O GLobo
29/050/2007
Relator da CPI: Erro de Controlador
causou acidente da Gol
BRASÍLIA - A CPI encerrou, por volta das 20h30min, a
audiência pública sobre o acidente do avião da Gol com
o jato Legacy que matou 154 pessoas. O último depoente,
o comandante do Cindacta I, Eduardo dos Santos Raulino,
disse que após o acidente, ocorrido em setembro de 2006,
os problemas do setor aéreo brasileiro se potencializaram,
desaguando no apagão aéreo. Para ele, a exposição da crise
e da atuação dos controladores na mídia também aumentou
o nível de tensão.
Em uma sessão vazia, com apenas três senadores além do
presidente e do relator, Raulino rebateu a afirmação do
relator da CPI do Apagão no Senado, Demóstenes Torres
(DEM-GO), de que os controladores de vôo são inexperientes.
- O comando da Aeronáutica tem a preocupação de indicar
para o comando pessoas que tenham conhecimento mais aprofundado
sobre o sistema - disse ele, informando que fez um curso
de controlador.
Após ouvir quatro controladores de vôo que estavam em
serviço no dia do acidente, Demóstenes Torres disse que
o sistema de controle aéreo é falho, mas que uma das principais
causas do acidente foi um erro do sargento Jomarcelo Fernandes,
controlador do Cindacta 1, de Brasília.
O controlador foi o único denunciado pelo Ministério
Público por homicídio doloso . Os controladores Lucivando
de Tibúcio Alencar e Leandro José dos Santos Barros, também
ouvidos nesta segunda pela CPI, foram denunciados por
homicídio culposo.
O Boeing se chocou com um jato Legacy no dia 29 de setembro
do ano passado, provocando a morte de 154 pessoas, todas
a bordo do avião da Gol. A crise do setor aéreo no país
começou no fim de outubro , depois que os controladores
de vôos iniciaram protestos contra o afastamento de colegas
para a realização de investigações sobre o acidente
- A causa do acidente foi humana, principalmente de Jomarcelo.
Eu não tenho dúvida de que ele cometeu uma falha que foi
decisiva. Os pilotos do Legacy também contribuíram decisivamente
- disse Demóstenes.
Durante o depoimento, Jomarcelo admitiu que ouviu do
piloto do Legacy, pouco antes deste passar por Brasília,
que a aeronave estava a 37 mil pés - a mesma rota do Boeing
- apesar de o sistema acusar 36 mil pés. O sargento, que
no momento monitorava outros quatro vôos, permitiu que
o jatinho continuasse na altitude de 37 mil pés.
O controlador negou, no entanto, que tenha cometido erros
ou dado pouca atenção à situação. Jomarcelo admitiu que
podem ter ocorrido falhas, mas culpou o sistema, que induziria
os militares ao erro:
“
O sistema induz ao erro, é falho, pisca, duplica aviões
”
- O sistema é falho, há sobrecarga de trabalho. Não confio
no sistema, e por isso o controlador deve estar sempre
à frente. O sistema induz ao erro, é falho, pisca, duplica
aviões. Eu trabalho sempre com uma carta na manga - disse
o sargento, que negou ainda ter problemas para se comunicar
em inglês.
- Ele nega que alguém tenha agido de forma proposital,
mas ficou evidente que ele teve informações de que o piloto
estava a 37 mil pés. Ele foi imperito - concluiu o relator
da CPI.
A sessão foi interrompida para o pronunciamento do presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se defendeu
das acusações de corrupção no plenário do Senado.
Parentes das vítimas do acidente da Gol levam reivindicações
a Tarso
Representantes da Associação dos Familiares e Amigos
das Vítimas do Vôo 1907 da Gol entregaram nesta segunda-feira
ao ministro da Justiça, Tarso Genro, um documento com
reivindicações sobre a atuação do governo no acidente
. Entre os pontos criticados por eles está o fato de os
pilotos do Legacy terem sido indiciados por homicídio
culposo e não doloso, e o "sumiço" de grande parte da
bagagem.
Segundo a vice-presidente da associação, Angelita de
Marchi, das seis toneladas de bagagem, apenas duas foram
devolvidas às famílias. Eles também pedem melhorias na
legislação e apoio a famílias que se encontram "desprotegidas"
após o acidente.
Jornal do Brasil
29/05/2007
Controlador complica-se em CPI
Leandro Mazzini
BRASÍLIA Pela primeira vez desde o acidente com
o avião da Gol com o jato Legacy, os controladores
de vôo responsáveis pelo monitoramento das
aeronaves apareceram em público, ontem, para depor
na CPI do Apagão Aéreo no Senado. Todos
os militares culparam os pilotos do jato Legacy e o sistema
implantado pela Aeronáutica - que consideram ainda
falho - pela tragédia que causou a morte de 154
pessoas no dia 29 de setembro do ano passado. O grupo
só prestou depoimento em público por uma
hora. A pedido do advogado deles, a CPI aceitou que a
segunda parte da sessão, depois das 17h, fosse
secreta.
