Valor
Econômico
25/03/2008
Seae é favorável
à compra da Varig pela Gol
Juliano Basile
A Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae)
do Ministério da Fazenda concluiu parecer favorável
à compra da Varig pela Gol. No texto, os técnicos
da Fazenda afirmam que o mercado aéreo vive um
momento de expansão, com oportunidades de investimento.
Para a Seae, apesar de poucas companhias aéreas
atuarem no Brasil, há espaço para o crescimento
da concorrência.
A secretaria considerou que o mercado de transporte
de passageiros cresceu 7,8%, em 2007, segundo dados
da Embratur, e ressaltou que este resultado foi atingido
mesmo com a crise aérea que se abateu em todos
os aeroportos do país, com sucessivos atrasos
e cancelamentos de vôos. O crescimento também
superou as expectativas a se considerar os acidentes
em aeronaves da Gol, em outubro de 2006, e da TAM, em
julho do ano passado, diz a Seae. As companhias aéreas
tiveram um aumento de 16,3% na oferta e de 11,9% na
demanda ainda em 2007, o que revelou, segundo a Fazenda,
que há um cenário favorável a investimentos
no setor, capaz de trazer novas empresas para o Brasil.
No parecer, há uma série de gráficos
comparando os preços cobrados pelas companhias
nas principais rotas aéreas. A Seae notou que
a Gol e a Varig elevam e abaixam os preços das
passagens em épocas próximas, mas em faixas
distintas de preços. Na rota Congonhas-Santos
Dumont, por exemplo, a Gol ficou entre R$ 100 e R$ 300
ao longo do ano passado, enquanto a Varig oscilou entre
R$ 330 e R$ 450. Já a TAM oscilou entre as duas
empresas, às vezes cobrando o mesmo preço
da Gol e, em outras, igualando-se à Varig. Segundo
a Seae, a TAM aproximou-se dos preços da Varig
na alta temporada e daqueles praticados pela Gol na
baixa. Logo, a TAM funcionaria como uma concorrente
efetiva a ambas as companhias, garantindo a competição.
A participação da TAM em várias
rotas também foi utilizada pela Seae para concluir
que a compra da Varig pela Gol não irá
prejudicar a concorrência no mercado. Na rota
Congonhas-Brasília, por exemplo, a TAM possui
50,5%, a Gol detém 24,2% e a Varig, 20,9%. Assim,
a união das duas companhias não seria
capaz de desequilibrar a competição nesta
rota. O mesmo se dá em várias rotas analisadas
pela secretaria.
Apesar do parecer favorável, a Seae reconheceu
que o mercado precisa de medidas para atrair novos concorrentes.
A secretaria pediu o fim do limite máximo de
20% de investimento estrangeiro nas companhias nacionais
e a revisão dos critérios de alocação
de slots (horários e espaços para pousos
e decolagens) no Aeroporto de Congonhas. A TAM possui
42% dos slots em Congonhas, enquanto a Gol e a Varig
dividem 47%. Essa excessiva concentração
nos slots de Congonhas deveria ser combatida, segundo
a Seae, por medidas que incentivassem outras empresas
a usar os espaços ociosos das companhias líderes,
como a criação de um mercado secundário
pelo qual a TAM e a Gol pudessem realocar os seus slots
para outras empresas.
"Por
fim, deve-se lembrar que algumas barreiras à
entrada no setor continuam ligadas à política
e à regulação do setor", diz
o último parágrafo do parecer. "Questões
como o reduzido nível de investimento estrangeiro
permitido, a rigidez dos contratos de concessão
e a excessiva regulação do mercado de
aviação internacional são reflexos
de um marco regulatório ultrapassado."
A compra da Varig foi anunciada em março do ano
passado por US$ 320 milhões. Semanas depois,
o negócio foi "congelado" pelo Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério
da Justiça. Na época, o Cade convocou
as companhias aéreas para assinar um acordo pelo
qual a marca e os ativos da Varig devem ser preservados
até o julgamento final da aquisição.
Após a assinatura do acordo, a OceanAir e a BRA
pediram a impugnação do negócio
às autoridades antitruste, alegando que a união
da Varig com a Gol iria aumentar os preços das
passagens e, com isso, prejudicar a concorrência.
Mas, o pedido foi negado, pois o Cade já havia
determinado o "congelamento" da aquisição
da Varig, enquanto esperava pela análise da Seae.
