:::::RIO DE JANEIRO - 26 DE MAIO DE 2006 :::::

Valor Econômico
26/05/2006
Anac antecipa edital de leilão para evitar colapso

Daniel Rittner

Na tentativa de evitar o colapso da Varig, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) acelerou seus trabalhos e poderá divulgar, já na próxima quarta-feira, o edital do leilão de venda da companhia aérea. Em outra frente, como forma de apoiar a empresa na batalha jurídica que ela enfrenta, o órgão regulador enviará um dos seus diretores para acompanhar a audiência no tribunal de falências de Nova York, marcada para quarta-feira.

Ao juiz americano Robert Drain, que decidirá sobre o pedido das empresas de leasing de arrestar os aviões em uso pela Varig, a Anac explicará a situação da companhia brasileira e deverá sugerir que a cobrança das parcelas atrasadas pelo aluguel das aeronaves fique para depois do leilão.

"Nossa posição é mostrar ao juiz que esses prazos são fundamentais para chegarmos ao leilão", disse ao Valor o diretor-presidente da Anac, Milton Zuanazzi. Se a decisão do magistrado for desfavorável à Varig, a agência pedirá à Justiça americana "cinco ou seis dias" para a determinação do arresto. "É o mínimo de que precisamos para implementar um plano de contingência", acrescentou Leur Lomanto, o diretor da Anac que viajará a Nova York.

O órgão regulador e os demais funcionários que lidam com a crise da Varig, pelo lado do governo, acreditam que o leilão poderá salvar a companhia. O problema é como chegar até lá. Por isso, há um empenho em acelerar, na medida do possível, o lançamento do edital. Se for divulgado na quarta-feira, a abertura do "data room", com informações sigilosas a interessados na compra, poderá ocorrer logo em seguida.

"O problema mais urgente concentra-se na dívida de US$ 20 milhões, acumulada com as empresas de leasing"

Em tese, a legislação estabelece um prazo mínimo de 30 dias, após a divulgação do edital, para a realização do leilão. Dessa forma, o leilão só poderia ocorrer, na melhor das hipóteses, na primeira semana de julho. Há um entendimento, no entanto, de que esse prazo pode ser encurtado pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela processo de recuperação judicial da Varig.

Os parlamentares empenhados em uma solução para a crise da empresa aérea aguardam que a antecipação seja anunciada em breve, por Ayoub. Eles acreditam que o leilão pode acontecer ainda em junho. Esse prognóstico foi reforçado ontem, após a reunião do grupo de senadores e deputados com executivos da Varig e dos credores estatais. Para o senador Jefferson Peres (PDT-AM), a grande preocupação é a "travessia até o leilão". "Há várias empresas interessadas (na Varig), mas que só vão se apresentar se ela continuar operando (até a realização do leilão)", afirmou.

O problema mais urgente concentra-se na dívida de US$ 20 milhões, acumulada com as empresas de leasing. Os parlamentares tentarão ajudar a evitar o arresto das aeronaves procurando os governadores, por intermédio dos coordenadores das bancadas estaduais. A idéia é convencê-los a seguir o exemplo do Rio de Janeiro, que editou decreto reconhecendo a dívida que tem com a Varig, em função de cobranças de ICMS já julgadas como indevidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com o senador Paulo Paim (PT-RS), os Estados devem R$ 1,38 bilhão à Varig, devido à decisão do STF. Com os decretos dos governadores em mãos, a Varig teria uma chance de convencer a Justiça de Nova York a prorrogar o prazo de pagamento da dívida com os credores americanos. Os senadores esperam obter uma resposta dos Estados até segunda-feira. Embora os governos estaduais tenham pouco estímulo para reconhecer os créditos da Varig, os parlamentares vão ressaltar que nenhum dinheiro precisará ser ressarcido imediatamente. O importante, lembram, é ter os decretos editados. O Valor apurou que o Estado mais próximo de fazer isso é o Rio Grande do Sul, que deve R$ 108 milhões em ICMS cobrado indevidamente.

Apesar dos esforços da Anac em evitar um tiro de misericórdia dado nos tribunais de Nova York, a Varig continua enfrentando problemas com os credores estatais e com o próprio órgão regulador. A Infraero denunciou ontem, ao Ministério Público Federal, o presidente da aérea, Marcelo Bottini, pelo crime de apropriação indébita. Como gestor da empresa, ele é acusado pela Infraero por não ter repassado R$ 16,7 milhões em tarifas de embarque. Essas taxas são recolhidas dos passageiros, na emissão dos bilhetes, e devem ser transferidas à estatal - algo que a Varig não faz desde abril. Além disso, a companhia acumula uma dívida de R$ 143 milhões em tarifas de pouso e navegação aérea, que não paga à Infraero desde o início de setembro.