O controlador que monitorava o Legacy, Lucivando Tibúrcio
de Alencar, reconheceu que notou irregularidades no caso
do transponder desligado (aparelho anti-colisão),
e teria buscado contato com os pilotos do Legacy, Jan
Paul Paladino e Joseph Lepore. O relator da CPI, Demóstenes
Torres (DEM-GO) lembrou, no entanto, que os pilotos tentaram
por sete vezes contato com o Centro Integrado de Defesa
Aérea e Controle de Tráfego Aéreo
(Cindacta) 1, de Brasília, antes do choque com
o avião da Gol. Acuado, Lucivando culpou os pilotos:
- O controlador deve fazer as correções
no plano de vôo, mas a iniciativa de mudar de altitude
é de responsabilidade dos pilotos. O controlador
apenas autoriza a mudança quando contatado.
Lucivando e outros dois controladores - Leandro José
Santos de Barros e Francisco Roberto Freire (que trabalha
no Cindacta 4, em Manaus) - foram denunciados semana passada
pelo Ministério Público do Mato Grosso por
crime culposo (sem intenção). Outro controlador
que chefiava o grupo em Brasília, Jomarcelo Fernando
dos Santos, foi denunciado por crime doloso (com intenção).
Segundo o MP, ele sabia que o Legacy voava em rota de
colisão. Os quatro depuseram ontem na CPI.
Em sua defesa, Jomarcelo apontou o software usado pela
Aeronáutica como o culpado.
- No momento em que o jato Legacy nos chamou, ele estava
a 37 mil pés de altitude. Não determinei
que ele descesse (a 36 mil pés) porque segui o
plano de vôo que estava definido. O sistema (tela)
me informava que o avião estava a 36 mil pés
- disse Jomarcelo. - Pelo conhecimento que eu tenho, o
software ainda é falho. O sistema mostrava 36 mil
pés, então eu não tinha o que questionar.
Ao fim dos depoimentos, Demóstenes acusou Jomarcelo
e os pilotos do Legacy pelo acidente:
- Não tenho dúvida de que o controlador
teve a falha mais grave por não ter determinado
o rebaixamento de 37 mil pés de altitude para 36
mil pés, insistindo que o jato ficasse na contramão
a partir de Brasília. Além disso, na hora
de transferir o turno não alertou o colega que
o substituiu - afirmou o relator da CPI.
Na semana passada, o presidente da Associação
Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo,
sargento Wellington Rodrigues, já havia declarado
na CPI da Câmara que o software implantando pela
Aeronáutica muda a altitude dos aviões na
tela automaticamente, conforme o plano de vôo cadastrado
- mesmo que o avião não altere a altitude.
Foi o que aconteceu no caso do Legacy, acusam os controladores.
A Aeronáutica negou que o sistema seja falho. Informou
que cada software instalado - responsável pela
transmissão de dados na tela - passa por seis meses
de teste antes de entrar em operação.
Jomarcelo não admitiu falha dos controladores
na tragédia. A Aeronáutica ainda vai abrir
Inquérito Policial Militar para apurar o caso.
Informou que não havia ainda dado início
ao procedimento porque aguardava a conclusão do
inquérito criminal encerrado pela Polícia
Federal há duas semanas. Ontem, o delegado que
presidiu o inquérito, Renato Sayão, estava
num canto da sala. Nos fundos, oficiais da Aeronáutica
anotavam cada palavra dos controladores.
O Dia
29/5/2007
CPI do Apagão Aéreo:
Militares culpam sistema
Controladores dizem que falhas
causaram acidente aéreo, mas não convencem
Brasília - Controladores de vôo que estavam
de serviço na hora do acidente com o Boeing da
Gol que matou 154 pessoas negaram nesta segunda-feira
responsabilidade sobre a colisão com o jato Legacy
e culparam as falhas do sistema pela tragédia ocorrida
no ano passado. As declarações foram feitas
à CPI do Apagão Aéreo do Senado.
As defesas não convenceram o relator, senador Demóstenes
Torres (DEM-GO), que vê falha humana no caso.
Três dos quatro depoentes foram denunciados na
última sexta-feira pelo Ministério Público
Federal de Mato Grosso. O principal acusado é o
sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos, responsável
pelo controle do Legacy no Cindacta I, de Brasília,
no dia 29 de setembro.
Jomarcelo reconheceu que não tem domínio
do inglês, mas negou que isso tenha atrapalhado
a comunicação com os pilotos americanos.
O militar admitiu que não deu ordem para o jato
baixar sua altitude para 36 mil pés, apesar de
ter deixado o Cindacta sem informar aos substitutos de
que o plano de vôo não estava sendo cumprido.
