:::::RIO DE JANEIRO - 23 DE JUNHO DE 2006 :::::
 

Folha de São Paulo
23/06/06
Ex-subsidiária faz oferta de US$ 485 mi pela Varig

Recursos seriam usados para investimentos, e não para pagar aos credores
VarigLog se dispõe a colocar US$ 20 mi na aérea de imediato; proposta só será formalizada se TGV não efetuar pagamento hoje

JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO

A VarigLog confirmou ontem o interesse na Varig. A empresa pretende comprar a companhia aérea por US$ 485 milhões, mas os recursos não seriam usados para o pagamento de credores, e sim para investimentos na nova empresa. A VarigLog se dispõe a aportar US$ 20 milhões de imediato para que a Varig mantenha as operações até uma decisão judicial, o que pode significar novo leilão.

As negociações têm sido conduzidas pelo Matlin Patterson, fundo de investimento americano que tem participação na VarigLog. A proposta só será formalizada se o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) não conseguir efetuar pagamento de US$ 75 milhões hoje.

A Varig depende do aporte de recursos para continuar operando. Só tem combustível garantido até o fim do dia de hoje, a Infraero pretende passar a cobrar à vista as tarifas aeroportuárias e a Justiça americana condicionou a prorrogação da liminar que protege os aviões de arresto ao pagamento da primeira parcela da venda.

A Justiça homologou a proposta de compra apresentada pela NV Participações, empresa do TGV, mas os funcionários só se tornarão de fato donos da companhia se efetuarem hoje a primeira parcela do pagamento. Até ontem, eles ainda não tinham os recursos disponíveis.

Proposta

Com o agravamento da crise, o Matlin Patterson voltou a procurar a Varig. A proposta foi feita em nome da VarigLog, ex-subsidiária de transporte de carga da Varig, que foi comprada em janeiro pela Volo do Brasil, uma empresa que tem como acionistas o Matlin Patterson e três empresários brasileiros.

O aporte de US$ 20 milhões está condicionado à decisão da Justiça e à anuência prévia da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Até hoje, a agência não autorizou a transferência da VarigLog para a Volo.

O presidente da Anac, Milton Zuanazzi, disse que um assunto não está vinculado ao outro.
Os termos da proposta são similares ao que foi oferecido aos credores pelo Matlin Patterson em abril. Apenas parte da mão-de-obra deverá ser absorvida e os recursos aportados não serão repassados a todos os credores. A VarigLog quer investir US$ 485 milhões nas operações, o que significa pagamento de empresas de leasing, de combustível e de fornecedores.

A empresa afirma que os trabalhadores ficariam com 5% da nova Varig e outros 5%, com a antiga empresa, que permanece em recuperação judicial. Dessa forma, dívidas com o governo e o fundo de pensão só seriam pagas com 5% dos lucros da nova empresa. A idéia consiste, na prática, em comprar a marca Varig e seus principais ativos, como linhas, slots (espaços em aeroportos).


Folha de São Paulo
23/06/06
Sindicato tenta barrar venda da VarigLog

DA REPORTAGEM LOCAL

O Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas) entrará com um pedido de vista no processo de venda da VarigLog que está sendo analisado pela Anac, o que pode impedir, ao menos por hoje, que a agência ceda à exigência da Volo e dê anuência prévia para o negócio.

A compra da ex-subsidiária de cargas da Varig pela Volo do Brasil foi cercada de polêmica desde o início, já que o fundo de investimentos Matlin Patterson, que possui participação na Volo, é americano. A legislação brasileira proíbe estrangeiros de possuir participação de mais de 20% em companhias aéreas.

A acusação é que a Volo é "laranja" do fundo dos EUA. A aprovação ainda não foi concedida porque a empresa ainda não apresentou documentos exigidos pela agência, como declaração de renda e patrimônio dos donos da Volo.

"Acredito que o Matlin Patterson, usando sua empresa de conveniência no Brasil, está tentando fazer chantagem com o governo em cima desse processo da VarigLog. O governo tem alternativas para salvar a Varig, como fazer acordo com o que deve para a companhia", diz Anchieta Hélcias, diretor do Snea.

