Valor Econômico
23/10/2007
Varig apresenta hoje sua nova
identidade visual
Daniel Rittner
Leo Pinheiro/Valor
Quase sete meses após sua compra
pela Gol, a Varig ganhará uma nova cara a partir
de hoje. Da pintura dos aviões ao website, das
lojas nos aeroportos ao uniforme dos comissários
de bordo, a identidade visual da mais tradicional empresa
aérea brasileira vai mudar - e nada tão
instigante quanto fazer isso justamente na data em que
os fãs de aviação relembram, a
cada 23 de outubro, primeiro vôo do 14-Bis, o
Dia do Aviador.
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Lincoln Amano,
diretor comercial da Varig:
foco está
na retomada de rotas |
Nos últimos meses, a dedicação
esteve voltada a botar ordem na casa. Mesmo com o mercado
aquecido e faltando equipamento mundo afora, a Varig
tem conseguido alugar aeronaves a tempo de não
perder os prazos para retomar suas rotas internacionais.
Com a fase mais crítica praticamente superada,
chegou a hora das mudanças. Para isso, surge
uma identidade visual nova, que ficou a cargo da DM9DBB,
de Nizan Guanaes.
O primeiro avião com a cara nova será
apresentado na manhã de hoje, no aeroporto do
Galeão. É um recém-chegado Boeing
737-800 em que a lendária rosa-dos-ventos continua
presente e onde predomina o azul, mas com toques de
laranja para substituir o amarelo-dourado, associado
ao luxo e à ostentação perdulários
da Fundação Ruben Berta. "O mundo
deixou isso de lado. A palavra da moda é popularização",
afirma o diretor comercial da VRG Linhas aéreas
(nome oficial da Varig), Lincoln Amano, ainda debruçado
sobre um apertado cronograma de reinauguração
de rotas abandonadas pela antiga companhia.
No dia 28, reestréiam os vôos para Londres.
Depois, em 21 de novembro, para a Cidade do México.
Em seguida, serão retomados os vôos para
Santiago e para Montevidéu, usando, a princípio,
aeronaves 737-800 e 737-300, respectivamente. Em dezembro,
voltará a rota São Paulo-Madri. E, no
primeiro semestre de 2008, finalmente será a
vez de Miami e Nova York. "O foco está na
retomada desses vôos. Não falamos em novos
destinos até colocarmos as antigas rotas em operação",
completa Amano.
As mudanças vão ocorrer aos poucos,
não nega o executivo. Como pelo menos três
jatos 767 usados nas rotas internacionais serão
devolvidos no ano que vem, a configuração
definitiva dos assentos só aparecerá em
março ou abril, com 30 poltronas na classe executiva
e mais conforto para os passageiros da econômica.
Mas algumas mudanças começam a ser sentidas
bem antes, acrescenta Murilo Barbosa, diretor de marketing
da Varig.
As salas VIP estão sendo reformadas e ganharão
um novo conceito - a começar pela de Guarulhos,
utilizada nos vôos ao exterior. Mas, já
a partir de hoje, os passageiros da classe executiva
vão experimentar o Espaço Vita, um novo
produto que será oferecido nas rotas de longo
curso. Além de dicas práticas para minimizar
o "jet lag", como exercícios de alongamento
e um canal de música "zen", o cardápio
ganhará uma alternativa com refeições
especiais.
"Serão pratos com opções
mais leves e saudáveis", adianta Barbosa,
explicando que o projeto surgiu de uma pesquisa feita
com usuários da própria Varig e de outras
companhias aéreas. Os passageiros da classe econômica
também vão poder desfrutar uma pitadinha
do novo serviço, que incluirá caldos quentes
para balancear a alimentação.
O espírito predominante na companhia é
de quem precisa trocar os pneus sem parar o carro. Aos
poucos, os aviões ganharão a pintura nova.
Fora das telinhas desde que sua crise se agravou, em
2006, a Varig voltará a ocupar nesta semana inserções
comerciais na televisão, rádio e publicações
impressas. Nesse renascimento, a nova diretoria tomou
o cuidado de preservar o patrimônio mais famoso
da empresa: a simpatia de seus funcionários.
