::::: RIO DE JANEIRO - 27 DE SETEMBRO DE 2007 :::::

 

Valor Econômico
27/09/2007
STJ confirma decisão a favor da Varig em disputa bilionária
Juliano Basile

A 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou, ontem, por unanimidade, que a Varig tem direito a ser indenizada pelo congelamento das tarifas durante o Plano Cruzado. Foi a sétima decisão favorável à companhia desde que o caso chegou na Justiça, em 1992. Na época, a indenização era de R$ 3 bilhões. Com a correção, o valor deverá, no mínimo, dobrar. Os valores serão usados para pagar a dívida da Varig velha, principalmente o fundo Aerus.

Segundo informou a Assessoria do STJ este foi o último recurso a ser analisado pelo STJ no caso que tramita há 15 anos na Justiça. Agora, o pedido da Varig deverá ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O STF já analisou uma ação sobre este tema, mas a composição do tribunal era totalmente diferente da atual. Em dezembro de 1997, o Supremo concedeu R$ 725 milhões de indenização à Transbrasil pelos mesmo motivos alegados pela Varig. Com a decisão, a Transbrasil abateu dívidas de R$ 700 milhões, mas isso não impediu a companhia de falir, seis anos depois. Dos atuais ministros, apenas Celso de Mello e Marco Aurélio atuavam na Corte na época do caso Transbrasil. Deles, só Celso de Mello votou e foi favorável à companhia. A decisão, aliás, foi unânime.

Mesmo com a composição diferente no STF, o caso da Transbrasil é considerado precedente favorável pelo advogado Alexandre Wald, do Wald Associados, escritório que representa a Varig. "A matéria é a mesma e exatamente sobre igual período", argumenta.

O Ministério Público Federal e a União já fizeram recurso que, agora, deverá subir imediatamente ao STF. Segundo Wald, o recurso ao Supremo baseia-se em dois argumentos: a responsabilidade objetiva e a intervenção no domínio econômico.

As companhias aéreas alegam que tiveram suas tarifas congeladas por causa do Plano Cruzado, entre 1985 e 91. Elas sustentam que tiveram prejuízos financeiros graves por conta das obrigações impostas pelo governo na época. Daí, a necessidade, segundo elas, de indenização. Além da Varig, a Vasp, a TAM, a Rio Sul e a Nordeste Linhas Aéreas também ingressaram com pedidos semelhantes. Todas querem ser indenizadas pelo governo. A ação da Varig é a que envolve valores mais altos. "O ressarcimento é devido porque houve uma violação ao equilíbrio econômico financeiro do contrato de concessão existente na época entre a Varig e a União", argumenta o advogado da companhia aérea.

A decisão de ontem do STJ foi tomada num pedido de reconsideração feito pelo Ministério Público Federal e pela União. Ambos queriam que o ministro Castro Meira reavaliasse a sua decisão que impediu o julgamento de embargos de divergência. Este recurso é utilizado quando a parte derrotada quer esclarecer as divergências entre os votos dos ministros.

Em abril passado, a 1ª Seção havia decidido favoravelmente à Varig por sete votos a um. Ontem, o STJ analisou embargos de declaração - recurso proposto para esclarecer eventual omissão ou obscuridade na decisão. Mas, o pedido foi novamente negado. Desta vez, por unanimidade.

Os pedidos de indenização pelas companhias aéreas em função do congelamento de tarifas do Plano Cruzado é um dos riscos fiscais mencionados no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2008 da União. (Colaborou Marta Watanabe, de São Paulo)

 

 

O Estado de São Paulo
27/09/2007
STJ mantém indenização de R$ 3 bi à Varig
Agora, último recurso do governo federal para não pagar indenização é uma ação no STF
Felipe Recondo

O governo federal sofreu mais uma derrota na tentativa de evitar o pagamento de uma indenização de R$ 3 bilhões à Varig pelo congelamento do preço das passagens aéreas durante o governo Sarney. A primeira seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou ontem, por unanimidade, um recurso (tecnicamente chamado de embargo de declaração) do Ministério Público contra decisão anterior do próprio STJ, que havia confirmado a indenização.

O valor foi calculado em 1992 pelo Tribunal Regional Federal de Brasília e refere-se às perdas que a empresa alega ter sofrido em função do controle de preços. A Varig argumentou que o governo comprometeu seu equilíbrio econômico-financeiro ao estabelecer valores aquém dos que deveriam ser praticados pelo mercado. O governo rebatia os argumentos da empresa, acusando-a de ter problemas financeiros em função da má administração.