Os comentários ontem no setor de aviação eram que o próprio presidente Lula t


Folha de São Paulo
23/06/06
Justiça poderá fazer novo leilão, admite Anac

DA COLUNISTA DA FOLHA

O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, admitiu ontem à Folha que a Justiça poderá chamar novo leilão para a venda da Varig Operacional, caso a Volo, vinculada ao fundo americano Martlin Patterson, confirme oficialmente o interesse em entrar no negócio.

"Se houver esse interesse da Volo, todos temos de analisá-lo, mas a decisão é da Justiça, que poderá chamar novo leilão", disse ele.

A Volo condicionou a operação à anuência da Anac para comprar definitivamente a VarigLog, empresa de transporte de carga que era subsidiária da própria Varig. Em setores do mercado, a proposta foi considerada "chantagem".

O próprio juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio e responsável pelo processo de recuperação da Varig, esteve em Brasília anteontem para defender a operação casada. Ele teve reuniões com o ministro da Defesa, Waldir Pires, e com a direção da Anac.

Ontem, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, também discutiu a questão em reunião no Planalto da qual participou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que representa os interesses dos funcionários da empresa com o governo.

A decisão sobre a aquisição da VarigLog pela Volo, portanto, saiu da esfera técnica e passou à política, e a expectativa ontem em Brasília era a de que a Anac reconhecesse a validade da documentação entregue pela Volo e desse anuência à compra, apesar de entraves legais.

A agência reguladora já tinha dado autorização prévia, mas a anuência final esbarrou na composição acionária da Volo. A legislação brasileira limita a 20% a participação de capital estrangeiro em empresas aéreas, e a suspeita da Anac era a de que a Volo não conseguiria demonstrar que seu capital não era integralmente bancado pelo fundo americano.

Apesar do caráter de barganha ou "chantagem" atribuído à proposta da Volo para a compra da Varig Operacional, Zuanazzi disse, por telefone, que são duas situações distintas: "Do ponto de vista da Anac, uma coisa [a compra da VarigLog] não tem nada a ver com a outra [da Varig Operacional]".

Na prática, porém, era assim que toda a situação estava sendo analisada pelo governo, pela Anac e pelo próprio juiz, desde a quarta-feira. Cópias da documentação da Volo foram distribuídas tanto na Defesa com na agência e na Casa Civil. Por trás da operação estariam advogados vinculados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem sendo informado de todos os detalhes, apesar de não se manifestar publicamente.
(ELIANE CANTANHÊDE)


Folha de São Paulo
23/06/06
Novo dono gastaria mais de R$ 1 bi para levantar Varig

Além do sinal de US$ 75 mi, é preciso dispor de recursos para manter a aérea
Honrar os compromissos de leasing, revisar a frota, pagar tarifas de embarque e combustível para voar são os maiores problemas

MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL

Conseguir US$ 75 milhões para dar o primeiro sinal pela Varig é o menor dos problemas para o TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) ou qualquer comprador da companhia. Reestruturar a aérea para que ela possa voltar a 20% de participação no mercado doméstico, como possuía em janeiro, pode custar bem mais que R$ 1 bilhão, segundo avaliação que circula entre a diretoria da companhia.

No setor, para exemplificar o problema, diz-se que "não adianta comprar um elefante se você não tem dinheiro para mantê-lo". A pergunta que se faz é: se o TGV está suando a camisa para conseguir US$ 75 milhões, sem garantia de sucesso, como manterá a Varig?

O grupo de trabalhadores, único investidor que no leilão fez proposta pela empresa, já admitiu que ainda não tem recursos para fazer o depósito.

O problema começa com os contratos de leasing com os arrendadores, que precisarão ser transferidos para os novos donos quando a Varig for efetivamente vendida (no caso do TGV, isso só ocorrerá se o grupo depositar o dinheiro hoje).

Em primeiro lugar, a questão é se essas empresas concordarão em transferir os contratos e manter seus aviões em uma empresa com histórico de inadimplência e dificuldade de retomada de aeronaves. No cenário atual, com o TGV como comprador, isso seria muito difícil, segundo fontes.