Todos os 1.500 empregados com alguma ligação
direta com o passageiro - comissários, vendedores,
atendentes de check-in - passaram por uma breve reciclagem.
"Estávamos vivendo um processo muito complexo,
a moral estava baixa", diz Barbosa.
A nova identidade será apresentada em um evento
no aeroporto do Galeão, hoje cedo. Para os fãs
da pioneira, como a Varig é carinhosamente chamada,
esse Dia do Aviador promete fortes emoções.
Barbosa garante que ninguém vai se decepcionar,
mas pede paciência com as mudanças, a serem
implementadas gradualmente. "Estamos construindo
essa nova empresa junto com os nosso clientes e funcionários."
O Globo
23/10/2007
Ancelmo Góis
Folha de São Paulo
23/10/2007
"Velha Varig" deve voltar
como Flex
DA SUCURSAL DO RIO
A "velha Varig", parcela da empresa que permanece
em recuperação judicial e carrega dívidas
de cerca de R$ 7 bilhões, deve voltar a voar
em dezembro, com o nome de Flex.
Segundo o gestor judicial da empresa, Miguel Dau, o
novo nome foi escolhido por meio de pesquisa, a qual
constatou que o item de maior peso para o cliente é
a segurança.
Inicialmente, a "velha Varig" previa a retomada
das operações para setembro, mas problemas
como a escassez de aviões e a falta de recursos
resultaram no adiamento.
Folha de São Paulo
23/10/2007
MILTON ZUANAZZI DIZ QUE FICA NO
CARGO ATÉ 2011
O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil), Milton Zuanazzi, afirmou ontem que não
pretende abandonar a diretoria da agência. Em
palestra no Rio, ele rebateu críticas a Anac
e disse que pretende seguir até o final do mandato,
previsto para 2011. Zuanazzi disse que tem mandato de
diretor e não pode ser destituído, mas
que a escolha do presidente da agência é
de Lula. "Ele me escolheu antes e pode a qualquer
tempo determinar a troca de presidente da Anac",
disse. Zuanazzi é o último membro que
ainda resta da diretoria original da agência.
Folha de São Paulo
23/10/2007
TAM admite falha, e Gol descarta
erro
COLABORAÇÃO PARA
A FOLHA
A assessoria de imprensa da TAM admitiu que pode ter
ocorrido "falha de procedimentos" em relação
ao vôo de Eduardo Souza. A empresa diz que cumpre
as determinações legais.
De acordo com a companhia, a única recomendação
feita é que não seja paga hospedagem aos
passageiros que moram na cidade de onde parte o vôo.
Segundo a Anac, esse procedimento é legal.
A assessoria da TAM afirmou que não conseguiu
pegar o histórico do vôo para checar os
problemas ocorridos durante o embarque.
A assessoria de imprensa da Gol afirmou, em nota, que
prestou toda a assistência -hospedagem, alimentação
e táxi- aos passageiros que tiveram problemas
com os atrasos em Congonhas no domingo e na segunda-feira.
A nota também afirma que "os passageiros
foram realocados em outras aeronaves".
Segundo a assessoria da companhia, foi prestada assistência
também para os passageiros do vôo de Noeli
Sousa, que disse que precisou dormir no aeroporto.
Folha de São Paulo
23/10/2007
Relatório da CPI pede indiciamento
de 23 por apagão aéreo
Texto final da comissão
do Senado, que será apresentado amanhã,
aponta que Infraero virou "antro de corrupção"
Relator pede que as contas de 18 empreiteiras e consórcios
sejam investigadas devido a irregularidades em obras
LEILA SUWWAN
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório final da CPI do Apagão Aéreo
do Senado concluiu que a Infraero se tornou um "antro
de corrupção" e que as responsáveis
são as empreiteiras, "corruptores entrincheirados"
que teriam montado um esquema para "sugar recursos
públicos" ao longo dos últimos anos
e governos.
O texto de 1.107 páginas será apresentado
amanhã e traz 23 pedidos de indiciamento, a maioria
por improbidade, crime contra o processo de licitações
e corrupção.