A União e o Ministério Público já haviam apelado da decisão no próprio STJ com outro instrumento jurídico - um embargo de divergência -, mas tiveram o pedido também negado em 2004.

Depois, houve novo recurso para que o caso fosse analisado pelos demais ministros da Primeira Seção do STJ. O recurso foi novamente recusado. O embargo de declaração foi a última tentativa para se reverter a decisão no STJ. O caso, que se arrasta há mais de 15 anos, só não teve ainda um ponto final porque corre no Supremo Tribunal Federal (STF) um recurso da Advocacia Geral da União contra o pagamento. Mas, como a matéria não é constitucional, ministros consideram difícil que a decisão seja contestada no Supremo.

ENCONTRO DE CONTAS

A Varig quer usar a sentença para promover um encontro de contas entre os valores que tem a receber do governo e as dívidas que a empresa tem com a União. A indenização poderá permitir ainda que a empresa cubra os compromissos com o fundo de pensão Aerus, que está sob intervenção do governo, provocada pela dívida das empresas patrocinadoras, entre elas a Varig, com o fundo. A idéia é que cerca de dois terços do que for definido como pagamento sejam destinados a cobrir o rombo no Aerus. A dívida total da Varig é de cerca de R$ 7 bilhões.

 

 

O Estado de São Paulo
27/09/2007
VRG quer resgatar debêntures
Alberto Komatsu

O juiz Luiz Roberto Ayoub, titular da 1.ª Vara Empresarial do Rio, responsável pela recuperação judicial da Varig antiga, planeja fazer uma espécie de licitação para elevar o valor que a nova Varig pretende pagar por um resgate antecipado de papéis de dívida (debêntures) para amortizar dívidas da Varig antiga, que permanece em recuperação judicial.

Segundo Ayoub, a nova Varig, cuja razão social é VRG, manifestou na terça-feira desejo de desembolsar R$ 88 milhões em duas séries de debêntures emitidas pela VRG. Pelo plano de recuperação judicial, o resgate desses papéis poderia ser realizado no prazo de 10 anos por R$ 50 milhões cada série. A nova Varig foi procurada, mas não retornou até o fechamento desta edição.

A VRG, portanto, pretende pagar R$ 44 milhões pelo resgate antecipado das duas séries de debêntures, uma voltada para os trabalhadores e outra para os credores com garantia real. 'É um bom papel. Qualquer empresa pode ter interesse em fazer o resgate', disse Ayoub. No total, a Varig antiga acumula dívida de R$ 7 bilhões.

 

 

O Estado de São Paulo
27/09/2007
Já não há pressa em tirar Zuanazzi da Anac
Jobim fala em conversar com presidente, depois que nomear 3 diretores
Luciana Nunes Leal

Principal órgão regulador do sistema aéreo brasileiro, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) completa um ano de crise aérea, no sábado, com apenas um diretor: o presidente Milton Zuanazzi. Mas o governo, que defendeu a saída rápida de toda a diretoria colegiada após os dois maiores acidentes da história do País, já trabalha com a hipótese de ainda demorar algumas semanas para reformular a agência. O Senado ainda não tem prazo para aprovar a nomeação de novos diretores. Caso Zuanazzi renunciasse hoje, por exemplo, a Anac simplesmente ficaria sem nenhum comando geral.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem esperar a saída de Zuanazzi do cargo 'assim que o Senado aprovar a indicação de pelo menos três novos diretores'. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o ministro foi questionado sobre o futuro do presidente da Anac e lembrado das vezes em que o diretor disse que só deixaria o cargo quando achasse que deveria. 'As coisas não são bem assim. Espero que, tão logo eu tenha designado três (diretores), ele (Zuanazzi) possa sair.' Em outro trecho, o ministro reiterou: 'Com a votação dos nomes no Senado, vou propor... vou conversar com o presidente Milton Zuanazzi.'

Sobre a paralisia da Anac, por causa da ausência de diretoria, o ministro comentou que 'é bom, para sossegar um pouco'. Ele lembrou, no entanto, que, se for necessário, Zuanazzi poderá tomar alguma decisão importante ad referendum, sem a aprovação do colegiado. Jobim negocia com senadores governistas e oposicionistas a aprovação dos nomes que indicar para a agência, independentemente da disputa política travada desde a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no processo de cassação de mandato.

