::::: RIO DE JANEIRO - 23 DE OUTUBRO DE 2007 :::::

 

Valor Econômico
23/10/2007
Varig apresenta hoje sua nova identidade visual
Daniel Rittner
Leo Pinheiro/Valor

Quase sete meses após sua compra pela Gol, a Varig ganhará uma nova cara a partir de hoje. Da pintura dos aviões ao website, das lojas nos aeroportos ao uniforme dos comissários de bordo, a identidade visual da mais tradicional empresa aérea brasileira vai mudar - e nada tão instigante quanto fazer isso justamente na data em que os fãs de aviação relembram, a cada 23 de outubro, primeiro vôo do 14-Bis, o Dia do Aviador.

 

 

 

Lincoln Amano, diretor comercial da Varig:
foco está na retomada de rotas

Nos últimos meses, a dedicação esteve voltada a botar ordem na casa. Mesmo com o mercado aquecido e faltando equipamento mundo afora, a Varig tem conseguido alugar aeronaves a tempo de não perder os prazos para retomar suas rotas internacionais. Com a fase mais crítica praticamente superada, chegou a hora das mudanças. Para isso, surge uma identidade visual nova, que ficou a cargo da DM9DBB, de Nizan Guanaes.

O primeiro avião com a cara nova será apresentado na manhã de hoje, no aeroporto do Galeão. É um recém-chegado Boeing 737-800 em que a lendária rosa-dos-ventos continua presente e onde predomina o azul, mas com toques de laranja para substituir o amarelo-dourado, associado ao luxo e à ostentação perdulários da Fundação Ruben Berta. "O mundo deixou isso de lado. A palavra da moda é popularização", afirma o diretor comercial da VRG Linhas aéreas (nome oficial da Varig), Lincoln Amano, ainda debruçado sobre um apertado cronograma de reinauguração de rotas abandonadas pela antiga companhia.

No dia 28, reestréiam os vôos para Londres. Depois, em 21 de novembro, para a Cidade do México. Em seguida, serão retomados os vôos para Santiago e para Montevidéu, usando, a princípio, aeronaves 737-800 e 737-300, respectivamente. Em dezembro, voltará a rota São Paulo-Madri. E, no primeiro semestre de 2008, finalmente será a vez de Miami e Nova York. "O foco está na retomada desses vôos. Não falamos em novos destinos até colocarmos as antigas rotas em operação", completa Amano.

As mudanças vão ocorrer aos poucos, não nega o executivo. Como pelo menos três jatos 767 usados nas rotas internacionais serão devolvidos no ano que vem, a configuração definitiva dos assentos só aparecerá em março ou abril, com 30 poltronas na classe executiva e mais conforto para os passageiros da econômica. Mas algumas mudanças começam a ser sentidas bem antes, acrescenta Murilo Barbosa, diretor de marketing da Varig.

As salas VIP estão sendo reformadas e ganharão um novo conceito - a começar pela de Guarulhos, utilizada nos vôos ao exterior. Mas, já a partir de hoje, os passageiros da classe executiva vão experimentar o Espaço Vita, um novo produto que será oferecido nas rotas de longo curso. Além de dicas práticas para minimizar o "jet lag", como exercícios de alongamento e um canal de música "zen", o cardápio ganhará uma alternativa com refeições especiais.

"Serão pratos com opções mais leves e saudáveis", adianta Barbosa, explicando que o projeto surgiu de uma pesquisa feita com usuários da própria Varig e de outras companhias aéreas. Os passageiros da classe econômica também vão poder desfrutar uma pitadinha do novo serviço, que incluirá caldos quentes para balancear a alimentação.

