Folha
de São Paulo
29/01/2008
Governo vai abrir capital da Infraero,
afirma BNDES
Empresa passará por
reestruturação; Nelson Jobim (Defesa)
descarta privatização
Intenção é revirar os dados financeiros,
contábeis, trabalhistas e de gestão; Coutinho
admite que imagem da estatal não é atrativa
ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA
FOLHA
ÂNGELA PINHO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O
presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Luciano Coutinho, disse que
recebeu "orientação expressa e inequívoca"
do governo para promover uma forte reestruturação
da Infraero (estatal responsável pelos aeroportos),
com o objetivo de preparar a abertura de capital da
empresa, mas sem chegar a privatizá-la.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, a quem a Infraero
é subordinada, descartou enfaticamente a privatização:
"Os investimentos nessa área são
todos estratégicos, e isso não é
compatível com a administração
privada", disse, depois de participar de um encontro
com superintendentes da empresa.
Segundo Coutinho, a orientação para a
reestruturação e para a abertura de capital
partiu originalmente de Jobim, mas foi discutida ontem
com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que ficou
das 9h30 até perto das 16h na sede do banco,
no Rio, com uma extensa pauta de investimentos em diferentes
áreas.
Evasivo ao falar sobre o atual presidente da Infraero,
Sérgio Gaudenzi, Coutinho disse que a reestruturação
começará com ampla e detalhada análise
dos seus dados: "Não vamos fazer esse trabalho
daqui, por controle remoto. Vamos fazer em coordenação
com a alta direção da empresa, qualquer
que seja. Partimos do pressuposto de que a direção
da empresa esteja profundamente comprometida com a reestruturação".
A intenção é revirar os dados financeiros,
contábeis, trabalhistas e de gestão, analisando
até providências no campo jurídico
com vistas à posterior abertura do capital, "mas
mantendo o controle estatal" -como frisou Coutinho
várias vezes ao longo da conversa com a Folha,
por telefone.
"Antes de abrir o capital, é preciso que
o mercado compreenda o potencial da empresa, o que não
se faz em curtíssimo prazo", disse, sem
se comprometer com datas.
Coutinho admitiu que, atualmente, a imagem da empresa
não é atrativa. "Há muito
pessimismo no mercado, a percepção é
ruim, a imagem é péssima. São necessários
fortes ajustes", disse, sem comentar a possibilidade
de demissões. São cerca de 10.400 funcionários.
As manifestações de Coutinho e de Jobim
foram feitas em razão de reportagem de ontem
do jornal "Valor", segundo a qual o governo
mudara os planos e, em vez de só abrir o capital,
havia decidido privatizar a Infraero. A notícia
causou corre-corre do governo. Conforme a Folha apurou,
há visões divergentes no governo. De um
lado, Jobim e Gaudenzi a favor de só abrir o
capital. De outro, Dilma defendendo estudos para chegar
até a privatização.
Gaudenzi, porém, disse à Folha que não
acredita que Dilma queira privatizar a empresa: "Ela
não seguiu esse caminho no setor elétrico
[quando foi ministra de Minas e Energia]. Então,
só pode estar na linha da abertura de capital",
opinou.
Um dos problemas para a venda de ações
da Infraero em Bolsa é que a empresa administra
67 aeroportos, mas não é dona deles. Os
aeroportos são propriedade da União. Só
dez são rentáveis, especialmente Congonhas
e Guarulhos (SP).
Segundo Gaudenzi, "o ideal é que a Infraero
passe a ser proprietária dos aeroportos, para
ter patrimônio e se tornar atrativa para o mercado".
Outra possibilidade é abrir o capital da Infraero
e privatizar ou ceder em regime de concessão
alguns dos aeroportos hoje sob seu controle. Ele, porém,
acha que uma abertura à iniciativa privada, qualquer
que seja, não poderá acontecer antes de
dois anos. É o prazo mínimo para a reestruturação,
opina.
Folha
de São Paulo
29/01/2008
Helicóptero caiu sem tentar
pousar, diz co-piloto
Segundo Sérgio Muller,
havia pouco a se fazer
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ(RJ)
Em
conversas com parentes e amigos, os sobreviventes do
acidente de helicóptero que matou pelo menos
quatro pessoas na bacia de Campos (litoral norte do
Estado do Rio) afirmam que o aparelho caiu na água
e não houve uma tentativa de pouso forçado.
Com fraturas nas costelas, o co-piloto Sérgio
Ricardo Muller, 48, contou ontem a colegas que o visitaram
que, assim que decolou, o helicóptero Super Puma,
da empresa BHS, apresentou uma pane no rotor de cauda.
O aparelho deu um único giro, trepidou de modo
violento e desabou, quando estava a 280 m da plataforma
P-18 (campo de Marlim), de onde decolara um minuto antes.
