O Estado de São Paulo
25/06/2007
FAB testa hoje plano de emergência
para evitar atraso em vôo nas férias
Mesmo otimista, Aeronáutica
quer avaliar esquema em dia útil e fazer ajustes
antes de 6.ª, início da temporada
Tânia Monteiro e Bruno Tavares, BRASÍLIA
Apesar do baixo porcentual de atrasos em vôos ontem
no País (de 5,1%, até as 19h47) e da avaliação
de que o plano de emergência adotado sexta-feira
se mostrou eficaz, oficiais da Força Aérea
Brasileira (FAB) evitaram decretar o fim da crise iniciada
com a operação padrão de controladores,
na terça-feira. Para a Aeronáutica, o grande
teste deve ocorrer hoje, dia da semana com maior concentração
de vôos. “Vencemos só a primeira etapa”,
resumiu um oficial. Ele reconhece que muitos ajustes terão
de ser feitos até o fim de semana, que marca o
início das férias de julho.
Segundo militares ouvidos pelo Estado, o sistema está
com “força suficiente” para absorver
o afastamento, anunciado na sexta, de 14 controladores
do centro de Brasília (Cindacta-1) rotulados como
“lideranças negativas”. Embora menos
experientes no setor, sargentos de Defesa Aérea,
que normalmente monitoram só vôos militares,
estão aos poucos fazendo o sistema voltar à
normalidade.
Os oficiais admitem que, enquanto veteranos monitoravam
até 14 aviões ao mesmo tempo, os novatos
não devem imprimir o mesmo ritmo, o que pode levar
a atrasos e a retenções de vôos. Mas
garantem que não há risco à segurança
de vôo, que sempre teve prioridade. “Não
somos irresponsáveis”, disse um oficial.
O comando está atento para uma eventual derrota
na Justiça ou uma reação dos sargentos.
“Sabemos que toda ação tem uma reação.
Se um dos punidos conseguir um habeas-corpus na Justiça
comum, isso pode ser ruim internamente”, disse um
oficial lotado no Rio.
Depois de anunciar o plano de emergência na sexta-feira,
o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti
Saito, passou o fim de semana de plantão, acompanhando
o desenrolar da crise. Embora “satisfeito”
com os resultados alcançados, pediu cautela e atenção,
pois “ainda existem muitas barreiras a serem vencidas”.
Com o isolamento das “lideranças negativas”,
a Aeronáutica está convencida de que os
controladores passarão a trabalhar dentro das regras
militares, sem fazer “corpo mole” ou questionar
ordens. Os oficiais disseram que estão em vigor
as regras do militarismo e militares não têm
horário de trabalho, mas tarefas a cumprir.
No fim do turno da manhã, o comandante do Cindacta-1,
coronel Eduardo Raulino, reuniu-se com os sargentos. Segundo
pessoas presentes ao encontro, avisou que o “clima
é de guerra” e “o inimigo pode estar
ao lado”, referindo-se a algum controlador insurgente.
De acordo com as mesmas fontes, Raulino disse que, daqui
para a frente, “o turno será o adequado ao
cumprimento da missão, e não marcado em
horas”.
No sábado, pelo menos dois controladores tiveram
de permanecer no Cindacta-1 após cumprirem o turno
de 8 horas. “Isso pode acontecer esporadicamente
neste momento mais crítico”, confirmou um
oficial ouvido pelo Estado. “Ninguém vai
manter controladores trabalhando 24 horas.”
O Estado de São Paulo
25/06/2007
Falta de tempo para treinamento
preocupa experts
Controladores foram transferidos
para centro de Brasília às vésperas
das férias de julho e do Pan
Rodrigo Brancatelli
Das nove medidas colocadas em prática pela Força
Aérea Brasileira (FAB) na sexta-feira para acabar
com mais uma crise no setor aéreo, a que envolve
a transferência para Brasília de controladores
de outras regiões é uma das que mais provocam
polêmica - e mais pode ter influência direta
na vida dos passageiros. Segundo especialistas do setor,
a intenção, apesar de bem-vinda, pode causar
confusões justamente durante a temporada de férias
e de Jogos Pan-Americanos no Rio.