Valor Econômico
26/05/2006
Credores apertam o cerco à Varig

Tatiana Bautzer

As empresas de leasing perderam a paci ência com a Varig, que continua acumulando dívidas das parcelas de leasing dos aviões, e esperam conseguir do juiz de falências do distrito sul de Nova York, Robert Drain, uma ordem de retomada de seus aviões.

Alguns arrendadores já notificaram a Varig do encerramento compulsório dos contratos de leasing e pediram a devolução dos aviões. Em documento entregue na quarta-feira ao tribunal, diversas companhias pediram que o juiz proíba a saída das aeronaves dos Estados Unidos e ordene o início do plano de contingência, de planejamento de devolução dos aviões em caso de falência da Varig. O juiz tomará a decisão na quarta-feira, dia 31, numa audiência às 10 da manhã. Os advogados da Varig nos EUA estão pedindo que a liminar que protege os aviões de arresto seja convertida em ordem permanente.

Arrendadores como US Bank Trustees e Wells Fargo já assumiram posição contra a Varig, pedindo as aeronaves de volta. A Ansett Aviation e a Boeing devem informar sua posição durante a audiência do dia 31.

A empresa de leasing Bristol já conseguiu uma autorização da autoridade portuária de Nova York para retomar uma de suas aeronaves, um Boeing 777 que estava em manutenção no hangar da United Airlines, no aeroporto John F. Kennedy, há 20 dias. A Varig informou, por meio da assessoria de imprensa, que não chegou a devolver o avião, apenas autorizou sua transferência para outro hangar. A Varig disse ainda que foi comunicada da decisão da Bristol ontem à noite e que as operações em Nova York não serão afetadas.

"O último plano de recuperação é, em essência, um processo de falência, e acreditamos que não haja fonte de recursos para manter a companhia aérea em operação até a organização de um leilão. Já demos mais do que a contribuição necessária, é hora de implantar o plano de contingência para tentar salvar o que sobrou do que já foi o orgulho da frota da Varig e do que são hoje repositórios de peças para seus outros aviões", diz o pedido entregue ao juiz. Os advogados da Varig nos EUA estão pedindo que a liminar que protege os aviões de arresto seja transformada numa proteção permanente.

Num documento da US Bank Aircraft e Wells Fargo Aircraft entregue na quarta, as companhias afirmam que "os contratos estão em atraso continuamente desde junho de 2005" e que as tentativas de negociação não deram nenhum resultado. "Enquanto a Varig continua com a sopa de letrinhas de propostas (onde estão agora o MatlinPatterson ou a VarigLog, por exemplo?), as aeronaves estão sendo usadas sem pagamento, ficam paradas por longos períodos ou sem manutenção e são canibalizadas enquanto não estão voando."

As empresas afirmam ao tribunal que desde a última audiência, em 27 de abril, os atrasos de pagamentos aumentaram e a canibalização de aviões continua. "O pior é que o atual plano B (ou o plano do dia que substituiu a proposta da VarigLog apresentada na última audiência) está cheio de problemas, o que tornará extremamente difícil para os arrendadores conseguir alguma proteção (...) Nas atuais circunstâncias, não tiveram outra alternativa além de dar notificação formal no Brasil e nos Estados Unidos do término dos contratos de leasing e pedir o retorno da aeronaves. A Varig ignorou ambos." Sobre a canibalização de aeronaves, as empresas afirmam ter provas da desmontagem de uma turbina de número de série 222102, de um avião localizado no Rio de Janeiro. A Varig alega que essa retirada serviria para consertar um avião chamado de "C" no processo, número de série 26918 e número de série de turbina 777020, parado em Las Palmas, Ilhas Canárias. A US Bank Trustees aponta ainda o avião PP-VRF (MSN 30214) que está parado no aeroporto do Rio sem manutenção desde 4 de janeiro, e, segundo a empresa, sujeito ao roubo de peças.

As companhias prevêem que a Varig não terá dinheiro suficiente para pagar os credores mesmo depois da venda da "parte boa" da companhia. A US Bank Trustees diz ter entregue notificações do fim dos contratos de leasing para as três aeronaves. Uma delas (identificada no processo como MSN 30212) foi devolvida, porque a autoridade portuária de Nova York obedeceu a um pedido feito pela companhia no aeroporto JFK.

Ao recuperar o avião, a US Bank afirma que havia "água nas turbinas porque a Varig não propiciou condições de armazenagem corretas".