Além disso, o investidor terá que honrar o pagamento do leasing a essas empresas -há algumas semanas, antes da redução significativa da frota, a Varig devia US$ 1 milhão por dia em aluguel de jatos.

"Os US$ 75 milhões ajudam, mas a empresa, no médio prazo, vai precisar de muito mais dinheiro para funcionar", diz Felipe Câmara, advogado do escritório Tozzini, Freire, Teixeira e Silva, que representa um grupo de arrendadores.

Outro ponto é a necessidade de fazer a revisão da frota. A manutenção completa de uma turbina pode custar mais de US$ 1 milhão, no caso de ela ter de ser enviada ao exterior.
Apenas para recuperar os aviões com os quais a Varig voava até a semana passada, o novo dono precisaria gastar cerca de US$ 200 milhões.

Infraero e BR

Os custos, entre outros, também incluem o pagamento de tarifas aeroportuárias à Infraero (estatal que administra os principais aeroportos) e combustível à BR Distribuidora, sem falar no pagamento de rescisões, em caso de demissões para reestruturação da aérea.

A empresa precisaria pagar as dívidas que foi acumulando com as estatais. No caso da Infraero, por exemplo, a Varig teria que pagar as tarifas aeroportuárias devidas, desde setembro do ano passado, por conta de uma liminar que foi suspensa em março.

Apenas até então a dívida somava R$ 115, 6 milhões. Na época, a Varig gastava R$ 900 mil por mês com o pagamento de tarifas aeroportuárias.


O Estado de São Paulo
23/06/06
TGV prova hoje se tem dinheiro
Leilão ainda depende de depósito de sinal pelo grupo


O futuro da Varig deve ser decidido hoje, quando vence o prazo de depósito de US$ 75 milhões para validar a proposta do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) de compra da empresa por US$ 449 milhões. Caso o dinheiro não apareça até as 11 horas - a hipótese mais provável -, a comissão de juízes responsável pela recuperação judicial da Varig vai anular o leilão realizado no dia 8. Depois disso, três alternativas são possíveis: falência definitiva, um novo leilão ou a convocação de assembléia de credores para avaliar a oferta de US$ 500 milhões apresentada pela VarigLog à Justiça, na terça-feira.

Representantes do TGV, que já admitiram não conseguir os recursos, levantaram ontem a possibilidade de, na última hora, pedir adiamento de prazo. Eles alegam ainda estar negociando a obtenção do dinheiro. Além disso, para a organização, o prazo vence às 18 horas, sete horas depois do horário estipulado pela Justiça.

O depósito é vital para a Varig sensibilizar a Justiça americana a prorrogar uma liminar que protege a empresa contra o arresto de aviões. O juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, estendeu a decisão até 21 de julho, condicionada à entrada de dinheiro hoje. "Acredito que uma empresa que fez proposta em leilão tenha noção de sua responsabilidade. Se isso não acontecer, irá me assustar muito", disse o reestruturador da Varig, Marcelo Gomes.

A oferta da VarigLog pela ex-controladora, relata uma fonte da ex-subsidiária da Varig, também está condicionada à aprovação, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da aquisição da empresa pela Volo do Brasil, negócio fechado em dezembro do ano passado. Ontem, o presidente da agência, Milton Zuanazzi, disse que as duas negociações são independentes e uma eventual formalização da oferta da VarigLog pela Varig não é inválida.

A Volo do Brasil, que tem como principal acionista o fundo americano Matlin Patterson, alega, no entanto, que sem a oficialização da compra da VarigLog - que, por sua vez, compraria a Varig - não há garantias do controle do fundo sobre a holding.

Antes de a Justiça do Rio definir qual será a solução para a Varig, o administrador judicial da companhia, a consultoria Deloitte, e o Ministério Público do Rio terão de analisar as conseqüências do cancelamento do leilão. O interesse da VarigLog é pela operação integral da companhia. Da oferta total, US$ 20 milhões podem ser depositados imediatamente.

Fonte da VarigLog conta que, caso a decisão seja por um novo leilão, que eventualmente seja vencido por outro investidor, o ganhador terá de reembolsar a VarigLog. A idéia é a Volo do Brasil ficar com 90% da companhia e os trabalhadores com 5%. Os restantes 5% ficariam com a antiga Varig (com o passivo de R$ 7 bilhões), como forma de utilizar a participação acionária para saldar, gradualmente, o débito.


