Invertia
24/04/2007
Aposentados da Varig protestam em
aeroporto no RS
Aposentados e ex-funcionários da Varig fizeram
um protesto no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre
(RS), na manhã desta terça-feira. Eles reclamam
que estão recebendo apenas uma parte dos benefícios
e dizem que podem ficar sem a renda mensal por causa do
rombo no fundo de pensão Aerus.
De acordo com a Globonews, o protesto começou
às 6h e reuniu um grupo no saguão de embarque
do aeroporto.
Eles distribuíram folhetos aos passageiros explicando
os motivos da manifestação. Apesar do protesto,
as atividades do aeroporto não foram prejudicadas.
Folha de São Paulo
24/04/2007
"Buraco negro" continua
após acidente da Gol
Documentos de controladores
do Cindacta-4 revelam que o espaço aéreo
da região amazônica tem cobertura ineficaz
de radares
Relatórios encaminhados ao órgão
da Aeronáutica que auxilia na investigação
de acidentes mostram que falhas ainda ocorrem na região
KÁTIA BRASIL DA AGÊNCIA FOLHA,
EM MANAUS
O espaço aéreo da Amazônia, onde
há seis meses ocorreu a colisão do vôo
1907 da Gol e o jato Legacy, continua dentro de um "buraco
negro", com cobertura de radares ineficaz à
segurança dos aviões. É isso o que
revelam documentos obtidos pela Folha com relatos de controladores
do Cindacta-4 (Centro Integrado de Defesa Aérea
e Controle do Tráfego Aéreo), com sede em
Manaus (AM).
O "buraco negro", segundo os controladores,
é localizado no setor 6, área que compreende
o sul do Amazonas, os municípios de Alta Floresta
e Sinop, no Mato Grosso, a Serra do Cachimbo e Jacareacanga,
no Pará. A área é de transição
do controle do espaço aéreo entre os Cindactas-4
e 1, de Brasília. Na região, há falhas
também de comunicação -freqüência
de rádio- registradas pelos controladores em Manaus
e Porto Velho. As falhas já colocaram aviões
em risco iminente de colisões na área da
Amazônia, segundo os relatórios.
Os documentos nos quais os controladores registraram as
ocorrências decorrentes do "buraco negro"
são os chamados "relatórios de perigo",
ou Relper, enviados pelos controladores ou seus supervisores
do Cindacta-4 ao Sipaer (Sistema de Investigação
e Proteção de Acidentes Aeronáuticos).
Investigação
O Sipaer é o órgão da Aeronáutica
que auxilia a investigação e prevenção
de acidentes e incidentes aeronáuticos. O Boeing
da Gol caiu em 29 de setembro de 2006 e matou 154 pessoas.
Ainda não é possível saber se houve
falha de comunicação envolvendo o Cindacta-4,
o avião da Gol e o Legacy. A investigação
da FAB sobre o acidente aponta que o "buraco negro"
não tem relação direta com os fatores
que causaram a colisão, mas o Legacy voou por 20
minutos, 18 deles ininterruptos até o choque, sem
aparecer na tela de radar de Brasília (Cindacta-1).
Aviões que trafegam no setor 6 continuam sumindo
dos radares até hoje, segundo os relatórios.
Em 14 de janeiro, um controlador registrou que o setor
é uma zona cega. "A situação
no S06 [setor 6] do ACC-AZ [centro de controle amazônico]
é degradante. Os radares são falhos em quase
sua totalidade. Mas a mais famosa [região] é
onde caiu o Gol. Lá, nós de Manaus [Cindacta-4],
temos o radar, mas quem controla é Brasília
[Cindacta-1], que não tem a visualização
do radar. Ou seja, quem vê não controla e
quem controla não vê. É um buraco
negro na medida que nessa região os radares são
inconfiáveis (sic) e as freqüências
[comunicação via rádio com os pilotos]
não funcionam", diz o documento.