As empresas pedem que entre em vigor imediatamente o plano de contingência, dizendo que o plano B para a Varig é apenas uma falência com leilão de ativos. Pelo plano, a Varig teria que devolver os aviões, os documentos e fazer o processo burocrático de retirá-las do registro do DAC. Ao juiz, as empresas pedem que sejam retomadas outras três aeronaves: MSN 30213, MSN 30214 e MSN 26918.

Os advogados da Varig afirmam que apresentarão durante a audiência "boas notícias" sobre a recuperação da companhia. O advogado Rick Antonoff, que representa a Varig no tribunal de falências, afirma que depois do recebimento da manifestação na Justiça americana da International Finance Lease Corporation (ILFC) cobrando US$ 2,8 milhões em parcelas atrasadas, a Varig "informou aos advogados que pretende ficar em dia com suas obrigações (...) na data de entrada deste documento na corte [19 de maio], pagando US$ 1,1 milhão". Mas Antonoff diz que "a Varig admite que não está cumprindo totalmente todos os termos da ordem judicial. A Varig fez os pagamentos à ILFC depois das datas requeridas pela ordem, e mesmo tendo recebido a notificação, não removeu os aviões da frota em serviço". Mas o advogado argumenta que os "problemas no cumprimento da ordem não foram significativos em relação ao propósito da ordem, e os atrasos têm sido saldados o mais rapidamente possível, e os problemas não ocorreram por desrespeito às decisões da ordem deste tribunal ou mostrando algum desprezo pela ordem".

Antonoff diz que os esforços de reestruturação estão indo numa "direção positiva", dizendo que os credores aprovaram no dia 9 o "plano B", com um empréstimo-ponte do BNDES com o propósito de pagar todos os atrasados com as empresas de leasing e prover capital de giro até o leilão da companhia. "Aproximadamente 14 empresas afirmaram que participarão do leilão", afirma o advogado da Varig. Na resposta, os advogados afirmam que a companhia "aceitará a determinação da Justiça por não ter mantido suas obrigações segundo a ordem judicial. Mas a Varig pede que o tribunal não force aviões a deixar de voar considerando o dano que isso poderia causar à Varig em comparação com o dano causado à ILFC se essa medida não for tomada".

A empresa pede que se o juiz fixar uma multa, que o seu valor não seja alto a ponto de "frustrar o progresso que está ocorrendo na reorganização" na Justiça brasileira.

A Varig alega que ainda não devolveu os aviões por causa da greve da Receita Federal. A empresa informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que entrou com uma ação contra a Receita, na quarta-feira, para que o órgão fiscalizador emita as guias de exportação necessárias para que os dois aviões 737-500 da ILFC sejam devolvidos. A aérea também já enviou uma documentação ao juiz Drain esclarecendo as razões do atraso. (Colaborou Janaina Vilella, do Rio)


Valor Econômico
26/05/2006
Companhias de leasing apertam o cerco à Varig

Tatiana Bautzer e Daniel Rittner

Empresas de leasing aumentam a pressão contra a Varig. Elas pediram à Justiça americana que proíba a saída das aeronaves da empresa dos Estados Unidos e ordene o início do plano de contingência, com planejamento para devolução dos aviões em caso de falência. O juiz tomará a decisão na quarta-feira. Na tentativa de evitar o colapso da Varig, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) poderá antecipar, também para quarta-feira, o edital de leilão da companhia.

Folha de São Paulo
26/05/06
Arrendadora retoma avião da Varig, que precisa de US$ 50 mi

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A empresa de leasing Bristol conseguiu retomar um Boeing-777 da Varig, que estava parado havia 43 dias no pátio da United Airlines, no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York. Segundo a Varig, a dívida da empresa com a arrendadora soma US$ 1,8 milhão, referente a dois meses de atraso no aluguel da aeronave.

A companhia foi informada da decisão da Bristol na noite de quarta-feira e disse que a decisão não acarretará impacto operacional. O avião estava parado desde o dia 9 de abril para manutenção e estava sem turbina.

Segundo a Varig, nenhuma outra empresa de leasing adotou estratégia similar para retomar as aeronaves.

De acordo com o que a Folha apurou, a companhia precisa de US$ 50 milhões para sobreviver até o leilão de suas operações. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) rejeitou as três propostas de interessados em participar do empréstimo-ponte à Varig. O objetivo do empréstimo seria justamente permitir a continuidade da empresa até o leilão.

A receita da empresa caiu de US$ 200 milhões por mês, antes da intensificação de sua crise financeira, para US$ 120 milhões. Um dos envolvidos nas conversas para tentar salvar a aérea classificou a situação atual da Varig como "desesperadora".
Um dos grandes obstáculos à sobrevivência da companhia será discutido no próximo dia 31, quando a Varig tem audiência marcada com arrendadores de aviões na Justiça americana.