O espírito predominante na companhia é de quem precisa trocar os pneus sem parar o carro. Aos poucos, os aviões ganharão a pintura nova. Fora das telinhas desde que sua crise se agravou, em 2006, a Varig voltará a ocupar nesta semana inserções comerciais na televisão, rádio e publicações impressas. Nesse renascimento, a nova diretoria tomou o cuidado de preservar o patrimônio mais famoso da empresa: a simpatia de seus funcionários. Todos os 1.500 empregados com alguma ligação direta com o passageiro - comissários, vendedores, atendentes de check-in - passaram por uma breve reciclagem. "Estávamos vivendo um processo muito complexo, a moral estava baixa", diz Barbosa.

A nova identidade será apresentada em um evento no aeroporto do Galeão, hoje cedo. Para os fãs da pioneira, como a Varig é carinhosamente chamada, esse Dia do Aviador promete fortes emoções. Barbosa garante que ninguém vai se decepcionar, mas pede paciência com as mudanças, a serem implementadas gradualmente. "Estamos construindo essa nova empresa junto com os nosso clientes e funcionários."

 

 

O Globo
23/10/2007
Ancelmo Góis

 

 

Folha de São Paulo
23/10/2007
"Velha Varig" deve voltar como Flex
DA SUCURSAL DO RIO

A "velha Varig", parcela da empresa que permanece em recuperação judicial e carrega dívidas de cerca de R$ 7 bilhões, deve voltar a voar em dezembro, com o nome de Flex.
Segundo o gestor judicial da empresa, Miguel Dau, o novo nome foi escolhido por meio de pesquisa, a qual constatou que o item de maior peso para o cliente é a segurança.
Inicialmente, a "velha Varig" previa a retomada das operações para setembro, mas problemas como a escassez de aviões e a falta de recursos resultaram no adiamento.

 

 

Folha de São Paulo
23/10/2007
MILTON ZUANAZZI DIZ QUE FICA NO CARGO ATÉ 2011


O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, afirmou ontem que não pretende abandonar a diretoria da agência. Em palestra no Rio, ele rebateu críticas a Anac e disse que pretende seguir até o final do mandato, previsto para 2011. Zuanazzi disse que tem mandato de diretor e não pode ser destituído, mas que a escolha do presidente da agência é de Lula. "Ele me escolheu antes e pode a qualquer tempo determinar a troca de presidente da Anac", disse. Zuanazzi é o último membro que ainda resta da diretoria original da agência.

 

 

Folha de São Paulo
23/10/2007
TAM admite falha, e Gol descarta erro
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A assessoria de imprensa da TAM admitiu que pode ter ocorrido "falha de procedimentos" em relação ao vôo de Eduardo Souza. A empresa diz que cumpre as determinações legais.

De acordo com a companhia, a única recomendação feita é que não seja paga hospedagem aos passageiros que moram na cidade de onde parte o vôo. Segundo a Anac, esse procedimento é legal.

A assessoria da TAM afirmou que não conseguiu pegar o histórico do vôo para checar os problemas ocorridos durante o embarque.

A assessoria de imprensa da Gol afirmou, em nota, que prestou toda a assistência -hospedagem, alimentação e táxi- aos passageiros que tiveram problemas com os atrasos em Congonhas no domingo e na segunda-feira. A nota também afirma que "os passageiros foram realocados em outras aeronaves".

Segundo a assessoria da companhia, foi prestada assistência também para os passageiros do vôo de Noeli Sousa, que disse que precisou dormir no aeroporto.

 

 

Folha de São Paulo
23/10/2007
Relatório da CPI pede indiciamento de 23 por apagão aéreo
Texto final da comissão do Senado, que será apresentado amanhã, aponta que Infraero virou "antro de corrupção"
Relator pede que as contas de 18 empreiteiras e consórcios sejam investigadas devido a irregularidades em obras

LEILA SUWWAN
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório final da CPI do Apagão Aéreo do Senado concluiu que a Infraero se tornou um "antro de corrupção" e que as responsáveis são as empreiteiras, "corruptores entrincheirados" que teriam montado um esquema para "sugar recursos públicos" ao longo dos últimos anos e governos.