Em outro relatório, da mesma data, um controlador
afirma que, no setor 6, os auxílios a navegação
estão "inoperantes nas região de Cachimbo
e Jacareacanga e Alta Floresta". Há problemas
de freqüência [nos rádios] em Manaus,
Cachimbo e Sinop. "Existem auxílios à
navegação que já estão inoperantes
por um período de quase quatro anos", diz
o "relatório de perigo". Nos documentos,
os controladores registram "grave situação
de risco de colisão" entre aeronaves. Um caso
emblemático aconteceu em 8 de abril e envolveu
dois aviões da TAM.
Segundo o relatório, as aeronaves estavam a 75
milhas, cerca de 150 km a noroeste de Manaus. Um avião
(vôo 8090) seguia de Guarulhos para Miami a 40 mil
pés na aerovia UA342. O outro (vôo 8091),
na mesma rota, em sentindo contrário, a 39 mil
pés. A distância entre os aviões era
de 30 km. Na tela do controlador do Cindacta-4, o radar
mostrava que eles estavam em situação de
colisão. Por uma leitura distorcida, o radar registrou
o vôo 8091 com 39,5 mil pés, subindo em ponto
de convergência. Um alerta de anticolisão
foi acionado.
"A situação foi contornada porque consegui
falar com o piloto antes de fazer qualquer procedimento
e confirmei que sua altitude era 39 mil e não 39,5
mil como o radar mostrava. É fato que tal relato
possa ser repetição de uma série
interminável de antecessores de longa data, que,
infelizmente, não encontraram solução",
diz o documento.
Folha de São Paulo
24/04/2007
Aeronáutica nega
que haja área descoberta
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Em nota, o Comando da Aeronáutica reiterou que
o espaço aéreo brasileiro é "absolutamente
seguro", negando existir um "buraco negro"
na área entre os Cindacta-1 (Brasília) e
4 (Manaus).
Em relação às possíveis falhas
citadas em relatórios dos controladores, o comando
destacou que o Brasil faz parte do "grupo 1 da Oaci
(Organização da Avião Civil Internacional)".
"O que significa dizer que seus serviços de
controle de tráfego aéreo possuem um alto
índice de segurança, reconhecidos internacionalmente.
Fazem parte desse grupo, também, os Estados Unidos,
o Canadá, a Inglaterra, dentre outros", diz
a nota, que é assinada pelo chefe do Cecomsaer
(Centro de Comunicação Social da Aeronáutica),
brigadeiro Antônio Carlos Moretti Bermudez.
Segurança
Sobre os "relatórios de perigo", a Aeronáutica
reconhece que o objetivo dos documentos é aumentar
o nível de segurança das atividades de cada
Cindacta (Centro Integrado de Defesa e Controle de Tráfego
Aéreo).
O comando, diz a nota, incentiva o seu preenchimento,
que pode até ser feito anonimamente, mas nega as
denúncias apresentadas.
"É importante destacar que o Comando da Aeronáutica
somente reconhece oficialmente os relatórios que
contenham todas as análises técnicas dos
setores competentes. Folhas isoladas desse contexto, como
as que têm aparecido ultimamente na mídia,
não são consideradas como legítimos
relatos de falhas do sistema", diz a nota. (KB)
Jornal do Brasil
24/04/2007
CPI do Apagão decola no Senado
Leandro Mazzini
Brasília. A oposição e os governistas
duelam hoje em mais um capítulo do debate sobre
a instalação da CPI do Apagão Aéreo
no Senado. A certeza dos dois lados é que enfim
será dado o pontapé inicial para os trabalhos.
O presidente da Casa, Renan Calheiros, recebe às
15h, no gabinete, os líderes dos partidos. O Democratas
(ex-PFL) e o PSDB, unidos, garantem que já têm
até os nomes para a comissão, ao passo que
os governistas reconhecem ser inevitável a instalação
da CPI.
Sob o comando da petista Ideli Salvatti, a saída
do governo é tentar ganhar tempo. Vai fazer um
lobby para que Renan estipule um prazo de duas ou mais
semanas para que os partidos indiquem quem ocupará
os cargos. Ciente disso, a oposição vai
contra-atacar.
