:::::RIO DE JANEIRO - 29 DE MAIO DE 2006 :::::

Zero Hora
29/05/06
Socorro gaúcho à Varig deve ser decidido hoje
Se fechado, acordo com o Rio Grande do Sul será apresentado à Justiça americana para evitar arresto de aviões

O governo gaúcho anuncia hoje se fará um acordo com a Varig para devolver à empresa recursos do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que estão sendo discutidos na Justiça.

Ontem, o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig, disse que o leilão pode não sair em 5 de junho, como previsto, dependendo de soluções para o aporte de capital na empresa.

Se for fechado, o acordo com o Estado será apresentado pela Varig à Justiça dos Estados Unidos na quarta-feira para evitar o arresto de aeronaves, por causa de uma dívida de US$ 20 milhões. O secretário do Desenvolvimento, Luis Roberto Ponte, disse ontem que a área técnica do governo está analisando como fazer o acordo. O Estado não desembolsará recursos, devolverá créditos de ICMS que a Varig poderá negociar. O valor total da disputa judicial é de R$ 107 milhões, mas só uma parte, ainda não definida, será negociada.

O diretor de Controladoria e Relação com Investidores da Varig, Ricardo Bullara, reúne-se hoje com Ponte para acertar os detalhes jurídicos. Até agora, o Rio Grande do Sul é o único Estado a atender ao pedido de negociação feito pelo diretor-presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, e parlamentares.

- Trabalhamos em várias frentes, como a viabilização do acordo com o governo gaúcho - disse Marcelo Gomes, diretor da Alvarez & Marsal, consultoria contratada para recuperar a empresa.

As informações da Varig estarão disponsíveis a partir de quarta-feira. O data room ficará aberto até domingo na sede da Varig. Há 18 pré-cadastrados para o leilão, inclusive aéreas nacionais e internacionais.

Fôlego maior
A Varig discute na Justiça com 15 Estados a cobrança de ICMS nas operações de prestação de serviços de transporte aéreo de passageiros.
O acordo que está sendo costurado pelo governo gaúcho com a Varig é semelhante ao assinado pelo Rio em 2004. Prevê a restituição dos valores em créditos de ICMS que a empresa poderá negociar com seus credores. Em troca, a empresa aceita receber 25% menos, em 90 meses de prazo, com mais um ano de carência.
O principal interesse da Varig no acordo com o Estado é usá-lo como garantia para convencer o juiz do Tribunal de Nova York Robert Drain a não autorizar o arresto de aeronaves solicitado por empresas de leasing. Desde junho de 2005 a Varig atrasa o arrendamento. A dívida vencerá no final do mês e soma US$ 20 milhões (R$ 44 milhões).


O Globo
29/05/06 - Versão Impressa
Juiz ainda pode mudar data do leilão da Varig
Mariza Louven e Luciana Calazans

RIO e BRASÍLIA.O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8 Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig, vai analisar hoje o edital de convocação do leilão da companhia, previsto para ser publicado amanhã. A informação foi dada pelo diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes. O documento fixa as regras para o pregão, que foi antecipado do dia 9 de julho para 5 de junho. Mas Ayoub disse ontem que a data ainda pode ser alterada, dependendo da solução para questões como o aporte de capital de que a empresa necessita.

O leilão foi antecipado porque não houve qualificados para intermediar o empréstimo-ponte oferecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à empresa. E fracassaram as negociações junto a investidores em condições de injetar recursos na companhia.

‘Data-room’ da empresa será aberto na quarta-feira

Segundo Gomes, a antecipação do processo visa a dar mais confiança aos credores e até influenciar positivamente a Justiça dos Estados Unidos. Na próxima quarta-feira, a Corte de Nova York julga o pedido de arresto de aviões da empresa. Uma liminar dada pelo juiz Robert Drain, de Nova York, protege a Varig de arrestos até aquela data, mas pode não ser renovada. Ainda no dia 31 vence o acordo com a BR, responsável pelo fornecimento de combustíveis à Varig.

