O
Estado de São Paulo
29/03/2007
Gol compra a Varig em negócio
que deve chegar a US$ 320 milhões
Empresa diz que vai manter a marca
Varig em uma operação independente e vai dobrar
a frota para 34 aviões
Mariana Barbosa, Leonencio Nossa e Tânia
Monteiro
A Gol anunciou ontem a compra da nova Varig
por US$ 320 milhões. A empresa desembolsou US$ 275
milhões, com a entrega de 3% de suas ações
e 10% de recursos de seu próprio caixa. O restante,
R$ 100 milhões, corresponde a uma obrigação
de honrar uma dívida feita por meio de debêntures
pela nova Varig. Ontem, as ações da Gol subiram
6,24% na Bovespa.
O empresário 'Nenê' Constantino
Oliveira disse, em entrevista, que o próprio presidente
Luiz Inácio Lula da Silva lhe pediu há seis
meses para 'salvar' a Varig. Minutos antes, Oliveira esteve
com Lula no gabinete do terceiro andar do Palácio
do Planalto para comunicá-lo da compra da Varig.
A Gol informou ao governo que vai manter
o programa de milhagem da Varig e garantiu que vai administrar
as duas empresas separadamente, o que facilitaria a aprovação
da compra pela Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac).
Ao lado de Constantino Oliveira, estava
o advogado Roberto Teixeira. 'Só cuidei da parte
jurídica', disse Teixeira ao ser questionado sobre
a participação na compra da Varig pela Gol.
Teixeira já foi advogado da Transbrasil.
O presidente da Anac, Milton Zuanazzi,
sinalizou que a negociação envolvendo as duas
companhias aéreas poderá ser aprovada pela
agência em até dois meses. Ele disse que, durante
a audiência, Lula pediu rapidez na análise
da compra da Varig. 'O presidente pediu que a Anac analisasse
o mais breve possível a negociação
para podermos oficializar a transferência de ativos',
afirmou.
'A Gol vai manter as empresas em concorrência,
com linhas gerenciais próprias', observou. 'Nesse
sentido, as primeiras palavras da Gol são bem vindas.'
Filho de Constantino Oliveira e atual presidente da Gol,
o empresário Constantino Júnior disse que
o valor de compra da Varig foi superior ao preço
pelo qual a companhia foi comprada em julho de 2006 pela
VarigLog por causa de uma série de investimentos
que teriam sido feitos. Única participante do leilão,
a VarigLog pagou US$ 24 milhões pela companhia.
'A Varig operava com dois aviões
na época e hoje opera com 16 aviões', disse
Constantino Júnior. O leilão ocorreu três
meses antes da suposta conversa de Constantino Oliveira
com o presidente Lula.
A aquisição foi feita por
meio de uma subsidiária da Gol, a GTI S/A. A Gol
afirmou que manterá a marca Varig tanto no mercado
doméstico quanto no internacional. A intenção
é manter posicionamentos distintos para cada marca.
A Varig terá um foco mais de negócios,
com serviços diferenciados e o programa de milhagem
Smiles, que conta com uma base de 5 milhões de clientes.
No mercado doméstico, a Varig concentrará
suas operações nos aeroportos de São
Paulo e Rio de Janeiro, com vôos diretos para as principais
capitais. Dentre os destinos internacionais, a Varig fará
vôos de longo curso para Europa (Frankfurt, Londres,
Madrid, Milão e Paris)e América do Norte (Miami,
Nova York e Cidade do México).
Na América Latina, região
onde a Gol atua agressivamente, a Varig se concentrará
nos maiores mercados (Buenos Aires, Santiago, Bogotá
e Caracas), com vôos diretos e classes econômica
e executiva. No novo modelo de negócios internacionais
da Varig, a primeira classe será suprimida. A Gol
manterá seus vôos para a Argentina, Bolívia,
Chile, Paraguai, Peru e Uruguai, apenas com classe econômica.
No comunicado divulgado ontem, a Gol não
fala em prazos, mas diz que pretende ampliar a frota da
Varig de 17 para 34 aviões. No mercado doméstico,
as duas companhias vão operar apenas com Boeings
737. A Varig já possui 15 jatos desse modelo e receberá
outros 5. Para retomar as rotas internacionais, a Varig
ganhará 14 Boeings 767.
Juntas, Gol e Varig terão 44,83%
do mercado doméstico, 2,5 pontos porcentuais a menos
que a TAM, considerando dados de fevereiro. Somando os mercados
doméstico e internacional, as duas empresas transportaram
20 milhões de passageiros no ano passado, ante 25
milhões da líder TAM.
Com apenas seis anos de vida, a Gol registrou
no ano passado um faturamento de R$ 3,8 bilhões e
lucro de R$ 684,5 milhões. Margem superior à
da TAM, que faturou R$ 7,7 bilhões e obteve um lucro
de R$ 556 milhões.
A Gol disputou a Varig com a LAN. A companhia
chilena chegou a fazer um empréstimo de US$ 17,1
milhões para a Varig em janeiro, operação
passível de ser convertida em ações.
A TAM chegou a analisar a possibilidade de uma aquisição,
mas desistiu por temer a possibilidade de sucessão
de dívidas da Varig velha.
CRONOLOGIA
DA VARIG
1995:
Derrocada
Último ano em que a Varig registra lucro
1999:
Encolhimento
Suspende vôos regulares ao exterior e devolve 12 aviões
2003:
Tentativa
Code share com a TAM, que
durou até 2005
2005:
Justiça
Empresa entra em recuperação judicial, pela
nova Lei de Falências
2006:
Leilão
É vendida em leilão para o Matlin Patterson,
por US$ 24 milhões
2007:
Ato final
Passa ao controle da Gol, em um negócio de US$ 320
milhões
O Estado de São Paulo
29/03/2007
Operação terá
de passar pelo Cade
Pequena participação
de mercado da Varig pode facilitar aprovação
Isabel Sobral e Fabio Graner
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou
positiva a compra da Nova Varig pela Gol. 'A Gol é
uma empresa sólida e creio que ela vai reabrir linhas
da Varig que estavam desativadas. A Varig fez falta por
conta das linhas, sobretudo internacionais, que foram desativadas',
disse o ministro.
Nenhum integrante do Conselho Administrativo
de Defesa Econômica), ou das Secretarias de Direito
Econômico (SDE) ou de Acompanhamento Econômico
(Seae), que terão de dar pareceres sobre o negócio,
quis ontem antecipar qualquer comentário sobre a
operação para evitar acusações
de pré-julgamento. Mas, em princípio, a avaliação
geral é que a fusão não deverá
representar riscos à concorrência pois a Nova
Varig tem hoje uma participação muito pequena
no mercado.