O Estado de São Paulo
23/06/06

Sindicato acha que sócios da Volo são 'laranjas'
Mariana Barbosa

O Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) está disposto a usar todos os recursos possíveis para impedir a venda da VarigLog para a Volo do Brasil. Sem a aprovação, dificilmente a Volo, que tem como sócio o fundo americano Matlin Patterson, conseguirá concretizar sua proposta de aquisição da Varig.

O Snea entrará hoje com representação junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) com pedido de vistas do processo. O sindicato acusa os sócios brasileiros do Matlin de atuarem como "laranjas" para driblar a exigência legal que limita em 20% a participação de estrangeiros em empresas aéreas. O sindicato quer saber se os dois documentos exigidos pela Anac para aprovar o negócio foram entregues. Os documentos referem-se à comprovação da origem dos recursos que os sócios brasileiros - Marcos Haftel, Luís Eduardo Gallo e Marco Audi - tomaram emprestados para compor o capital da Volo.

A Anac exigiu uma declaração de patrimônio dos sócios e a cópia do contrato dos empréstimos. "Queremos ter certeza de que os documentos foram entregues", diz o diretor de Relações Governamentais do Snea, Anchieta Hélcias. Se foram entregues, o Snea vai solicitar perícias para verificar sua legalidade no Banco Central e na Comissão de Valores Mobiliários. "Acreditamos que a Anac seguirá a lei e não se curvará a pressões políticas." Está marcada para hoje às 10 horas, em Brasília, uma reunião para deliberar sobre a venda da VarigLog. A Volo condicionou sua proposta para a compra da Varig à aprovação da compra da VarigLog.

A Volo tem assessoria jurídica do advogado Roberto Teixeira - compadre do presidente Lula - e de sua filha Valeska, também advogada. Valeska passou o dia ontem em Brasília em reuniões na Anac e na Casa Civil. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, estaria, dizem fontes do setor aéreo em Brasília, pressionando a Anac para aprovar a venda da VarigLog, para resolver a crise da Varig.


Zero Hora
23/06/06
Usuários terão garantia de embarque

CAROLINA BAHIA / Agência RBS/Brasília

Depois de cinco horas de reuniões no Ministério da Defesa, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, afirmou que empresas nacionais estão aumentando sua capacidade de operação para atender os passageiros que tiveram os vôos cancelados pela Varig. Ontem à noite, a TAM estava programada para colocar à disposição quatro vôos extras - entre eles, um para o trecho Porto Alegre/Congonhas - e a Gol liberou uma aeronave maior para a região de Petrolina.

Momentos antes, Zuanazzi e o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, Ricardo Morishita, haviam se encontrado para resolver as últimas pendências dos passageiros. Morishita alertou que o cliente que conta com as milhagens teria o mesmo direito do que aquele com o bilhete adquirido.

Uma das principais reclamações, foi quanto à venda de bilhetes para vôos que estão cancelados. Somente ontem à tarde, depois dessa denúncia, a Anac tomou providências contra a irregularidade. A Justiça foi notificada e o administrador judicial do caso Varig comunicou o cancelamento desse sistema de reserva.

O presidente da Anac reconheceu que existem transtornos e atrasos por causa da crise na companhia, mas defendeu a ação da agência reguladora. Segundo ele, está em curso uma ação concentrada para reduzir os problemas dos usuários. Além das questões dos vôos domésticos, há uma preocupação específica com os passageiros que estão fora do Brasil.

Cerca de 28 mil passageiros que se encontram no Exterior têm bilhetes marcados da Varig para o Brasil até o dia 30 de junho. Apesar das reclamações dos usuários, Zuanazzi assegurou que a Varig está fornecendo hospedagem e alimentação para a maioria desses clientes. A situação mais crítica é de quem está em Nova York, nos Estados Unidos, e comprou as passagens por lá. Pelas regras daquele país, eles não teriam direito garantido a essa assistência, mas a Anac e o Itamaraty estariam trabalhando para resolver essa questão. O Comando da Aeronáutica determinou que dois Boeings 707 da Força Aérea Brasileira, os Sucatões, fiquem prontos para decolar a qualquer momento para buscar passageiros no Exterior. A expectativa é de que isso possa ocorrer hoje.