O texto de 1.107 páginas será apresentado amanhã e traz 23 pedidos de indiciamento, a maioria por improbidade, crime contra o processo de licitações e corrupção.

O relator, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pede ainda que a Polícia Federal e o Ministério Público investiguem as contas de 18 empreiteiras e consórcios, devido a irregularidades em seis obras de aeroportos que movimentaram um total de R$ 973 milhões.

No topo da lista de acusados está o deputado Carlos Wilson (PT-PE), que presidiu a Infraero entre 2003 e 2005, período no qual foram firmados contratos que somam R$ 3 bilhões. Ouvidos na CPI, vários dos envolvidos negaram ter cometido irregularidades.

Os demais nomes são de servidores da empresa, alguns já afastados, e empresários que teriam atuado de forma "promíscua", beneficiando construtoras ou outras empresas privadas em obras ou contratos.

Com relação à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o relator recomendou o indiciamento da ex-diretora Denise Abreu e do procurador Paulo Araújo por fraude processual, falsidade ideológica e improbidade administrativa.

Falsa norma

As tipificações são relativas ao episódio da "falsa norma" de segurança aérea, utilizada na Justiça Federal e que poderia ter evitado o acidente do vôo 3054 da TAM se fosse válida.

O caso foi descoberto na CPI homônima da Câmara, cujo relatório final não sugeriu indiciamentos na Anac e apenas citou, sem investigar, as irregularidades na Infraero. Sobre o acidente da TAM, a CPI não foi conclusiva e aponta para a possibilidade de falha dos pilotos ou da aeronave. No total, a CPI analisou 11 obras de aeroportos e encontrou problemas graves em seis: Santos Dumont, Congonhas, Guarulhos, Macapá, Goiânia e Vitória. Listou os números das contas das construtoras e consórcios envolvidas para um "rastreamento" dos recursos.

Entre elas, empreiteiras como Camargo Corrêa, OAS e Mendes Júnior, entre outras. "Se existem ímprobos e corrompidos no serviço público é claro que existem os corruptores entrincheirados nas grandes empreiteiras. Estas sim, são as maiores responsáveis pelo antro de corrupção e desmando em que se transformou a Infraero", diz o texto. Para o relator, o problema na empresa é "endêmico" e "suprapartidário" e "permeia mais de um governo".

Ao assumir, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, escolheu Sergio Gaudenzi para presidir a Infraero. Toda a diretoria foi trocada.

 

 

O Estado de São Paulo
23/10/2007

Zuanazzi diz que fica e Jobim evita polêmica

Principal responsável pela regulação do setor, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, afirmou ontem, no Rio, que permanecerá no cargo enquanto essa for a vontade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E voltou a indicar que pode continuar na agência, como diretor, uma vez que seu mandato está garantido pelo Senado até 2011. “E ninguém está acima da lei”, ressaltou. “O cargo de presidente (da agência), pela lei, é escolhido pelo presidente da República. Portanto, na hora em que a agência tiver três membros, ele pode escolher quem quiser para esse cargo”, afirmou. Zuanazzi ficou sozinho na Anac após a renúncia de quatro diretores (Denise Abreu, Leur Lomanto, Josef Barat e Jorge Luiz Velozo).

Depois de ter o ultimato desautorizado - por várias vezes, disse que Zuanazzi deixaria a Anac, assim que ele pedisse -, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, evitou polemizar com o presidente da Anac. “Cada coisa no seu tempo.” Questionado se havia algum tipo de acordo para Zuanazzi deixar o cargo, afirmou que o diretor teria manifestado disposição de sair ao ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia.

SOLANGE

No fim do mês passado, Jobim decidiu indicar Solange Paiva, sua assessora especial, que está comandando temporariamente a recém-criada Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Defesa, para a presidência da Anac. Mesmo tendo anunciado esta decisão, oficialmente, Jobim ainda não mandou seu nome para o Planalto.