O relator, senador Demóstenes Torres (DEM-GO),
pede ainda que a Polícia Federal e o Ministério
Público investiguem as contas de 18 empreiteiras
e consórcios, devido a irregularidades em seis
obras de aeroportos que movimentaram um total de R$
973 milhões.
No topo da lista de acusados está o deputado
Carlos Wilson (PT-PE), que presidiu a Infraero entre
2003 e 2005, período no qual foram firmados contratos
que somam R$ 3 bilhões. Ouvidos na CPI, vários
dos envolvidos negaram ter cometido irregularidades.
Os demais nomes são de servidores da empresa,
alguns já afastados, e empresários que
teriam atuado de forma "promíscua",
beneficiando construtoras ou outras empresas privadas
em obras ou contratos.
Com relação à Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil), o relator
recomendou o indiciamento da ex-diretora Denise Abreu
e do procurador Paulo Araújo por fraude processual,
falsidade ideológica e improbidade administrativa.
Falsa norma
As tipificações são relativas ao
episódio da "falsa norma" de segurança
aérea, utilizada na Justiça Federal e
que poderia ter evitado o acidente do vôo 3054
da TAM se fosse válida.
O caso foi descoberto na CPI homônima da Câmara,
cujo relatório final não sugeriu indiciamentos
na Anac e apenas citou, sem investigar, as irregularidades
na Infraero. Sobre o acidente da TAM, a CPI não
foi conclusiva e aponta para a possibilidade de falha
dos pilotos ou da aeronave. No total, a CPI analisou
11 obras de aeroportos e encontrou problemas graves
em seis: Santos Dumont, Congonhas, Guarulhos, Macapá,
Goiânia e Vitória. Listou os números
das contas das construtoras e consórcios envolvidas
para um "rastreamento" dos recursos.
Entre elas, empreiteiras como Camargo Corrêa,
OAS e Mendes Júnior, entre outras. "Se existem
ímprobos e corrompidos no serviço público
é claro que existem os corruptores entrincheirados
nas grandes empreiteiras. Estas sim, são as maiores
responsáveis pelo antro de corrupção
e desmando em que se transformou a Infraero", diz
o texto. Para o relator, o problema na empresa é
"endêmico" e "suprapartidário"
e "permeia mais de um governo".
Ao assumir, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, escolheu
Sergio Gaudenzi para presidir a Infraero. Toda a diretoria
foi trocada.
O Estado de São Paulo
23/10/2007
Zuanazzi diz que fica
e Jobim evita polêmica
Principal responsável pela regulação
do setor, o presidente da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi,
afirmou ontem, no Rio, que permanecerá no cargo
enquanto essa for a vontade do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. E voltou a indicar que pode continuar
na agência, como diretor, uma vez que seu mandato
está garantido pelo Senado até 2011. “E
ninguém está acima da lei”, ressaltou.
“O cargo de presidente (da agência), pela
lei, é escolhido pelo presidente da República.
Portanto, na hora em que a agência tiver três
membros, ele pode escolher quem quiser para esse cargo”,
afirmou. Zuanazzi ficou sozinho na Anac após
a renúncia de quatro diretores (Denise Abreu,
Leur Lomanto, Josef Barat e Jorge Luiz Velozo).
Depois de ter o ultimato desautorizado - por várias
vezes, disse que Zuanazzi deixaria a Anac, assim que
ele pedisse -, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, evitou
polemizar com o presidente da Anac. “Cada coisa
no seu tempo.” Questionado se havia algum tipo
de acordo para Zuanazzi deixar o cargo, afirmou que
o diretor teria manifestado disposição
de sair ao ministro das Relações Institucionais,
Walfrido dos Mares Guia.
SOLANGE
No fim do mês passado, Jobim decidiu indicar
Solange Paiva, sua assessora especial, que está
comandando temporariamente a recém-criada Secretaria
de Aviação Civil do Ministério
da Defesa, para a presidência da Anac. Mesmo tendo
anunciado esta decisão, oficialmente, Jobim ainda
não mandou seu nome para o Planalto.