Brasileiros com bilhete Varig
> Que estão na Alemanha, até o dia 30 de junho - 5,6 mil passageiros
> Total de passageiros que estão fora do Brasil até 30 de junho - 28 mil
> Que voltariam ontem - 2.963. Destes, 60 estão em Nova York.
Fonte: Anac


O Globo
23/06/06
VarigLog quer comprar a Varig se vencedor do leilão não fizer depósito

Erica Ribeiro, Geralda Doca e Henrique Gomes Batista

RIO e BRASÍLIA. A VarigLog, ex-subsidiária da Varig vendida em 2005 à Volo Brasil — formada pelo fundo americano Matlin Patterson e investidores brasileiros e de Macau — voltou a mostrar interesse pela companhia aérea. Ela ofereceu pagar US$ 500 milhões, US$ 100 milhões a mais do que propôs há dois meses, antes de se falar em leilão. A oferta formal, porém, depende do não-pagamento hoje dos US$ 75 milhões pela NV Participações, consórcio que venceu o leilão em 8 de junho, e também de um parecer da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Só que a VarigLog não entregou todos os documentos sobre seu processo de venda, e o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, disse ontem que não há prazo para conclusão da análise. Ou seja, pode não vir a tempo de ajudar a Varig.

— Não sei se a anuência para a Volo comprar a VarigLog vai ser dada, a equipe está analisando e não tem prazo — afirmou Zuanazzi.

Além disso, toda a papelada que já passou pelo crivo da Anac levanta fortes suspeitas sobre a legalidade da venda da VarigLog e se, de fato, a empresa ficará nas mãos de brasileiros — a legislação fixa em 20% o teto para o capital estrangeiro em companhias aéreas. Para comprar a VarigLog por R$ 103 milhões, os sócios estrangeiros entraram com R$ 101 milhões, e os brasileiros, com apenas R$ 2 milhões.

Apesar de Zuanazzi ter dito que a pendência não tem relação com o leilão da Varig, o fato de a Anac não ter aprovado até agora a transferência da VarigLog para a Volo acaba inviabilizando a compra da Varig pela sua ex-subsidiária por falta de segurança jurídica.

Em sua proposta, a VarigLog afirma ter interesse nos ativos da Varig e garante a injeção imediata de recursos para mantê-la em operação. Os funcionários teriam 5% de participação na nova empresa. A proposta também prevê investimentos para que a companhia volte a crescer.

Mas, segundo fontes próximas à Varig, a VarigLog ainda não apresentou qualquer proposta formal à Justiça, que já não espera um desfecho favorável à NV Participações.

Mesmo que a NV não pague os US$ 75 milhões hoje, o destino da Varig ainda não estará selado. Isso porque, afirmam fontes, se não houver pagamento, a Justiça tem de levar o caso ao Ministério Público estadual e aos administradores judiciais. O prazo para a decisão não deverá passar de 48 horas, diz uma fonte, devido à crise da companhia.

Se a VarigLog apresentar uma proposta, os juízes poderão considerar a operação um leilão deserto (termo jurídico que significa que a venda não foi validada por falta de pagamento). Se isso acontecer, afirma a fonte, o juiz poderá fazer uma nova alienação, por meio de um novo leilão.


O Globo
23/06/06
Plano de emergência terá três etapas

Henrique Gomes Batista

BRASÍLIA. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o setor aéreo já trabalham em um plano em caso de paralisação total das atividades da Varig. Segundo o diretor de operações de tráfego da BRA, Waldomiro Silva Junior, o plano terá três fases, com obrigações que devem ser cumpridas pelas empresas em 24 horas, 72 horas e dez dias. Não houve detalhamento, mas as empresas continuam em disputa com a Anac para conseguir as rotas da Varig definitivamente, sem “favor”, como salientou o diretor da BRA.

Waldomiro disse ainda que não foi discutido o valor das passagens nos trechos da Varig assumidos pelas concorrentes e que a expectativa é que a tarifa fique a cargo das empresas.