Como só há mais uma vaga no órgão, a de Zuanazzi, para que a Anac seja totalmente reformulada depois da crise, Solange Paiva só poderia ser indicada para lá, se Zuanazzi concordar em sair, já que não há outro meio de afastá-lo. No momento, Zuanazzi é a única pessoa ocupar efetivamente um cargo na Anac. O Diário Oficial de ontem trouxe a nomeação, assinada pelo presidente Lula, do brigadeiro Allemander, para a direção da Anac, para completar o mandato de Jorge Velozo.

 

 

O Estado de São Paulo
23/10/2007
BRA terá só vôos domésticos e vai operar 6 aviões

A Anac divulga hoje a nova malha de vôos da BRA, que na sexta-feira pediu a redução nas freqüências que opera. Com 12 aviões, ela passará a trabalhar com seis - um deles de reserva. Na semana passada, a Anac proibiu a BRA de vender passagens para o exterior, depois que os dois aviões da companhia para o mercado internacional entraram em manutenção. Os passageiros que já haviam comprado bilhetes estão sendo acomodados em outras companhias ou em vôos fretados. Para o presidente da Anac, a BRA ainda mostra condições para operar no mercado doméstico brasileiro.

 

 

O Estado de São Paulo
23/10/2007

Dilma quer privatizar aeroportos
Ministra diz nos EUA que setor terá ‘modelo privado’; medidas anunciadas pelo Conac permanecem no papel
Nalu Fernandes, Alberto Komatsu, Luciana Nunes Leal e Tânia Monteiro

A abertura de capital da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) é a prioridade da administração federal para uma “gestão mais eficiente” dos aeroportos, afirmou ontem, em Washington, nos Estados Unidos, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O governo também estuda a privatização de aeroportos.

Para a ministra, a deterioração da gestão aeronáutica ocorreu no “modelo Varig”. “A nós coube fazer a transição para um outro modelo, mais de empresas privadas. Isso corresponde a todo o setor aeroportuário”, adiantou. “Agora, há dois movimentos possíveis: um é a abertura de capital e outro, não-excludente, é a concessão de aeroportos à iniciativa privada”, adiantou Dilma.

No País, já há casos de sucesso: em Porto Seguro (BA), a concessão de um aeroporto público para a iniciativa privada foi a solução para atrair vôos para a região. Em junho, um plano de Parceria Público-Privada (PPP) já foi entregue ao governo federal, propondo a ampliação do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo.

Enquanto isso, a necessidade de análises “adicionais” sobre a localização do terceiro aeroporto de grande porte em São Paulo levou o Conselho de Aviação Civil (Conac) a adiar o prazo de conclusão do estudo para abril.

A mudança no cronograma mostrou que as providências de médio prazo para o setor aéreo, anunciadas pelo Conac no dia 20 de julho - três dias depois do maior acidente da história da aviação civil, com 199 mortos - se transformaram em pendências. Outras duas medidas do governo ficaram para o ano que vem, ambas na área mais estratégica. A apresentação do Plano Aeroviário Nacional, que faria uma revisão da política de tarifas e decidiria sobre investimentos nos aeroportos, foi adiada de janeiro para julho. E o projeto de Política Nacional de Aviação Civil, que daria as grandes diretrizes para atender as demandas futuras, passou de novembro para maio de 2008.

Há três meses no cargo, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, evitou ontem fazer um balanço de sua gestão, mas disse que está “cumprindo as metas”. Segundo ele, o terceiro aeroporto em São Paulo não vai resolver a crise aérea “de imediato”. “A escolha de opções de sítios ficou adiada. Neste tipo de escolha, não se pode anunciar (os locais que estão em discussão). Se identificar, os preços (na região) explodem. Estamos examinando os sítios e na semana que vem vamos discutir a questão da localização da terceira pista de Guarulhos.” Entretanto, ele já sabe que a obra não saírá tão fácil: ainda é necessário definir como será a remoção de mais de 5 mil famílias.