— Temos certeza de que a BR, a Infraero e outros credores vão sentar para negociar — afirmou Gomes.

Muitos integrantes da equipe envolvida no processo de salvação da empresa trabalharam durante todo o fim de semana na elaboração do edital e nas informações a serem colocadas à disposição dos investidores no data-room . Gomes disse que técnicos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também trabalharam com a Varig para informar as rotas disponíveis no leilão.

— Trabalhamos em várias frentes, como a viabilização do acordo de ICMS com o governo do Rio Grande do Sul — disse.

Todas as informações sobre a Varig e seus ativos estarão acessíveis a partir de quarta-feira. A sala do data-room ficará aberta diariamente, até o próximo domingo, das 8h30m às 23h30m, no Bloco A da sede da Varig, no Rio, disse Gomes.

O edital fixará preços mínimos para as duas modalidades de venda: a operação doméstica, por US$ 700 milhões (R$ 1,58 bilhão); e a empresa completa, incluindo a atividade internacional, por US$ 860 milhões (R$ 1,94 bilhão).

Já existem 18 interessados, incluindo estrangeiros

Entre os 18 pré-cadastrados para o leilão, estão companhias aéreas nacionais e internacionais, além de investidores. Gomes afirmou que um deles é o russo Boris Berezovsky, dono de fortuna avaliada em US$ 10 bilhões. O empresário se reuniu com a equipe da Alvarez & Marsal há cerca de dois meses, para saber detalhes da operação.

A participação do BNDES, garantindo financiamento de dois terços do valor da venda, reduz o desembolso necessário e viabiliza a entrada de investidores de menor porte, acrescenta Gomes.


O Estado de São Paulo
29/05/06
Vasp vota plano para voltar a voar
Amanhã, assembléia de credores decide plano de recuperação; empresa tem ativos avaliados em R$ 6,8 bi
Mariana Barbosa

Sem voar desde janeiro de 2005, a Vasp está no centro de uma disputa bilionária. Um estudo que acaba de ser concluído calcula em R$ 6,48 bilhões o patrimônio da empresa, entre prédios, aviões e ações que correm na Justiça e que podem ter decisão favorável à empresa.

Amanhã de manhã, credores da companhia vão se reunir em assembléia para votar um plano de recuperação judicial. Da assembléia, pode sair uma decisão sobre o destino para os recursos e, eventualmente, um reforço na tentativa de fazer a Vasp voltar a voar.

O plano de recuperação judicial prevê a separação da empresa em duas: uma parte operacional e outra para administrar os ativos e as dívidas da companhia.

A parte que ficará com os ativos e dívidas terá nove Fundos de Investimentos e Participações (FIPs). Os credores poderão trocar dívidas por cotas dos fundos, que terão ativos, incluindo de imóveis a eventuais créditos obtidos na Justiça.

Por exigência dos credores, a Vasp contratou um escritório de auditoria especializado em perícias judiciais, Jharbas Barsanti, para elaborar um estudo detalhado sobre a situação patrimonial.

O estudo dá conta de um patrimônio de R$ 6,48 bilhões. No entanto, do total de ativos, apenas R$ 1,8 bilhão é tangível - móveis, aviões, turbinas, máquinas, veículos, entre outros. O resto é decorrente de ações judiciais, algumas com decisões favoráveis, outras ainda não.

O tamanho da dívida da empresa ainda é motivo de grande discussão. Enquanto a Vasp reconhece que deve R$ 3 bilhões, pela conta dos credores o rombo chega a R$ 5 bilhões.

"O patrimônio líquido é positivo e a companhia tem ativos suficientes para saldar suas dívidas", afirma Medeiros. "É uma situação econômica melhor do que a da Varig, que além de tudo perde dinheiro a cada dia."

Os mais de 3 mil credores trabalhistas, que brigam por R$ 900 milhões, devem votar a favor do plano de recuperação judicial. "Fizemos algumas sugestões de modificação ao plano, mas não acredito que os trabalhadores votarão contra", afirma o aeronauta Marco Reina, representante dos trabalhadores no comitê de credores.