O parecer foi referendado pela Secretaria de Direito
Econômico (SDE) do Ministério da Justiça.
Agora, cabe ao Cade fazer o julgamento final sobre o
negócio.
Valor
Econômico
25/03/2008
Aérea altera malha de vôos
domésticos
Roberta Campassi e José Sérgio
Osse*
Leo Pinheiro/Valor
Lincoln Amano,
diretor da Varig: novos horários de vôos
internacionais para melhorar a ocupação
das aeronaves
A
Varig iniciou ontem as operações de uma
nova malha aérea de vôos domésticos,
para aproveitar a volta da permissão de conexões
em Congonhas e compensar a restrição do
número de espaços para pousos e decolagens
que permanece no aeroporto paulistano. Além de
alterar horários e freqüências de
vôos, a companhia aumentará o uso do aeroporto
de Brasília.
A Varig, que em fevereiro tinha 3,7% do mercado doméstico,
já fazia vôos a partir da capital do país
para Manaus, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São
Paulo e Porto Alegre. Agora, terá operações
a partir de Brasília também para três
capitais nordestinas: Fortaleza, Recife e Salvador.
A companhia aérea ainda aumentou o número
de freqüências para alguns desses destinos.
O objetivo é tornar Brasília um terceiro
centro de operações ("hub",
no jargão do setor), depois de Congonhas e Guarulhos,
em São Paulo. Gol e TAM já utilizam essa
estratégia.
A medida tem por objetivo compensar, em parte, o limite
de operações reduzido em Congonhas, imposto
após o acidente com o vôo 3054 da TAM em
julho do ano passado. Anteriormente, estavam permitidos
até 48 pousos ou decolagens por hora no aeroporto
mas o teto mudou 30 movimentos por hora. A redução
obrigou as companhias aéreas a transferirem parte
de seus vôos para outros locais, como Guarulhos.
No entanto, como esse aeroporto também já
está congestionado, foi preciso buscar alternativas.
A TAM, por exemplo, deu início a mais operações
no aeroporto Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro.
Dentro da nova malha, a Varig não alterou o leque
de destinos servidos a partir de Congonhas, mas mudou
horários e freqüências de alguns vôos
para viabilizar conexões - desde o dia 16 de
março, elas estão novamente autorizadas
após terem sido suspensas também após
o acidente com o Airbus da TAM.
Foram alterados também os horários de
alguns vôos internacionais em Guarulhos para que
haja mais sinergia com os vôos domésticos.
Com isso, a Varig espera conseguir alimentar melhor
seus vôos ao exterior. Em fevereiro, a empresa
registrou uma ocupação de 47% neles, contra
66% da média do setor.
Segundo o diretor Comercial da companhia, Lincoln Amano,
a nova malha aérea permitirá que a companhia
eleve de forma eficiente a utilização
de suas aeronaves, aumentando a ocupação
e a produtividade dos aparelhos.
De acordo com o novo plano da companhia, as operações
em Congonhas e em Brasília serão realizadas
com aviões 737-700 e 737-800 NG, ambos fabricado
pela americana Boeing. (* Do Valor Online)
Jornal
do Brasil
25/03/2008
SDE aprova, sem restrições,
compra da Varig pela Gol
Brasília
A
Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério
da Justiça, e a Secretaria de Acompanhamento
Econômico, do Ministério da Fazenda, concluíram
parecer sobre a operação de aquisição
pela Gol de todas as ações e ativos da
empresa aérea VRG (que atualmente explora a marca
Varig). Segundo o documento, há sobreposição
entre as atividades das empresas em 22 rotas nacionais
e duas internacionais, bem como, marginalmente, no segmento
de fretamentos de aeronaves.
As
secretarias recomendaram a aprovação da
operação sem restrições,
dada a ausência de risco de lesão à
concorrência. Foi considerado que nas rotas internacionais
há outras empresas com capacidade instalada e
possibilidade de competir efetivamente.
Nos
trechos que envolvem aeroportos que dispõem de
slots (autorizações para pousos e decolagens),
a entrada de novos investidores é possível
inibindo qualquer exercício de poder de mercado.
Apesar
do parecer favorável à operação,
a SDE e a SEAE reconhecem que é preciso incrementar
a concorrência no setor aéreo.