Segundo o ministro, o Senado deverá aprovar os nomes do brigadeiro Alemander Pereira e do economista Marcelo Pacheco dos Guaranys até o fim da próxima semana. O ministro prometeu encaminhar em breve à Presidência da República mais um nome para a diretoria. Na montagem do novo comando, ele adiantou que reunirá 'um técnico que entende de vôo, outro de regulação e outro de gestão e infra-estrutura aeroportuária'.

A última indicação a ser analisada pelos senadores deverá ser a da economista e assessora especial do Ministério da Defesa Solange Paiva Vieira. Ela já foi escolhida por Jobim para presidir a Anac, depois da saída de Zuanazzi.

Questionado sobre a decisão do relator da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, Marco Maia (PT-RS), de livrar todos os ex-diretores da Anac, recomendando apenas ao Ministério Público Federal a investigação dos crimes de improbidade administrativa, recebimento de vantagens indevidas e fraude em processo judicial, Jobim afirmou que 'indiciamento feito pela CPI não significa absolutamente nada em termos jurídicos'. O ministro prometeu, porém, analisar as propostas da comissão, como retirar da Anac os poderes para autorização de vôos e de exploração de novos aeroportos.

 

 

O Estado de São Paulo
27/09/2007
Avião faz pouso forçado em rodovia gaúcha

Um monomotor fez um pouso forçado na Rodovia BR-287, na região de São Pedro do Sul, no Rio Grande do Sul, na tarde de anteontem. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, as duas pessoas que estavam na aeronave não ficaram feridas. A rodovia estava vazia na hora do pouso, por volta das 18 horas. O avião, pilotado por Zeno Bittencourt Souza, com o passageiro Moacir Moro, seguia de Ijuí para São Gabriel, quando ocorreram problemas mecânicos.

 

 

O Estado de São Paulo
27/09/2007
Cabo Frio ganha aeroporto

O Aerolula, avião da Presidência da República, inaugura amanhã a nova pista do Aeroporto Internacional de Cabo Frio, na Região dos Lagos, no Rio. É o primeiro do País administrado pela iniciativa privada, sem a participação da Infraero, que terá vôos internacionais. Iniciada há dois anos, a reforma custou R$ 35 milhões.

 

 

Jornal do Brasil
27/09/2007
Jobim evita críticas à CPI

Brasília. Em campanha aberta para retirar Milton Zuanazzi da presidência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o ministro da Defesa, Nelson Jobim, evitou comentar o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara, que não pediu o indiciamento dos diretores da Anac, responsável pela regulação e fiscalização do setor aéreo. Segundo ele, essa é uma questão exclusiva do Congresso Nacional.

Jobim reafirmou que seu objetivo é promover a renovação completa na diretoria da agência. Quatro diretores já deixaram seus cargos na agência reguladora. Os diretores da agência não podem ser demitidos e só podem deixar o cargo em caso de renúncia ou em caso de processo administrativo ou judicial.

De acordo com o ministro, até a semana que vem, a Presidência da República deve encaminhar para aprovação do Senado mais dois nomes para a diretoria da Anac.

- Hoje (ontem) está indo o nome do doutor (Marcelo) Guaranys para uma das funções. Depois, na semana que vem, creio que talvez até o fim da semana, enviemos o terceiro nome - garantiu.

Além do economista Guaranys, os outros dois indicados pelo governo para a diretoria da agência são Solange Paiva Vieira, assessora especial de Jobim, e o major-brigadeiro Allemander Jesus Pereira Filho, indicado para exercer o cargo em substituição a Jorge Luiz Brito Velozo, que pediu demissão no final do mês passado. Allemander já foi sabatinado na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, mas seu nome ainda precisa ser aprovado no plenário.

Segundo o ministro da Defesa, a idéia é que a diretoria seja composta por um grupo que entenda de vôos ou que entenda de regulação e outro que entenda de gestão e infra-estrutura aeroportuária.

