Valor Econômico
28/11/2007
BRA tenta evitar falência
e busca acordo com credor
Roberta Campassi
A BRA entrou com pedido de recuperação
judicial na noite de segunda-feira, depois de ter suspendido
todos os seus vôos no dia sete deste mês.
Segundo Danilo Amaral, vice-presidente de relações
institucionais da empresa, o movimento não marca
o fim da negociação entre a companhia
aérea, seus credores e fundos de investimentos
em busca de uma solução para a crise financeira.
"Foi uma medida para proteger a empresa de um
pedido de falência", afirmou Amaral. "Os
fundos entenderam que a BRA estava muito vulnerável
e preferiram ficar protegidos." Ao todo, sete grupos
detêm participação na companhia:
Goldman Sachs, Gávea Investment, Development
Capital, Bank of America, Darby Investments, HBK e Millenium
Global. Os principais acionistas são os irmãos
Walter e Humberto Folegatti, com mais de 50% do capital.
A companhia vinha negociando, com os sócios,
um novo aporte de pelo menos US$ 30 milhões.
Com os credores, segundo Amaral, está negociando
a conversão de dívidas em participação
acionária. Os débitos da BRA são
estimado em US$ 100 milhões, segundo fontes próximas
à empresa.
O pedido foi protocolado na 1ª Vara de Falências
e Recuperação de São Paulo, cujo
juiz é Alexandre Alves Lazzarini. Se ele aceitar
o requerimento, a BRA ficará protegida de ações
judiciais por parte dos credores. Lazzarini conduz atualmente
a recuperação da Vasp e esteve à
frente do processo da Parmalat.
A BRA é a terceira companhias aérea
a entrar com pedido de recuperação judicial
- antes vieram Varig e Vasp. A empresa contratou o escritório
Felsberg e Associados para cuidar do caso.
A companhia aérea poderá ter suspensas
todas as autorizações para operar rotas
domésticas, por parte da Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac), a partir do início
de dezembro. Conforme a legislação do
setor, quando uma companhia deixa de operar rotas por
30 dias, a Anac pode cancelar as concessões.
No caso de rotas internacionais, o prazo é de
180 dias. Nenhum assessor da agência foi encontrado
para comentar o assunto.
A BRA abandonou suas operações por falta
de caixa e endividamento. A empresa colocou 1,1 mil
funcionários em aviso prévio e deixou
de atender 70 mil passageiros.
A empresa vinha apresentando diversos problemas operacionais,
inclusive devido à falta de manutenção
de aeronaves, mas a suspensão dos vôos
pegou o mercado de surpresa. Isto porque a BRA recebeu
um aporte de R$ 180 milhões dos fundos de investimentos,
em dezembro de 2006.
Dias após o abandono dos vôos, a BRA
firmou um acordo, intermediado pela Anac, por meio do
qual OceanAir passou a fazer vôos fretados para
atender quem tinha pacotes comprados junto à
operadora PNX, que pertence aos irmãos Folegatti
e era atendida pela BRA.
Valor Econômico
28/11/2007
Decisão da Justiça
devolve processo da Vasp ao TRF
Juliano Basile
Após 15 anos de tramitação no
Judiciário, o processo em que a Vasp pede indenização
por prejuízos decorrentes do congelamento de
tarifas feito no Plano Cruzado desceu, ontem, de instância.
A determinação foi tomada pelo Superior
Tribunal de Justiça (STJ) que mandou de volta
para o Tribunal Regional Federal (TRF) de Brasília
o caso Vasp - um pedido de indenização
de R$ 2,8 bilhões pelo fato de o Ministério
da Fazenda ter imposto o preço das tarifas aéreas
entre 1986 e 91, o que teria resultado em perdas às
companhias.
O retorno do processo foi dado por um motivo formal.
Os ministros do STJ concluíram que dois desembargadores
do TRF não poderiam ter alterado o seu voto após
um recurso da Vasp (chamado de embargos de declaração).
A Vasp perdeu numa primeira votação no
TRF por cinco votos a três. Então, entrou
com embargos de declaração pedindo o esclarecimento
do voto de dois desembargadores que votaram contra a
companhia numa questão preliminar, mas foram
favoráveis a ela no mérito. Os votos foram
alterados, mudando o resultado de cinco a três
contra a Vasp para cinco a três a favor da companhia.