Jornal
do Brasil
25/03/2008
Entidade processa Saito e oito
oficiais
Ação de sargentos
acusados de motim cita 8 tenentes-brigadeiros
Luiz Orlando Carneiro - BRASÍLIA
A
Federação Brasileira das Associações
de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta)
ainda quer enquadrar o comandante da Aeronáutica,
tenente-brigadeiro Juniti Saito, e mais oito oficiais-generais
da Força Aérea em crimes de abandono de
posto, descumpri mento de missão, omissão
de eficiência da Força e desrespeito a
superior.
Eles
teriam determinado que oficiais deixassem seus postos,
em represália à ordem do presidente da
República de que o ministro do Planejamento,
Paulo Bernardo, negociasse o fim do motim dos controladores
de vôo, entre os dias 30 de março e 2 de
abril do ano passado.
Ontem,
o advogado da Febracta, Roberto Catarino Sobral, ajuizou
ações penais, no Supremo Tribunal Federal,
contra o comandante da Aeronáutica e demais integrantes
da cúpula da Aeronáutica.
Para
o advogado Catarino Sobral, os controladores de vôo
não teriam se amotinado, mas agido "em legítima
defesa". A seu ver, o Alto Comando da Aeronáutica
é que deixou em grave risco a segurança
nacional, ao determinar que oficiais dos centros de
controle de tráfego aéreo (Cindactas)
deixassem os seus postos.
O
Estado de São Paulo
25/03/2008
Seae quer novo limite para estrangeiro
em empresa aérea
Isabel Sobral
A
Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae),
do Ministério da Fazenda, defendeu a ampliação
do limite de 20% de participação de estrangeiros
no capital das empresas aéreas brasileiras, ao
recomendar ontem ao Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) a aprovação da
compra da Varig pela Gol. O negócio, anunciado
há um ano, ainda será julgado pelo Cade
em data a ser definida.
A
limitação da participação
de estrangeiros em 20% está no Código
Brasileiro Aeronáutico, que, para a Seae, é
algo “ultrapassado” e que impede o desenvolvimento
de novas empresas e o fortalecimento das atuais. Embora
reconheça o setor aéreo como estratégico,
a Seae afirma que seria “desejável”
para a concorrência o aumento desse porcentual.
A
Seae destacou que o Brasil ainda é um dos poucos
países com limite tão baixo de participação.
Na Europa, a participação estrangeira
em empresas aéreas é de até 49%,
enquanto na China é de 35% e, nos Estados Unidos,
de 25%.
COMPETIÇÃO
A
Seae e a Secretaria de Direito Econômico (SDE),
do Ministério da Justiça, avaliam que
o setor aéreo comercial no Brasil é oligopolizado
(quando é pequeno o grupo de empresas que ofertam
um determinado serviço ou produto), mas não
tem impedimentos à entrada de novos competidores
no mercado doméstico. As secretarias identificaram
“pressões competitivas”, como as
constantes promoções tarifárias
feitas pelas empresas, que podem desestimular a Gol/Varig
a elevar abusivamente seus preços - e em cima
disso sustentam seu parecer pela aprovação.
A
única exceção é o mercado
que envolve o aeroporto de Congonhas (SP), em razão
de sua capacidade saturada de infra-estrutura operacional.
Mas, como a TAM detém 42% dos slots (horários
e espaços para pousos e decolagens) de Congonhas,
as secretarias sustentam que ela é capaz de rivalizar
com a Gol/Varig.
No
mercado que envolve Congonhas, as secretarias afirmam
que o negócio “gera grandes pressões”
e, por isso, sugerem à Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) mudanças
nas regras de distribuição de slots no
aeroporto paulista.
O
Estado de São Paulo
25/03/2008
Controladores vão ao STF
contra Saito
Atos do Alto Comando durante
motim, há 1 ano, motivaram ação
Tânia Monteiro
A
Federação Brasileira dos Controladores
de Tráfego Aéreo (Febracta) entrou ontem
no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação
contra o comandante da Aeronáutica, brigadeiro
Juniti Saito, por ter retirado todos os oficiais da
FAB das salas de monitoramento de vôos, entre
os dias 30 de março e 2 de abril de 2007. A organização
responsabiliza o comandante por ter colocado em risco
todos os passageiros que voavam naqueles dias.