 

 

Jornal do Brasil
27/09/2007
Editorial: A Anac sumiu e ninguém reparou

A Agência Nacional de Aviação Civil está no meio de um processo de renovação forçada cujos primeiros resultados são conhecidos. Se antes da mão pesada do ministro Nelson Jobim a Anac primava pela omissão, agora percebe-se que não faz nenhuma falta. Bastou aparecer o comando do Estado e os aviões retomaram os vôos, com as companhias tentando cumprir o que lhes é de obrigação junto ao passageiro. Manda quem pode, obedece quem tem juízo, diz o ditado.

Mas a aparente fritura dos diretores da sinecura esconde uma jogada ousada. O último da turma de apadrinhados políticos ungidos com esse belo cargo se mantém impávido na cadeira. Tem a seu favor a lei que estabeleceu o mandato, com data para começar e acabar. Milton Zuanazzi é o presidente fantasma de uma agência fantasma. Mas que diferença isso pode fazer?

Muita. O problema com a Anac é que a agência nunca foi pensada para funcionar, mas apenas para fingir que faz as coisas andarem. Quando os novos diretores nomeados por Jobim assumiram os cargos, recentemente, descobriram, por exemplo, um caminhão de multas aplicadas a empresas aéreas nos últimos dois anos e que jamais foram cobradas. Executar essa parte do negócio não constava do combinado entre os padrinhos do grupo. Estavam ali para manter as aparências. E que aparências.

Jobim já indicou o substituto de Zuanazzi, a economista Solange Vieira. À frente da Secretaria de Previdência Complementar, Solange comprou todas as brigas possíveis. Ganhou algumas e perdeu outras, até ser apeada do cargo. Seu ingresso na Anac garantiria, no mínimo, que a caixa-preta da fiscalização finalmente fosse aberta à sociedade.

Mas o atual presidente não dá mostras de que pretenda se demitir. Já passou por todos os processos possíveis de constrangimento, inclusive público, sem manifestar preocupação com a própria imagem.

A tática parece arriscada, mas é maquiavélica: a cada dia a mais no gabinete, Zuanazzi retira um pouco da autoridade do ministro da Defesa, não importa o quão ríspido possa ser o tom dos recados que vem recebendo de cima.

Já foi dito que a saída dependeria de um pedido direto do presidente Lula, o que seria mais um constrangimento, uma vez que a presidência da Anac não tem a importância hierárquica no Estado que justifique a interferência do poder máximo. Como foi indicado pelo PT, o sobrevivente está agarrado ao peso político de quem o apadrinhou.

Conta com essa dificuldade em uma guerra perdida desde o início. Mas, como em toda batalha, quer ser abatido ainda com as armas em ação.

Enquanto esse debate segue, a sociedade se pergunta se não foi suficiente o sofrimento imposto por dez meses de crise e dois acidentes trágicos. Acompanha a reforma que não sai, desconfiada se fará realmente alguma diferença, já que os políticos que tanto pareciam empenhados em cobrá-las como seus representantes preferiram o conforto da omissão.

Todos os descalabros cometidos num setor tão estratégico quanto a aviação não sensibilizaram a CPI do Apagão Aéreo. Ninguém foi indiciado, é como se não tivesse havido crise alguma.

Este resultado aviltante é um entreato da mesma comédia estrelada pelos diretores da Anac. Chama-se compadrio político-partidário. Como chegou a hora do salve-se quem puder, cada um se agarra na bóia que lhe cabe. Enquanto isso, o povo se afoga.

 

 

O Globo
27/09/2007

 

 

O Globo
27/09/2007

 

 

Folha de São Paulo
27/09/2007
AVIAÇÃO - STJ nega recurso ao governo em ação da Varig
DA SUCURSAL DO RIO

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) rejeitou por unanimidade os recursos apresentados pelo Ministério Público Federal contra uma decisão anterior do tribunal favorável à Varig. A empresa move uma ação bilionária contra o governo pelo congelamento de tarifas no governo Sarney, cobrando cerca de R$ 3 bilhões, em valores de 1992, em função das perdas com a obrigatoriedade.
O governo ainda pode recorrer ao STF (Superior Tribunal Federal).

 

 

Folha de São Paulo
27/09/2007
FAB determina inspeção na TAM e Infraero
Objetivo é avaliar condições de segurança da empresa e de Congonhas que podem ter contribuído para acidente com Airbus
Medida foi recomenda pelo Cenipa; à TAM também foi recomendado enfatizar o uso correto dos manetes em caso de reversor inoperante

LEILA SUWWAN DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Aeronáutica determinou que seja realizada uma vistoria especial de segurança de vôo na TAM e nas instalações da Infraero em Congonhas para avaliar quais as condições que podem ter contribuído para o acidente do vôo 3054 em julho, que deixou 199 mortos.

