante
será entregue ao Aerus, não haverá
nenhum perigo desse montante misteriosamente sumir? Quem
irá administrá-lo? O SNA e sua Comissão
de Trabalho Aerus? A SPC irá fiscalizar direitinho
o Sindicato e a sua brilhante Comissão?
Não podemos esquecer que existem advogados defendendo
a tese de que esse dinheiro oriundo da ação
do congelamento tarifário deve ser repartido entre
outros planos deficitários do Aerus. Será
realmente vantajoso liquidar os nossos Planos.
O interessante é que a explicação
do Aerus foi prolixa, cheia de dificuldades, difícil
de se fazer entender. Para nós não importa
a engabelada explicação do Aerus. O que
os 10 autores pediram não nos interessa nesse momento.
O que interessa agora e já é o que o Desembargador
entendeu e atendeu do pedido, que vem a ser o seguinte:
“Com estas considerações
e tendo em vista que a pretensão deduzida enquadra-se
nas comportas revisoras do art. 558 do CPC, defiro o pedido
de efeito suspensivo formulado na inicial, para determinar
a suspensão da liquidação dos Planos
I e II descritos na inicial, até ulterior deliberação
judicial.
”Já a explicação dos sábios
da Comissão do SNA informa apenas que a liminar
impede que o Aerus faça o pagamento dos benefícios
e que isso se deve porque 10 egoístas, responsáveis
pelo sofrimento de 8000 velhinhos desamparados, em que
pese terem, todos os participantes da ativa e assistidos
terem sido avisados de não procurarem seus direitos.
Que deveriam ter deixado o Sindicato trabalhar. Numa estúpida
conversa pra boi dormir.
Que o Interventor do Aerus recorra, até dá
para entender. O que não dá para entender
é o Sindicato Nacional dos Aeronautas fazer o mesmo.
Se obtiverem êxito, seus dirigentes conseguirão
fazer com que a poupança de uns aeronautas seja
entregue a outros de forma totalmente injusta.
É essa a justiça que o SNA e sua Comissão
buscam?
Que mal pergunte: essa Comissão tem representantes
dos participantes da ativa, doentes e também velhos,
para defender seus interesses, ou só os tais velhinhos
assistidos e desamparados estão ali representados?
Até quando os participantes da ativa, os mais
prejudicados, assistirão a tudo calados, sem reclamar
das aberrações de seu sindicato contra ele
mesmo?
Quantos dessa comissão são oriundos da
comissão de 89 que conseguiu migrar milagrosamente
do plano original teto I, para o teto III, sem nunca ter
contribuído para isso?
Quantos dessa comissão pertenceram à famosa
comissão Aerus para implantação do
plano II?
Preparem seus corações. Inúmeras
queixas crime surgirão entre nós mesmos.
Há três anos atrás o Sindicato declarava
que ficássemos tranqüilos, pois o Aerus tinha
mecanismos próprios para assegurar nossos benefícios.
Depois disso, sua diretoria participou de ações
nocivas que prejudicaram os trabalhadores da Varig e mais
recentemente o despacho da juíza julgando a Comissão
Eleitoral e a Diretoria como estando usando de procedimentos
fora da Lei.
E agora a Comissão de Trabalho Aerus, uma mescla
da Comissão Aerus para implantação
do Plano II em 95, da Comissão Aerus de 89, para
melhoria de benefícios sem ter contribuído,
Comissão Eleitoral de 2007 e Diretoria, considerada
em juízo como fora da Lei, mostram novamente sua
cara.
E pretendem que acreditemos neles? Que aguardemos pelas
ações do Sindicato?
O Sindicato Nacional dos Aeronautas e suas comissões
é o Brasil. Analisem o Congresso, o Governo e o
Judiciário e me digam que no SNA é diferente,
que ali se busca a verdade com bondade! Que ali há
honestidade de propósitos!
Não basta que sejamos contra a corrupção
dos que devastam o Brasil. Temos que ser contra a corrupção
dentro da nossa própria casa. Dependemos do Aerus
para sobreviver. Temos que lutar pelos nossos direitos,
mas sem perder a dignidade, respeitando o direito dos
outros, apesar das nossas necessidades prementes.
A juíza já deu a sua dica:
CHEGA DE CORRUPÇÃO!
Vamos fazer a nossa parte!