Em
30 de março de 2007, cerca de 150 controladores
de tráfego aéreo que trabalhavam no Cindacta-1,
em Brasília, decidiram paralisar os trabalhos
às 19 horas, só voltando a operar os painéis
de controle depois da meia-noite. Todos os vôos
no País foram suspensos por quase seis horas
e desencadeou-se um caos aéreo cujos reflexos
duraram meses. A ação foi classificada,
depois, pela Aeronáutica, como motim.
A
ação se estende a todos os integrantes
do Alto Comando. De acordo com o pedido, apresentado
pelo advogado Roberto Sobral, a cúpula da Força
deve ser denunciada e culpada por crimes de 'abandono
de posto, descumprimento de missão, omissão
de eficiência e desrespeito a superior'.
O
advogado da Febracta, que já deu entrada em outra
ação semelhante no Superior Tribunal Militar
(STM), explicou que o Alto Comando da Aeronáutica
desrespeitou uma ordem do presidente da República,
comandante em chefe das Forças, Luiz Inácio
Lula da Silva, que estava em viagem ao exterior, e havia
determinado ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo,
que fosse ao Cindacta de Brasília negociar com
os controladores.
PROMESSAS
Os
militares só voltaram ao trabalho após
as promessas de Paulo Bernardo de não punição.
Nada do proposto foi cumprido e os militares revoltosos
acabaram punidos, respondem a processos na Justiça
Militar e devem ser expulsos. A Aeronáutica não
comentou o caso, alegando que não foi notificada.
Invertia
25/03/2008
Pantanal pode voar hoje pela última
vez
A
Pantanal Linhas Aéreas deve operar seus últimos
vôos hoje, dia que vence seu certificado de homologação
de empresa de transporte aérea (Cheta). A Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) diz,
porém, que a companhia pode solicitar um novo
certificado.
» Anac: Pantanal não terá novo prazo
A
empresa deixou de enviar à agência documentos
que demonstrassem estar com impostos e contribuições
trabalhistas em dia, o que fez a Anac não renovar
o certificado que permite à companhia operar
seus vôos.
Em
seu site, a aérea pede os clientes que pretendem
comprar passagens em datas posteriores ao dia 26 de
março, que entrem em contato pelo telefone da
central de reservas. Nos números disponibilizados,
as atendentes informam que aguardam a decisão
de uma liminar, que deve sair às 13h de hoje,
para orientar os passageiros sobre o futuro da companhia.
A
Anac pede desde dezembro que a Pantanal apresente os
documentos necessários para renovação
da concessão. Desde então, a companhia
apresentou "sucessivos pedidos de dilatação
do prazo", mas foram indeferidos. A medida foi
tomada após uma denúncia de que a empresa
havia atrasado o salário dos seus funcionários.
No
dia 12 de fevereiro, a agência comunicou a companhia
da "proibição de comercialização
de bilhetes para períodos superiores a 15 dias"
e, em 29 de fevereiro, deu prazo de cinco dias úteis
para a empresa apresentar os documentos, o que não
foi cumprido.
A
Pantanal opera com seis aviões para as cidades
de Presidente Prudente, Araçatuba, Marília
e Bauru no interior de São Paulo, além
de Juiz de Fora em Minas Gerais e Mucuri na Bahia. Procurada
pela reportagem, a empresa não se pronunciou
sobre o assunto.
Mercado
e Eventos
25/03/2008
Gol restrutura malha aérea
e volta a utilizar Congonhas para interligar cidades
A nova malha aérea anunciada pela companhia aérea
Gol inclui a volta da utilização do Aeroporto
de Congonhas, em São Paulo, para interligar algumas
cidades. Com a mudança, nove destinos contam
novamente com conexões por um dos principais
aeroportos do país: Navegantes (SC), Uberlândia
(MG), Goiânia (GO), Campo Grande (MS), Vitória
(ES), Cuiabá (MT), Presidente Prudente (SP),
Joinville (SC) e Rio de Janeiro (pelo Aeroporto Santos
Dumont).
Os
passageiros também contam com 12 novas opções
de vôos. O Aeroporto de Congonhas vai operar vôos
diários para Cuiabá (MT) e Goiânia
(GO), aumentando a oferta nessa cidade; semanais para
Ilhéus (BA) e duas vezes por semana para Salvador
(BA). Outra aposta é mais um vôo ligando
Recife (PE) a Salvador (BA), de segunda a sábado:
"A nova malha irá beneficiar os clientes,
que terão mais opções, novas conexões,
vôos e freqüências em aeroportos como
o de Congonhas", afirma Wilson Maciel, vice-presidente
de Planejamento e TI da Gol.
