:::::RIO DE JANEIRO - 25 DE ABRIL DE 2007 :::::

 

O Estado de São Paulo
25/04/2007
Aposentados da Varig fazem manifestações
Alessandra Saraiva

Cerca de 200 aposentados da Varig fizeram manifestação ontem à tarde no saguão do Aeroporto Santos Dumont para tentar sensibilizar os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) a manter, no julgamento de hoje, a decisão que obriga a União a ressarcir a Varig em R$ 3 bilhões por causa de perdas com os planos Bresser e Collor. A vigília ocorreu também, simultaneamente, nos aeroportos de Congonhas (SP), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR).

A indenização do governo federal é a única forma de o Aerus - plano de previdência privada dos funcionários da Varig, atualmente em liquidação - honrar compromissos com pagamento de aposentadorias e pensões.

'Recebi uma carta do Aerus dando garantia de pagamento apenas até julho. A partir de agosto, já não receberei mais nada, se essa decisão judicial for revogada', lamentava Marici de Freitas, de 64 anos, que trabalhou na área administrativa da Varig por 29 anos.

Como outros aposentados, Marici já está recebendo apenas metade do valor de seus benefícios. O corte foi a forma de o Aerus manter os pagamentos por mais algum tempo. A previsão inicial era de suspensão já a partir de abril. 'Está difícil. Já aboli tudo o que podia no orçamento', diz a aposentada.


De acordo com o secretário de Assuntos Previdenciários do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Sérgio Dias, os manifestantes, todos associados do Aerus, foram convocados para a vigília nos aeroportos. 'Se nada for feito, a curto prazo os aposentados ficarão sem pensão', disse o sindicalista.

 

 

O Globo
25/04/2007
Ancelmo Góis

 

 

Valor Econômico
25/04/2007
Ações trabalhistas da Varig velha têm a Gol como foco
Roberta Campassi e Janaína Vilella

A Gol, segunda maior companhia aérea nacional, está sendo acionada em pelo menos dezessete ações trabalhistas movidas por ex-funcionários da Viação Rio Grandense - a velha Varig -, que está em recuperação judicial, apenas nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Todos os processos foram abertos entre os dias 2 e 18 de abril deste ano, depois que a Gol comprou a VRG, unidade que foi desmembrada da Varig em julho de 2006, numa das etapas do processo de recuperação.

A abertura das ações reacende o debate sobre a herança de passivos em casos de compra de empresas em recuperação judicial, bem como de suas unidades. A polêmica existe mesmo no caso da VRG, que foi criada sem quaisquer dívidas da velha Varig.

No Rio, onde a Varig tem sua sede administrativa, há oito processos de ex-funcionários da Varig contra a Gol Linhas Aéreas ou Gol Transportes Aéreos (holding de capital aberto e subsidiária, respectivamente). O levantamento foi feito pelo Valor no site do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-RJ). Em São Paulo, há mais dois processos e no Rio Grande do Sul, mais sete, segundo informações da assessoria de imprensa do TRT-SP e do TRT-RS.

A Gol, no entanto, é alvo potencial de um número maior de processos. No Rio, existem 98 outras ações trabalhistas abertas contra a VRG ou suas ex-controladoras, a VarigLog e a Volo do Brasil. Advogados que representam os ex-funcionários argumentam que quem entrou com as ações pode incluir a Gol como ré, agora que ela é a dona da VRG. "Vamos requerer a inclusão da Gol em todos os processos", diz o advogado Leonardo Quintella, do escritório A. D. Meirelles Quintella, que atua em cerca de 30 ações movidas contra VRG e Volo. Ele também representa cinco ex-funcionários da Varig que entraram com ações diretamente contra a Gol em abril. Eles reivindicam, entre outras coisas, o pagamento de salários atrasados, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e de verbas rescisórias.

"Estamos estudando migrar estas ações para a nova sucessora. Você pode alegar sucessão em qualquer fase do processo", disse Álvaro Quintão, advogado do Sindicato Nacional dos Aeroviários, que assiste cerca de 60 ex-funcionários da Varig que entraram com ações no Rio contra VRG, VarigLog, Volo ou Aéreo.

Os advogados dos ex-empregados interpretam que a Gol pode ser considerada sucessora das dívidas da Varig em recuperação, porque adquiriu a maior parte da operação comercial da companhia por meio da unidade desmembrada, a VRG. Por outro lado, ainda não existe jurisprudência sobre a questão trabalhista em casos que envolvem companhias em recuperação judicial.

Já é consenso que a lei que regula o a recuperação, criada em 2005, permite interpretações divergentes a respeito dos compromissos com ex-empregados.