- Se acontecer isso, Renan vai ouvir discursos todos
os dias na tribuna. Espero que cronograme as ações
de funcionamento o quanto antes - disse o líder
do DEM, José Agripino Maia (RN). - É uma
CPI cuja situação se impõe.
Com a confirmação da instalação,
hoje, a briga agora é contra o tempo. Para o embate
no gabinete de Renan, os líderes adiantaram a agenda
de hoje a fim de delinear os planos de ataque.
- Tenho uma reunião com os líderes do bloco
às 9h30 na liderança do PT - adiantou Ideli
Salvatti. - Vamos ver como eles querem dividir os cargos.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM),
pretende se reunir, hoje de manhã, com os democratas
para discutir a estratégia.
- Vejo como irreversível essa CPI - resumiu, ao
chegar em Brasília ontem à tarde.
Virgílio disse que ligaria para Agripino Maia
a fim de discutir a estratégia da oposição.
O democrata afirmou ao JB, no entanto, que já estava
tudo resolvido:
- Nem precisamos conversar. Em três minutos decidimos
tudo no gabinete de Renan.
Apesar de os governistas contarem com um senador a favor
depois que a CPI for instalada - são sete da situação
contra seis oposicionistas - a senadora Ideli preferiu
evitar ataques. Mas alfinetou a aliança entre tucanos
e democratas:
- Atualmente a minha bola de cristal está embaçada
- ironizou. - Não quero fazer prognósticos.
Percebemos que há um desconforto na oposição.
O DEM e o PSDB não estão naquele momento
de união como antes.
Arthur Virgílio rebateu:
- Hoje, nós, os democratas e tucanos, temos um
bom entendimento na Câmara. E isso nunca deixou
de refletir no Senado. Queremos sair do gabinete do Renan
com tudo resolvido - disse o senador, dando mostras de
que recente encontro do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva com Tasso Jereissati, presidente do PSDB,
na tentativa de se reaproximar da oposição,
não influencia na decisão da bancada no
Senado.
Os governistas querem impedir o acordo. Quanto mais tempo,
melhor. Essa é a meta do grupo liderado por Ideli.
Há a expectativa de que o Supremo Tribunal Federal
aprove amanhã a criação da CPI do
Apagão na Câmara, onde o governo tem maioria,
e que a comissão ofusque o trabalho do Senado.
Agripino Maia reforçou, porém, que a oposição
não teme isso.
- Não há preocupação de que
uma CPI ofusque a outra, nem que uma se instale depois
da outra. Quero é que a apuração
comece logo.
Ontem, no Senado, foi concluído o trabalho de
conferência das 34 assinaturas colhidas semana passada,
quando a oposição protocolou o pedido da
CPI, e foi redigido um parecer sobre o fato determinado
para que Renan leia hoje.
A oposição quer ficar com a presidência
da CPI e deixar a relatoria com os governistas. Assim,
consegue equiparar os votos no relatório final.
O PSDB acredita ainda que o PDT pode indicar um senador
sem afinidade com o governo - Cristovam Buarque ou Osmar
Dias - que votem com a oposição. É
a esperança de que os tucanos e democratas terão
sobrevida na Casa.
- Temos também apoio de peemedebistas dissidentes
- disse Virgílio.
Jornal do Brasil
24/04/2007
Chinaglia:
Não haverá obstáculos
Enquanto o Senado adianta o acordo para a instalação
da CPI do Apagão Aéreo, a Câmara ainda
aguarda a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
sobre a criação da comissão na Casa.
Ontem, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), deixou claro que não vai criar obstáculos
para a investigação do setor aéreo
na Casa e que apenas aguarda a decisão do Supremo.
O plenário do STF julga amanhã o mandado
de segurança da oposição para anular
o arquivamento da comissão na Câmara. A CPI
foi arquivada depois que a base governista conseguiu aprovar
um recurso do PT contra a investigação da
crise aérea.