Folha de São Paulo
29/07/2007
Decisões da Anac atendem
as companhias
Análise das atas e resoluções
da agência demostram que os interesses das principais
empresas aéreas foram atendidos
Desde sua criação, a Anac enfrentou o colapso
da Varig, em junho de 2006, e os acidentes aéreos
com os aviões da Gol e da TAM
IURI DANTAS DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em um ano e três meses de funcionamento da Anac
(Agência Nacional de Aviação Civil),
as decisões de sua diretoria distingüem-se
por atender os interesses das principais companhias aéreas
ao mesmo tempo em que tentam organizar o trabalho da própria
autarquia.
A Folha analisou as atas das reuniões semanais
da diretoria e as resoluções da agência.
Dois exemplos de decisões atendendo interesses
da empresas:
1) Com o excesso de vôos em Congonhas, a Anac produz
resolução para disciplinar a distribuição
dos espaços no aeroporto. Cria sorteio que privilegia
empresas que já operam ali.
2) No feriado de Natal, a TAM precisou parar seis aviões.
A diretoria produziu relatório parcial, apontando
ausência de overbooking. Meses depois, novo relatório
aponta overbooking, mas conclui que houve problemas de
tráfego aéreo na maioria dos vôos.
Um exemplo da influência política foi a venda
da Varig à VarigLog, sua ex-subsidiária
de cargas. O negócio foi definido pelo Palácio
do Planalto.
Por meses, a Anac não autorizou a venda da VarigLog
para a Volo do Brasil. Diante da queda da Varig, a Anac
negociou: se a Volo levasse também a Varig a aquisição
da subsidiária estava aprovada. Assim foi feito.
A Anac foi instalada em março de 2006. Foi criada
para substituir o DAC (Departamento de Aviação
Civil), vinculado à Aeronáutica. Enfrentou
três grandes problemas: o colapso da Varig, em junho
de 2006 e os acidentes da Gol, com 154 mortes, em 29 de
setembro, e da TAM, com ao menos 198 mortos, em 17 de
julho.
A Anac tem cinco diretores. O diretor-presidente, Milton
Zuanazzi, fez carreira no setor de turismo. Sua substituta
é a procuradora Denise Abreu. O terceiro diretor
é Leur Lomanto, deputado federal por sete mandatos.
A quarta posição é de Jorge Luiz
Brito Velozo, oficial aviador. O economista Josef Barat
completa o quadro.
Falta de regulação
As decisões da Anac também representam ensaios
de medidas que poderiam minimizar o caos aéreo
ou ajudar a prevenir acidentes. Dois exemplos:
Na segunda reunião da diretoria, em abril de 2006,
Denise Abreu foi designada para "coordenar a comissão
técnica que analisa plano aeroportuário
dos aeródromos do Estado de São Paulo"
e a distribuição das malhas aeroviárias.
A Anac, porém, foi atropelada pelos dois piores
desastres da aviação. A reação
do Planalto foi convocar o Conselho Nacional de Aviação
Civil para ordenar a redução de vôos
em Congonhas.
O segundo exemplo representa outro ensaio do que pode
evitar novos problemas e ilustra o descolamento entre
a Anac e a realidade. Cinco dias após a colisão
entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, Lomanto recebeu
a atribuição de relatar processos sobre
uso de solo no entorno de aeroportos.
Segundo a ata, a morte das 154 pessoas no vôo 1907
não foi discutida. A diretoria aprovou um convênio
com o Centro de Integração Empresa-Escola,
a abertura de concurso e a participação
da Anac no 59º Seminário Internacional de
Segurança de Aviação.
A Anac foi procurada na noite de sexta. Solicitou perguntas
por e-mail, que foram encaminhadas. Não houve resposta
até a conclusão desta edição.
Folha de São Paulo
29/07/2007
VAIVÉM EM PORTO ALEGRE
AVIÃO RETORNA LOGO APÓS
DECOLAGEM
Um Airbus da TAM que ia de Porto Alegre para a Argentina
teve de interromper seu curso logo depois de decolar e
voltar ao aeroporto Salgado Filho, na capital gaúcha,
na manhã de ontem. A TAM afirmou que o avião
retornou para uma "manutenção preventiva
não-programada". Ele havia decolado às
9h10 e pousou de volta, normalmente, às 9h58. Os
139 passageiros seguiram para Bariloche às 15h11.