Jornal de Turismo
24/03/2008
EDITORIAL
Equipe da Varig de Frankfurt merecia
ser condecorada!
Claudio Magnavita
No dia 28 de março, quando o 767 com a pintura
da Varig decolar do aeroporto de Frankfurt com destino
a São Paulo, estará apagando as luzes,
de forma definitiva, a única operação
internacional da companhia, que sobreviveu corajosamente
a todo o traumático processo de recuperação
judicial e às duas vendas da companhia. Agora
que os slots foram devolvidos, a empresa só poderá
voltar para o aeroporto em 2011, quando o novo terminal
estiver concluído.
O reconhecimento internacional a este staff se manifestou
em fatos concretos. Apesar de ter a Varig deixado a
Star Alliance, a empresa preservou as sua posições
de atendimento no espaço mais nobre do Aeroporto
de Frankfurt. No período mais crítico,
o presidente da Star, que tem a sua sede na cidade,
o comandante Jaan Albrecht, nascido no México,
quando passava em trânsito no aeroporto procurava
pessoalmente os seus amigos que trabalhavam na gerência
da empresa para saber o que estava realmente acontecendo
com a Varig.
Foi no período mais crítico da operação
da Varig, quando houve o colapso da malha internacional
da empresa - e isso em plena final da Copa do Mundo
da Alemanha em 2006, quando milhares de passageiros
precisaram ser repatriados-, que a competência
dessa equipe foi colocada à prova.
Acomodando os passageiros num único 767 que
ainda voava pela empresa (pertencia à portuguesa
EuroAtlantic) e em companhias congêneres, a equipe
de variguianos do aeroporto de Frankfurt fez um trabalho
que exigiu nervos de aço e senso de patriotismo.
Ninguém ficou sem assistência. Mais de
500 mil euros foram pagos em hotéis e refeições.
Este trabalho, realizado pelos 26 funcionários
da Varig, evitou um trauma ainda maior. E foi essa dedicação,
em um momento de incerteza, que aumentou a admiração
das associadas internacionais que operavam no mesmo
aeroporto, especialmente da empresa mãe, a Lufthansa.
Um trabalho que evitou um colapso de dimensões
catastróficas na Europa.
Depois do leilão da Varig e do fundo Matlin
Peterson ter assumido o comando, coube à turma
da Alemanha abortar a decisão de suspender o
vôo, que havia sido tomada de forma intempestiva.
Um e-mail, enviado diretamente para Lap Chan, relacionando
o quanto seria gasto com endossos de passagens para
transportar os milhares de passageiros que estavam na
Europa com venda realizadas pela Varig nos últimos
meses acabou revertendo a situação.
De todas as operações internacionais
da Varig original, a única que não sofreu
descontinuidade foi a de Frankfurt. Esta operação
foi símbolo de um DNA quase germânico,
que durante décadas levou a uma relação
de co-irmã com a Lufthansa. As origens gaúcha
e germânica da Varig ajudaram a selar um pacto
de amizade que se refletia até na pintura das
aeronaves, que trazia uma grande semelhança.
A confiança era a base da relação
entre as duas empresas, mas começou a ser minada
pelos dirigentes da empresa brasileira quando, no auge
da crise, resolveram ignorar solenemente a necessidade
de dar uma satisfação aos parceiros da
Lufthansa, que além de co-irmã é
a companhia líder da Star Aliance.
Com o leilão, a situação só
se agravou. A Varig ficou com uma dívida inferior
a quatro milhões de dólares com a empresa
alemã pelo transporte de passageiros. Os bilhetes
de conexões deixaram de ser aceitos e Frankfurt,
que sempre foi um ponto de distribuição,
passou a ser destino final. Foi uma decisão das
mais equivocadas. Só a Lufthansa gerava anualmente
40 milhões de dólares de receita para
a Varig. Matou-se a galinha dos ovos de ouro.
Além da dívida, a passagem da Air Canada
pela gestão da Varig foi desastrosa para a sobrevida
da empresa na Star. Uma arrogante conferência
telefônica, com o presidente da empresa canadense,
Roberto Milton e outros C.O.’s, entre eles o da
Lufthansa, foi a pá de cal.