Obrigatoriamente, o negócio ainda
terá de ser julgado sob o ponto de vista da concorrência
porque a lei antitruste brasileira determina que qualquer
fusão envolvendo empresas com mais de 20% de um mercado
ou que faturem mais de R$ 400 milhões por ano no
Brasil tem de ser submetida ao Cade. O julgamento, no entanto,
não precisa ser prévio à conclusão
da negociação.
Por lei, as empresas têm até
15 dias, a contar da assinatura do primeiro contrato, para
registrar a aquisição no sistema brasileiro
de defesa da concorrência. A SDE e a Seae farão
uma análise conjunta dos impactos na concorrência
dessa operação e pedirão à Anac
um parecer sobre a fusão por se tratar de um setor
regulado.
A Anac informou ontem que o negócio
não foi ainda protocolado na agência. A Anac
terá de fazer uma análise técnica prévia
da operação para que as ações
da nova Varig sejam efetivamente transferidas.
Ainda ontem,o Cade aprovou a operação
realizada oito meses antes, na qual a Varig foi vendida
para a VarigLog.
O Estado de São Paulo
29/03/2007
Fundo não investiu
na empresa
Matlin Patterson falava em ficar
5 anos na companhia
Apesar de todos os esforços para
salvar a Varig, a companhia não decolou. Desde que
foi adquirida pela VarigLog e pela Volo, em julho do ano
passado, com capital do fundo de investimentos americano
Matlin Patterson, a nova Varig não passou de uma
promessa.
A companhia tentou fisgar o passageiro
pelo bolso, com descontos nas passagens, e também
pelo estômago, com serviço de bordo que incluía
hambúrguer de picanha e sorvetes. Mas com a falta
de opções de destinos e freqüências,
a participação de mercado nunca passou de
5%.
Fontes do setor revelam que a companhia
estava perdendo cerca de US$ 20 milhões por mês.
O grande problema da empresa era a falta de aviões.
Durante os quatro meses primeiros meses após o leilão,
os novos controladores diziam que não conseguiam
avião pois a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) estava demorando para conceder o certificado
de homologação de empresa aérea, o
Cheta. O documento saiu em dezembro, mas os aviões
e os investimentos prometidos não apareceram. Por
essa época, o fundo Matlin - que inicialmente falava
em ficar no negócio por cerca de cinco anos - já
tinha decidido não mais aportar recursos. A intenção
era vendê-la para um investidor que fosse também
operador.
'Desde que a Varig foi comprada, o mercado
não ouviu nenhuma estratégia clara do que
seria feito para reerguê-la. A nova Varig ficou perdida.
Ela não tinha credibilidade e por isso não
conseguia crédito para fazer leasing de aviões',
diz a analista de aviação do Banco Brascan,
Mel Fernandes.
Para o professor do Ibmec-SP Sérgio
Lazzarini, os investidores nunca mostraram comprometimento
com o negócio. 'Eles queriam mesmo era a VarigLog.'
O Estado de São Paulo
29/03/2007
Programa de milhagem Smiles será
mantido
Para entidades de defesa do consumidor,
é importante que compromissos sejam honrados e linhas,
mantidas
Ana Paula Lacerda e Marianna Aragão
A Gol anunciou que manterá o programa
de milhagem Smiles da Varig, que tem uma base de 5 milhões
de clientes. Em rotas internacionais de longa distância
ou de alto tráfego, a Varig oferecerá classes
econômica e executiva. No mercado doméstico,
operará com classe única.
'É importante para o consumidor
que todos os compromissos assumidos, como as milhagens,
sejam honrados', diz a coordenadora institucional da Pro
Teste (organização de defesa do consumidor),
Maria Inês Dolci. Ela diz que, a princípio,
a aquisição da Varig pela Gol não é
boa para os consumidores. 'Concentração de
mercado é ruim, porque o poder de escolha do consumidor
diminui e os preços tendem a subir.'
O mais correto para ela, no momento, é
que a Gol mantenha as linhas da Varig funcionando, mesmo
aquelas em que a própria Gol já atua. 'Eles
não devem restringir um mercado que já oferece
poucas opções. Nesse momento de transição
as empresas não devem deixar ainda mais difícil
a vida do consumidor que viaja de avião.'
Para o coordenador de ações
judiciais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(Idec), Paulo Pacini, não deve haver redução
das linhas em que as companhias operam. Ele diz que todas
as linhas operadas pelas empresas aéreas são
concessões públicas e, 'em tese', não
podem ser reduzidas, já que isso significaria uma
piora do serviço público. 'Por todos os princípios
da administração pública, isso não
pode ser permitido.'
A Anac é responsável por
fiscalizar a manutenção das rotas. 'Mas não
há confiança na atuação eficaz
da Anac, diante de todo o histórico da agência
nesta crise do tráfego aéreo', afirmou Pacini.
A diferenciação no serviço
de bordo oferecido pelas duas empresas também deve
ser mantido, na avaliação de Pacini. Assim,
os aviões da Gol - que opera com o conceito de baixo
custo e oferece apenas barrinhas de cereais durante os vôos
- não poderão receber passageiros que tenham
comprado passagens da Varig. 'Se o consumidor optou por
uma empresa que tem serviço de bordo diferenciado,
deve ter sua escolha respeitada.'
Apesar de afirmar que ainda é cedo
para se avaliar a aquisição, o coordenador
do Idec diz que a tendência é o consumidor
sair prejudicado. 'Quando há concentração
do mercado, há menos concorrência, e neste
caso, menos rotas. Quem perde, sempre, é o consumidor.'
O Idec informou que ainda não teve
acesso às cláusulas do contrato que definiu
a aquisição da nova Varig, mas que deve analisá-lo
em breve. 'Estamos acompanhando de perto a crise no sistema
de aviação civil e vamos continuar fiscalizando
os movimentos do setor', disse Paulo Pacini.
Para o analista Paulo Bittencourt Sampaio,
é muito provável que a companhia volte a fazer
parte de uma aliança internacional, como a Star Alliance.
Jornal do Brasil
29/03/2007
Gol vira dona da nova Varig
Brasília. Apontada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva como marco inicial do apagão
aéreo, a crise da Varig ganhou um novo capítulo
ontem. Em uma operação que chegou à
cifra de R$ 660 milhões, a Gol, segunda maior companhia
aérea do país, comprou por R$ 660 milhões
a VRG Linhas Aéreas, a nova Varig. O negócio,
o maior já realizado na aviação civil
brasileira, ainda não colocou a Gol na liderança
do mercado, mas deu à empresa mais condições
de disputar o posto de número um do país com
a TAM, a primeira no ranking nacional da aviação
civil. Juntas, Gol e Varig terão 20 milhões
de passageiros.
Para efetivar a compra, a Gol irá
desembolsar US$ 98 milhões de dinheiro próprio,
valor que representa menos de 10% do caixa da empresa. Além
disso, vai entregar aos controladores da Varig 3% de suas
ações totais (valor de R$ 340 milhões)
e honrar emissão de R$ 100 milhões de debêntures
assumidas pela empresa.