Segundo passageiros, o problema ocorreu na asa. Anteontem,
um avião da Ocean Air que havia decolado de Salvador
com destino ao Rio fez um pouso de emergência no
aeroporto de Ilhéus (BA) em razão de um
problema na turbina. Havia 101 pessoas na aeronave e nenhuma
se feriu.
Jornal do Comércio - RS
27/07/2007
Caos está mais na gestão
em terra do que nos céus do Brasil
Troca de ministro na Defesa, entrando Nelson Jobim. Waldir
Pires sai e desabafa com Lula: "presidente, o que
querem é atingi-lo". É uma possibilidade.
Mas, convenhamos, a outorga de medalhas pela Aeronáutica
apenas três dias após a tragédia de
Congonhas é uma sideral falta de sensibilidade
para entrar nos anais da história nacional. Jobim
chega para resolver um problema de gestão administrativa,
onde as decisões foram pulverizadas, mesmo com
a negativa do presidente Lula de que a mudança
tenha sido gerada pela crise no setor da aviação
civil.
Então, por que mudar? O caos começou a
ser vislumbrado quando a maior companhia aérea
da América Latina de então, Varig, parou,
deixando um vazio de 80 aeronaves e seis mil qualificados,
experientes e bem pagos servidores.
A solução não é de momento.
Nos acidentes aéreos, todos se transformaram em
peritos e a imprensa lança suspeitas e que são,
no emocionalismo da hora, encampadas pela população.
Há vários fatores que vêm desde mais
de um ano e que culminaram com as tragédias da
Gol e da TAM.
Não foram desastres anunciados e previsíveis,
conforme afirmam os abatidos pelo desgaste brutal que
assola a Nação neste momento de dor e perplexidade.
Paradoxalmente, com uma esquizofrenia de sentimentos,
eis que os Jogos Pan-americanos estão chegando
ao fim e, com eles, a melhor participação
nacional em todos os tempos. Duas semanas de alegrias
esportivas simultâneas a muitos tristes dias na
identificação dos corpos disformes e enegrecidos
pelo fogo. Criou-se a Agência Nacional de Aviação
Civil, Anac, na melhor das intenções, mas
não bastam boas intenções.
Falamos mal das instituições públicas
como se elas não fossem o espelho da média
das qualidades e defeitos de todos nós. O Brasil
é a cara dos brasileiros. A descrença, a
desilusão e os desmandos ocorrem com tanta freqüência
que muitos jornalistas dizem que logo após os Jogos
Pan-americanos haverá uma CPI para apurar os escândalos
de praxe, com obras superfaturadas e apadrinhamentos.
Com tantos problemas políticos, administrativos
e éticos, não precisávamos, jamais
as vítimas e suas famílias, passar por esta
terrível provação. Mudar nomes em
agências e ministérios, sem um planejamento
de curto, médio e longo prazo, não ajudará
em nada.
O pior que poderia acontecer no transporte aeronáutico
ocorreu, dois desastres em 10 meses, um pavor. Está
ficando claro que a alta demanda acumulada de passageiros
por vôos não teve a correspondência
na estrutura das empresas que ficaram. Nem em aeronaves,
menos em pessoal.
O "low cost, low fare", modelo de custo baixo
igual a tarifa menor, teve mais de 40 empresas nos Estados
Unidos, das quais restaram apenas quatro ou cinco. Depois
de 2001, o governo estadunidense aportou mais de US$ 15
bilhões para que as grandes empresas não
quebrassem, e isso que lá eles endeusam a economia
de mercado.
A medida mais sensata foi a suspensão da venda
de novos bilhetes pelas empresas aéreas de e para
Congonhas, até hoje. Com isso, poderão voar
os que estão com as passagens compradas. Depois,
tirar do aeroporto central paulista os vôos que
ali fazem escalas.
Até os anos 70, Viracopos dava conta da demanda.
Veio Guarulhos, mas o filé da aviação
continuou sendo Congonhas. Afinal, ali é a capital
do estado que detém 42% do PIB nacional. O sábio
deve calar-se para não ser maltratado, o ignorante
para não ser desprezado. Lemos esta tragédia
no presente, mas a soletramos no futuro.