Por duas vezes, depois que a Gol assumiu a Varig,
houve a tentativa de restabelecer o relacionamento com
a Lufthansa. Na primeira visita, na qual estava um ex-brigadeiro,
Marcelo Emboaba (diretor de planejamento da Gol), os
integrantes da empresa não chegaram a ser recebidos
por uma alegada confusão de agenda. Na segunda,
com a ida do próprio Constantino Junior, já
era tarde. A Lufthansa tinha colocado uma aliança
de noivado no dedo da TAM e a Varig, com seus erros
e desconsiderações, já faziam parte
de um passado distante. De toda a coleção
de problemas gerados pela administração
temporária que antecedeu o grupo Gol, este deve
ter sido aquele que com menor custo poderia ter sido
evitado.
O fim desta operação histórica
da Alemanha traz agora uma daquelas coincidências
inexplicáveis, capaz de deixar perplexo os que
acompanham de perto a história da marca Varig.
No mesmo dia que se interrompe de forma definitiva a
única linha internacional da companhia que nunca
deixou de voar, começa a renascer da cinzas a
empresa remanescente. Será no mesmo 29 de março
que a Flex (a empresa aérea da Varig remanescente)
realizará o seu vôo inaugural entre o Rio
e Salvador. Talvez, no futuro possa se achar uma sincronicidade
da coincidência de datas de um ciclo que se encerra
e em um novo que se inicia.
Finalmente, resta fazer um reconhecimento público
ao último núcleo de heróicos variguianos,
os do Aeroporto de Frankfurt. Aqueles que nunca abandonaram
os seus postos e que, por ironia do destino, ao invés
de receber medalhas pelo heróico repatriamento
de milhares de brasileiros, receberam agora uma carta
de demissão. Eles escreveram as mais bonitas
e heróicas páginas na história
da Varig. Deram um exemplo de perseverança e
de dever cumprido. Quando a porta do 767 for fechada
de forma derradeira no dia 29 de março, não
poderá haver espaço para lágrimas.
Deverão olhar para o céu e ter a altivez
do dever cumprido. Cada um deles foi o guardião
da estrela solitária que atravessou durante meses
o Atlântico. Cumpriram o dever até o último
minuto de cabeça erguida. Merecem de todos os
amantes da aviação comercial os aplausos
pela dignidade que desempenharam suas missões.
Um quadro capaz de dignificar qualquer empresa aérea
que venham a trabalhar. São exemplos como este
que fazem dos variguianos, os membros de uma nação
muito especial.
Revista
Consultor Jurídico
24 de março de 2008
Crise da VarigLog
Volo pede na Justiça
poder de indicar administrador
A Volo Logistics LLC, empresa do fundo americano MatlinPatterson,
quer poder indicar os administradores da VarigLog. Por
isso, recorreu ao Tribunal de Justiça de São
Paulo contra parte da decisão do juiz José
Paulo Magano, da 17ª Vara Cível de São
Paulo, que afastou os três administradores brasileiros
da companhia — Marco Antônio Audi, Marcos
Michel Haftel e Luiz Eduardo Gallo.
O
afastamento dos empresários foi feito a pedido
da própria Volo, mas o juiz não permitiu
que a empresa escolhesse os novos gestores. O recurso
impetrado nesta segunda-feira (24/3) no TJ paulista
— no qual a Volo requer o direito de indicar os
administradores — é assinado pelos advogados
Arruda Alvim e Nelson Nery Júnior e deve ser
apreciado pelo desembargador Natan Zelinck, da 7ª
Câmara de Direito Privado do tribunal paulista.
Este
é apenas mais um capítulo da cerrada disputa
pelo controle da VarigLog. De um lado, os sócios
brasileiros, Marco Antônio Audi, Marcos Michel
Haftel e Luiz Eduardo Gallo pleiteiam a exclusão
da Volo Logistics LLC da sociedade. De outro lado, a
Volo pede a exclusão dos sócios brasileiros.
O
pedido de liminar dos sócios brasileiros, para
continuarem à frente da VarigLog, foi negado
pelo juiz José Paulo Magano, que destacou que
eles não tinham lastro econômico para participar
da sociedade. Já o pedido da Volo Logistics LLC
foi acolhido em parte pelo juiz para destituir os sócios
brasileiros da gestão da VarigLog por suspeita
de má-gestão e desvio de recursos.