Em nota ao Valor, a Gol afirma que qualquer ação trabalhista, como as que foram iniciadas, "afronta o artigo 60 da Lei de Recuperação de Empresas", que trata de sucessão de dívidas.

Além disso, a companhia lembra que os diferentes credores da Varig aprovaram o plano que deu origem à VRG e permitiu sua venda. Nesse acordo, foi estabelecido que as dívidas da antiga Varig seriam honradas com recursos provenientes de duas emissões de debêntures pela nova empresa, no valor de R$ 50 milhões cada. A Gol já se comprometeu a cumprir esse compromisso e estuda até mesmo antecipar o resgate desses títulos, como forma de adiantar o pagamento aos credores.

Para Quintão, advogado do sindicato, os ex-funcionários que entraram com ações judiciais terão que abdicar dos recursos a serem pagos via emissão de debêntures pela VRG. "Essas debêntures não pagam um décimo do passivo trabalhista. Muitos empregados resolveram entrar na Justiça para tentar receber estes recursos antes", concluiu Quintão.

Por fim, a Gol argumentou na nota que "a Justiça do Trabalho não tem competência para impor à VRG ou à sua Controladora qualquer espécie de obrigação ou dívida que não esteja prevista no plano de recuperação judicial" e no edital de venda da unidade produtiva.

Para fazer essa afirmação, a empresa baseia-se em recentes liminares concedidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Os pareceres do STJ suspenderam decisões de juízes de primeira instância que chegaram a dar ganho de causa aos trabalhadores, em processos movidos contra a VRG, Volo ou VarigLog.

No entender dos ministros do STJ, é de competência da 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, onde tramita o processo de recuperação da velha Varig, legislar sobre o tema. O ministro Ari Pargendler considerou em uma de suas decisões a necessidade de preservar o patrimônio da Varig até que o STJ decida em última instância qual juízo é responsável por decidir sobre a sucessão trabalhista no caso de aquisição de empresa em recuperação, ou seja, de quem é a competência para legislar sobre o tema, a Vara Empresarial ou a Justiça do Trabalho.

Segundo Quintão, pelo menos 25 das 60 ações que foram iniciadas no TRT-RJ já foram julgadas procedentes em primeira instância. No entanto, a execução dos processos está suspensa, por conta das liminares do STJ.

Enquanto o STJ não julgar o mérito da questão, qualquer caso que diga respeito à Varig em recuperação é de competência da 1ª Vara Empresarial do Rio e do juiz responsável pelo caso, Luiz Roberto Ayoub. Em entrevista ao Valor, o juiz disse que já decidiu que não há sucessão de dívidas.

 

 

ZERO HORA
25/04/2007
Aposentados da Varig fazem protesto


O julgamento, hoje, no Supremo Tribunal Federal, de uma dívida da União referente a prejuízos com o controle tarifário entre 1985 e 1992 levou aposentados da Varig a fazerem ontem uma vigília no Salgado Filho e em outros aeroportos.

A dívida contestada pela União é de R$ 3,2 bilhões, mas pode chegar a R$ 5 bilhões com correção. O valor seria suficiente para impedir a interrupção das pensões de aposentados que recebem pelo Aerus, fundo de pensão da Varig.

Este mês terminam os recursos para o pagamento de 5 mil pensionistas do grupo 1 (o mais antigo) da empresa.

 

 

Jornal do Brasil
25/04/2007
Renan anuncia hoje criação da CPI do Apagão Aéreo
Leandro Mazzini

Brasília. A CPI do Apagão Aéreo vai iniciar os trabalhos no Senado em 20 dias. Esse foi o prazo que ficou acordado, ontem à tarde, em reunião dos líderes partidários com o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para que os partidos indiquem os integrantes da comissão. Hoje, Renan vai anunciar a criação da CPI.

- Foi uma decisão compartilhada com os líderes. Agora ela se torna irreversível - disse o presidente do Senado.

Numa reunião amistosa - em que o prazo estipulado de 20 dias foi considerado longo - o DEM e o PSDB não fizeram a pressão como haviam prometido. Na segunda-feira, tucanos e democratas disseram que queriam o início das investigações em uma semana. Perderam a batalha para os governistas, que conseguiram ganhar tempo com a esperança de que a Câmara também abra uma CPI - onde o governo tem maioria. Hoje, o Supremo Tribunal Federal decide sobre a CPI na Câmara.

 

CORREIO BRAZILIENSE
24/04/2007
Esperança para aposentados da Varig
Mariana Mazza - Da equipe do Correio

Os aposentados da Varig pretendem fazer uma vigília a partir de hoje nos aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue favoravelmente uma ação milionária em favor da companhia aérea. O que move os milhares de ex-funcionários da empresa é a esperança de ver suas pensões e aposentadorias voltarem a ser pagas pelo fundo de pensão Aerus, sob intervenção da Secretaria de Previdência Complementar (SPC) desde que a aérea naufragou em dívidas em 2006. Caso a Varig não ganhe a disputa judicial, aumentam as chances de que os mais de 9 mil beneficiários do Aerus nunca mais recebam o pagamento merecido após anos de contribuição para o fundo.