A aquisição da Varig será
realizada pela GTI S.A, uma subsidiária da Gol. Neste
primeiro momento, as duas empresas serão independentes
e terão modelos de negócio diferenciados.
Enquanto a Gol seguirá no mercado de aviação
de baixo custo e baixa tarifa, a Varig oferecerá
serviços diferenciados e vôos diretos. Em rotas
internacionais de longa distância, a Varig oferecerá
duas classes, econômica e executiva. Nas rotas nacionais,
a Varig irá priorizar os principais centros econômicos
do país, especialmente, Rio de Janeiro e São
Paulo.
- A Gol e a Varig juntas, por meio de mais
eficiências geradas ao mercado e aos consumidores,
estarão prontas a assumir a liderança do mercado
doméstico brasileiro e internacional das companhias
brasileiras - informa comunicado divulgado ontem pela Gol.
A marca Varig será mantida, assim
como o programa de milhagem da companhia. Atualmente, a
Varig possui 17 aviões em regime de leasing. A Gol
pretende dobrar a frota da Varig, o que permitirá
à empresa voltar a operar mais de 10 destinos internacionais.
Hoje a Varig atua em 14 rotas nacionais e quatro internacionais.
Já a Gol tem 66 aviões próprios e voa
para 56 destinos nacionais e internacionais.
A operação de compra ainda
precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac). As ações
da Gol subiram 4,17% ontem na Bolsa de Valores de São
Paulo com o prenúncio do negócio. A Comissão
de Valores Mobiliários (CVM) vai apurar se houve
ganhos nas ações com uso de informações
privilegiadas.
A VRG Linhas Aéreas pertencia à
Varilog, que, há pouco mais de oito meses, adquiriu
a companhia em leilão por US$ 24 milhões.
Ontem, o presidente da empresa, Guilherme Laager, disse
que a proposta da Gol "foi a melhor para o futuro da
companhia.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou
que a compra foi "positiva".
- A Gol é uma empresa estruturada
e tem condições de reativar as linhas, sobretudo
as internacionais, melhorando as condições
para os passageiros - disse.
O vice-presidente, José Alencar,
também elogiou o negócio.
- Eu penso que essa pode ser uma boa notícia
para o Brasil porque abre espaço para que a Varig,
que tem um grande nome, volte a fazer as linhas internacionais
e com administração segura - declarou.
Ao fechar o negócio com a Gol, a
Nova Varig descartou uma fusão com a LAN Chile, empresa
que injetou US$ 17 milhões na companhia brasileira
no final de janeiro. Por ser estrangeira, a aérea
chilena tinha preferência de comprar 20% do capital
da Nova Varig. Procurada ontem, a LAN não se manifestou.
Jornal do Brasil
29/03/2007
Advogado amigo de Lula articulou negócio
Karla Correia
BRASÍLIA.O pedido do presidente
Lula para que a Gol comprasse a Varig não é
o único detalhe curioso do maior negócio realizado
na aviação civil brasileira. O advogado e
compadre do presidente, Roberto Teixeira, foi um dos articuladores
da operação. Ontem, Teixeira acompanhou os
donos da Gol na visita que fizeram ao Palácio do
Planalto para anunciar a Lula o fechamento do negócio.
Após deixar o encontro com o presidente,
o empresário Constantino Júnior explicou os
motivos que levaram a Gol a pagar um valor muito superior
ao que foi pago pela Varilog, no ano passado, para adquirir
a Varig.
- É preciso ressaltar que houve
um investimento importante por parte do antigo acionista.
A Varig saiu de dois aviões, na época do leilão,
e hoje opera com 17 - explicou.
O empresário também disse
que a operação não envolve risco de
concentração de mercado.
- A Gol e a Varig serão empresas
administradas com independência, que competirão
entre si, inclusive atraindo novos clientes com suas vocações
específicas. Cada uma atua para atrair um público
determinado.
A compra da Varig, que se manterá
como marca independente, foi feita por uma subsidiária
da Gol, a GTI S.A. A manobra evitará que os bilionários
passivos trabalhistas, previdenciários e tributários
da Varig pesem sobre o caixa da Gol.
A operação comercial foi
desenhada por Roberto Teixeira, que trabalhou em conjunto
com o dono da Gol, Nenê Constantino. As duas empresas
acertaram a compra há, pelo menos, oito dias, quando
marcaram a audiência com o presidente Lula.
Segundo o presidente da Anac, Milton Zuanazzi,
a agência deve se manifestar sobre a compra dentro
de dois meses.
Ontem mesmo manifestou-se informalmente
o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos
Pereira.
- Não acho a melhor solução
- criticou.
Jornal do Brasil
29/03/2007
Associação de
juízes pede fim de CPI
Renan Antunes
A Associação dos Magistrados
do Rio de Janeiro (Amaerj) pediu ao Tribunal de Justiça
do Estado para acabar com a CPI da Assembléia Legislativa
(Alerj) que investiga a venda da Varig, em leilão
judicial, para o fundo americano Matlin-Patterson. O negócio
foi de US$ 24 milhões, mas desempregou 9 mil famílias
e lesou 20 mil credores. Ontem, oito meses depois da compra,
o fundo revendeu a companhia para a Gol por US$ 320 milhões.
A Amaerj alegou a independência do
Judiciário para tentar suspender a sessão
de hoje da CPI, prevista para interrogar diretores da Varig
e do fundo Aerus. O desembargador Gamaliel de Souza, relator
do processo, não concedeu liminar de suspensão.
Assim, a CPI prosseguirá até que o Tribunal
de Justiça decida sobre o mérito do pedido.
O presidente da CPI, deputado Paulo Ramos
(PDT), confirmou a realização dos interrogatórios.
Ele disse que "o Legislativo tem o dever de investigar
o negócio que afetou as vidas das famílias
dos trabalhadores demitidos, ainda mais agora que se sabe
desta nova transação milionária".
O pedido de supensão da CPI foi
protocolado no TJ sexta-feira, um dia depois que o ex-administrador
judicial João Cysneiros Vianna foi ouvido na comissão.
Ele disse que sua condição era desrespeitada
pela Varig e que alertara os juízes, mas que seus
alertas foram inúteis.
A Alerj investiga o processo de recuperação
judicial que corre na 1ª Vara Empresarial do Rio, cujo
titular é o juiz Luiz Roberto Ayoub, autor da decisão
que culminou na venda para o fundo americano.
No primeiro leilão judicial, uma
empresa formada pelos empregados foi a vencedora, dando
como garantia créditos trabalhistas. O juiz cancelou
a venda e determinou novo leilão, então vencido
pelo fundo americano.