- Se o Supremo decidir, a CPI vai ser instalada no prazo
adequado - argumentou Chinaglia. - Vou cumprir os prazos
regimentais. Isso significa que os líderes terão
prazo para indicar os seus componentes, e eu creio que
o farão, porque tudo o que podia ser feito de disputa
política da base do governo e oposição
já foi feito.
Independentemente da decisão do Supremo, a oposição
acredita, desde o início do debate, que a decisão
sobre a apuração está nas mãos
do presidente da Câmara. A pressão parte
dos deputados Otávio Leite (PSDB-RJ) - um dos autores
do requerimento de criação da CPI - e do
líder dos Democratas na Câmara, deputado
Ônix Lorenzoni.
Mercado e Eventos
23/4 - 11:07
Varig oferece 90% de desconto no
mês de maio
A Varig lança no mês das mães a promoção
"Desconto a jato", que oferece desconto de até
90% em todos os destinos domésticos operados pela
companhia. A promoção é válida
para compras até 02/05 e com as viagens entre 01
e 31/05. Informações: www.varig.com.br ou
4003-7000.
Valor Online
23/04/2007
Gol amplia plano de frota e chega
mais perto da TAM.
Roberta Campassi
Após comprar a nova Varig (VRG) e surpreender o
mercado de aviação, o grupo Gol ampliou
seu plano de frota e terá, no fim de 2007, 102
aeronaves ao invés de 80, aumentando sua oferta
de assentos em 80%. O número a colocará
muito próxima da TAM, que pretende fechar este
ano com 107 aviões. Já em 2008, a Gol passará
a ser a maior companhia aérea brasileira, com 119
aeronaves, contra as 112 da TAM. Se o planejamento das
empresas não for alterado, a Gol manterá
a primeira posição pelo menos até
2010.
Quando adquiriu a VRG em março, por US$ 320 milhões,
a Gol anunciou que estava pronta para assumir a liderança
do mercado de aviação brasileiro. Embora
ainda necessite da aprovação do Cade, órgão
de defesa da concorrência, para consumar a aquisição,
a Gol apresentou novas projeções de resultado
que incluem as operações da Varig, durante
reunião com analistas, na sexta-feira.
Este ano, a incorporação da Varig vai
elevar a receita do grupo Gol em R$ 600 milhões,
para um total de R$ 6,1 bilhões, segundo as projeções
da companhia aérea. O lucro, no entanto, deve ficar
até 25% menor do que havia sido previsto inicialmente
para 2007. Agora, a Gol projeta um ganho por ação
entre R$ 4,20 e R$ 4,70, contra a estimativa anterior
de R$ 5,20 a R$ 5,65.
As revisões levam em conta dois aspectos. Um
deles é o cenário do mercado: o forte aumento
da oferta de assentos deve levar as empresas a baixar
as tarifas, o que tende a afetar a lucratividade. O outro
ponto, no caso da Gol, é o tempo que a Varig precisará
para fomentar a demanda por seus vôos e consolidar
uma operação rentável.
Durante reunião com analistas, na sexta-feira,
a Gol informou que os vôos domésticos da
Varig devem alcançar o equilíbrio - ou seja,
as receitas cobrirão as despesas operacionais -
em dois ou três meses. No segmento internacional,
o ajuste levará de quatro a seis meses, segundo
Constantino de Oliveira Jr., presidente da Gol. No primeiro
trimestre do ano, a Varig registrou taxa de ocupação
média de 54%, o que indica uma procura baixa por
seus vôos e uma grande possibilidade de que ela
estivesse tendo prejuízos.
A Gol anunciou que já fechou os contratos para
trazer sete Boeings 767 para a Varig ainda este ano e
mais sete em 2008 - a empresa já tem um 767. Essas
serão as aeronaves utilizadas nas operações
de longo curso. Conforme anunciado na data da aquisição,
a Gol planeja assumir 11 destinos internacionais por meio
da Varig, sendo três na América do Norte,
cinco na Europa e três na América do Sul.