Jornal da Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro
27/07/2007
Uma combinação explosiva
Ganância de empresas aéreas
e irresponsabilidade do governo resultam em mortes em
massa na aviação
O último acidente, que ocorreu no aeroporto de
Congonhas com o Airbus A-320 da TAM, há menos de
20 dias, e vitimou cerca de 200 pessoas, revelou de vez
as mazelas do transporte aéreo no Brasil: o governo
entrega a vida de passageiros e trabalhadores do setor
à sanha de lucro das empresas em detrimento da
segurança e de investimentos na infra-estrutura
aeroportuária
QUARTA, DIA 25. Reunião
fez abordagem mais ampla pela ótica de quem trabalha
no sistema aéreo
Esta conclusão saiu da primeira reunião
de profissionais do sistema aéreo e segmentos sociais,
semana passada, no Centro do Rio, na qual foi decidida
a criação de um movimento para mudar esta
situação. Elnio Borges, comandante da Varig
e presidente da Associação dos Pilotos da
Varig (Apvar), afirma que o caos aéreo atual é
mais político do que técnico. “O extremo
do mercado nos levou a isso. A palavra para a política
de aviação foi a da desregulamentação,
e na verdade foi a sua desorganização. O
Estado se afastou do seu papel organizador, entregando
para o mercado esta responsabilidade. O primeiro mandamento
da TAM, “Nada substitui o lucro”, reflete
bem o resultado disto”, acusa.
O caos aéreo atual é mais político
do que técnico
Segundo Elnio, o Poder Executivo vem fazendo isso desde
o governo Collor, que começou toda a história
quando rompeu o compromisso da bilateralidade entre países
para vôos internacionais e dando fim ao sistema
de vôos re-gionais operados apenas por companhias
menores. Com o Plano Real, já no governo FHC, a
estabilidade aumentou a demanda de passagens aéreas
e os problemas da Vasp levaram à sua privatização.
A Varig entrou em crise. A TAM e a Gol ocuparam o espaço.
Na esteira das privatizações o Departamento
de Aviação Civil (DAC) foi substituído
pela ANAC (Agência Nacional de Aviação
Civil), na avalanche da criação de agências
reguladoras para os serviços privatizados. No governo
Lula, os diretores indicados por critérios políticos
completaram o serviço.
Controladores de vôo reagem
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Proteção
ao Vôo, Jorge Botelho, a crise na aviação
se acirrou quando os controladores de vôo resolveram
reagir e revelar à sociedade os problemas existentes.
“Era para não assumir uma culpa que não
era nossa, mas de responsabilidade do governo”.
Botelho, que foi controlador durante 27 anos, afirma que
hoje o acidente da TAM e as medidas que tiveram de ser
tomadas pelo governo provam que os controladores estavam
certos.
“Nós fomos execrados porque resolvemos externar
a problemática e não mais resolver os problemas
do governo. Várias vezes denunciamos às
autoridades, com documentos e relatórios, sobre
os riscos na segurança aérea. Nada do que
falamos foi mentira e tudo acabou confirmado: equipamentos
obsoletos, rearranjo da malha aérea, órgãos
que não se entendem, falta de gestão e desestruturação
do setor, perda de quadros experientes.” Botelho
diz que o objetivo era despertar o governo para a problemática
e jamais a sabotagem, como foi veiculado. “A resposta
foi punição e prisão”, lamenta.
“E mesmo alertando que outro pesadelo poderia acontecer
brevemente, nada foi feito. Se não houver uma mudança
séria nos rumos da aviação brasileira,
outros acidentes podem ocorrer”, sentencia.
TAM e Gol: o maior lucro do mundo
A crise na Varig e o aumento do número de passageiros
no transporte aéreo brasileiro deram à TAM
e à Gol mais mercado e mais lucros. E comparadas
com as empresas estrangeiras, suas margens de lucro estão
entre as maiores do setor. A TAM lidera o mercado no Brasil
com 49,1% das rotas nacionais e 69,6% das rotas internacionais.
De 2005 a 2006 seu ganho foi de 197%, saltando de R$ 187
milhões para R$ 556 milhões. Já a
Gol, que ocupa a segunda colocação, detém
39,8% das rotas nacionais e 12,2% das rotas internacionais.
Seu lucro foi de 61%, passando de R$ 424 milhões
para R$ 684 milhões.