O comandante Marcelo Duarte, presidente
da Associação dos Pilotos, disse que "a
venda para a Gol deixa evidente que houve marmelada. A anulação
do leilão vencido pelos empregados foi feita para
beneficiar os investidores estrangeiros".
A Amaerj não quer o juiz da causa
depondo.
Valor Econômico
29/03/2007
Com a Varig, Gol fará vôos
de baixo custo ao exterior
Vanessa Adachi, Roberta Campassi,
Daniel Rittner e Catherine Vieira
A ousadia da Gol, que ontem anunciou a
compra da "nova" Varig por US$ 320 milhões,
teve duas razões estratégicas. A empresa vai
assumir todos os horários de pousos e decolagens
("slots") que a Varig detém em Congonhas,
o principal aeroporto do país. No ano passado, a
TAM registrou 3,012 milhões de embarques em Congonhas,
48% do total. Somando a posição da Varig e
da Gol em 2006, chega-se a 2,93 milhões de embarques
- 2,16 milhões da Gol e 763 mil da Varig.
A segunda razão é que a
Gol vai usar a estrutura da Varig para lançar uma
companhia aérea de baixo custo especializada em vôos
internacionais de longo curso, notadamente para Europa e
América do Norte. Ela segue a tendência de
outras "low cost", como Ryanair e Virgin Blue.
Depois de abocanhar o mercado de vôos domésticos
ou continentais, as aéreas de baixo custo, com volumosos
recursos em caixa, começaram a perceber que podem
aplicar seu modelo para conquistar também o mercado
internacional. Para isso, usam subsidiárias específicas,
o que reduz o risco de contaminação do modelo
de negócios da empresa-mãe.
A Gol precisava da Varig para implantar
esse modelo. Embora mantenha vôos apenas para Frankfurt,
a Varig ainda tem autorizações válidas
para aterrissar em Paris, Londres, Madri, Milão,
Nova York e Miami. Essas autorizações são
difíceis de obter e não se transmitem de uma
empresa para outra. Quando uma companhia perde o direito
de usar determinado horário de pouso e decolagem
em um aeroporto internacional, esse direito migra para a
primeira empresa que esteja à espera, independentemente
do país de origem.
A "nova" Varig opera atualmente
17 aeronaves. A Gol já anunciou que dobrará
sua frota para 34 jatos, sendo 20 Boeing 737 e 14 Boeing
767.
O negócio, no entanto, pode esbarrar
em obstáculos jurídicos. Para especialistas,
são grandes os riscos de o comprador herdar dívidas
da ordem de R$ 7 bilhões, principalmente se a "velha"
Varig falir. A Lei de Falências estabelece
que não haverá sucessão tributária
e trabalhista se o plano de recuperação judicial
envolver a venda de filiais ou
de unidades produtivas isoladas do devedor.
No caso da Varig, porém, o que está em questão
é avaliar se o leilão representou a venda
de uma unidade isolada da principal.
O Globo
29/03/2007
Ancelmo Góis
O negócio do "china"
I
Estava escrito nas estrelas. Desde dezembro
de 2005 quando o Matlin Patterson, sob o comando do chinês
Lap Wai Chan, 40 anos, comprou a VarigLog e depois a Nova
Varig, se sabia que o fundo americano mais cedo ou mais
tarde pularia fora.
Afinal o Matlin Patterson é agressivo
- seus detratores dizem que eles são um "fundo
abutre" - cuja especialidade é comprar empresas
na UTI e depois, que elas têm alta hospitalar, passam
adiante.
O negócio
do "china" II
Em tempo: o Matlin Patterson pertence aos
senhores Matlin e Patterson. Mas o chinês Chan, pequeno
acionista do fundo, foi escalado para cuidar da operação
Varig também por outra razão, que ele explicou
certa vez:
- Sou chinês, mas meus pais são
brasileiros, naturalizados aqui. Eles continuam morando
no Brasil. Meus irmãos também. Eu, infelizmente,
decidi há 17 anos estudar lá fora, onde fui
fazer minha faculdade. Trabalhei fora 20 e poucos anos.
E só recentemente fui trazido para explorar a oportunidade
da Varig.
O negócio
do "china" III
Antes da Gol, o chinês flertou com
duas estrangeiras: Air Canadá e Lan Chile. Em ambos
os casos, houve resistência do governo Lula - e também
da TAM e da Gol - contra a entrada de estrangeiros no mercado
doméstico, mesmo que as participações
ficassem abaixo dos 20% permitidos pela legislação.
Nos dois casos seria uma solução
rápida para o problema maior da Nova Varig: a falta
de aviões para ocupar as linhas. É que as
empresas de leasing cortaram o crédito depois do
calote da velha Varig.
O negocio
do "china" IV
A Air Canadá, por exemplo, poderia
deslocar alguns modelos 767-200 que estavam para ser retirados
de operação no seu país.
A Lan Chile, que pertence a família
de Sebastián Piñera, candidato derrotado nas
últimas eleições chilena, além
de emprestar à Varig US$ 17,1 milhões, tinha
condições em curto espaço de tempo
de também deslocar aviões para a operação
brasileira.
O negócio
do "china" V
Ao torpedear uma associação
da Varig com empresas estrangeiras o governo brasileiro
não está só. A Europa e até
mesmo os Estados Unidos - a economia mais aberta do mundo
- não abrem seu mercado doméstico para empresas
de bandeira estrangeira. Gringo só nas linhas internacionais.
Na Copa do Mundo da França, em 1998,
a Varig teve de deixar a seleção brasileira
em Paris. Os deslocamentos internos de jogadores e comissão
técnica para Lyon, por exemplo, tinham de ser feitos
por empresas de bandeira francesa.
Folha de São Paulo
29/03/2007
Empresa pode herdar dívida
da "Varig antiga"
A Gol corre o risco de herdar as dívidas
da Varig antiga, segundo advogados especializados ouvidos
pela reportagem. Segundo o Ministério Público
do Trabalho, milhares de funcionários demitidos pela
companhia continuam sem receber rescisão ou salários
atrasados.
"Se a Gol comprar a Varig, vai ter que pagar a conta
de quem não recebeu até hoje", afirma
Rodrigo Carelli, procurador do Ministério Público
do Trabalho. "Alguns poucos diretores receberam, pois
se "autopagaram", mas mais de 9.000 trabalhadores
não receberam nada."
Segundo ele, como resultado de uma ação civil
pública do MPT, já foi declarada sucessão
trabalhista. "A decisão foi suspensa pelo STJ
porque a competência ainda está sendo analisada."
"A perspectiva técnica é que o risco
não foi totalmente mitigado. Qualquer um que venha
a adquirir a empresa pode no futuro ter que enfrentar a
questão do risco de sucessão", diz Adolpho
Julio Carvalho, advogado especializado do escritório
Pinheiro Neto Advogados.