— Cada empresa usará sua própria política de preços — afirmou o diretor da BRA, depois de reunião do gabinete de crise criado para tratar da situação da Varig.

Presidente da BRA: “Quero em troca alguma coisa”

O diretor da BRA afirmou que a empresa aérea que assumir uma rota internacional da Varig neste período emergencial ganhará o trecho definitivamente. Segundo Waldomiro, cada trecho poderá ser entregue a uma ou duas companhias e, caso isso ocorra, a empresa arcará com todos os custos dessa rota internacional.

A Anac não comenta esse assunto e desautorizou as empresas a falarem sobre isso.

— Não estamos distribuindo as rotas da Varig. Se alguma empresa estiver falando do plano de contingência está desautorizada, todos os presidentes me garantiram que não ia falar — afirmou o presidente da Anac, Milton Zuanazzi.

Essa situação, porém, confirma que há uma forte disputa entre a Anac e as empresas aéreas, e entre as grandes e as pequenas. Ontem pela manhã, o diretor da BRA mostrou esse descontentamento, sobretudo das empresas menores, com o plano de contingência da Anac:

—- Enquanto a Varig não tiver uma definição, eu não posso transportar passageiros da Varig como um favor. Posso encaixar em outro vôo que já existe, não me custa nada, mas voar para um país para buscar passageiros da Varig eu só posso fazer se houver um colapso, se ela parar realmente. E eu quero em troca alguma coisa, como toda empresa quer.

Waldomiro lembrou ainda que, até o momento, não se está discutindo a transferência definitiva de rotas domésticas. A BRA, afirmou, é contra a realização de leilões para transferência das rotas da Varig.

— Se for decidido por leilão, vamos limitar ao poder econômico a dominação da aviação brasileira, e certamente as passagens vão ficar mais caras — disse Waldomiro.

Possível alta de preços ainda não preocupa governo

Já TAM e Gol adotaram outra política: estão atendendo a todos os pedidos da Anac, tentando garantir algumas das rotas da Varig. As duas empresas anunciaram vôos extras para atender à demanda, inclusive arcando com os custos. Mas o duopólio que haverá em muitas cidades poderá acarretar alta do preço da passagem, o que, até o momento, não preocupa os órgãos governamentais.

— Vamos resolver primeiro a emergência, depois resolveremos a vida normal (como os preços) — disse Zuanazzi.


Estadão
23/06/06
23 de junho de 2006 - 00:03
Futuro da Varig deve ser decidido nesta sexta

Caso os Trabalhadores do Grupo Varig não dêem US$ 75 milhões até as 11h, a comissão de juízes responsável pela recuperação judicial da Varig vai anular o leilão realizado no dia 8
Alberto Komatsu e Isabel Sobral

RIO - O futuro da Varig deve ser decidido nesta sexta-feira, quando vence o prazo de depósito de US$ 75 milhões para validar a proposta do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) de compra da empresa por US$ 449 milhões. Caso o dinheiro não apareça até às 11 horas - a hipótese mais provável -, a comissão de juízes responsável pela recuperação judicial da Varig vai anular o leilão realizado no dia 8. Depois disso, três alternativas são possíveis: falência definitiva, um novo leilão ou a convocação de assembléia de credores para avaliar a oferta de US$ 500 milhões apresentada pela VarigLog à Justiça, na terça-feira.

Representantes do TGV, que já admitiram não conseguir os recursos, levantaram na quinta-feira a possibilidade de, na última hora, pedir adiamento de prazo. Eles alegam ainda estar negociando a obtenção do dinheiro. Além disso, para a organização, o prazo vence às 18 horas, sete horas depois do horário estipulado pela Justiça.

O depósito é vital para a Varig sensibilizar a Justiça americana a prorrogar uma liminar que protege a empresa contra o arresto de aviões. O juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, estendeu a decisão até 21 de julho, condicionada à entrada de dinheiro nesta sexta-feira. “Acredito que uma empresa que fez proposta em leilão tenha noção de sua responsabilidade. Se isso não acontecer, irá me assustar muito”, disse o reestruturador da Varig, Marcelo Gomes.