Só que, ontem, os ministros Teori Zavascki,
Denise Arruda e Luiz Fux decidiram anular essa última
decisão do TRF e mandaram aquele tribunal julgar
tudo de novo. Motivo: eles entenderam que embargos de
declaração (utilizados para esclarecer
o conteúdo dos votos) não podem ter efeitos
de embargos infringentes (que alteram o resultado da
votação).
O resultado prático é que a companhia,
atualmente, em fase de recuperação judicial
e gerida por uma comissão de interventores nomeados
pela Justiça do Trabalho, terá de esperar
mais alguns anos para saber se pode contar com os R$
2,8 bilhões para fazer um encontro de contas
com os seus devedores.
Segundo Raul de Medeiros, o interventor presidente
da Vasp, o déficit da aérea com a União
é de R$ 2 bilhões. E as dívidas
trabalhistas variam entre R$ 700 milhões e R$
900 milhões. Assim, continua o interventor, o
dinheiro que a companhia pede na Justiça bate
hoje com as suas dívidas. "Faríamos
um encontro de contas", afirmou Medeiros.
A Transbrasil já recebeu indenização
(de R$ 700 milhões) por decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) no fim de 1997. E a Varig já
foi vitoriosa, neste ano, no próprio STJ, e espera,
agora, a conclusão de julgamento no STF. Já
a Vasp terá de voltar ao TRF para, depois, seguir
o mesmo curso: primeiro o STJ e, depois, o STF.
Hoje, o STJ analisará outro caso da Vasp: o
destino de milhares de ações de credores
da empresa. A companhia está sofrendo processos
de execução de suas dívidas e recorreu
ao STJ pedindo a centralização de todas
essas ações na 1ª Vara de Falências
e Recuperações de São Paulo. Se
centralizar as ações, o STJ irá
suspender aquelas que estão em fase final de
pagamento, pois serão remetidas à 1ª
Vara. Por outro lado, dará o mesmo destino a
todos os credores, já que, na 1ª Vara, será
uma decisão para todos.
O juiz da 1ª Vara, Alexandre Alves Lazzarini,
explicou ao ministro Hélio Quaglia Barbosa, relator
do caso no STJ, que o importante, para a recuperação
judicial, é que se impeça as "determinações
que inviabilizem a continuidade da empresa". Ele
citou as decisões que determinam o bloqueio de
contas da companhia e outras que mandam as empresas
que contratam com a Vasp depositarem o pagamento recebido.
O julgamento deverá ser iniciado às 14h.
Folha de São Paulo
28/11/2007
BRA faz pedido de recuperação
judicial
Com a medida, companhia aérea
tenta afastar risco de credores pedirem sua falência;
dívidas chegam a US$ 100 milhões
Caso o pedido seja aceito pela Justiça, idéia
da empresa é tentar um novo modelo de negócios,
mais focado nos jatos da Embraer
MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL
A BRA, com dívidas de US$ 100 milhões,
seguiu o caminho de Varig e Vasp e entrou ontem no Tribunal
de Justiça de São Paulo com pedido de
recuperação judicial, mecanismo que substituiu
a concordata com a nova Lei de Falências.
Com o pedido, a companhia, que anunciou a suspensão
de suas operações neste mês, tenta
afastar a possibilidade de um eventual pedido de falência
de credores. Com a recuperação judicial,
ficam suspensas por 180 dias todas as ações
ou execuções judiciais contra a companhia.
Por outro lado, a BRA ficaria obrigada a apresentar
um plano de recuperação a ser submetido
aos credores, que podem aprová-lo ou não.
A idéia é que esse modelo de negócios
seja focado no aproveitamento dos 20 jatos que a BRA
adquiriu da Embraer, segundo Humberto Folegatti, dono
da companhia. "Hoje só há novas posições
[na "fila" de entregas de aviões] na
Embraer para 2011. Temos posições para
2008, 2009 e 2010. Temos lugar na fila garantido e um
preço muito bem negociado. Isso viabiliza a companhia",
disse o executivo ontem à Folha.