A questão é se a Corte de Falências de Nova York prorrogará novamente a proteção à empresa em território americano - os arrendadores querem poder retomar aviões cujos leasings não foram pagos pela Varig.

Em audiência no Senado entre governo, Varig e credores, decidiu-se que um representante da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) irá a Nova York para tentar ajudar a convencer a Justiça de que a aérea é viável e que o prazo deve ser prorrogado.
As dívidas da Varig são estimadas em R$ 7,9 bilhões, de acordo com seu último balanço publicado.

O Estado de São Paulo
26/05/06
Varig perde avião e tenta antecipar venda
Empresa quer evitar arrestos de aeronaves, como o do Boeing 777 retomado em Nova York

Alberto Komatsu, Renata Stuani

Um avião de grande porte (Boeing 777) da Varig foi retomado no aeroporto de Nova York esta semana por uma companhia de arrendamento de aeronaves. Outros 5 pedidos devem chegar à Justiça americana na semana que vem. Ainda na semana que vem, a Varig tentará bloquear na Justiça dos Estados Unidos os pedidos de arrestos de aeronaves.

Para evitar situações limite como esta, a consultoria Alvarez e Marsal, juntamente com a direção da Varig e com o Tribunal de Justiça do Rio, está estudando formas de antecipação do leilão da companhia, previsto para o início de julho. Além de tentar tornar disponíveis mais cedo os dados sobre a empresa (data room), avalia também a possibilidade de a venda ocorrer já em junho.

Na terça-feira, a Bristol, empresa americana de arrendamento de aviões (leasing) criada por um grupo de bancos liderado pelo US Bank, chegou a transferir o 777 do hangar da Delta Airlines para o da American Airlines. A Varig nega que tenha havido reintegração de posse porque não foi notificada judicialmente. Segundo a Varig, a Bristol "não procurou os caminhos legais".

O presidente do Sindicato dos Aeroviários no Estado de São Paulo, Uébio José da Silva, afirma que o temor dos empregados é que a empresa pare de operar antes que a Justiça tome alguma providência, assim como ocorreu com a Vasp e a Transbrasil.

Segundo fontes ligadas à Varig, a aeronave arrestada estava parada há três meses, sem motor, em manutenção. Os advogados da Varig estão procurando em Nova York alguma ação judicial que caracterize o arresto, mas ainda não obtiveram sucesso.

Outra empresa de leasing, a GATX está pressionando a companhia por causa de uma dívida de US$ 3 milhões pelo arrendamento de 4 aviões. Há 10 dias, advogados da Boeing também teriam tentando arrestar um avião da Varig.


O Globo
26/05/06 - Versão Impressa
Credor retira avião da Varig de hangar em NY

Erica Ribeiro

Em mais um dia pressionada pelos credores, a Varig foi alvo desta vez da empresa americana de leasing Bristol Associates, que representa um consórcio de bancos americanos. A Bristol tirou ontem um Boeing 777 que faz parte da frota da Varig do hangar da United Airlines, no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, onde o avião passava por manutenção, e colocou-o num hangar da American Airlines. Segundo fontes, a medida foi uma clara pressão à Varig, que está em atraso com o aluguel do avião há cerca de dois meses, o equivalente a uma dívida de US$ 1,8 milhão.

Os credores ainda não podem arrestar aviões da Varig porque uma liminar dada pelo juiz Robert Drain, de Nova York, protege a companhia aérea até o dia 31. Segundo a Varig, nenhum documento jurídico foi enviado à companhia até o início da noite de ontem, determinando a retomada do avião. A informação é de que as autoridades aeroportuárias de Nova York permitiram a mudança de hangar.

O avião está desde 9 de abril em manutenção de motores e configuração da parte interna. De acordo com a Varig, a ausência da aeronave na frota não compromete os vôos internacionais. Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela reestruturação da Varig, afirmou que não houve arresto da aeronave. A Bristol foi procurada pelo GLOBO em Nova York, mas nenhum executivo foi encontrado.

Infraero envia denúncia contra a Varig

A Infraero deu entrada ontem, no Ministério Público Federal (MPF), na ação contra a diretoria da Varig por apropriação indébita das tarifas de embarque no valor de R$ 16,7 milhões. O valor não repassado pela companhia foi descontado dos passageiros em trechos domésticos e internacionais em abril. A estatal recorreu ao MPF porque se trata de uma ação penal, já que apropriação indébita é caracterizado como crime.

Já em relação às tarifas aeroportuárias (pouso, permanência e navegação aérea), a Infraero decidiu esperar até a realização do leilão de ativos da Varig para fazer a cobrança. Os valores superam R$ 134 milhões e estão atrasados desde setembro de 2005.