Roteiro de tragédias
No dia 31de outubro de 1996, há 11 anos, 99 pessoas
morreram no acidente com o Fokker 100 da TAM. A aeronave
caiu pouco depois de decolar do aeroporto de Congonhas
e atingiu casas no Jabaquara (zona sul de São Paulo).
O destino era o Rio de Janeiro. A apuração
de quase três anos foi arquivada sem conclusão
e os parentes das vítimas (passageiros e moradores)
ainda lutam pela indenização. Laudo da Aeronáutica
atribuiu o acidente do vôo 402 a uma reação
da tripulação e a um defeito não
previsto pelo fabricante. O avião teve uma pane
no “reverso”, o freio auxiliar.
Em 29 de setembro de 2006, a colisão em pleno
vôo de um Boeing da Gol contra a asa de um jato
executivo Legacy da empresa americana Excel Aire causou
a morte de 154 pessoas. Os tripulantes do Legacy nada
sofreram. A aeronave havia saído de Manaus, com
destino ao Rio, e deveria fazer uma escala em Brasília.
Os destroços do avião foram encontrados
em uma área de mata no estado de Mato Grosso. Esta
era considerada a maior tragédia da aviação
brasileira e a Polícia Federal atribuiu a culpa
do acidente aos pilotos americanos do Legacy, que retornaram
ao seu país durante o inquérito.
O segundo acidente de grandes proporções
na história da TAM e em área urbana, precisamente
em Congonhas, também foi o pior do país.
Dez meses após a colisão da Gol, o Airbus
da TAM não conseguiu pousar no aeroporto de Congonhas
e se chocou contra o prédio da própria companhia
e um posto de gasolina, explodindo em chamas. A tragédia
ocorreu no dia 17 de julho e ainda são procurados
as vítimas do vôo 3054, que podem chegar
a 200, a maioria carbonizadas. Os responsáveis
pelos quase 20 órgãos que integram a estrutura
aeroportuária se eximem d e suas responsabilidades
sobre o acidente.
Revista Consultor Jurídico
27 de julho de 2007
Comando em xeque
Partido questiona
nomeação de diretoria da Anac
O presidente do Democratas, Rodrigo Maia, ajuizou Ação
Popular na Justiça Federal do Rio de Janeiro. Ele
quer a anulação da nomeação
do presidente da Anac, Milton Zuanazzi e dos diretores
da agência, Denise Abreu e Leur Lomanto.
A ação aponta vícios na indicação
dos diretores promovida pelo governo federal. Ele alega
que se descumpriu os pressupostos técnicos que
a Lei 11.182/2005 (que criou a Anac) exige para o preenchimento
dos cargos da diretoria.
Segundo o artigo 12 da lei, o ocupante do cargo deve
ter formação universitária compatível
com a função e elevado conceito no campo
específico da aviação civil. O texto
exige assim perfil técnico dos diretores da Anac,
impedindo a indicação política.
Para o partido, a formação curricular dos
diretores mostra que existem "vícios insanáveis
que comprometem as nomeações realizadas
pelo Presidente da República". Segundo Maia,
os três diretores tiveram "atuação
desastrada" durante a crise aérea.
A ação pretende a anulação
das nomeações com o afastamento dos diretores,
bem como o ressarcimento pelo presidente Lula do que se
gastou com eles.
Milton Zuanazzi é engenheiro mecânico com
pós-graduação em Sociologia. Foi
secretário nacional de Políticas de Turismo
do Ministério do Turismo, entre 2003 e 2006. Denise
Abreu é formada em Direito e foi indicada para
o cargo pela atuação no caso da Varig como
subchefe-adjunta de Assuntos Jurídicos da Casa
Civil. E Leur Lomanto também é formado em
Direito e foi assessor parlamentar da Infraero. Como deputado,
relatou o projeto de lei que criou a Anac.
Revista Consultor Jurídico
25 de julho de 2007
Caos aéreo
Advogado defende fim da Anac e do Ministério da
Defesa
Desde que o Boeing 737 da Gol se chocou com um jato Legacy
e caiu no norte de Mato Grosso, dia 29 de setembro de
2006, a aviação brasileira nunca mais foi
a mesma. O apogeu da crise foi há oito dias —
em 17 de julho de 2007 — quando o avião da
TAM teve problemas no pouso e se chocou contra o prédio
da própria empresa, em Congonhas, matando quase
200 pessoas.