Os atrasos na busca de soluções para o caos aéreo ocorrem também na área política. Jobim tinha a expectativa de aprovar até o fim deste mês os nomes dos novos diretores da Anac, mas até agora apenas um passou pela votação no plenário do Senado. Outros três estão na fila para serem sabatinados na Comissão de Desenvolvimento e depois terem seus nomes apreciados pelos 81 senadores. “Cada dia com sua agonia.”

CPI DO APAGÃO

O ministro da Defesa elogiou, porém, os termos do relatório da CPI do Apagão Aéreo, elaborado pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que deverá ser divulgado hoje. No relatório, como o Estado antecipou, o senador vai pedir o indiciamento de 23 servidores na Infraero e da Anac, e vai tratar da corrupção que considera que existe dentro da estatal. Jobim, que considerou as informações que recebeu do relatório 'muito boas', informou que jantará com o senador para conversar sobre o texto.

Ontem, ele lembrou que pelo menos seis funcionários da Infraero já foram demitidos, após realização de inquérito pela Controladoria Geral da União. “Nós já demitimos e vamos continuar examinando a situação dos demais”, declarou. E fez uma advertência: “Agora a regra é: teve problema, rua.”

Há duas semanas, a CGU determinou a demissão por justa causa de três ex-diretores e de três outros funcionários nos níveis de superintendência, gerência e procuradoria da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), além de estabelecer penas de advertência para outros quatro funcionários da empresa. Todos estavam envolvidos em irregularidades na contratação, sem licitação, da empresa FS3, para instalação de um software de gerenciamento de espaços em aeroportos.

OUTRAS PENDÊNCIAS

Aeroporto do Galeão - O Conac definiu que terá de ser revitalizado, para se tornar um dos pontos de distribuição de passageiros (hubs) no País. No entanto, o aumento da capacidade do aeroporto internacional do Rio depende de obras no Terminal 1, mas não há recursos previstos. O trabalho dependerá de uma emenda ao Orçamento que será apresentada pela bancada do Rio na Câmara dos Deputados, no valor de R$ 100 milhões.

Combustível - Estudo encomendado pelo Conac, sem prazo para conclusão, caminha lentamente. Prevê a possibilidade de unificação do ICMS para querosene de aviação, evitando que aviões sejam abastecidos nos Estados com alíquotas menores, aumentando desnecessariamente o peso.

Aviação geral - Anac e Defesa não se entendem sobre o destino de jatos e táxis aéreos, com a diminuição dos pousos em Congonhas. As opções, Jundiaí e Campo de Marte, carecem de obras.

 

 

O Estado de São Paulo
23/10/2007
Brasil precisa de mais satélites para reforçar controle aéreo, diz oficial da FAB
Roberto Godoy

A Aeronáutica confirmou o problema de falta de capacidade espacial do Brasil. “Nossos satélites estão todos ocupados”, disse o tenente-coronel Luiz Ricardo Nascimento, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo do Comando da Aeronáutica.

No entanto, embora seja importante, a discussão da ocupação da órbita 68 está limitada às aplicações de telecomunicações. O recurso é necessário ao sistema de comunicações de toda a Região Norte, inclusive Amazônia. Contudo, mais ampla e de fato estratégica é a definição, já dois anos atrasada, do Programa do Satélite Geoestacionário Brasileiro, o SGB. A análise é do coronel engenheiro Eduardo Siqueira, um dos consultores do projeto, “que prevê o lançamento, a partir de 2009 ou 2010, de três satélites ao custo de US$ 1 bilhão, mais US$ 500 milhões para o estabelecimento da rede terrestre”.