A recomendação está entre 18 medidas propostas pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e aprovadas pela FAB na semana passada, após dois meses de investigação.

Além das vistorias, a investigação focou nas condições de uso das duas pistas do aeroporto de Congonhas, um indicativo de que condições de risco foram detectadas.

As recomendações são datadas de 17 de setembro e não trazem justificativas ligadas à investigação, que é sigilosa.

No entanto, o Cenipa tem obrigação de propor medidas preliminares, mesmo antes de suas conclusões finais, sempre que uma situação de risco é detectada.

A "vistoria de segurança de vôo especial", segundo a legislação aeronáutica, é específica para casos de acidentes e visa reavaliar as condições existentes ou verificar se há novas condições de insegurança.

Ela também pode ser realizada se houver indícios de falhas na segurança de vôo, alterações em procedimentos e treinamento ou sinais de "circunstâncias comportamentais adversas nos tripulantes".

A Folha procurou a TAM sobre a questão na noite de ontem, mas não houve posicionamento oficial devido ao horário. Porém, a empresa afirma que as vistorias são normais depois de um acidente.

Condições da pista

No caso da vistoria na Infraero, uma das hipóteses é a investigação sobre o procedimento usado para verificar as condições da pista pouco antes do acidente, a pedido da torre de controle, que registrou queixas de asfalto escorregadio de outros pilotos naquele dia. Na ocasião, o técnico não desceu do carro para fazer a checagem.

À TAM também foi recomendado "enfatizar" aos tripulantes o uso correto dos manetes em caso de reversor inoperante -a caixa-preta do acidente registra que a alavanca direita foi "esquecida" em ponto de aceleração, o que impediu a frenagem correta do A-320 em Congonhas.

 

 

Folha de São Paulo
27/09/2007
Irresponsabilidade no ar

FORAM CINCO meses de investigação na Câmara dos Deputados sobre a crise aérea que parou os aeroportos do país. O resultado, porém, ficou aquém da expectativa. Aguardava-se uma responsabilização pelos fatos graves investigados, entre eles os dois maiores desastres aeronáuticos do país. Mas o relatório do deputado Marco Maia (PT-RS) frustra os que esperavam que autoridades responsáveis pela crise fossem identificadas e indiciadas.

Parte dessa expectativa foi suscitada pelo próprio relator. Oito dias atrás, ele via elementos para indiciar a ex-diretora Denise Abreu, mas o nome desapareceu da peça final no trecho em que aborda o episódio da "norma falsa" apresentada à Justiça para liberar o aeroporto de Congonhas. O relatório se limita a sugerir que o Ministério Público Federal realize investigação para apurar a responsabilidade individual e coletiva dos dirigentes.

A norma podia ser falsa, mas não era uma norma qualquer: estivesse em vigor, o Airbus da TAM com o reverso travado não teria permissão para pousar em Congonhas. Que tenha sido publicada na internet e fornecida à Justiça constitui descalabro que não deveria passar em branco. "A excessiva informalidade [na Anac], (...) demonstrada pela inexistência de procedimentos e rotinas claramente estabelecidos dificulta, sem dúvida, a apuração de responsabilidades", justifica debilmente o relatório.

Bastou uma semana, ao que se percebe, para o relator mudar de opinião, como aliás defendiam setores do PT e do governo. O documento também acata orientações do Ministério da Defesa para retirar da Anac o poder de conceder linhas aéreas e reservá-lo ao ministro da pasta. Se aprovado o relatório, algo enfim talvez comece a mudar na Anac.

 

 

Folha de São Paulo
27/09/2007
Anac parada é bom para "sossegar um pouco", diz Jobim
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em campanha para concluir as mudanças na direção da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o ministro Nelson Jobim (Defesa) disse ontem que o fato de a agência ter hoje apenas uma das cinco diretorias preenchidas é bom. "Está paralisada, o que é bom também, [para] sossegar um pouco", afirmou.

Pressionados ou acusados de irregularidades, quatro dos cinco diretores da Anac já deixaram o posto desde que Jobim assumiu o ministério com carta-branca do presidente Lula.