Na corrida contra o tempo, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, disse ontem que técnicos da agência reguladora, com os administradores judiciais da companhia, vão se dedicar durante todo o fim de semana a reunir dados para que seja possível adiantar o texto do edital de leilão da Varig, inicialmente previsto para acontecer no início de julho.

— A Anac vai se debruçar nisso durante o fim de semana. De nossa parte, serão os detalhes, as exigências técnicas e operacionais que devem ser cumpridas pelas empresas interessadas em assumir a Varig imediatamente após o leilão. Há uma extensa lista de exigências, entre elas que a empresa deve estar apta a oferecer manutenção aos aviões, entre outros itens — explicou Zuanazzi.

O presidente da Anac afirmou que há muitos interessados na companhia e, por causa disso, é preciso antecipar o processo para que estas empresas possam montar, a partir dos dados apresentados, a estrutura financeira necessária para participar do leilão. Para Zuanazzi, a antecipação do leilão poderá ajudar a reduzir a pressão dos credores.

— A Varig tem um fluxo de caixa em estresse e sempre haverá um credor insatisfeito. Por isso, temos que trabalhar para antecipar o leilão. Depois que o documento estiver pronto, caberá à Justiça decidir a data da publicação do edital — comentou.
COLABOROU Geralda Doca


O Globo
25/05/2006 - 21h38m
Credora da Varig tira avião da companhia de hangar da United Airlines em NY
Erica Ribeiro - O Globo


RIO - Em mais um dia pressionada pelos credores, a Varig foi alvo desta vez da empresa americana de leasing Bristol Associates, que representa um consórcio de bancos americanos. A Bristol tirou nesta quinta-feira um Boeing 777 que faz parte da frota da Varig do hangar da United Airlines, no aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, onde o avião passava por manutenção, e colocou-o num hangar da American Airlines.

Segundo fontes, a medida foi uma clara pressão à Varig, que está em atraso com o aluguel do avião há cerca de dois meses, o equivalente a uma dívida de US$ 1,8 milhão. Os credores ainda não podem arrestar aviões da Varig porque uma liminar dada pelo juiz Robert Drain, de Nova York, protege a companhia aérea até o dia 31.

Segundo a Varig, nenhum documento jurídico foi enviado à companhia até o início da noite desta quinta, determinando a retomada do avião. A informação é de que as autoridades aeroportuárias de Nova York permitiram a mudança de hangar. O avião está desde 9 de abril em manutenção de motores e configuração da parte interna.

De acordo com a Varig, a ausência da aeronave na frota não compromete os vôos internacionais. Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal, responsável pela reestruturação da Varig, afirmou que não houve arresto da aeronave. A Bristol foi procurada pelo GLOBO em Nova York, mas nenhum executivo foi encontrado.


O Globo
25/05/2006 - 19h22m
Infraero acusa Varig de apropriação indébita
Geralda Doca - O Globo


BRASÍLIA - A Infraero apresentou no início da tarde desta quinta-feira no Ministério Público Federal uma ação contra a diretoria da Varig por apropriação indébita das tarifas de embarque no valor de R$ 16,7 milhões. O valor não repassado pela companhia foi descontado dos passageiros em trechos domésticos e internacionais no mês de abril. A estatal recorreu ao Ministério Público porque se trata de uma ação penal, já que apropriação indébita é crime.

Em relação às tarifas aeroportuárias (pouso, permanência e navegação aérea), a Infraero decidiu esperar até a realização do leilão para efetuar a cobrança. Os valores superam R$ 134 milhões e estão atrasados desde setembro de 2005.


Valor Econômico
25/05/06 - 18:43h
Avião da Varig é retomado por empresa de leasing; Infraero denuncia empresa ao Ministério Público


SÃO PAULO - Em mais um dia difícil para a Varig, a empresa americana de leasing Bristol confirmou a retirada de um Boeing 777 da companhia brasileira, que estava há 43 dias parado para manutenção no hangar da American Airlines, em Nova York

Para completar, a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) entregou hoje no Ministério Público Federal uma denúncia contra a Varig por apropriação indébita de valores.

Sobre a retirada do avião, a Varig informou que as operações não serão afetadas.

A companhia aguarda um posicionamento oficial das autoridades aeroportuárias norte-americanas para definir se vai ou não acionar a Justiça para uma possível retomada do avião.

A empresa deve US$ 1,8 milhão para a Bristol, relativos a dois meses de atraso no pagamento do aluguel do Boeing 777.

Para a Infraero, a Varig deve cerca de R$ 16,7 milhões referentes às taxas de embarque de, aproximadamente, duas semanas.