Em 2005 o governo realizou uma tomada internacional de informações sobre fornecedores interessados. “Depois disso não se tomou mais nenhuma providência”, disse Siqueira. O SGB serviria às necessidades de tráfego aéreo, telefonia, meteorologia, comunicações de segurança nacional e de defesa. Os dois primeiros satélites terão bandas de freqüência C, L e X, para sinais de telefone fixo, imagem e redes de aparelhos celulares. O terceiro vai operar em níveis altos, entre 12 GHz e 14 GHz, podendo competir com os serviços orbitais privados, como os fornecedores de mapas meteorológicos digitais.

As especificações do SGB foram definidas por uma empresa privada de grande prestígio na área espacial, a Atech Tecnologias Críticas, e por três agências oficiais: Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA), Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e Fundação Casimiro Montenegro.

A disputa entre o Brasil e os países andinos é sustentada por argumentos técnicos. Uma carta de junho assinada pelos presidentes de Peru, Colômbia e Equador destaca a importância, “para os interesses da comunidade andina, de se preservar a posição orbital 67 graus a oeste”. A localização 68, reivindicada pelo Brasil, “é próxima a ponto de, havendo um satélite nessa faixa, neutralizar o outro”, explica o engenheiro.

 

 

Jornal do Brasil
23/10/2007
Congonhas desafia planos de Jobim para conter o apagão
Fernando Exman

BRASÍLIA. Os 425 atrasos verificados ontem em todo o país demonstraram que o governo fracassou na tentativa de acabar com o apagão que tem imposto calvários diários a milhares de passageiros que utilizam o transporte aéreo. Novamente, o epicentro do problema foi o Aeroporto de Congonhas (SP). Apesar de o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ter prometido há cerca de três meses que Congonhas deixaria de ser o principal centro de distribuição de vôos do Brasil, o fechamento do aeroporto por menos de meia hora, no domingo, causou um efeito cascata em praticamente toda a malha aérea do país.

A crise do setor teve início em setembro do ano passado, quando o Boeing da Gol chocou-se com o Legacy. Ontem, dos 46 principais aeroportos do país, só cinco não foram prejudicados. Até as 20h, 26,2% dos 1.625 vôos programados atrasaram mais de uma hora. Outras 109 decolagens foram canceladas. No Aeroporto de Congonhas, 75 (32,5%) vôos atrasaram e 26 foram cancelados (11,3%). No Galeão (RJ), a Infraero, estatal que administra os aeroportos do país, contabilizou 34 atrasos (23,3%) e 11 cancelamentos (7,5%). Proporcionalmente, o aeroporto mais prejudicado foi o de Juazeiro do Norte (CE), onde três dos quatro vôos previstos atrasaram.

Por meio de nota, a Aeronáutica informou que os atrasos registrados ao longo do dia de ontem decorreram das condições meteorológicas nas regiões Sul e Sudeste. O comunicado divergiu de informações da Infraero repassadas pelos atendentes de Congonhas, segundo as quais o fechamento do aeroporto ocorrera devido a problemas de comunicação entre a torre de controle e os aviões. De acordo com a estatal, o Aeroporto de Congonhas foi fechado entre 20h41 e 21h05 no domingo.

Enquanto milhares de passageiros enfrentavam filas e salões de embarque abarrotados, Jobim e o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, voltaram a protagonizar uma quebra-de-braço. No Rio, Zuanazzi reafirmou que não pretende renunciar ao cargo. O ministro da Defesa rapidamente rebateu a declaração do presidente da Anac. Ates de reunir-se com o comando do Exército em Brasília, disse que a saída do desafeto já está acertada com o Palácio do Planalto.

Segundo Jobim, há um entendimento com o ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares Guia, que Zuanazzi deixará a agência assim que a Anac voltar a ter três das cinco cadeiras da diretoria ocupadas. O presidente da Anac foi indicado para o cargo pelo ministro das Relações Institucionais e pela chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Nos últimos meses, os outros quatro diretores da agência renunciaram. Não suportaram a pressão do ministro da Defesa e das CPIs do Apagão Aéreo instaladas no Congresso. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou o major-brigadeiro Allemander Jesus Pereira Filho para a diretoria da Anac. O militar será responsável pela área de segurança, investigação e prevenção de acidentes da agência.