Em meio a este turbilhão, o presidente da Associação
Nacional em Defesa dos Direitos dos Passageiros do Transporte
Aéreo, o advogado Cláudio Candiota Filho,
visitou a OAB do Rio Grande do Sul para entregar um dossiê
ao presidente Claudio Lamachia e solicitar apoio em uma
campanha contra o loteamento de cargos no sistema de aviação.
“Desde que a Anac foi criada só houve desgraça.
A agência jamais regulou nada. Outro motivo para
o caos é a interrupção de 33% da
oferta de vôos domésticos e de 80% de vôos
internacionais operados pela Varig, de um dia para o outro,
e depois disso nunca mais a aviação se recuperou”,
diz Candiota.
Em entrevista ao Jornal da Ordem, no Rio Grande do Sul,
Cláudio Candiota defende que a alternativa para
o fim do caos aéreo está em “extinguir
o Ministério da Defesa, e revogar a lei que criou
a Anac. Qualquer outra medida é paliativa e não
vai resolver o problema”.
Leia a entrevista:
Jornal da Ordem — Quais as informações
que constam no dossiê entregue a diretoria da OAB/RS?
Claudio Candiota — O dossiê
trata-se de cópia de representação
protocolada, em Brasília, que reúne informações
suficientes para concluir o que, de fato, está
ocorrendo com a aviação civil no país.
JO — Por que há um caos aéreo
no Brasil?
Candiota — O caos aéreo
no Brasil decorre do loteamento de cargos no sistema de
aviação civil e da quebra da hierarquia
dentro do sistema. Em 1999, foi criado o Ministério
da Defesa, que é alvo dessa anomalia brasileira
conhecida como loteamento de cargos. O ministério
nunca foi ocupado por alguém que conhecesse alguma
coisa de defesa. Três ministérios técnicos
ficaram subordinados a um ministério político,
ocupado por pessoas sem conhecimento técnico. Já
em março de 2006, houve a retirada de outro órgão,
o Departamento de Aviação Civil (DAC), que
era um órgão 100% profissionalizado. Logo
depois foi criada a ANAC, que entrou em operação
na metade do mês de março de 2006, e de lá
para cá, só houve desgraça. A Anac
jamais regulou nada. Outro motivo para o caos é
a interrupção de 33% da oferta de vôos
domésticos e de 80% de vôos internacionais
operados pela Varig, de um dia para o outro, e depois
disso nunca mais a aviação se recuperou.
JO — O senhor acredita que essa crise tem
ordem política?
Candiota — O caos aéreo
é produto causado pela desordem política
e administrativa, que está intimamente ligada à
fome de cargos.
JO — Quais foram as causas desse novo acidente?
Candiota — Este acidente ocorreu,
entre outras razões, em face do ambiente que está
criado. Está todo mundo com os nervos à
flor da pele. E o que é pior, o usuário
não acredita e não confia mais no sistema.
Está todo mundo com medo. Mas a principal razão
do acidente está no fato de que ninguém
se interessou em buscar as causas. Enquanto buscavam culpados
para se isentar da responsabilidade, deixaram de buscar
a causa principal óbvia e incontroversa: loteamento
de cargos que contaminou e está corroendo todo
o sistema de aviação civil.
JO — Quais as alternativas
que podem ser tomadas, para que não ocorram mais
acidentes e longas filas de embarque nos aeroportos?
Candiota — Extinguir o Ministério
da Defesa, e revogar a lei que criou a Anac. Qualquer
outra medida é paliativa e não vai resolver
o problema. Mesmo que Deus envie 10 mil controladores
e que todos os aeroportos sejam, por milagre, transformados
em aeroportos de primeiro mundo e que os radares sejam
multiplicados por dez...
JO — O senhor acredita que a volta do DAC
possa ser uma solução para resolver o caos
aéreo?
Candiota — É a única
solução . Mas há que se extinguir
o Ministério da Defesa, ou o sistema continuará
vulnerável ao loteamento de cargos. Nesse caso,
o Ministério da Aeronáutica passaria a administrar
seu orçamento e decidir onde aplicar verbas e onde
aplicá-las.
Site da AMVVAR
27/07/2007
Carta de agradeceimento da OAB/RS pela participação das Associações no evento do dia 13/07/07