:::::RIO DE JANEIRO - 25 DE SETEMBRO DE 2006 :::::

 

O Estado de São Paulo
25/09/06
Cidades menores correm o risco de ficar sem vôos
Crise fez com que as companhias aéreas se concentrassem nas capitais, que têm mais movimento
Alberto Komatsu

Em busca de redução de custos e mais lucro, as maiores companhias aéreas estão concentrando a atuação no chamado filé mignon do mercado, as capitais com maior movimento de passageiros. Em contrapartida, cidades com movimento menos rentável atraem o interesse de poucas empresas e correm o risco de ficar desassistidas.

Isso poderá ocorrer, relatam especialistas, com a distribuição de rotas que a Varig deixou de operar. Para atender às metrópoles, as rivais terão de deslocar aviões de cidades menos lucrativas para atender às capitais mais importantes, já que é escassa a oferta de aeronaves novas e econômicas em todo o mundo.

Levantamento feito pelo Estado nas páginas de internet das cinco maiores empresas aéreas do País mostra que, das 27 capitais brasileiras, 10 são atendidas por apenas duas companhias. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desse grupo de cidades, três têm mais de 500 mil habitantes: Teresina (788.773), Campo Grande (749.768) e Cuiabá (533.800). Oito metrópoles contam com BRA, Gol, OceanAir, Varig e TAM. Nas demais nove localidades a presença varia de três a quatro empresas.

O encolhimento da operação da Varig, que até julho atendia a 26 capitais do País, tem alimentado essa tendência, segundo os especialistas de aviação. 'A cobertura do serviço aéreo vem se deteriorando ao longo dos últimos 30 anos. A crise da Varig acentuou as coisas no curto prazo', afirma o coordenador do Núcleo de Estudos em Competição e Regulação do Transporte Aéreo (Nectar), Alessandro Oliveira.

A falta de uma política de estímulo para a aviação regional, diz Oliveira, também tem contribuído para essa situação. De acordo com ele, deveria haver um esforço conjunto do mercado, da Infraero, que administra e investe na ampliação e melhoria de aeroportos, e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para encontrar uma solução. Mas ele lembra que nem sempre os empresários do setor pensam nisso. 'As localidades menos lucrativas são punidas. Se há escassez de capacidade, ela é contornada onde há mais lucro.'

É por isso que, na redistribuição de rotas que a Varig deixou de operar desde julho, quando a crise a obrigou a reduzir a frota, com conseqüente diminuição no quadro de funcionários, algumas cidades correm o risco de ficar sem empresas aéreas.

Oliveira lembra que a oferta mundial de aviões está em baixa. Com isso, as concorrentes da Varig que quiserem ocupar o seu espaço terão de deslocar aviões de rotas menos lucrativas para as mais rentáveis.

 

 

JORNAL DO BRASIL
25/09/06

 

 

PANROTAS
23/09/06 - 19:46h
Tam elogia Anac e cobra eficiência da Infraero
Artur Luiz Andrade

NATAL – O presidente da Tam, Marco Antonio Bologna, em entrevista coletiva agora há pouco no Serhs Natal, disse que há um moviumento benigno na aviação brasileira por causa da criação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Segundo ele, o setor teve três ganhos que pleiteava há muito tempo: liberdade de preços, liberdade para voar entre quaisquer destinos (desde que haja infra-estrutura) e uma política com critérios transparentes para a distribuição de slots em aeroportos controlados, incluindo uma cobrança de eficiência das companhias, assim como estar em dia com o pagamento de impostos ao governo.

No internacional, ele acha que ainda sejam necessários ajustes. Ele disse que a Tam é contra a monodesignação (que o mercado pode entender ser necessária em algum caso específico) e a monobandeira e a favor de maior flexibilização nos acordos bilaterais. Ele citou o exemplo de Londres, onde havia carência de mais ligações e que há três meses não tem uma empresa brasileira voando para lá, como uma flexibilização benéfica. Ele se disse contra também a regra que dá reserva de mercado às companhias ao deixá-las com as concessões por até 180 dias sem operar. “Quem perde não é a Tam, é o passageiro”, diz.

E criticou a Infraero, que, segundo ele, cobra taxas aeroportuárias caras e não entrega eficiência. Se a Infraero fosse mais eficiente ele acredita que o passageiro também ganharia, com taxas de embarque menores e tarifas mais competitivas. “Temos o terceiro aeroporto mais caro do mundo”, afirma, criticando a empresa também ao não redistribuir os espaços dos aeroportos não utilizados há meses pela Varig, pennalizando os passageiros. “Basta ir a Guarulhos e ver o absurdo que é”, afirmou. Para ele, o balcão de check-in é do passageiro e não da empresa aérea.