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que subiu forte hoje (4,96%), os acionistas da Varig amargaram as maiores perdas do dia.

Ao final do pregão, as ações preferenciais da companhia aérea registraram desvalorização de 14,16%, cotadas a R$ 3,09.

No leilão de venda da empresa aérea, que deve ocorrer até 9 de julho próximo, os interessados poderão apresentar proposta de compra para a Varig Operações (com linhas nacionais e internacionais, excluídas dívidas) por um preço mínimo de US$ 860 milhões.


Estadão
25 de maio de 2006 - 18:42h
Senadores querem que governadores reconheçam débito com Varig
O Rio de Janeiro foi o único Estado da Federação que, até o momento, reconheceu a dívida para com a Varig

Vânia Cristino

BRASÍLIA - Em mais uma tentativa de ganhar tempo até a realização do leilão da Varig, senadores que participam do grupo de trabalho que busca encontrar uma solução para os problemas da dívida da companhia vão pedir aos governadores que editem um decreto reconhecendo os débitos que possuem junto à companhia aérea referentes à cobrança indevida de ICMS no passado.

O senador Jefferson Peres (PDT-AM), manifestou sua convicção de que, com esse documento em mãos, a empresa conseguirá, na Justiça de Nova York, prorrogação do prazo para o pagamento do leasing devido a empresas norte-americanas que já ultrapassa US$ 20 milhões. O prazo dado pela Justiça de Nova York à Varig termina no próximo dia 31.

"A Varig tem um problema de urgência urgentíssima, mas a praia, que é o leilão, está à vista", disse o senador. Peres e o senador Paulo Paim (PT-RS) comandaram, hoje, uma reunião fechada em busca de alternativas para a empresa. Os dois senadores disseram que o leilão da companhia aérea, previsto para o mês de julho, será antecipado. A informação não foi confirmada pela Varig.

Coube ao senador Paulo Paim a tarefa de contactar rapidamente os governadores. "Vou me reunir com os coordenadores de bancada e pedir que entrem em contato com os governadores", disse o senador. Paim acredita que o decreto poderá ser editado rapidamente, ou seja, até o início da semana que vem.

Outra saída, segundo o senador, seria os Estados pagarem uma parcela da dívida à Varig, mesmo com deságio. "Os Estados estão usando de medidas protelatórias para não pagar o débito. Eles já perderam em última instância", argumentou o senador.

RJ foi único a reconhecer dívida

De acordo com Jefferson Peres, o Rio de Janeiro foi o único Estado da Federação que, até o momento, reconheceu a dívida para com a Varig. O decreto da governadora Rosinha Matheus é de 2004. Pelos cálculos apresentados na reunião, a Varig tem a receber dos Estados cerca de R$ 1,4 bilhão. Os maiores devedores são os Estados de São Paulo, com R$ 410 milhões; Amazonas com R$ 119 milhões; Rio Grande do Sul, com R$ 107 milhões; Distrito Federal. com R$ 104 milhões, e Paraná, com R$ 83 milhões.

Assessores dos parlamentares, no entanto, estão céticos quanto à colaboração esperada dos governadores. Em 26 de abril passado, a deputada Yeda Crusius (PSDB-RS), coordenadora do grupo parlamentar misto de defesa da Varig, encaminhou correspondência a todos os governadores, pedindo providências urgentes para resolver o débito do ICMS e, com isso, dar algum fôlego à companhia aérea. Nenhuma providência prática foi adotada até o momento.


Agência Estado
25/05 - 18:20h
Senadores querem que Estados admitam dever à Varig


Em mais uma tentativa de ganhar tempo até a realização do leilão da Varig, senadores que participam do grupo de trabalho que busca encontrar uma solução para os problemas da dívida da companhia vão pedir aos governadores que editem um decreto reconhecendo os débitos que possuem junto à companhia aérea referentes à cobrança indevida de ICMS no passado.

O senador Jefferson Peres (PDT-AM) manifestou sua convicção de que, com esse documento em mãos, a empresa conseguirá, na Justiça de Nova York, prorrogação do prazo para o pagamento do leasing devido a empresas norte-americanas que já ultrapassa US$ 20 milhões. O prazo dado pela Justiça de Nova York à Varig termina no próximo dia 31.

"A Varig tem um problema de urgência urgentíssima, mas a praia, que é o leilão, está à vista", disse o senador. Peres e o senador Paulo Paim (PT-RS) comandaram, hoje, uma reunião fechada em busca de alternativas para a empresa. Os dois senadores disseram que o leilão da companhia aérea, previsto para o mês de julho, será antecipado. A informação não foi confirmada pela Varig.