Como só há mais uma vaga no órgão,
a de Zuanazzi, para que a Anac seja totalmente reformulada
depois da crise, Solange Paiva só poderia ser
indicada para lá, se Zuanazzi concordar em sair,
já que não há outro meio de afastá-lo.
No momento, Zuanazzi é a única pessoa
ocupar efetivamente um cargo na Anac. O Diário
Oficial de ontem trouxe a nomeação, assinada
pelo presidente Lula, do brigadeiro Allemander, para
a direção da Anac, para completar o mandato
de Jorge Velozo.
O Estado de São Paulo
23/10/2007
BRA terá só vôos
domésticos e vai operar 6 aviões
A Anac divulga hoje a nova malha de vôos da
BRA, que na sexta-feira pediu a redução
nas freqüências que opera. Com 12 aviões,
ela passará a trabalhar com seis - um deles de
reserva. Na semana passada, a Anac proibiu a BRA de
vender passagens para o exterior, depois que os dois
aviões da companhia para o mercado internacional
entraram em manutenção. Os passageiros
que já haviam comprado bilhetes estão
sendo acomodados em outras companhias ou em vôos
fretados. Para o presidente da Anac, a BRA ainda mostra
condições para operar no mercado doméstico
brasileiro.
O Estado de São Paulo
23/10/2007
Dilma quer privatizar
aeroportos
Ministra diz nos EUA que setor
terá ‘modelo privado’; medidas anunciadas
pelo Conac permanecem no papel
Nalu Fernandes, Alberto Komatsu, Luciana
Nunes Leal e Tânia Monteiro
A abertura de capital da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura
Aeroportuária (Infraero) é a prioridade
da administração federal para uma “gestão
mais eficiente” dos aeroportos, afirmou ontem,
em Washington, nos Estados Unidos, a ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff. O governo também
estuda a privatização de aeroportos.
Para a ministra, a deterioração da gestão
aeronáutica ocorreu no “modelo Varig”.
“A nós coube fazer a transição
para um outro modelo, mais de empresas privadas. Isso
corresponde a todo o setor aeroportuário”,
adiantou. “Agora, há dois movimentos possíveis:
um é a abertura de capital e outro, não-excludente,
é a concessão de aeroportos à iniciativa
privada”, adiantou Dilma.
No País, já há casos de sucesso:
em Porto Seguro (BA), a concessão de um aeroporto
público para a iniciativa privada foi a solução
para atrair vôos para a região. Em junho,
um plano de Parceria Público-Privada (PPP) já
foi entregue ao governo federal, propondo a ampliação
do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São
Paulo.
Enquanto isso, a necessidade de análises “adicionais”
sobre a localização do terceiro aeroporto
de grande porte em São Paulo levou o Conselho
de Aviação Civil (Conac) a adiar o prazo
de conclusão do estudo para abril.
A mudança no cronograma mostrou que as providências
de médio prazo para o setor aéreo, anunciadas
pelo Conac no dia 20 de julho - três dias depois
do maior acidente da história da aviação
civil, com 199 mortos - se transformaram em pendências.
Outras duas medidas do governo ficaram para o ano que
vem, ambas na área mais estratégica. A
apresentação do Plano Aeroviário
Nacional, que faria uma revisão da política
de tarifas e decidiria sobre investimentos nos aeroportos,
foi adiada de janeiro para julho. E o projeto de Política
Nacional de Aviação Civil, que daria as
grandes diretrizes para atender as demandas futuras,
passou de novembro para maio de 2008.
Há três meses no cargo, o ministro da
Defesa, Nelson Jobim, evitou ontem fazer um balanço
de sua gestão, mas disse que está “cumprindo
as metas”. Segundo ele, o terceiro aeroporto em
São Paulo não vai resolver a crise aérea
“de imediato”. “A escolha de opções
de sítios ficou adiada. Neste tipo de escolha,
não se pode anunciar (os locais que estão
em discussão). Se identificar, os preços
(na região) explodem. Estamos examinando os sítios
e na semana que vem vamos discutir a questão
da localização da terceira pista de Guarulhos.”