A ação que pode mudar a trajetória dos aposentados tem precedentes favoráveis à Varig. Trata-se de um pedido de indenização pela defasagem tarifária causada pelo congelamento das tarifas aéreas entre 1986 e 1991. As companhias aéreas tiveram grandes prejuízos com o preço praticado no Brasil, não condizente com o aumento dos custos, normalmente em dólares. A falida Transbrasil ganhou ação idêntica no STF em 1997, o que lhe permitiu compensar R$ 700 milhões em dívidas. No caso da Varig, o dano está estimado em R$ 3 bilhões, valor que pode cobrir, com folga, o caixa falido do Aerus. A dívida com os aposentados seria de aproximadamente R$ 1 bilhão.

A expectativa dos aposentados, no entanto, tem sido perturbada pelo temor de que o governo não cumpra com o acordo firmado entre os credores na recuperação judicial da Varig. Segundo informações do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), teria ficado acertado que o Aerus seria o primeiro a ser pago quando entrasse algum dinheiro no caixa da companhia. Mas a atual postura da União tanto no caso da defasagem tarifária quanto no processo que corre também no STF para indenizar os beneficiários do Aerus tem assustado os beneficiários.

Além de recorrer às últimas instâncias para evitar o pagamento, a União tem se recusado a injetar as verbas onde já existem liminares à favor dos aposentados. A alegação é que o aporte só pode ser feito quando o governo é um dos patrocinadores do fundo de pensão. O Aerus, obviamente, não se encaixa nesse caso, tendo sido patrocinado ao longo dos anos pela Transbrasil e pela Varig. Na ação, os aposentados mantêm o argumento de que há co-responsabilidade da União, uma vez que o fundo faliu mesmo após estar sobre o controle da SPC.

O julgamento, que está marcado para amanhã, será decisivo não só para os beneficiários do fundo como também para solucionar o passivo trabalhista deixado com a aquisição da Varig pelo fundo norte-americano Matlin Patterson, que já revendeu a companhia para a Gol. Caso vença a disputa, boa parte das dívidas daquela que foi a maior empresa aérea brasileira pode ser abatida imediatamente.

 

 

Portal Terra
24/04/2007 - 05:59:00 PM
CPI do Apagão: Governo ganha tempo para tentar acordo

BRASÍLIA - Após quase duas horas de discussão, líderes do governo e da oposição no Senado decidiram determinar o prazo de 20 dias para a indicação dos membros da CPI do Apagão Aéreo. O requerimento de instalação da CPI será feito amanhã em Plenário pelo presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), mas até a indicação dos membros, o quadro ainda pode se reverter.

A idéia do governo é que neste meio tempo consiga convencer os oposicionistas de criar apenas a Comissão na Câmara.

- temos uma situação real, que é a de esperar a decisão do Supremo (Tribunal Federal) na Câmara e de instalar a CPI aqui, mas qualquer entendimento político pode reverter qualquer situação tomada hoje - disse o líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR).

- Para nós o ideal é apenas uma CPI e uma saída para isso pode ser um entendimento entre os líderes - completou.

O líder do Democratas na Casa, José Agripino Maia (RN) avalia que o prazo para a indicação dos nomes é maior do que ele esperava, mas garante que a oposição continuará brigando pela CPI no Senado.

- O tempo é o mais longo do que eu esperava, mas agora não vejo a possibilidade de nenhum acordo. Qualquer modificação só poderá ser tomada ouvindo as bancadas, fora isso, acho improvável - disse.

Agripino, inclusive, descarta uma manobra do governo nestes vinte dias para eviar a CPI na Casa. Para ele, a possibilidade de quebrar um acordo entre líderes é pouco provável.

A decisão sobre a CPI na Câmara pode já ser tomada amanhã, quando está marcado o julgamento da matéria no Supremo Tribunal Federal (STF). O governo, que já tem a CPI na Câmara como certa, espera tentar um acordo para que ela só aconteça lá, onde tem a maioria dos parlamentares.

Uma das alternativas seria ceder a um deputado Democrata um cargo na presidência ou na relatoria, para que eles desistam da comissão no Senado.

Na Câmara, caberia ao PMDB, que tem a maior bancada, indicar o presidente e ao PT o relator. Já no senado, a presidência também ficaria com o PMDB, mas a relatoria com os Democratas, que têm a segunda maior bancada.