Na
ocasião, no entanto, o juiz não permitiu
que a administração fosse feita diretamente
por pessoas ligadas ao fundo, nomeando o administrador
judicial José Carlos Rocha Lima. Os relatórios
apresentados pelo administrador judicial José
Carlos Rocha Lima — nomeado no início de
março, mas já afastado — dão
conta de que os sócios brasileiros teriam efetuado
pagamento de quantias milionárias para escritórios
e advocacia e outras empresas que, segundo a Volo Logistis
LLC, estão relacionadas ao sócio Marco
Antônio Audi.
O
juiz José Paulo Magano acolheu, então,
novo pedido da Volo para afastar o administrador judicial
José Carlos Rocha Lima. Nesta oportunidade, o
juiz negou, mais uma vez, que o Fundo pudesse eleger
três novos administradores. Os escolhidos foram
Afredo Luiz Kugelmas, Luis Gaj e Oscar Spessoto.
A
VarigLog permanece ameaçada de encerrar as suas
atividades. A empresa, que já teve a maior frota
cargueira do país e 50% do mercado de transporte
aéreo de carga, aproximadamente, hoje tem as
suas operações reduzidas. Também
enfrenta problemas como suspensão de serviços
e arresto de aviões por falta de pagamento a
fornecedores e prestadores de serviços.
O
Globo
24/03/2008 às 18h04m
Governo dá parecer favorável à
compra da Varig pela Gol
BRASÍLIA
- A Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério
da Justiça, e a Secretaria de Acompanhamento Econômico
(Seae), do Ministério da Fazenda, concluíram parecer
sobre a operação de aquisição pela Gol de todas as ações
e ativos da empresa aérea VRG (que atualmente explora
a marca Varig). As secretarias recomendaram a aprovação
da operação sem restrições, dada a ausência de risco
de lesão à concorrência. Foi considerado que nas rotas
internacionais há outras empresas com capacidade instalada
e possibilidade de competir efetivamente.
Nos
trechos que envolvem aeroportos que dispõem de autorizações
para pousos e decolagens (slots) disponíveis, a entrada
de novos investidores é possível e provável - inibindo
qualquer exercício de poder de mercado. E nos trechos
que incluem o aeroporto de Congonhas (que não possui
slots disponíveis), há capacidade ociosa e, portanto,
rivalidade potencial entre os agentes econômicos.
Mas
apesar do parecer favorável à operação, a SDE e a SEAE
reconhecem que é preciso incrementar a concorrência
no setor aéreo. Por esse motivo, recomendaram uma série
de medidas à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac),
como a revisão do regulamento que trata da alocação
de slots no aeroporto de Congonhas e a adoção de medidas
para aprimorar a utilização eficiente dos slots alocados.
As secretarias recomendaram, ainda, que sejam revistos
alguns critérios regulatórios que dificultam a entrada
de novos agentes econômicos no Brasil, como o nível
máximo permitido de investimento estrangeiro, a rigidez
do contrato de concessão e a excessiva regulação da
aviação civil internacional.
Valor eCONÔMICO
24/03/2008 às 15h11m
Varig inaugura hoje nova malha
doméstica, com mais vôos em Congonhas e Brasília
SÃO
PAULO - A Varig inicia hoje as operações de sua nova
malha aérea de vôos domésticos. Segundo a Gol, controladora
da empresa, as medidas foram adotadas para ampliar a
presença da Varig em mercados de alto tráfego de negócios
e melhorar a conectividade e a distribuição de vôos
pelo país.
Segundo
a empresa, o planejamento da nova malha levou em consideração
a autorização de se voltar a operar conexões em Congonhas.
Assim, a Varig passa a oferecer, saindo desse aeroporto,
vôos para Belo Horizonte (Confins), Brasília, Curitiba,
Florianópolis, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro
(Galeão e Santos Dumont) e Salvador.
A
maior mudança para a companhia, porém, é a criação de
um hub (centro de distribuição de vôos) em Brasília.
A partir de hoje, os passageiros da Varig poderão utilizar
esse aeroporto para viajar para Belo Horizonte (Confins),
Fortaleza, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro
(Galeão), São Paulo (Congonhas) e Salvador em vôos diretos.