Coube ao senador Paulo Paim a tarefa de contactar rapidamente os governadores. "Vou me reunir com os coordenadores de bancada e pedir que entrem em contato com os governadores", disse o senador. Paim acredita que o decreto poderá ser editado rapidamente, ou seja, até o início da semana que vem.

Outra saída, segundo o senador, seria os Estados pagarem uma parcela da dívida à Varig, mesmo com deságio. "Os Estados estão usando de medidas protelatórias para não pagar o débito. Eles já perderam em última instância", argumentou o senador.

De acordo com Jefferson Peres, o Rio de Janeiro foi o único Estado da Federação que, até o momento, reconheceu a dívida para com a Varig. O decreto da governadora Rosinha Matheus é de 2004. Pelos cálculos apresentados na reunião, a Varig tem a receber dos Estados cerca de R$ 1,4 bilhão. Os maiores devedores são os Estados de São Paulo, com R$ 410 milhões; Amazonas, com R$ 119 milhões; Rio Grande do Sul, com R$ 107 milhões; e Paraná, com R$ 83 milhões, além do Distrito Federal, com R$ 104 milhões.

Assessores dos parlamentares, no entanto, estão céticos quanto à colaboração esperada dos governadores. Em 26 de abril passado, a deputada Yeda Crusius (PSDB-RS), coordenadora do grupo parlamentar misto de defesa da Varig, encaminhou correspondência a todos os governadores, pedindo providências urgentes para resolver o débito do ICMS e, com isso, dar algum fôlego à companhia aérea. Nenhuma providência prática foi adotada até o momento.


Folha On Line
25/05/2006 - 17h06

Empresa de leasing retira avião da Varig em Nova York

A empresa de leasing Bristol retirou o Boeing 777, da Varig, em Nova York, que estava em manutenção no pátio da United Airlines, no aeroporto John F. Kennedy. A Varig disse que sua dívida com a empresa é de US$ 1,8 milhão por dois meses de atraso no pagamento no aluguel do Boeing 777.

A Varig informou que foi comunicada da decisão da Bristol ontem à noite e que as operações em Nova York não serão afetadas.

A companhia aérea disse ainda que o avião estava há 43 dias fora de linha e que continua atendendo aos destinos nacionais e internacionais.

De acordo com a Varig, o boeing estava parado desde o dia 9 de abril em Nova York e aguardava a conclusão do trabalho de manutenção de motores e interior.

A Varig tem dívidas estimadas em R$ 7 bilhões e a empresa Alvarez & Marsal foi contratada para elaborar um plano de restruturação para a companhia.

Algumas propostas estão em discussão, como a conversão dos créditos de estatais em ações do Fundo de Investimento e Participação da empresa.

No leilão de venda da empresa aérea, que deve ocorrer até 9 de julho próximo, os interessados poderão apresentar proposta de compra para a Varig Operações (com linhas nacionais e internacionais, excluídas dívidas) por um preço mínimo de US$ 860 milhões.


Agência Brasil
25/05/06 - 14:46h
Comissão do Senado se reúne semana que vem para dar continuidade à debate sobre crise na Varig

Keite Camacho - Repórter da Agência Brasil

Brasília – O grupo de trabalho da Comissão de Serviços de Infra-estrutura do Senado Federal volta a se reunir na segunda-feira (29), às 14 horas, para discutir a crise da Varig.

Até lá, o senador Paulo Paim (PT/RS) disse que vai entrar em contato com os coordenadores de bancada dos 25 estados que têm dívidas com a companhia aérea, referentes ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O objetivo é convencê-los a pagar as dívidas, o que permitiria à empresa ter condições financeiras para sobreviver até o leilão, previsto para o início de julho.

Para o senador, o Rio de Janeiro é um exemplo a ser seguido. "O Rio não ficou só falando em defesa da Varig, mas agiu e pagou sua dívida com deságio de 25%. Isso foi fundamental", disse. "Se outros estados seguirem o exemplo, a empresa vai ficar tranqüila, porque o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou o Banco do Brasil terão lastro para fazer o empréstimo de emergência à Varig", acrescentou.

Os governadores de oito estados que possuem dívidas maiores com a companhia aérea foram convidados para a reunião realizada hoje (25), mas nenhum compareceu. "Não compareceram nem mandaram representantes, mas todos, nos seus estados, têm dado belas declarações de apoio à Varig. Esperamos, confiando na boa vontade dos governadores, que o discurso e a prática caminharão juntos", afirmou Paim.

O comandante Márcio Marsillac, coordenador da entidade Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), um dos grupos credores da empresa aérea, disse que uma única ação não basta para que a Varig consiga chegar ao leilão e se reorganizar até lá. Além da questão da dívida dos estados, ele acha necessário flexibilizar as regras para financiamento de curto prazo no BNDES e no Banco do Brasil e prorrogar o prazo para pagamento de dívidas com a BR distribuidora e a Infraero.