Para ser vendida em 2006, a Varig foi dividida em duas:
a velha, que ficou com o passivo e que hoje não está
em operação; e a nova, sem dívidas,
vendida para a VarigLog.
O sucesso da Varig, defendem alguns, pode depender da continuidade
da recuperação da fatia da empresa que permanece
em recuperação judicial. A "velha Varig",
fatia que carrega as dívidas, deve apresentar nos
próximos dias à Justiça seu plano para
retomar as operações de vôo ainda neste
ano.
A Folha apurou que a "velha Varig" precisará
de recursos para operar nos primeiros quatro meses. A necessidade
de retomar operações de vôo, prevista
no plano aprovado pelos credores, ganha ainda mais destaque
com a previsão de término das receitas no
fim do ano.
A Nordeste, a chamada "Varig remanescente", precisa
de cinco aviões para iniciar suas operações.
Ela deve ter foco na aviação regional.
O risco de sucessão trabalhista é considerado
grande, segundo especialistas ouvidos pela Folha, especialmente
porque, para demitir os funcionários estáveis,
a "velha Varig" admitiu que havia parado de voar.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela
Baggio, que representa os pilotos e comissários,
afirmou que, se a Varig continuar como concorrente da Gol,
a tendência é ver o negócio de forma
positiva.
"Se ela continuar como concorrente da Gol e uma alternativa
a mais para o usuário, em condições
de absorver os trabalhadores que perderam o emprego, a tendência
é vermos com simpatia", afirmou Baggio.
Jornal de Turismo
29/03/2007
Comunicado interno da Varig confirma
venda à Gol
Foi confirmado na tarde desta quarta-feira
as negociações envolvendo a Gol Linhas Aéreas
Inteligentes e a Nova Varig. O presidente da Varig, Guilherme
Laager, acabou de distribuir um comunicado interno aos funcionários
da companhia. Leia o texto abaixo na íntegra:
Caros colegas,
Quero que vocês saibam oficialmente:
a Varig encontrou o parceiro estratégico que precisava!
Depois de um período heróico,
liderado pela VarigLog e seus controladores e defendido
bravamente por todos vocês - o que garantiu a sobrevivência
desta empresa -, fomos buscar um parceiro para cumprir e
agilizar os compromissos que temos com vocês:
- A empregabilidade e a geração
de novos empregos.
- O cumprimento do plano de negócios em termos de
aquisição de novas aeronaves e retomada definitiva
do mercado doméstico e internacional, garantindo
um segmento diferenciado com vôos diretos, manutenção
do Smiles e introdução de classe Business/First
em todos os vôos de longo curso.
Este parceiro é a Gol!
Esta nova família que se forma está
a poucos pontos percentuais da liderança de mercado
que vamos conquistar rapidamente.
A transição será
feita da maneira mais transparente e simples possível.
Tenho certeza que vocês contribuirão muito
para esta integração.
Sucesso a todos!!!
Guilherme Laager
Invertia - Fonte: Reuters
Quarta, 28 de Março de 2007, 21h42
Veja o que acontecerá com a
Varig
Livre de dívidas relevantes e com preciosos "slots"
(horários de pouso e decolagem nos aeroportos) para
oferecer, a Varig continuará numa trajetória
independente e agora com capital para competir nos mercados
nacional e internacional, avaliaram analistas.
A Gol, por sua vez, adquiriu um ativo que
já cobiçava, mas que por conta de insegurança
do ponto de vista trabalhista temia assumir. O preço
acertado, considerado alto em relação ao valor
pago pela Varig em leilão no ano passado, levou em
conta o novo perfil da empresa e as perspectivas de crescimento,
segundo o consultor Paulo Sampaio, da Multiplan.
"O Matlin Patterson (fundo estrangeiro
que tinha participação na Varig) é
uma empresa abutre, especialista em comprar empresas com
dificuldades e sanear, e conseguiu fazer isso com a Varig.
Fez um bom trabalho de limpeza que proporcionou agora a
venda para a Gol", avaliou.
As ações da Gol e da antiga
Varig, que tem participação na empresa alienada,
subiram com rumores sobre a venda desde o início
do pregão na Bolsa de Valores de São Paulo
na quarta-feira.
Os papéis da Gol encerraram o dia
em alta de 4,17% e os da Varig com valorização
de 10,28%, enquanto os da rival TAM caíram 2,18%.
O índice Bovespa recuou 1,6%.
"Para o acionista da Gol não
faz muita diferença, porque as empresas ficarão
separadas, mas ele passa a fazer parte de um grupo que será
o maior operador doméstico e terá presença
forte na área internacional", afirmou o consultor
da Multiplan.
Já o analista Luis de León,
do Banif Investment Banking, baseado no México, disse
que um fato importante é o fechamento da porta do
Brasil para a LAN Chile, que pretendia adquirir uma fatia
da Varig e para isso havia antecipado US$ 17 milhões
à empresa brasileira.
"Foi um movimento muito inteligente
por parte da Gol, mas agora tudo o que vier de crescimento
internacional virá pela Varig, não diretamente
pela Gol", observou.
O Globo Online, com Reuters
28/03/2007 às 21h12m
Gol diz que dobrará frota da
Varig, promete contratar e manterá milhas
Gol assumirá dívida
da Varig e pagará por negócio com ações
e dinheiro
RIO - A Gol confirmou nesta quarta-feira a compra da Nova
Varig, conforme antecipou o colunista de O GLOBO Ancelmo
Gois. Em seu blog em O GLOBO ONLINE , Gois deu detalhes
da negociação.
O valor total da aquisição
das ações da Varig é de aproximadamente
US$ 275 milhões e consiste no pagamento de US$ 98
milhões (menos de 10% do caixa da Gol), e na entrega
de aproximadamente 6,1 milhões de ações
preferenciais emitidas pela companhia da família
Constantino (o correspondente a 3% das ações
totais da Gol). E o melhor, o presidente da empresa, Constantino
de Oliveira Júnior, também anunciou que haverá
contratações .
Em nota, a Gol afirmou que assumirá
uma dívida de R$ 100 milhões em debêntures,
o que eleva o valor do negócio para cerca de US$
320 milhões (cerca de R$ 660 milhões). A compra,
que será realizada pela GTI S.A, uma subsidiária
da GOL Linhas Aéreas Inteligentes, terá ainda
que ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac).
Diante da notícia da aquisição,
as ações da Gol tiveram forte alta na Bolsa
de Valores de São Paulo nesta quarta-feira, com ganho
de 4,17%, contra queda de 1,60% do índice Ibovespa.
No entanto, desde segunda-feira, a Comissão de Valores
Mobiliários pediu informações à
empresa aérea sobre um possível de vazamento
das negociações.