"Estamos confiantes que vamos aprovar o plano", completa o diretor presidente interventor da Vasp, Raul de Medeiros. Pela lei de recuperação judicial, a não aprovação do plano significa a falência da companhia.

De acordo com consultoria Tendências, responsável pela elaboração do plano junto com o escritório de advocacia Wald Associados, a "probabilidade" de a empresa vencer a ação judicial contra a União por perdas provocadas por planos econômicos, com valor estimado em R$ 2,5 bilhões, "justifica, por si só, a implementação do plano para a empresa".

OPERAÇÃO

Caso a empresa consiga aprovar o plano de recuperação, o passo seguinte será buscar investidores para dar início a retomada das atividades. A empresa quer voltar a transportar passageiros e carga até o final do primeiro trimestre do ano que vem. A intenção é montar uma frota de 10 a 12 aeronaves até o fim do primeiro ano. Quanto de investimento seria necessário para tanto, Medeiros não revela. "É prematuro, depende de uma série de variáveis, como tipo de aeronave, por exemplo."

A empresa terá de fazer um investimento importante em marketing, para resgatar sua imagem. "Claro que teremos que investir em imagem. Mas o desgaste maior está concentrado no Sudeste, em São Paulo. No Nordeste e no Norte a empresa ainda tem uma imagem muito boa", afirma Medeiros.

Hoje a Vasp conta com 380 funcionários e mantém uma operação mínima de prestação de serviços de manutenção para terceiros. A empresa tem um contrato com a BRA e negocia outro com a V-Log, ex-subsidiária de cargas da Varig. Outra fonte de receita são aluguéis de imóveis, que estão espalhados por todo o País.


O Estado de São Paulo
29/05/06

De longe, Canhedo acompanha os passos da empresa

Afastado da administração da Vasp por decisão judicial, Wagner Canhedo ainda é uma peça chave no destino da empresa. O empresário não deve comparecer à assembléia de credores amanhã, mas tem operado nos bastidores. Conversa com alguns credores e sabe de tudo que está acontecendo na empresa. Como principal acionista, qualquer operação de alienação de controle depende de sua anuência.

A amigos, Canhedo tem repetido que sua intenção é sair do negócio de aviação. No entanto, diz um interlocutor, não pretende sair de mãos abanando. "No mínimo quer livrar seus bens, que estão indisponíveis." Diante da série de escândalos envolvendo a gestão Canhedo na Vasp é de se esperar que sua saída seja uma condição para atrair novos investidores. "Não estaríamos nessa luta se houvesse qualquer perspectiva de Canhedo voltar", diz um funcionário.


O Globo
28/05/2006 - 23h10m
Varig: juiz analisa edital e decide se leilão será no dia 5 de junho

Mariza Louven, Luciana Calaza e Geralda Doca - O Globo


RIO e BRASÍLIA - O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig, vai analisar nesta segunda-feira o edital de convocação do leilão da companhia, previsto para ser publicado terça-feira. A informação foi dada pelo diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes.

O documento fixa as regras para o pregão, que foi antecipado do dia 9 de julho para 5 de junho. Mas Ayoub disse neste domingo que a data ainda pode ser alterada, dependendo da solução para questões como o aporte de capital de que a empresa necessita.

O leilão foi antecipado porque não houve qualificados para intermediar o empréstimo-ponte oferecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à empresa. E fracassaram as negociações junto a investidores em condições de injetar recursos na companhia.

Segundo Gomes, a antecipação do processo visa a dar mais confiança aos credores e até influenciar positivamente a Justiça dos Estados Unidos. Na próxima quarta-feira, a Corte de Nova York julga o pedido de arresto de aviões da empresa. Uma liminar dada pelo juiz Robert Drain, de Nova York, protege a Varig de arrestos até aquela data, mas pode não ser renovada. Ainda no dia 31 vence o acordo com a BR, responsável pelo fornecimento de combustíveis à Varig.

- Temos certeza de que a BR, a Infraero e outros credores vão sentar para negociar - afirmou Gomes.