Folegatti é acusado de ter pedido a suspensão
dos vôos da BRA para forçar um novo aporte
do Brasil Air Partners -fundo de investimento que detém
20% da companhia. Ele nega. Em 2006, esse fundo (formado
por sete fundos) aportou US$ 70 milhões na BRA,
mas entrou em conflito com o executivo, que anunciou
o seu afastamento da presidência do conselho de
administração da empresa.
Alguns diretores da companhia foram indicação
dos fundos, mas tiveram dificuldade em conseguir informações
e fazer mudanças na empresa por causa da resistência
de Folegatti. "Você se dá bem com
a sua família o tempo todo? É impossível.
O fundo é composto por sete sócios. Cada
um com larga experiência de vida, e infelizmente
opinavam todos. Eles nunca entenderam muito bem esses
prejuízos incidentais na companhia".
Para ele, a crise aérea (especialmente prejudicial
para uma companhia de pequeno porte, sem escala para
minimizar prejuízos) e quatro incidentes com
pássaros que entraram em turbinas de aviões
da empresa neste ano ("a lei de Murphy", como
classificou) levaram a BRA à crise. No primeiro
caso, diz, o prejuízo foi de R$ 40 milhões,
e no segundo houve gastos de R$ 32 milhões com
reacomodação de passageiros.
Ele diz ainda que foram divulgadas informações
mentirosas sobre dificuldades da BRA com a manutenção
de aviões, o que afetou a demanda.
Nas últimas semanas, a BRA, que tinha 2,5% dos
vôos domésticos em outubro, vinha buscando
novos investidores. Segundo fontes, a exigência
era que Folegatti se desfizesse de suas ações
na BRA como condição para investimentos.
Ou seja, o afastamento da presidência do controle
de administração não teria sido
suficiente. Como com a recuperação judicial
o futuro é decidido pelos credores, na prática
o pedido é encarado também como uma garantia
de tirá-lo do controle.
A OceanAir, que fechou contrato com a BRA para transportar
os passageiros de bilhetes que haviam sido emitidos
antes da suspensão das operações
da companhia, afirmou ontem que nada muda no acordo
caso o pedido de recuperação seja aceito
pela Justiça.
Folha de São Paulo
28/11/2007
EMBRAER ESTUDA PRODUÇÃO
DE AERONAVES NA VIZINHA ARGENTINA
A Embraer avalia produzir aeronaves em Córdoba
(Argentina), segundo relatos da imprensa local. O representante
internacional da companhia brasileira, Eduardo Munhoz
de Campos, encontrou-se com a ministra Nilda Garré
(Defesa) para discutir a criação de uma
sociedade para produzir conjuntamente equipamentos para
a aviação civil e militar.
Revista Consultor Jurídico
28 de novembro de 2007
Crise aérea - BRA entra
com pedido de recuperação judicial em
SP
Atolada em dívidas que chegam a US$ 100 milhões,
principalmente com bancos, a BRA pediu, nesta terça-feira
(27/11), a sua recuperação judicial para
a Justiça de São Paulo. A informação
é do site do jornal O Estado de S. Paulo. Segundo
o jornal, a companhia área contratou o escritório
de advocacia Felsberg e Associados para representá-la
no processo.
A queda de braço entre os investidores estrangeiros
da BRA, que detêm 20% de participação,
e os sócios Humberto e Walter Folegatti havia
colocado em suspenso a decisão de entrar em recuperação
judicial. A medida era defendida pelo Brazil Air Partners,
fundo formado por Goldman Sachs, Darby, Gávea
e outros.
Como numa recuperação judicial o destino
de uma companhia fica nas mãos dos credores,
na prática a medida seria uma forma de tirar
os Folegatti do controle da empresa. A idéia
dos investidores estrangeiros, que aportaram R$ 180
milhões na BRA no final do ano passado, é
fazer a empresa voltar a voar com um novo modelo de
negócios, baseado em jatos de 100 lugares da
Embraer.
Segundo fontes envolvidas na negociação,
a paralisação das operações
da BRA foi uma decisão unilateral de Humberto
Folegatti como forma de sensibilizar o governo e pressionar
o Brazil Air Partners a aportar mais recursos. A saída
de Folegatti do comando foi uma exigência dos
fundos e motivo de divergência entre os sócios.