Entretanto, ele já sabe que a obra não
saírá tão fácil: ainda é
necessário definir como será a remoção
de mais de 5 mil famílias.
Os atrasos na busca de soluções para
o caos aéreo ocorrem também na área
política. Jobim tinha a expectativa de aprovar
até o fim deste mês os nomes dos novos
diretores da Anac, mas até agora apenas um passou
pela votação no plenário do Senado.
Outros três estão na fila para serem sabatinados
na Comissão de Desenvolvimento e depois terem
seus nomes apreciados pelos 81 senadores. “Cada
dia com sua agonia.”
CPI DO APAGÃO
O ministro da Defesa elogiou, porém, os termos
do relatório da CPI do Apagão Aéreo,
elaborado pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO),
que deverá ser divulgado hoje. No relatório,
como o Estado antecipou, o senador vai pedir o indiciamento
de 23 servidores na Infraero e da Anac, e vai tratar
da corrupção que considera que existe
dentro da estatal. Jobim, que considerou as informações
que recebeu do relatório 'muito boas', informou
que jantará com o senador para conversar sobre
o texto.
Ontem, ele lembrou que pelo menos seis funcionários
da Infraero já foram demitidos, após realização
de inquérito pela Controladoria Geral da União.
“Nós já demitimos e vamos continuar
examinando a situação dos demais”,
declarou. E fez uma advertência: “Agora
a regra é: teve problema, rua.”
Há duas semanas, a CGU determinou a demissão
por justa causa de três ex-diretores e de três
outros funcionários nos níveis de superintendência,
gerência e procuradoria da Empresa Brasileira
de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero),
além de estabelecer penas de advertência
para outros quatro funcionários da empresa. Todos
estavam envolvidos em irregularidades na contratação,
sem licitação, da empresa FS3, para instalação
de um software de gerenciamento de espaços em
aeroportos.
OUTRAS PENDÊNCIAS
Aeroporto do Galeão - O Conac definiu que terá
de ser revitalizado, para se tornar um dos pontos de
distribuição de passageiros (hubs) no
País. No entanto, o aumento da capacidade do
aeroporto internacional do Rio depende de obras no Terminal
1, mas não há recursos previstos. O trabalho
dependerá de uma emenda ao Orçamento que
será apresentada pela bancada do Rio na Câmara
dos Deputados, no valor de R$ 100 milhões.
Combustível - Estudo encomendado pelo Conac,
sem prazo para conclusão, caminha lentamente.
Prevê a possibilidade de unificação
do ICMS para querosene de aviação, evitando
que aviões sejam abastecidos nos Estados com
alíquotas menores, aumentando desnecessariamente
o peso.
Aviação geral - Anac e Defesa não
se entendem sobre o destino de jatos e táxis
aéreos, com a diminuição dos pousos
em Congonhas. As opções, Jundiaí
e Campo de Marte, carecem de obras.
O Estado de São Paulo
23/10/2007
Brasil precisa de mais satélites
para reforçar controle aéreo, diz oficial
da FAB
Roberto Godoy
A Aeronáutica confirmou o problema de falta
de capacidade espacial do Brasil. “Nossos satélites
estão todos ocupados”, disse o tenente-coronel
Luiz Ricardo Nascimento, do Departamento de Controle
do Espaço Aéreo do Comando da Aeronáutica.
No entanto, embora seja importante, a discussão
da ocupação da órbita 68 está
limitada às aplicações de telecomunicações.
O recurso é necessário ao sistema de comunicações
de toda a Região Norte, inclusive Amazônia.
Contudo, mais ampla e de fato estratégica é
a definição, já dois anos atrasada,
do Programa do Satélite Geoestacionário
Brasileiro, o SGB. A análise é do coronel
engenheiro Eduardo Siqueira, um dos consultores do projeto,
“que prevê o lançamento, a partir
de 2009 ou 2010, de três satélites ao custo
de US$ 1 bilhão, mais US$ 500 milhões
para o estabelecimento da rede terrestre”.
Em 2005 o governo realizou uma tomada internacional
de informações sobre fornecedores interessados.