Os donos da companhia aérea, o presidente
do conselho de administração da companhia,
Nenê Constantino, e o presidente da empresa, Constantino
de Oliveira Júnior, foram à Brasília
informar sobre a compra. Depois do encontra Nenê Constantino
revelou que o próprio presidente havia, há
seis meses, pedido que os dois interferissem nas negociações
da Varig e comprassem a empresa:
- Ele pediu para mim para ajudar a dar
um jeito na Varig.
Em comunicado divulgado à imprensa,
Constantino Júnior, informou que a marca Varig será
mantida.
"As empresas atuarão de forma
independente. Cada uma delas se apresentará ao mercado
com sua vocação natural para a prestação
de serviços", informou a Gol, em comunicado.
Varig
voltará a voar para EUA e outros países da
Europa
Segundo a nota, a Varig terá uma
oferta de serviços diferenciados, com vôos
diretos entre os principais centros econômicos nacionais,
e uma relevante malha internacional.
Entre estes destinos estão: Frankfurt,
Londres, Madrid, Milão e Paris, na Europa; Miami,
Nova York e Cidade do México, na América do
Norte; e Buenos Aires, Santiago, Bogotá e Caracas,
na América do Sul.
Atualmente, a Varig opera 17 aeronaves.
De acordo com a Gol, este número será aumentado
para 34 Boeings , com uma frota homogênea de 20 aeronaves
737 e 14 aeronaves 767.
A Gol também informou que o programa
Smiles será mantido. Uma inovação importante
será o fim da primeira classe nos vôos internacionais,
que terão serviços de classe econômica
e executiva, disse a Gol na nota.
A previsão é de que a força
combinada das duas empresas estabelecerá um grupo
aéreo brasileiro com mais de 20 milhões de
passageiros por ano.
A Varig entrou em recuperação
judicial em junho de 2005 e foi vendida em leilão,
um ano depois, para um grupo de investidores nacionais e
internacionais, por US$ 24 milhões (Veja os momentos
mais marcantes da Varig) .
Segundo dados Anac, em fevereiro de 2007,
a Varig tinha 11,82% de participação no mercado
de vôos internacionais entre as empresas brasileiras.
A GOL tinha 18,94%. Em primeiro lugar estava a TAM, com
uma fatia de 61,01%. A BRA vem quarto lugar, com 7,89%.
Mercado
internacional é foco da Gol
Para o analista de investimentos da Socopa,
Daniel Doll Lemos, os investidores estão apostando
no ganho de mercado em rotas internacionais da GOL, a partir
da aquisição.
- Atualmente, a Gol só opera vôos
internacionais para países do Mercosul. Provavelmente,
o foco dela seria se expandir em vôos para o exterior,
porque, no mercado doméstico, a fatia da Varig é
muito pequena, em torno de 5% - avalia.
O Dia Online
28/3/2007 20:50h
Gol confirma compra da Varig
São Paulo - Brasília - A
companhia aérea Gol Linhas Aéreas anunciou
a compra da Nova Varig (VRG Linhas Aéreas) por cerca
de US$ 320 milhões. As empresas devem atuar de forma
independente. Em nota, a Gol diz que, com a aquisição,
assumirá o transporte de 20 milhões de passageiros
por ano, tornando-se capaz de competir na América
do Sul e em âmbito mundial com outros grandes grupos
aéreos internacionais e assumindo, no final de 2007,
a liderança do mercado doméstico brasileiro.
A transação ainda precisa
ser aprovada pela Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) para avaliar um possível impacto para a concorrência
no mercado e para os consumidores. A negociação
prevê o pagamento de US$ 98 milhões, a entrega
de 6,1 milhões de ações preferenciais
emitidas pela GOL, o que representa aproximadamente 3% das
ações totais da empresa. A companhia também
assume a obrigação de honrar a emissão
de R$ 100 milhões de debêntures feitas pela
Varig.
O presidente da Gol, Constantino de Oliveira
Júnior, afirmou que a aquisição “garante
a manutenção da marca Varig e desta importante
bandeira da aviação internacional, marcando
a presença do Brasil no mercado global. Iremos, em
médio prazo, dobrar a frota atual da companhia".
"Além disso, a operação
permitirá um incremento na oferta de postos de trabalho
na aviação nacional. Para os clientes, significa
uma aviação nacional mais forte, com um leque
de serviços diferenciado e consistente”, registra
a nota. Já o presidente da Varig, Guilherme Laager,
disse que “a proposta da Gol foi a melhor para o futuro
da companhia".
A nota veiculada pela Gol esclarece que
a operação está sujeita à aprovação
das autoridades regulatórias, incluindo o Cade. Para
a efetivação da compra, as empresas terão
de prestar uma série de informações
sobre os aspectos financeiros e operacionais envolvidos
na aquisição. Enquanto o negócio não
for aprovado pela Anac, a operação das empresas
segue como está.
Ações
da Gol disparam com anúncio compra da Nova Varig
Os papéis da empresa tiveram alta
superior a 3,6% perto do fechamento, mesmo em um dia de
perdas para a Bolsa de São Paulo (queda 1,5%). Os
papéis da Varig passaram de 10%. E os da TAM tiveram
queda de 2,3%.
Companhias
continuarão operando com marcas separadas
Segundo um comunicado oficial divulgado
pela Gol, as duas empresas serão mantidas como empresas
independentes e seus modelos de negócios terão
focos bem definidos. A Gol permanecerá fiel ao seu
modelo de negócios (baixo custo, baixa tarifa), com
classe única de serviço no mercado doméstico
brasileiro e sul-americano.
A Varig oferecerá serviços
diferenciados, com vôos diretos e o programa de milhagem
(Smiles), que atualmente possui uma base de mais de 5 milhões
de clientes. Em rotas internacionais de longa distância
e em mercados de alto tráfego na América do
Sul, a Varig oferecerá duas classes: econômica
e executiva.
No mercado doméstico operará
com classe única de serviços, priorizando
as ligações entre os principais centros econômicos
do país, tendo como principais bases de operação
os aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo,
e Santos Dumont e Galeão, no Rio de Janeiro.
PRO TESTE
teme concentração do setor aéreo
A Associação Brasileira de
Defesa do Consumidor divulgou nota exigindo que consumidor
não seja prejudicado com a compra da Varig pela Gol
e que seja mantido o programa de milhagem (Smiles).
"Geralmente o usuário tem prejuízos
quando há fusão de empresas. A concentração
de mercado aumenta o poder do setor para reajustar preços",
afirma.
A entidade lembra que quem viaja para o
exterior vem sofrendo as conseqüências dos cancelamentos
de linhas internacionais da Varig. "Com menor oferta,
o consumidor estava sentindo no bolso a falta da empresa.
Menos mal se com a compra da empresa ralmente voltarem as
rotas até então suspensas", diz a nota.