No início de novembro, a BRA anunciou a suspensão
de todas as suas operações, colocando
seus 1,1 mil funcionários em aviso prévio
e 70 mil consumidores — que já tinham bilhetes
comprados — em alerta. Apesar do aporte de R$
180 milhões, a companhia não conseguiu
quitar suas dívidas. A empresa, que em seu auge
chegou a transportar 180 mil passageiros por mês,
tinha 70 mil passagens vendidas até março
de 2008.
Zero Hora
28/11/2007
Jobim apresentará plano
de contingência aérea
Novas regras só entrarão
em vigor no dia 15
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reúne-se
na quarta-feira com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva para apresentar um plano de contingência
com uma série de medidas para assegurar a redução
dos transtornos aos passageiros nos aeroportos, durante
o período de alta estação, que
vai de sábado a 15 de março. Entre as
novas providências está a criação
de um espaço nos quatro principais aeroportos
do país — internacionais de Congonhas,
na zona sul de São Paulo, Cumbica (Guarulhos),
na Grande São Paulo, do Rio de Janeiro (Galeão)
e de Brasília — para que os passageiros
não fiquem desorientados quando ocorrerem dificuldades.
Esta é uma exigência do governo. Lula
tem insistido que não se conforma com a falta
de informações, contra a qual os viajantes
se queixam com freqüência. O rol de disposições
que Jobim levará ao presidente passa por diversos
setores. Entre as medidas está a ordem para que
os aviões operem em Congonhas com peso menor,
sempre cumprindo as regras para uso de aparelhos em
pista molhada, ainda que não chova.
Também entrará em vigor a redução
de 23h para 22h30min no horário de autorização
de decolagem de Congonhas. Assim, a Aeronáutica
quer evitar transtornos aos passageiros, uma vez que,
mesmo que o vôo seja autorizado a decolar e precise
permanecer na pista por algum motivo, terá tempo
de sobra para sair sem violar a determinação
judicial, que é de permissão até
as 23h.
O ministro da Defesa anunciará também
a redução do valor da taxa de permanência
e estacionamento dos aviões no Aeroporto Internacional
do Rio de Janeiro. Com isso, a administração
federal espera que as empresas transfiram os vôos
da capital paulista para a fluminense, descongestionando
Guarulhos e Congonhas.
O Poder Executivo pretende anunciar ainda a punição
às companhias aéreas que estiverem com
alto índice de cancelamentos e atrasos dos vôos.
O valor das multas será elevado. Entre as punições
previstas está a retirada de vôos destas
companhias. Outra medida será o aumento da cobrança
de taxa de permanência dos aviões em solo.
Esse valor passará a obedecer a uma escala de
pontualidade de vôos e as companhias que mantiverem
os aparelhos estacionados nos aeroportos além
do tempo previsto pelo plano de vôo terão
de pagar valores mais altos. As novas regras só
entrarão em vigor no dia 15. Antes disso, no
entanto, no sábado, a nova malha aérea
entrará em funcionamento.
Pesquisa
A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária
(Infraero) realizou uma pesquisa quantitativa em 35
aeroportos. Segundo a análise dos dados, passageiros
e comunidade aeroportuária deram nota 7,68 para
o desempenho geral da estatal. Mas, em relação
ao último levantamento da Infraero, em 2004,
a satisfação dos usuários em relação
à agilidade caiu 20%, no item confiabilidade,
desceu a 32%, e, em relação à transparência,
diminuiu cerca de 10%.
A sondagem mostra também o descontentamento
na solução de reclamações.
Apesar de informações negativas contra
a empresa, o presidente da Infraero, Sergio Gaudenzi,
que está no cargo há três meses,
afirmou que o resultado da pesquisa veio no momento
certo porque ajudará a avaliar o trabalho da
estatal.
— Fiquei satisfeito com o resultado geral, mas
ainda temos muito trabalho, principalmente no aspecto
de responsabilidades. Os usuários ainda confundem
as atividades das empresas aéreas com as da Infraero,
por exemplo. Isso é identificado no resultado
das pesquisas — afirmou.
Segundo Gaudenzi, os dados permitirão criar
novas estratégias para que a Infraero melhore
a imagem e atenda os usuários. O levantamento
também apontou que os usuários, de um
modo geral, estão satisfeitos com os aspectos
de conservação e limpeza dos aeroportos
e com a cordialidade dos funcionários.