“Depois disso não se tomou mais nenhuma
providência”, disse Siqueira. O SGB serviria
às necessidades de tráfego aéreo,
telefonia, meteorologia, comunicações
de segurança nacional e de defesa. Os dois primeiros
satélites terão bandas de freqüência
C, L e X, para sinais de telefone fixo, imagem e redes
de aparelhos celulares. O terceiro vai operar em níveis
altos, entre 12 GHz e 14 GHz, podendo competir com os
serviços orbitais privados, como os fornecedores
de mapas meteorológicos digitais.
As especificações do SGB foram definidas
por uma empresa privada de grande prestígio na
área espacial, a Atech Tecnologias Críticas,
e por três agências oficiais: Centro Tecnológico
da Aeronáutica (CTA), Centro de Pesquisa e Desenvolvimento
em Telecomunicações (CPqD) e Fundação
Casimiro Montenegro.
A disputa entre o Brasil e os países andinos
é sustentada por argumentos técnicos.
Uma carta de junho assinada pelos presidentes de Peru,
Colômbia e Equador destaca a importância,
“para os interesses da comunidade andina, de se
preservar a posição orbital 67 graus a
oeste”. A localização 68, reivindicada
pelo Brasil, “é próxima a ponto
de, havendo um satélite nessa faixa, neutralizar
o outro”, explica o engenheiro.
Jornal do Brasil
23/10/2007
Congonhas desafia planos de Jobim
para conter o apagão
Fernando Exman
BRASÍLIA. Os 425 atrasos verificados ontem
em todo o país demonstraram que o governo fracassou
na tentativa de acabar com o apagão que tem imposto
calvários diários a milhares de passageiros
que utilizam o transporte aéreo. Novamente, o
epicentro do problema foi o Aeroporto de Congonhas (SP).
Apesar de o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ter prometido
há cerca de três meses que Congonhas deixaria
de ser o principal centro de distribuição
de vôos do Brasil, o fechamento do aeroporto por
menos de meia hora, no domingo, causou um efeito cascata
em praticamente toda a malha aérea do país.
A crise do setor teve início em setembro do
ano passado, quando o Boeing da Gol chocou-se com o
Legacy. Ontem, dos 46 principais aeroportos do país,
só cinco não foram prejudicados. Até
as 20h, 26,2% dos 1.625 vôos programados atrasaram
mais de uma hora. Outras 109 decolagens foram canceladas.
No Aeroporto de Congonhas, 75 (32,5%) vôos atrasaram
e 26 foram cancelados (11,3%). No Galeão (RJ),
a Infraero, estatal que administra os aeroportos do
país, contabilizou 34 atrasos (23,3%) e 11 cancelamentos
(7,5%). Proporcionalmente, o aeroporto mais prejudicado
foi o de Juazeiro do Norte (CE), onde três dos
quatro vôos previstos atrasaram.
Por meio de nota, a Aeronáutica informou que
os atrasos registrados ao longo do dia de ontem decorreram
das condições meteorológicas nas
regiões Sul e Sudeste. O comunicado divergiu
de informações da Infraero repassadas
pelos atendentes de Congonhas, segundo as quais o fechamento
do aeroporto ocorrera devido a problemas de comunicação
entre a torre de controle e os aviões. De acordo
com a estatal, o Aeroporto de Congonhas foi fechado
entre 20h41 e 21h05 no domingo.
Enquanto milhares de passageiros enfrentavam filas
e salões de embarque abarrotados, Jobim e o presidente
da Agência Nacional de Aviação Civil
(Anac), Milton Zuanazzi, voltaram a protagonizar uma
quebra-de-braço. No Rio, Zuanazzi reafirmou que
não pretende renunciar ao cargo. O ministro da
Defesa rapidamente rebateu a declaração
do presidente da Anac. Ates de reunir-se com o comando
do Exército em Brasília, disse que a saída
do desafeto já está acertada com o Palácio
do Planalto.