Segundo ele, o dia 31 de maio é uma data importante para a companhia. "Não só em relação à Infraero, mas em relação à audiência prevista para essa data em Nova Iorque". A audiência refere-se a dívidas da Varig com as empresas norte-americanas de leasing. "É preciso mostrar ao Judiciário norte-americano, que está coordenado um andamento para o leilão e a reestruturação da empresa, para dar tranqüilidade à Justiça daquele país de prosseguir com a liminar que mantém as aeronaves em operação na Varig", ponderou Marsillac.

De acordo com o senador Jefferson Perez (PDT/AM), um dos membros sa comissão do senado, a companhia está ameaçada de perder seus aviões no exterior se não pagar as dívidas com essas empresas.


Folha On Line
25/05/2006 - 13h33

Infraero ameaça denunciar Varig por apropriação indébita
IVONE PORTES

A Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária) pretende entrar com denúncia contra a Varig por apropriação indébita de valores.

Segundo a Infraero, a Varig não repassou à estatal cerca de R$ 16,7 milhões referentes a taxas de embarque de aproximadamente duas quinzenas.

Entretanto, segundo a própria Infraero, o processo deve demorar um pouco, já que depende da autorização do Ministério Público Federal para acionar a Varig na Justiça.

A estatal informou ainda que não entrou com medida judicial contra a companhia aérea porque está aguardando as audiências que estão ocorrendo sobre a empresa no Senado. Além disso, afirmou que vai analisar o caso pelo menos até amanhã.

A assessoria da Varig disse não ter informações sobre o assunto e informou que o presidente da empresa, Marcelo Bottini, está em Brasília, participando das audiências.


O Dia
25/5/2006 12:18h
Comissão quer evitar arresto de aviões da Varig no exterior, diz senador


Brasília - O grupo de trabalho da Comissão de Serviços de Infra-estrutura do Senado está reunido em caráter reservado para discutir a crise da Varig. De acordo com o senador Jefferson Péres (PDT-AM), que preside o grupo, o objetivo do encontro é evitar o pior: o arresto de todos os aviões da companhia aérea no exterior em função de uma dívida com empresas de leasing que vence no próximo dia 31.

Para o senador, o governo federal pode ajudar intervindo na Justiça norte-americana para tentar a porrrogação do prazo de pagamento. "A participação do governo agora é vital. Se o governo não intervir pelo menos na tentativa de convencer a Justiça norte-americana até o dia 31, a Varig acaba".

O senador Paulo Paim (PT-RS) disse que a companhia aérea precisa de US$ 50 milhões para ficar em dia com as dívidas que tem a curto prazo. Segundo ele, o grupo de trabalho quer que os governadores de estados que devem à empresa paguem suas dívidas. Oito governadores foram convidaos para a reunião desta quinta.

De acordo com Paim, a dívida total dos estados é de R$ 1,4 bilhão, pagamento que pode ser feito com desconto de até 30% ou em papéis (títulos) que, usados no mercado, permitirão à empresa consiguir um empréstimo no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "No momento, esse é o caminho que temos para achar uma saída para a Varig".Os quatro maiores devedores são: São Paulo (R$ 410 milhões); Amazonas ( R$ 119 milhões); Rio Grande do Sul (R$ 107 milhões); e Distrito Federal (R$ 104 milhões).
Com informações da Agência Brasil


O Globo
25/05/2006 - 12h13m

BR Distribuidora garante fornecimento para a Varig até o fim do mês
Juliana Rangel - Globo Online

RIO - A presidente da BR Distribuidora, Maria das Graças Foster, afirmou que o acordo de fornecimento de combustíveis para a Varig terá vigência até o fim deste mês. Segundo ela, a Varig está garantindo o pagamento de seu consumo diário - de R$ 2,3 milhões - com recebíveis.

Maria das Graças contou ainda que o passivo antigo da empresa, que supera R$ 50 milhões, ainda não está sendo negociado.

- Até o dia 30 de maio está tudo arrumadinho. Estamos fazendo de tudo para a Varig continuar voando. Temos os contratos assinados, com garantias de recebimento de pagamentos de cartão e etc - afirmou, ao participar do lançamento do edital do Programa Petrobras Fome Zero 2006.

Maria das Graças também disse que atualmente já existem 128 postos de combustíveis fornecendo biodiesel na mistura com diesel, na proporção de 2%. Nas próximas seis semanas, a expectativa é de que o biodiesel seja oferecido em 500 postos de todo o país.