Lula
pediu compra da Varig há meses, diz Constantino
São Paulo - O diretor da Gol, Constantino
de Oliveira Júnior, afirmou - depois de se reunir
com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e anunciar
a compra da Varig - que o próprio Lula havia pedido
a ele que comprasse a empresa que passava por sérios
problemas financeiros, mesmo depois de ter sido leiloada
e receber a autorização da Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) para voar.
"Ele me disse: "me ajuda a salvar
a Varig"", afirmou Constantino. A conversa teria
acontecido há seis meses. Segundo o presidente da
Gol, a partir daí a aérea começou a
analisar a possibilidade de aquisição. Com
a ajuda do advogado da Varig e compadre do presidente Lula,
Roberto Teixeira, eles começaram a traçar
os planos para a fusão que foi concebida hoje.
O presidente da Gol garantiu que a compra
não provocará uma fusão propriamente
dita e que as empresas serão concorrentes, porém
apenas a Gol continuará atuando como uma companhia
de baixa tarifa, ou seja, com serviços de bordo e
emissão de passagens mais simplificados. A Varig
passará por mudanças na sua gestão
para diminuir custos, mas manterá suas características
de serviços.
"A previsão para a Varig é
mantê-la independente reforçando suas vocações
e somando a eficiência operacional e de administração
já consolidada pela Gol", comentou Constantino
Junior. O empresário falou ainda que a crise aérea
não foi abordada na reunião, que segundo o
presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira,
teve clima festivo.
Constantino explicou ainda porque pagou
um valor mais de dez vezes superior ao pago pela Varig Log
pela Varig no leilão em julho do ano passado, cerca
de US$ 24 milhões. A Gol desembolsou US$ 275 milhões
pelas ações da Varig e ainda assumiu os debêntures
emitidos naquela época, de aproximadamente US$ 45
milhões. "É importante ressaltar que
houve um investimento importante por parte do antigo acionista.
Garanto que houve investimentos de grande monta para mantê-la
em operação. A Varig saiu de dois aviões
em operação na época do leilão
e hoje opera com 16", explicou.
Estadão
28 de março de 2007 - 19:49
Com Varig, Gol vai a 44,8% do mercado
e encosta na TAM
A participação de
Gol e Varig somadas alcança 44,83%, uma diferença
de apenas 2,5 pontos porcentuais em relação
à líder TAM, que tem 47,33% do mercado
Téo Takar
SÃO PAULO - A compra da nova Varig
pela Gol representa um passo importante da empresa de baixo
custo e baixas tarifas rumo à liderança do
mercado doméstico de aviação. Tomando
como base os dados de tráfego aéreo da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) em fevereiro,
a participação de Gol e Varig somadas alcança
44,83%, uma diferença de apenas 2,5 pontos porcentuais
em relação à líder TAM, que
tem 47,33% do mercado.
Considerando-se o fato de que os aviões
da Varig operam hoje com ocupação de 53%,
inferior à média da indústria de aviação
- de 68% -, e também os planos da Gol de dobrar a
frota da Varig dos atuais 17 jatos para 34 aeronaves, a
nova companhia tem grandes chances de superar a rival TAM
em pouco tempo.
Tal perspectiva baseia-se também
no forte crescimento da demanda de passageiros, que avançou
16,1% em fevereiro na comparação com o mesmo
mês de 2006.
Internacional
No mercado internacional, a TAM tem hoje
61% de participação entre as companhias brasileiras,
contra 18,94% da Gol. Com a nova Varig, a fatia da Gol subiria
para 30,76%, apenas levando em conta as estatísticas
de fevereiro divulgadas pela Anac.
Mas algumas das rotas internacionais que
a Varig tem direito de operar não estavam sendo cobertas
pela companhia e deverão ser retomadas agora, após
a compra da empresa pela Gol. Entre elas estão Nova
York, Miami, Milão, Londres, Paris e Santiago do
Chile. A Gol tem até meados de julho para retomar
esses vôos, caso contrário a Varig perderá
as concessões.
Correio da BAHIA
28/03/2007
Aeroviários aposentados tentam
reverter redução de benefícios
Alan Rodrigues
Cerca de 50 aposentados e pensionistas
dos fundos de previdência complementar dos aeroviários
participaram ontem de uma sessão especial na Câmara
de Vereadores de Salvador para discutir a falência
dos planos Aerus e Aeros, que deixaram mais de nove mil
aposentados sem a suplementação salarial a
partir desse mês. As mobilizações acontecem
em todo o país e têm o objetivo de sensibilizar
os políticos e pressionar o governo federal a repor
as perdas acumuladas nas últimas décadas,
que culminaram com a suspensão dos benefícios.
A redução dos benefícios
começou em abril do ano passado. Após sucessivas
perdas de receita, a manutenção dos pagamentos
se tornou insustentável. O Sindicato Nacional dos
Aeronautas acionou o governo federal na Justiça para
ter o ressarcimento das perdas. Segundo os manifestantes,
o que acontece com a categoria dos aeroviários é
apenas uma mostra do que pode ocorrer com fundos de pensão
das empresas estatais, a exemplo de Petrobras, Caixa Econômica,
Banco do Brasil e Banco Central. “A tragédia
que estamos vivendo diz respeito a qualquer trabalhador
que tira contribuição do seu salário,
acreditando numa aposentadoria complementar”, alerta
Luís Torres, 70 anos, aposentado da Varig e representante
da categoria.
Na sessão especial, proposta pelo
vereador Silvoney Sales – que não compareceu
devido à realização de exames em São
Paulo –, esteve presente, além dos representantes
do movimento em Salvador, o advogado responsável
pela ação movida contra a União em
Brasília, Luís Antônio Maia, que traçou
um histórico do problema. O Aerus, plano que congregava
os funcionários da Varig e Transbrasil, era mantido
com desconto nos salários e contribuições
das empresas (que recolhiam 9% da folha salarial) e governo
federal (que repassava 3% do montante arrecadado em passagens
domésticas). O pacto, firmado em 1982, teria validade
de 30 anos, mas em 1991, apenas nove anos depois, a União
deixou de repassar o dinheiro das passagens.
Defasagem - Também em 1991, a Vasp,
privatizada um ano antes, deixou de recolher a contribuição
sobre a folha, com a autorização do antigo
Departameno de Aviação Civil (DAC). Em 1995,
foi criado um novo plano, sem vinculação do
valor do benefício, iniciando o processo de defasagem.
O plano dois, como ficou conhecido, utilizou dinheiro do
fundo do plano um e teve uma queda de receita quando as
empresas passaram a recolher o percentual apenas sobre a
folha dos funcionários participantes da previdência
complementar. Em 1998, a TAM conseguiu ser dispensada da
contribuição para negociar um plano de previdência
próprio com um banco privado. Em 2002, a União
desmembrou os dois planos em 19 subcategorias e desobrigou
as empresas de contribuir, segundo Luís Maia.