“A informação que tinha, no plano
de vôo, é que perto de Brasília deveria
estar em 360 (36 mil pés). Não tinha porque
pedir pra descer”, disse Jomarcelo, que se queixou
de trabalho excessivo.
Lucivando de Tibúrcio de Alencar e Leandro José
dos Santos outros controladores de Brasília e denunciados
pelo MPF, também citaram falhas técnicas
nos equipamentos, como nos radares.
Para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), houve
falha principalmente de Jomarcelo. “Ele alega que
houve falha do sistema. Acho que a falha foi dele mesmo.
Acho que ele deve sofrer muito com isso”, disse
o relator da CPI.
Outro controlador ouvido pela CPI foi Francisco Roberto
Agostinho, do Cindacta de Manaus, que acompanhava o vôo
da Gol e não foi indiciado pelo MPF. O comandante
do Cindacta I, Eduardo dos Santos Raulino, anunciou na
comissão que há estudo para melhorar a sinalização
do centro que será concluído em setembro.
Parentes entregam manifesto a ministro
Parentes das vítimas do acidente da Gol entregaram
nesta segunda ao ministro da Justiça, Tarso Genro,
um abaixo-assinado pedindo isenção nas investigações
do caso e precisão na apuração dos
fatos. O documento foi encaminhado pela vice-presidente
da Associação de Familiares e Amigos das
Vítimas do vôo GOL 1907, Angelita de Marchi,
em Brasília.
Tarso se prontificou a colaborar no que for possível
para atender as reivindicações das famílias.
Ele defendeu maior agilidade e transparência nas
investigações.
A vice-presidente da associação considerou
o encontro “extremamente positivo”. Netsa
terça, quando a tragédia completa oito meses,
os familiares farão ato para lembrar os mortos.
Serão plantadas 154 árvores no Jardim Botânico
de Brasília, em referência ao número
de passageiros e tripulantes da aeronave que caiu no floresta
no norte do Mato Grosso.
Mercado e Eventos
28/5 - 22:44
Varig terá quatro rotas para
Buenos Aires
A Varig inicia a partir do próximo domingo (03/06)
três freqüências entre Rio e Buenos Aires.
O anúncio dos novos vôos aconteceu durante
o evento "O Rio é de Vocês" que
terminou no último final de semana, em Buenos Aires.
Além disso, a Varig tem planos de passar a voar
com uma segunda freqüência para Frankfurt e
confirmou para o dia 16 o início das operações.
Site - www.ambito-juridico.com.br
28/05/2007 06h03
TST mantém adicional de periculosidade
Ribamar Teixeira
A Seção Especializada em Dissídios
Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho manteve
decisão em que a Varig – Viação
Aérea Rio Grandense foi condenada a pagar
adicional de periculosidade a um motorista que trabalhava
no transporte da tripulação. Ao negar provimento
a embargos da Varig, a SDI-1 reafirmou decisão
no mesmo sentido da Segunda Turma do TST, que, por sua
vez, havia confirmado o acórdão do Tribunal
Regional do Trabalho da 2ª Região (São
Paulo).
O caso é de um motorista que ajuizou ação
reclamando indenização referente ao período
em que trabalhou para a Varig no Aeroporto Internacional
de Guarulhos. Na sentença de primeiro grau, a empresa
foi condenada ao pagamento de diferenças salariais,
inclusive no que se refere ao adicional de periculosidade,
tendo em vista que o trabalhador se submetia a barulho
excessivo e operava em área de risco, próximo
ao local de abastecimento das aeronaves.
A empresa recorreu sucessivamente na tentativa de reformar
a sentença, pela qual teria que pagar 30% sobre
o salário, a título de adicional de periculosidade,
com reflexos sobre, férias, 13º, FGTS e outras
verbas indenizatórias. Não obtendo êxito
no âmbito do TRT, apelou ao TST, mediante recurso
de revista que não obteve conhecimento pela Segunda
Turma, em voto do ministro Vantuil Abdalla. Com o intuito
de rever essa decisão, ajuizou embargos à
SDI-1.
O relator da matéria, ministro Lélio Bentes
Corrêa, registrou, em seu voto, que a Segunda Turma
fez incidir a hipótese da Súmula 126 do
TST, que impede o reexame de provas em recurso de revista.
O ministro sustenta que a decisão do Tribunal Regional,
mantendo condenação ao adicional de periculosidade,
foi adotada mediante laudo pericial que constatou ser
o trabalho do reclamante, executado próximo às
aeronaves, atividade em área considerada de risco.
Lélio Bentes assinala que os embargos não
se justificam por violação ao artigo 193
da CLT, como pretendia a empresa. Ele ressalta que a tese
de que o empregado não desenvolvia atividades de
forma direta ou indireta no abastecimento de aeronaves
ficou à margem das premissas fáticas “soberanamente
lançadas no acórdão do Tribunal Regional”.
(E-ED-RR-14.658/2002-902-02-00.4).