A oferta da VarigLog pela ex-controladora, relata uma fonte da ex-subsidiária da Varig, também está condicionada à aprovação, pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da aquisição da empresa pela Volo do Brasil, negócio fechado em dezembro do ano passado. Ontem, o presidente da agência, Milton Zuanazzi, disse que as duas negociações são independentes e uma eventual formalização da oferta da VarigLog pela Varig não é inválida. A Volo do Brasil, que tem como principal acionista o fundo americano Matlin Patterson, alega, no entanto, que sem a oficialização da compra da VarigLog - que, por sua vez, compraria a Varig - não há garantias do controle do fundo sobre a holding.

Antes de a Justiça do Rio definir qual será a solução para a Varig, o administrador judicial da companhia, a consultoria Deloitte, e o Ministério Público do Rio terão de analisar as conseqüências do cancelamento do leilão. O interesse da VarigLog é pela operação integral da companhia. Da oferta total, US$ 20 milhões podem ser depositados imediatamente.

Fonte da VarigLog conta que, caso a decisão seja por um novo leilão, que eventualmente seja vencido por outro investidor, o ganhador terá de reembolsar a VarigLog. A idéia é a Volo do Brasil ficar com 90% da companhia e os trabalhadores com 5%. Os restantes 5% ficariam com a antiga Varig (com o passivo de R$ 7 bilhões), como forma de utilizar a participação acionária para saldar, gradualmente, o débito.


O Globo
22/06/2006 - 19h33m

VarigLog reitera interesse na Varig, mas a proposta depende de aprovação da Anac
Erica Ribeiro e Henrique Gomes Batista - O Globo


RIO e BRASÍLIA - A direção da VarigLog, empresa adquirida no ano passado pela Volo Brasil, informou que a empresa está reiterando o interesse na aquisição da Varig com uma proposta no valor de US$ 500 milhões (US$ 85 milhões a mais do que a proposta feita pela mesma empresa antes de se cogitar o leilão) que inclui a participação de 5% no capital pelos funcionários da companhia e 5% pela antiga Varig. A aprovação, no entanto, ainda depende da posição final da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sobre a venda da subsidiária da Varig.

O presidente da Anac, Milton Zuanazzi, confirmou que Volo do Brasil - que tem entre seus sócios o fundo americano Matlin Peterson - entregou novos documentos ao órgão regulador, que está analisando a operação de venda da VarigLog feita no início do ano, e dará o posicionamento final sobre ela pode ou não ser concretizada.

No entanto, Zuanazzi afirmou que a Anac não tem prazo definido para concluir a análise do processo. Isso pode comprometer, em tese, uma oferta da Volo do Brasil pela Varig, pois jogaria nova incerteza sobre a operação.

Além disso, a VarigLog só poderá fazer uma oferta pela companhia depois da decisão do juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, que deu prazo até esta sexta-feira para que a NV Participações, vencedora do leilão, faça o depósito de US$ 75 milhões referente a primeira parcela da compra da Varig. Fontes do setor já tinham afirmado que a NV não tem os recursos para honrar o pagamento, fato admitido ontem pelo coordenador do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), Márcio Marsillac. Numa manifestação de funcionários, ele afirmou que não tem 100% de certeza de que terá o dinheiro até esta sexta-feira.

Na sua proposta, a VarigLog informa que tem recursos para fazer o aporte de US$ 500 milhões sozinha ou com uma das empresas afiliadas à Volo Brasil. A VarigLog quer ficar com os ativos operacionais que a Varig ainda tem (slots - autorizações de pouso e decolagem - marca e bens imóveis). A empresa se compromete a manter parte dos funcionários na companhia, dentro do plano inicial, apresentado à Varig desde o começo deste ano, onde a projeção era de corte de três mil empregados. A VarigLog, segundo informações, ainda não apresentou à Justiça proposta formal pela Varig.

VENDA DA VARIGLOG

A entrega de novos documentos é objeto de disputa judicial entre a Volo e a Anac. Há cerca de dois meses, a Anac emitiu parecer suspendendo a operação de compra da VarigLog, afirmando que faltavam documentos que permitissem a comprovação da origem dos recursos utilizados e o percentual de participação de capital estrangeiro na VarigLog (pela legislação, esta participação não pode ser superior a 20%).