Ao longo de todo o período, 21 negociações
foram feitas para refinanciar o saldo devedor da Varig com
o Aerus, além de outras oito envolvendo a Transbrasil.
Até mesmo o dinheiro descontado dos trabalhadores
e não repassado ao fundo foi refinanciado com anuência
da secretaria de previdência complementar. Desde 2004,
o sindicato busca na Justiça, o ressarcimento, pela
União, dos valores que o fundo deixou de arrecadar,
uma vez que o governo federal, além de interromper
as contribuições, permitiu que as empresas
também deixassem de repassar o percentual acertado
na composição dos fundos.
Em abril do ano passado, os fundos reduziram
em 50% a suplementação. Mais 20% foram cortados
em dezembro e este mês, os fundos simplesmente encerraram
o pagamento dos salários complementares. O mecânico
de avião Evangel Vale, 45 anos, aposentado após
perder 100% da visão, perdeu os R$1.500 que recebia
do Aerus e agora vive com um salário mínimo.
”Quando era da ativa, cheguei a ganhar dez salários
mínimos, agora não sei o que vou fazer”,
desabafa.
O Dia Online
28/3/2007 11:13h
Gol prepara operação
para compra da Varig
São Paulo - Segundo fontes do mercado
financeiro, ouvidas pela Agência Estado, estão
bastante avançadas as negociações da
Gol com o fundo Matlin Patterson para a aquisição
da Nova Varig. Para evitar riscos de contaminação
da Gol, que tem ações nas bolsas de Nova Iorque
e São Paulo, o negócio seria fechado por uma
empresa chamada Águia, pertencente à família
Constantino, dona da Gol.
A Gol, no entanto, não está
sozinha. A chilena LAN, que no dia 31 de janeiro anunciou
um empréstimo de US$ 17,1 milhões à
Nova Varig, valor passível de ser convertido em ações,
continua na disputa.
A empresa chegou a fazer a análise
de dados financeiros na Varig e espera a receptividade de
sua proposta junto ao governo brasileiro. Pelo contrato
do empréstimo, a LAN tem preferência na venda
e terá de ser ressarcida caso o Matlin decida realmente
vender sua participação para a Gol.
Fontes em Brasília revelam que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva já encomendou
a redação de uma Medida Provisória
aumentando de 20% para 49% o limite de participação
de empresas estrangeiras em companhias aéreas brasileiras.
A idéia de fortalecer uma terceira empresa que faça
frente ao duopólio de Gol e TAM tem grandes defensores
dentro do PT.
O Matlin tem pressa em se desfazer do negócio.
O prejuízo mensal da nova Varig, que detém
hoje apenas 4,57% do mercado doméstico, é
de cerca de US$ 20 milhões, segundo fontes do setor.
A Varig tem 18 aviões, dos quais dois (modelo MD-11,
usados em rotas de longo curso) serão devolvidos
nas próximas semanas. A empresa tem hoje 4,57% do
mercado doméstico e quase a totalidade desse tráfego
passa por Congonhas e está é a única
chance de a Gol aumentar sua presença no aeroporto,
que é o mais rentável do País.
Informe - TGV
28/03/2007
O plenário da Câmara de Vereadores de Niterói
foi pequeno para abrigar o público que compareceu,
nesta segunda-feira (26), ao debate sobre o cenário
de risco em que se encontram os principais fundos de pensão
do país.
Promovido
pelo vereador Renato de Freitas (PSOL) e as associações
de tripulantes da Varig, o encontro tomou como referência
a luta dos aposentados e beneficiários do Aerus (Varig
e Transbrasil), que vêm se mobilizando em diversas
frentes para impedir que sua situação caia
no esquecimento.
As
informações sobre o Instituto Aerus e os planos
de benefícios foram apresentadas por Nelson Cirtoli
(AMVVAR). A questão da previdência, social
e privada, assim como diversas fraudes constatadas em ambas,
foi abordada por Marcelo Duarte (APVAR/ACVAR).
Duarte
também falou sobre a luta dos trabalhadores da Varig
e o golpe sofrido por todos os que estavam na ativa, na
época da intervenção federal no Aerus.
Estes últimos, demitidos sem receber salários
atrasados e indenizações trabalhistas, perderam,
ainda, a poupança previdenciária.
O
vereador Renatinho apresentou moção de apoio
ao movimento dos trabalhadores e aposentados do setor aéreo,
enquanto o cmte. Luiz Pereira (Varig) leu depoimento de
membro do Judiciário que incentiva os cidadãos
brasileiros a reagirem contra o atual estado de coisas no
país.
O
debate contou, ainda, com a participação do
vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL), que apoiou os trabalhadores
da aviação. Gomes ressaltou a necessidade
de manterem a união do grupo para que, de forma organizado,
cobre uma solução do governo federal.
Representantes
da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção
Niterói, também estiveram presentes ao encontro.
No
final do encontro, comissários aposentados da Varig
pediram urgência no encaminhamento das soluções.
A maioria começa a enfrentar graves problemas financeiros
e de saúde, em decorrência da preocupação.
Outros, estão vendendo bens pessoais e não
sabem como manter em dia planos de saúde e outros
compromissos essenciais a pessoas da terceira idade.
Leia
abaixo a moção de apoio:
MOÇÃO
DE APOIO AO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES E APOSENTADOS DO
SETOR AÉREO
1)
Considerando que a Previdência Social é um
direito de todo o cidadão previsto na Constituição
Federal e que compete a União legislar e fiscalizar
a seguridade social, seja ela pública ou privada,
e que, no caso dos Institutos Aeros/Aerus os sucessivos
governos têm se omitido em exercer sua função
de fiscalizador, em que pese inúmeras notificações
das entidades de classe dos trabalhadores.
2)
Considerando que no caso específico da VARIG o Governo
Federal impôs a intervenção e liquidação
de seus planos de benefício, e, em que pese este
agente público ter liberado a VARIG de fazer qualquer
aporte para cobrir sua dívida até que a mesma
receba da União o resultado do congelamento tarifário,
facilitando assim a sua entrega a uma empresa Norte-Americana,
a Matlin Patterson.
3)
Considerando que a partir desse ato o interventor passou
a assistir tudo passivamente, retirnando, na prática,
o direito de aposentadoria dos trabalhadores da Varig, contrariando
a sua função de agente público de defensor
dos participantes do fundo de pensão.
Deliberamos:
Total apoio à luta dos trabalhadores do setor aéreo
em defesa do seu direito a aposentadoria, base de uma vida
digna e estável para aqueles que dedicaram suas vidas
a construção de um país mais justo,
o qual deve ter enquanto principio o respeito a seus cidadãos.
Repúdio
às omissões e ações lesivas
que o Poder Público vêm praticando contra os
trabalhadores e aposentados do nosso País.
Plenário
Brígido Tinoco, em 26 de Março de 2007
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