A prioridade, segundo Oliveira Jr., é retomar os
vôos para a Europa e Cidade do México. O
direito a essas rotas está garantido pela Justiça
até o dia 18 de junho.
Caso a Varig não assuma as freqüências
no prazo, a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) deverá retomá-las e redistribuí-las
entre as eventuais companhias aéreas interessadas.
A Gol poderá pedir a prorrogação
do prazo, embora a Anac já tenha se pronunciado
contra o adiamento. Perguntado sobre como a companhia
pretende garantir as rotas, Oliveira Jr. disse que a Gol
tem alternativas que ainda não foram apresentadas
porque estão em desenvolvimento. "Desde que
assumimos a VRG (em 9 de abril), tratamos de negociar
as aeronaves, porque aí sim podemos assumir as
freqüências", afirmou. O executivo disse
que a Gol deve apresentar um cronograma de início
das operações internacionais à Anac.
Até o fim do primeiro trimestre, a Varig deverá
ter quatro Boeings 767 para operar no mercado internacional.
Para rotas da América do Sul e domésticas,
a VRG terá 14 aeronaves do modelo 737, o que elevará
a frota total da empresa dos atuais 17 para 22 aviões.
Em 2008, o número saltará para 33.
Nos três primeiros meses do ano, os resultados
financeiros da Gol sofreram impacto dos problemas nos
aeroportos, da queda nas tarifas e nas taxas de ocupação
do mês de março. Segundo a empresa, os atrasos
e cancelamentos decorrentes dos problemas com controle
de tráfego aéreo reduziram sua receita em
R$ 80 milhões. A queda foi parcialmente compensada
pela redução de custos operacionais.
A Gol obteve receita de R$ 1 bilhão, 21% superior
ao mesmo trimestre de 2006. O lucro líquido da
empresa foi de R$ 91,6 milhões, 43% menor do que
os R$ 160,678 milhões obtidos um ano antes, conforme
as regras contábeis brasileiras. Pelas regras americanas
(US Gaap), a Gol lucrou R$ 116,6 milhões no primeiro
trimestre, abaixo dos R$ 179,8 milhões registrados
no período anterior.
Coluna do Claudio Humberto
23/04/2007 -09:20h
Protesto no ar
Trabalhadores do setor aéreo fazem vigília
de segunda a quarta nos aeroportos Santos Dumont (RJ)
e Congonhas (SP) para denunciar descaso com o fundo Aerus,
violação de direitos trabalhistas e "manipulação
na venda da Varig".
Site Aerosonsult
22/04/2007
DEZ JUÍZES E UMA SENTENÇA
Na próxima quarta-feira poderá ser decidido
o destino do Aerus. Caberá a 10 ministros julgar
o agravo que suspendeu a vigência da liminar a favor
do pagamento à velha Varig da dívida do
governo, decorrente da iniciativa que, ainda na época
do presidente Collor, congelou as tarifas aéreas
domésticas, no contexto de seu falido Plano para
debelar a inflação que afligia a economia
nacional. A inflação não parou ou
regrediu, mas as empresas aéreas perderam parte
de suas receitas, cobrando tarifas inferiores àquelas
que, para acompanhar a inflação galopante,
deveriam receber para cobrir seus crescentes custos operacionais.
Quem viveu as décadas anteriores ao Plano Real,
o único que deu certo, entre os vários “inventados”
para controlar a inflação por economistas
da velha e da nova guarda, deve lembrar que havia uma
espécie de corrida para utilizar os salários
logo após recebê-los, pois seu valor diminuía
a cada dia que passava, enquanto produtos e serviços
acompanhavam com uma atualização diária
a evolução dos custos, que eram repassados
aos preços. Na demagogia populista com a qual o
governo tentou reconquistar o apoio dos eleitores que
havia privado de parte de suas economias, com o bloqueio
de seus depósitos bancários, a então
ministra da Fazenda decretou o congelamento das tarifas
aéreas. Isso permitiu a dezenas de milhares de
novo usuários de experimentar o prazer de viagens
pagas a preço de bananas. Um bilhete aéreo
para qualquer destino custava, em média, quanto
uma passagem de ônibus, além de oferecer,
por exemplo, a possibilidade de chegar no Norte ou Nordeste
em menos de 3 horas ao invés das 36 ou mais, às
quais os novatos estavam acostumados.