“Os controladores de outras regiões não
têm experiência para enfrentar, de uma hora
para outra, o tráfego do Cindacta-1 (centro de
monitoramento de vôos de Brasília)”,
diz Carlos Camacho, agente de segurança de vôo
do Sindicato Nacional dos Aeronautas. “Entendo que
é uma operação de guerra da Aeronáutica,
mas é muito arriscado por se tratar do mês
de julho. Não há tempo para treinar esses
controladores transferidos. E os que já trabalham
no centro podem simplesmente se revoltar, por acumularem
funções. A queda-de-braço está
longe do fim, pode apostar.”
Para o consultor de segurança de vôo Luiz
Alberto Bohrer, de fato é necessário ter
um treinamento especial para o grupo que passará
a trabalhar no Cindacta-1. “Mas o sistema é
igual e o trabalho é o mesmo. É só
uma questão de se acostumar com as características
da região”, afirma ele, que é tenente-coronel
da reserva da FAB.
O diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em
Proteção ao Vôo, Ernandes Pereira
da Silva, entende que o plano da Aeronáutica foi
feito “a toque de caixa e com uma visão estritamente
militarista”.
Jornal do Brasil
25/06/2007
Plano da FAB atenua crise aérea
no país
Depois de uma semana em que alguns aeroportos registraram
atrasos em quase metade dos vôos previstos, com
a cena que já se tornou comum para os passageiros
- filas intermináveis, sagüões lotados
e nenhuma informação consistente - o fim
de semana foi mais tranqüilo. Uma nova operação-padrão
dos controladores de vôo não passou de boato,
e a Força Aérea Brasileira (FAB) conseguiu,
aparentemente, dominar a situação ao afastar
14 controladores de vôo considerados "lideranças
negativas", na visão do comandante da Aeronáutica,
Juniti Saito.
Ontem, das 1.271 decolagens previstas pela Infraero
até as 19h47, 66 estavam atrasadas - pouco mais
de 5% dos vôos - e outras 68 foram canceladas. Um
índice considerado normal pela FAB que, no início
da tarde, divulgou nota. Informou que tudo estava operando
normalmente no Centro Integrado de Defesa Aérea
e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) I,
em Brasília, e que os atrasos não tinham
relação nenhuma com o controle de vôo.
Segundo nota divulgada pela Infraero, os atrasos do fim
de semana são decorrentes do represamento dos últimos
dias.
Apesar de admitir que a crise não está
resolvida, o presidente da Infraero, tenente-brigadeiro
José Carlos Pereira, disse ontem que a tranqüilidade
vai continuar ao longo da semana, mesmo com o habitual
aumento no número de passageiros e de vôos
nos dias úteis.
- A origem dos problemas foi controlada. Então,
acredito que a situação vai permanecer estável
- declarou, referindo-se ao afastamento dos controladores.
- Temos que aprender a lição.
O aeroporto que concentrou mais atrasos foi o de Fortaleza.
Até as 19h47, 9,7% dos 41 vôos programados
registraram atrasos superiores a uma hora. Dos 52 vôos
com origem em Curitiba, cinco atrasaram (9,6%) e nove
foram cancelados (17,3%, o maior índice do país).
No Galeão, dos 124 vôos previstos, seis atrasaram
(4,8%) e sete foram cancelados (8,8%).
Já no aeroporto de Congonhas (SP), o mais movimentado
do país, 2,6% dos 186 vôos programados para
o período atrasaram. Quatro foram cancelados (2,1%).
Para a FAB, a situação nos aeroportos
está gradativamente voltando ao normal graças
a um plano emergencial de remanejamento de controladores
de vôo do Cindacta I. Ontem, profissionais de controle
de vôo e de defesa do espaço aéreo
continuavam na força-tarefa montada pelo Comando
da Aeronáutica.
O Globo
24/06/2007