Segundo Jobim, há um entendimento com o ministro
das Relações Institucionais, Walfrido
Mares Guia, que Zuanazzi deixará a agência
assim que a Anac voltar a ter três das cinco cadeiras
da diretoria ocupadas. O presidente da Anac foi indicado
para o cargo pelo ministro das Relações
Institucionais e pela chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Nos últimos meses, os outros quatro diretores
da agência renunciaram. Não suportaram
a pressão do ministro da Defesa e das CPIs do
Apagão Aéreo instaladas no Congresso.
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
nomeou o major-brigadeiro Allemander Jesus Pereira Filho
para a diretoria da Anac. O militar será responsável
pela área de segurança, investigação
e prevenção de acidentes da agência.
Jornal do Brasil
23/10/2007
Editorial - A caixa-preta continua
fechada
Passageiros abandonados no saguão de Congonhas.
Filas e filas de viajantes sem saber a que horas poderiam
embarcar e, sequer, se efetivamente o fariam. No Aeroporto
de Guarulhos, os salões de embarque abarrotados
de gente e de falta de informações. O
replay do filme agride o cidadão que paga as
taxas e bilhetes aéreos. Ninguém atura
mais tais cenas, especialmente porque parcela dos problemas
já foi solucionada. A malha aérea passou
por uma reforma, reduziram-se os vôos com conexões
e a concentração sobre o espaço
aéreo de São Paulo e Brasília.
Registraram-se até mudanças nos quadros
da Agência Nacional de Aviação Civil
- com exceção, claro, da cadeira ocupada
pelo inamovível presidente, Milton Zuanazzi.
A explicação oficial para as confusões
que começaram no fim da noite de domingo e prosseguiam
ontem seguia o ritual de praxe. No caso de Guarulhos,
um temporal com ventos fortes obrigou o fechamento do
terminal para operações de pouso e decolagem.
Em Congonhas, a chuva, óbvio, fechou as pistas.
E ainda houve falha no equipamento de comunicação
entre a torre e as aeronaves.
Evidente que o vento e a chuva não podem ser
controlados por atos de caneta do ministro da Defesa.
Mas deveriam ser neutralizados com a aquisição
de tecnologia capaz de minorar seus efeitos. Onde está,
por exemplo, o radar de pouso por instrumentos (ILS-3)
de última geração que executivos
de companhias aéreas afirmam existir em Guarulhos,
mas há tempos continua fora de operação?
Com o acessório, por exemplo, o piloto seria
conduzido à pista mesmo com zero de visibilidade.
O principal aeroporto internacional do país ainda
está com problemas extras em função
do aumento no número de operações
em seu espaço aéreo.
Há muito por explicar. Todos se lembram do debate,
no auge da crise com o acidente da Gol e o motim dos
controladores, sobre a desmilitarização
do sistema. Chegou-se até a um modelo: à
Aeronáutica caberia essa observação
no ponto de vista da Defesa do espaço aéreo
- no qual se monitoram apenas os aviões militares.
A parte mais pesada do trabalho, os sistemas de controle
de aproximação, de vôo e as torres,
seria assumida por funcionários civis do governo.
A maior vantagem estaria na abertura da caixa-preta
tecnológica em que se transformou o sistema,
blindado por décadas de discussões e desenvolvimento
com foco estratégico e não voltado à
aviação comercial.
Os próprios controladores militares, em sua
reação à pressão da sociedade,
demonstraram inúmeras vezes que as tecnologias
adotadas ou estavam obsoletas ou criavam gargalos de
manutenção críticos em todo o sistema.
Um exemplo disso foi a pane em um dos Cindacta - cujo
reparo dependeria de um técnico enviado pelo
fabricante italiano, e que demoraria dias para chegar.
Como Deus é brasileiro, havia um profissional
com a especialização em missão
no país. Seu deslocamento permitiu o conserto.
Ontem, Congonhas sofreu uma pane de comunicação
entre a torre e aeronaves. Não é um defeito
aceitável. Só mostra que a pressão
política diante dos erros de condução
da crise - principalmente quando o Planalto desautorizou
o comando da Aeronáutica - retirou do governo
a força para mudar o sistema. E a caixa-preta
tornou a ser fechada e lacrada. A promessa virou pó.