A empresa ainda aumentou as freqüências para esses destinos
saindo de Brasília.
Com
o hub em Brasília e a volta das conexões em Congonhas,
a Varig terá muito mais opções de vôo para vários destinos
disse o diretor Comercial da companhia, Lincoln Amano.
Segundo
Amano, a nova malha permitirá que a empresa eleve de
forma eficiente a utilização de suas aeronaves, aumentando
a ocupação e a produtividade dos aparelhos.
De
acordo com o novo plano da empresa, as operações em
Congonhas e em Brasília serão realizadas com aviões
737-700 e 737-800 NG, ambos da Boeing.
(José Sergio Osse | Valor Online)
Site
Jornal A TARDE
24/03/2008 - 10:15h
Seae sugere que compra da Varig
pela Gol seja aprovada
Agencia Estado
A Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae)
do Ministério da Fazenda recomendou ao Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que
aprove sem restrições a compra da companhia
aérea Varig pela concorrente Gol. A aquisição
foi anunciada em março do ano passado e no final
da semana passada teve a análise técnica
concluída pela Seae, em parceria com a Secretaria
de Direito Econômico (SDE) do Ministério
da Justiça. O julgamento no Cade ainda não
tem data marcada.
No
parecer, de 50 páginas, a Seae avalia que, embora
o setor aéreo comercial no Brasil seja oligopolizado
(quando é pequeno o grupo de empresas que ofertam
um determinado serviço ou produto), não
há barreiras que impeçam a entrada de
novos competidores no mercado doméstico. A única
exceção, de acordo com a Seae, é
o mercado que envolve o Aeroporto de Congonhas (SP)
devido à saturação de sua capacidade
de infra-estrutura operacional.
Apesar
disso, a Seae destaca que há "pressões
competitivas" suficientes no mercado, inclusive
Congonhas, como a oferta de muitas promoções
de tarifas, que podem desestimular a Gol/Varig de exercer
um poder de mercado elevando abusivamente seus preços.
A Seae comparou tarifas cobradas pelas principais empresas
aéreas a partir de dados fornecidos pela Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), nos
meses de baixa e de alta temporada, e concluiu que há
indicações de efetiva competição.
Outro
argumento da Seae é que a TAM é capaz
de rivalizar com a Gol/Varig, principalmente nas rotas
com origem no Aeroporto de Congonhas. "Identificou-se
uma elevada concentração de slots (horários
e espaços para pousos e decolagens) nas mãos
da TAM, que a torna apta a rivalizar efetivamente com
as requerentes (Gol/Varig)", afirma o documento
da Seae ao relatar que a TAM é detentora de 42%
dos slots disponíveis em Congonhas enquanto Gol
e Varig juntas detém 47% dos slots. A Seae acrescenta
que há capacidade ociosa nas várias empresas
aéreas, o que reforça o entendimento de
que se Gol/Varig elevarem excessivamente seus preços
há condições de os usuários
serem atendidos pelas outras companhias.
A
Gol anunciou a compra da Varig no dia 28 de março
de 2007 por US$ 320 milhões, após seu
presidente, Constantino Oliveira Júnior, antecipar
em audiência ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. A Gol assinou com o Cade um acordo para
manter independentes as gestões da Gol e da Varig,
bem como as marcas, até que ocorra o julgamento
da operação pelo conselho.
Mudanças
A
Seae considerou que a compra da Varig pela Gol "gera
grandes pressões" sobre a concorrência
nos mercados envolvendo o Aeroporto de Congonhas (SP).
Por isso, a secretaria recomenda a aprovação
do negócio para defender mudanças regulatórias
que avalia serem capazes de aumentar a concorrência
no setor.
Uma
das mudanças deveria ser feita nas regras de
distribuição dos slots (horários
e espaços para pousos e decolagens) em Congonhas
para tornar mais eficiente o seu uso e fechar "brechas"
no sistema que permitem às empresas driblarem
a exigência de terem que provar 80% de utilização
de um slot para não perdê-lo.
A
Seae também defende mudanças na alocação
inicial dos slots e ainda sugere a criação
de um mercado secundário de slots, em que as
empresas aéreas que operam em Congonhas poderiam
comercializar os horários e espaços "de
forma a aumentar a disponibilidade dos slots que já
se encontram alocados".