A festa terminou com um grande buraco nas receitas das
empresas aéreas, proporcional ao tamanho das respectivas
redes domésticas, com Varig, Vasp e Transbrasil
na ordem de grandeza, e com perdas de pouca monta sofridas
pela novata Tam. Delas, só a Transbrasil, graças
à ação oportunista de um seu habilidoso
advogado, teve seus direitos logo reconhecidos em juízo
e recebeu na época cerca de 700 milhões,
boa parte dos quais dedicou ao pagamento de impostos,
antes de encerrar suas atividades.
O fato de já existir uma sentença contra
a União nessa questão é de extrema
importância, pois renega-la significaria afirmar
que houve anteriormente erro ou incompetência dos
juízes. Seria o reconhecimento de que a Justiça
além de cega não é infalível
e abriria um precedente, (em particular nestes dias em
que alguns membros do Judiciário são visados
por suposto envolvimento em ações ilícitas)
de conseqüências corporativas imprevisíveis.
Mas o pagamento feito à Transbrasil não
é uma garantia de que o Supremo reconhecerá
o mesmo direito à Varig. Existem muitas variáveis
que pesam no resultado de um processo, cujos debates podem
afastar a sentença. Por exemplo, poderão
ser exigidas mais comprovações sobre o cálculo
inicial das perdas sofridas pela Varig, que obrigariam
recorrer a um novo laudo pericial e, havendo variações
nos valores apurados, a empresa deveria reiniciar seu
calvário pelos vários degraus da Justiça,
à procura de uma sentença final que –
se agora fosse negado o agravo da União –
poderia encerrar com fecho de ouro o julgamento programado
para este 25 de abril.
Existem motivos para temer que mais uma vez seja procrastinada
a sentença final sobre o direito da Varig de receber
vários milhões da União (seu montante
será o resultado de uma série de cálculos,
de atualizações, descontos legais, pagamentos
a advogados) pois, num caso tão complexo, tendo
os ministros opiniões contrastantes, interpretações
subjetivas de artigos dos Códigos, é provável
que a sentença reflita suas incertezas, apesar
da existência de pareceres de colegas seus de nível
inferior favoráveis ao reconhecimento da dívida
e sem esquecer que o idêntico caso da Transbrasil
já foi julgado a favor da companhia. Ou seja, é
possível que alegando erros ou supostas falhas
proceduráis, mais da metade dos juízes (incluindo
o voto de minerva do presidente do STJ) evite se pronunciar
a favor ou contra o pagamento, sugerindo a reabertura
do caso, numa decisão que relembraria a já
clássica e inesquecível lavagem de mãos.
Com efeitos desastrosos não para a velha Varig,
pois a parte de dinheiro que lhe caberia seria repassada
a seus credores, mas para o Aerus, o fundo de aposentadoria
ao qual seriam obrigatoriamente creditados cerca de R$
2 bilhões. Exatamente o dinheiro que falta para
a suspensão do processo de liquidação
extrajudicial decretado em abril de 2006 pela mesma Secretaria
de Previdência Complementar do Ministério
da Previdência Social que, até aquela data,
havia permitido que abusos de todo tipo levassem o Aerus
à falência.
Pessoas leigas afirmam que, em processos como este, deveriam
pesar também considerações de outra
natureza, além daquelas embasadas na interpretação
dos Códigos. Os juízes deveriam ter conhecimento
e avaliar o alcance social de sua sentença. Pois
se é nobre defender o dinheiro da União,
não deveria ser ignorado que neste caso a sobrevivência
de cerca de 8 mil ex-contribuintes depende do reconhecimento
de seu direito a uma aposentadoria, agora vinculada ao
pagamento pelo governo de uma sua dívida, que permitiria
a reposição de fundos indevidamente alienados
pela aérea credora.