 

 

Jornal do Brasil
23/10/2007
Editorial - A caixa-preta continua fechada

Passageiros abandonados no saguão de Congonhas. Filas e filas de viajantes sem saber a que horas poderiam embarcar e, sequer, se efetivamente o fariam. No Aeroporto de Guarulhos, os salões de embarque abarrotados de gente e de falta de informações. O replay do filme agride o cidadão que paga as taxas e bilhetes aéreos. Ninguém atura mais tais cenas, especialmente porque parcela dos problemas já foi solucionada. A malha aérea passou por uma reforma, reduziram-se os vôos com conexões e a concentração sobre o espaço aéreo de São Paulo e Brasília. Registraram-se até mudanças nos quadros da Agência Nacional de Aviação Civil - com exceção, claro, da cadeira ocupada pelo inamovível presidente, Milton Zuanazzi.

A explicação oficial para as confusões que começaram no fim da noite de domingo e prosseguiam ontem seguia o ritual de praxe. No caso de Guarulhos, um temporal com ventos fortes obrigou o fechamento do terminal para operações de pouso e decolagem. Em Congonhas, a chuva, óbvio, fechou as pistas. E ainda houve falha no equipamento de comunicação entre a torre e as aeronaves.

Evidente que o vento e a chuva não podem ser controlados por atos de caneta do ministro da Defesa. Mas deveriam ser neutralizados com a aquisição de tecnologia capaz de minorar seus efeitos. Onde está, por exemplo, o radar de pouso por instrumentos (ILS-3) de última geração que executivos de companhias aéreas afirmam existir em Guarulhos, mas há tempos continua fora de operação? Com o acessório, por exemplo, o piloto seria conduzido à pista mesmo com zero de visibilidade. O principal aeroporto internacional do país ainda está com problemas extras em função do aumento no número de operações em seu espaço aéreo.

Há muito por explicar. Todos se lembram do debate, no auge da crise com o acidente da Gol e o motim dos controladores, sobre a desmilitarização do sistema. Chegou-se até a um modelo: à Aeronáutica caberia essa observação no ponto de vista da Defesa do espaço aéreo - no qual se monitoram apenas os aviões militares.

A parte mais pesada do trabalho, os sistemas de controle de aproximação, de vôo e as torres, seria assumida por funcionários civis do governo. A maior vantagem estaria na abertura da caixa-preta tecnológica em que se transformou o sistema, blindado por décadas de discussões e desenvolvimento com foco estratégico e não voltado à aviação comercial.

Os próprios controladores militares, em sua reação à pressão da sociedade, demonstraram inúmeras vezes que as tecnologias adotadas ou estavam obsoletas ou criavam gargalos de manutenção críticos em todo o sistema. Um exemplo disso foi a pane em um dos Cindacta - cujo reparo dependeria de um técnico enviado pelo fabricante italiano, e que demoraria dias para chegar. Como Deus é brasileiro, havia um profissional com a especialização em missão no país. Seu deslocamento permitiu o conserto.

Ontem, Congonhas sofreu uma pane de comunicação entre a torre e aeronaves. Não é um defeito aceitável. Só mostra que a pressão política diante dos erros de condução da crise - principalmente quando o Planalto desautorizou o comando da Aeronáutica - retirou do governo a força para mudar o sistema. E a caixa-preta tornou a ser fechada e lacrada. A promessa virou pó.

 

 

Coluna Claudio Humberto
23/10/2007
Armínio Airlines


Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, que já tem 45% da BRA, negocia o controle da empresa aérea. A operadora de turismo PNX, dona da BRA, ficaria com os atuais proprietários, Humberto e Walter Follegati. Procurada, a Gávea Investimentos, empresa de Fraga, não quis comentar.