Muller deve receber alta hoje do Hospital da Unimed
em Macaé (cidade a 188 km do Rio). Ele disse
que ele e o comandante do helicóptero, Paulo
Roberto Veloso Calmon, tiveram pouco a fazer quando
notaram o problema. O aparelho foi diretamente para
a água.
Em entrevista tumultuada na saída do hospital,
Jailson Moraes Bastos definiu como queda, e não
pouso forçado, o que aconteceu no vôo que
levaria 17 passageiros e 3 tripulantes para Macaé.
"Foi uma queda. O helicóptero caiu, caiu
o helicóptero", afirmou Moraes Bastos, funcionário
da empresa Techint S/A, prestadora de serviços
para a Petrobras.
O sobrevivente Sandro Venâncio também relatou
aos visitantes que não houve tempo para nada.
O aparelho decolou da plataforma diretamente para a
água. "É claro que foi uma queda.
Cinco pessoas morreram. Queremos que os culpados sejam
punidos, que seja feita Justiça", afirmou
a funcionária pública Raquel Lavasseur,
amiga de Venâncio que o visitou ontem de manhã.
Os sobreviventes contaram que, ao bater na água,
o helicóptero ainda permaneceu alguns minutos
semivirado, o que deu tempo para a maioria dos ocupantes
pularem na água. Em determinado momento, o aparelho
emborcou, o que impediu que todos saltassem.
Um dos que ficaram presos foi o funcionário da
Petrobras Adinoelson Gomes, 53, que morreu. Estava na
sua vez de pular na água. Quando o helicóptero
virou, Gomes desapareceu.
No mar, a maior parte dos sobreviventes deu as mãos
até a chegada do resgate, para que ninguém
fosse levado para longe pela correnteza. Moraes Bastos,
que machucou a mão esquerda, disse que aguardou
45 minutos até ser retirado do mar.
O
Estado de São Paulo
29/02/2008
Pane no rotor da cauda fez helicóptero
cair no mar
Internado, co-piloto da aeronave,
que prestava serviço à Petrobrás,
revelou a colegas a causa da queda
Marcelo Auler, MACAÉ
A
queda do helicóptero da empresa BHS, na terça-feira,
após deixar a plataforma P-18 da Petrobrás,
na Bacia de Campos, foi provocada por pane no rotor
de cauda da aeronave, relatou ontem o co-piloto, Sérgio
Ricardo Muller, a colegas que o visitaram no Hospital
da Unimed de Macaé. Segundo o co-piloto, tão
logo levantaram vôo, por volta de 16h15, houve
problema no rotor da cauda - que existe para evitar
que a cabine do helicóptero gire no sentido contrário
das hélices. A aeronave deu um giro de 360 graus,
trepidou e caiu.
Segundo
pilotos de aeronave, a pane no rotor traseiro é
sempre incontrolável quando ocorre na decolagem,
porque a aeronave está sem potência para
subir. Quando ocorre em pleno vôo, há chances
de pouso controlado. A queda da aeronave da BHS, segundo
outros pilotos, foi atenuada pela perícia do
piloto Paulo Roberto Calmon, que conseguiu acionar os
flutuantes, diminuindo o impacto.
Ainda
assim, segundo outros sobreviventes, o helicóptero
se partiu ao chocar-se com o mar. A Petrobrás
informou ao delegado Daniel Bandeira de Mello, da Delegacia
de Macaé, que a aeronave se dividiu em três
partes, que estão a uma profundidade de 800 metros.
A
empresa começou ontem a tentar içar os
pedaços, com o uso de robôs com braços
mecânicos acionados da plataforma. Segundo o delegado,
a Petrobrás espera concluir hoje esse trabalho.
Mello solicitou a peritos a análise do que sobrou
da aeronave. Ele pretende começar a ouvir os
sobreviventes na próxima terça-feira,
no inquérito para apurar as causas do acidente,
que provocou pelo menos quatro mortes - há um
desaparecido.
Ontem,
os robôs localizaram o terceiro corpo que estava
desaparecido. Ele pode ser do piloto Calmon ou ao empregado
da De Nadai Serviços de Alimentação,
Guaraci Novaes Soares. Os restos foram encontrados a
300 metros do que sobrou da aeronave, em péssimo
estado, pois estavam sendo comidos por peixes. A identificação
deverá ser feita pelas arcadas dentárias.
No
Hospital da Unimed, ontem à tarde, três
dos sobreviventes receberam alta hospitalar: a comissária
de bordo da BHS Daniele Madureira Neto, o empregado
da Petrobrás Marcelo Pereiras Maceira e o empregado
da Techint Jailson Moraes Bastos. Jailson contou que
o piloto “ajudou muito, pois diminuiu bastante
a queda”.