O único que resiste é o diretor-presidente, Milton Zuanazzi, que não quer deixar o posto de forma acuada. A expectativa de Jobim é que Zuanazzi se retire ainda esta semana, mas ele já disse a amigos que só pretende deixar o cargo após o Senado aprovar o nome de pelo menos três novos diretores. Até ontem só foram indicados dois.

Com menos de três dirigentes desde 6 de setembro, a agência não pode realizar reuniões de diretoria, onde são feitas deliberações como aprovação de normas de segurança ou concessão de linhas. Porém, em situações de urgência e relevância, Zuanazzi pode deliberar, mas as ações ficam pendentes de aprovação posterior.

A "acefalia" da Anac, porém, não impede o funcionamento da rotina, comandado pelo segundo escalão, formado por seis superintendências ocupadas por pessoal de perfil técnico, alguns deles antigos integrantes do DAC (Departamento de Aviação Civil). O ministro Walfrido dos Mares Guias (Relações Institucionais), padrinho político de Zuanazzi, informou anteontem a Jobim da intenção de Zuanazzi de não renunciar agora.

Jobim já anunciou publicamente três nomes para ocupar as vagas: o brigadeiro Allemander Pereira, a economista Solange Vieira e o advogado e também economista Marcelo Pacheco Guaranys. O primeiro já foi sabatinado pelo Senado, mas ainda não foi aprovado pelo plenário devido aos conflitos políticos envolvendo Renan Calheiros (PMDB-AL).
(MARIA LUIZA RABELLO)

 

 

Folha de São Paulo
27/09/2007
INFRAERO:CGU DECIDE DEMITIR DIRETOR DA ESTATAL POR ENRIQUECIMENTO ILÍCITO

O ex-diretor financeiro da Infraero Adenauher Figueira Nunes foi demitido ontem por decisão da CGU (Controladoria Geral da União) por enriquecimento ilícito -ele estava afastado da empresa desde o final do ano passado. A investigação da CGU começou por alerta do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) no ano passado.

 

 

Site do STJ
26/09/2007 - 19h38
DECISÃO
STJ rejeita recurso contra indenização bilionária à Varig


Por unanimidade, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou os embargos de declaração (tipo de recurso) opostos pelo Ministério Público Federal (MPF) com o objetivo de reverter a decisão da Primeira Turma da Corte que garantiu indenização bilionária à Varig. A empresa cobra da União cerca de R$ 3 bilhões – em valores de 1992 – relativos aos prejuízos causados pelo congelamento de tarifas durante o governo Sarney.

Nesse recurso, o MPF alega que a decisão dos embargos de divergência (tipo de recurso) apresenta erro de fato, pois, segundo entende, está equivocada a premissa firmada na decisão do recurso especial de que seriam matéria nova os memoriais apresentados pela União em segunda instância.

Ao decidir, o relator, ministro Castro Meira, destacou que a afirmação de que a questão trazida nos memoriais configurava matéria nova não foi firmada no julgamento dos embargos de divergência, mas naqueles que o antecederam. “Ainda que incorreta a premissa, não há espaço nesta via processual para alterá-la ou reformá-la. Nos embargos de divergência, recurso de fundamentação vinculada, decide o órgão julgador pela prevalência de uma determinada tese jurídica, sem qualquer discussão sobre o substrato fático que embasa a lide”, esclareceu.

O ministrou afirmou, ainda, que a premissa estabelecida na segunda instância de que a questão trazida no memorial da União configurava matéria nova não podia ser modificada pela Primeira Turma ao julgar o recurso especial, como também não podia ser alterada pela Primeira Seção ao examinar a divergência.

 

 

Agência Estado
Economia
26/09/07 - 19:26h
STJ mantém indenização de R$ 3 bi do governo à Varig

Brasília, 26 - A Varig conseguiu, por unanimidade, na Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), manter a indenização de R$ 3 bilhões que o governo terá de pagar em função do controle de tarifas entre 1985 e 1992.

A empresa argumentou que o governo comprometeu seu equilíbrio ao estabelecer valores aquém dos que deveriam ser praticados pelo mercado. O Ministério Público ajuizou embargo de declaração contra a decisão favorável à companhia aérea.

Em 2006, o STJ já havia negado recurso à União e ao Ministério Público e confirmado a indenização à Varig. Como a matéria não é constitucional, ministros consideram difícil que a decisão seja contestada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Felipe Recondo