O
Estado de São Paulo
29/02/2008
Frota de SP terá 80 helicópteros
a mais até 2010
Aeronáutica propõe
equipar aparelhos com sistema anticolisão
Camilla Rigi
A
cidade de São Paulo deve ganhar pelo menos 80
helicópteros no ar até 2010 - um aumento
de 17% na frota. A estimativa é do Centro de
Investigação e Prevenção
de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que ontem
emitiu 49 recomendações aos órgãos
e empresas ligados à aviação civil
no País, para se preparar para o aumento no fluxo
de helicópteros e de pequenas aeronaves na área
de Controle de São Paulo. A expectativa é
de que 500 aviões executivos cheguem ao Brasil
até 2010.
“Temos
uma frase que é: não deixe o avião
chegar aonde sua mente não chegou cinco minutos
antes. É o que estamos fazendo”, disse
o chefe do Cenipa, brigadeiro Jorge Kersul Filho. Apenas
20 das propostas foram apresentadas à imprensa.
Nove são relativas à fiscalização
e às melhorias no tráfego de helicópteros.
Umas delas é mudar as rotas para áreas
onde haja menos edificações e o ruído
tenha menor impacto.
Hoje,
a capital tem 470 helicópteros em circulação,
o dobro de Nova York, onde há 200. E a previsão
de crescimento não preocupa só pela segurança
de vôo, mas pelo barulho. “O movimento começa
por volta das 6h30 e só diminui após as
21 horas”, afirma o assistente de fotografia Alexandre
Consoleto. Morador da Vila Romana, na zona oeste, ele
pensou que teria sossego a partir de outubro, quando
o Serviço Regional de Proteção
ao Vôo de São Paulo (SRPV-SP) fez pacto
com a Associação Brasileira de Pilotos
de Helicópteros (Abraphe) para que o corredor
que passa sobre a Lapa fosse abandonado. O acordo deveria
funcionar enquanto a extinção do corredor
e outras mudanças não fossem oficializadas
pelo Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA).
“O fato é que ainda não foi normatizado.
E tem piloto que, enquanto não vir no papel que
o corredor não existe, não vai parar de
usar”, justifica o presidente da Abraphe, Cleber
Mansur. As alterações foram encaminhadas
ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo
(Decea) e estão em análise.
SEGURANÇA
Outra
recomendação do Cenipa é para que
a Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac) estude a instalação de dispositivo
anticolisão (Tcas) nas aeronaves que voam na
Área de Controle de São Paulo. Segundo
Kersul, a adoção do Tcas, seguida da notificação
de situações de risco, pode ajudar a encontrar
pontos de saída em meio ao grande fluxo de aviões.
Após cruzar as informações, o Cenipa
poderia distribuir o movimento. O Tcas alerta a tripulação
das aeronaves sempre que uma está a menos de
10 quilômetros de outra, possibilitando que se
afastem.
Mas
o presidente da Abraphe explica que, no caso de helicópteros,
a obrigatoriedade da instalação do dispositivo
é polêmica. “Em alguns modelos, o
valor do Tcas é metade do preço do aparelho.”
Não existe estimativa de quantas aeronaves não
possuem o alerta. Tais situações eram
freqüentes na região de Congonhas, em que
aviões e helicópteros dividem o espaço
aéreo. Em 2003, foram registradas 79 situações
de risco. Com a criação do controle de
helicópteros na área de aproximação,
em 2004, os riscos diminuíram: em 2007, o SRPV-SP
registrou dez situações com aeronaves
próximas.
RECOMENDAÇÕES
Tcas:
estuda-se a viabilidade para que todas as aeronaves
tenham alerta anticolisão
Risco:
deve-se comunicar ao Cenipa as situações
de risco em quem o piloto tiver de fazer alguma manobra
evasiva
Fiscalização:
criam-se mecanismos que asseguram o registro de informações
das aeronaves e dos tripulantes
Estrutura:
estabelecem-se procedimentos de auxílio de instrumentos
em cidades do litoral
Coluna
Claudio Humberto
29/02/2008
Lucrinho
Vira e mexe e alguém fala na possibilidade de
privatizar a Infraero, estatal de aeroportos. Difícil.
É só contar nos dedos: apenas dez dos
67 aeroportos brasileiros dão lucro. Mesmo assim,
um lucrinho de nada.
Mercado
e Eventos
28/02/2008 - 16:22h
Varig lança tarifas a partir de R$ 99
A VRG Linhas Aéreas lança tarifas promocionais
a partir de R$ 99, por trecho, em todos os seus vôos
domésticos, com exceção de Fernando
de Noronha. A promoção é válida
para as compras feitas de 28 de fevereiro até
9 de março por meio do site www.varig.com.br,
call center ou por intermédio das agências
de viagens.
As
tarifas promocionais são de R$ 99,00, R$ 149,
R$ 199 e R$ 249, dependendo da origem e destino escolhidos,
para vôos realizados entre os dias 4 de março
e 4 de maio. Esses preços, por trecho, são
válidos para viagens de ida e volta, com um período
de permanência mínimo de duas noites e
compra com pelo menos cinco dias de antecedência
do embarque.