A Volo foi à Justiça alegando que a Anac estava extrapolando seus poderes ao pedir documentos extras. O Tribunal Regional Federal (TRF) atendeu o pedido e deu prazo de cinco dias para o órgão regulador se manifestar. A procuradoria jurídica da Anac entrou com recurso na quarta-feira. A pendenga judicial teve início com ação da Docas Investimentos, do empresário Nelson Tanure, que questionou a venda na Justiça do Rio. Além de Tanure, o Sindicato das Empresárias Aéreas (Snea) apresentou denúncia à Anac.

A VarigLog e a VEM foram vendidas no fim do ano passado para o AeroLB, formado pela TAP e um investidor chinês. Logo depois, a AeroLB transferiu o contrato para a Volo do Brasil.


Estadão
22 de junho de 2006 - 18:11h
Proposta da VarigLog é válida, mesmo sem anuência da Anac
A eventual formalização da proposta de compra da Varig pela empresa Volo do Brasil - que adquiriu em janeiro passado a VarigLog - não fica inválida caso a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) ainda não tenha dado resposta sobre o pedido de homologação pela Anac da compra da VarigLog.

Isabel Sobral

BRASÍLIA - A eventual formalização da proposta de compra da Varig pela empresa Volo do Brasil - que adquiriu em janeiro passado a VarigLog - não fica inválida caso a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) ainda não tenha dado resposta sobre o pedido de homologação pela Anac da compra da VarigLog. "O leilão da Varig não está condicionado à anuência da compra da VarigLog, são processos diferentes e separados", afirmou o diretor geral da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi.

Ele informou que a Volo do Brasil entregou hoje mais alguns documentos que estão sendo exigidos pela agência reguladora para analisar a operação. Com isso, ainda não foi homologada a transferência das ações da ex-subsidiária da Varig para a Volo pela Anac.

Apesar das explicações de Zuanazzi, há incertezas sobre a interferência de um caso no outro já que existe uma denúncia apresentada pelo Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea) de que o fundo norte-americano Matlin Patterson, que integra o consórcio empresarial que criou a Volo, teria uma participação acionária superior a 20%. A Constituição brasileira veda a estrangeiros uma participação maior que esse limite em empresas aéreas brasileiras.

Proposta

A VarigLog apresentou à 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, na noite de terça-feira - um dia após a homologação do lance feito pelo Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) - uma proposta de investimento de US$ 500 milhões pela operação integral da ex-controladora.

A oferta, no entanto, só será efetivada caso o TGV não deposite até sexta-feira o sinal de US$ 75 milhões, do total de US$ 449 milhões do lance feito no leilão do último dia 8. Porém, na última quarta-feira, o coordenador do grupo, Márcio Marsillac, admitiu a possibilidade do montante não ser levantando até o prazo determinado pela Justiça. Entretanto, o coordenador da TGV disse que continua negociando a obtenção de recursos com três grupos.

Caso a organização de funcionários da Varig não consiga os recursos até sexta, a proposta da VarigLog inclui um depósito imediato de US$ 20 milhões para atender à situação emergencial da companhia. Como contrapartida, teria uma garantia de que assumirá as operações da ex-controladora, relata uma fonte da VarigLog.


Estadão
22 de junho de 2006 - 18:01h
28 mil passageiros no exterior têm bilhetes da Varig
Desse universo, 13 mil estão em países europeus e, especificamente na Alemanha, onde se realiza a Copa do Mundo, são 5.600 usuários com bilhetes Varig de volta

Isabel Sobral

BRASÍLIA - O diretor geral da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, informou hoje que existem 28 mil passageiros com bilhetes da Varig para retornarem ao Brasil até o dia 30 de junho. O levantamento, segundo ele, mostrou ainda que, desse universo, 13 mil estão em países europeus e, especificamente na Alemanha, onde se realiza a Copa do Mundo, são 5.600 usuários com bilhetes Varig de volta.

O diretor reconheceu hoje que está havendo transtornos para os passageiros dentro da operação emergencial montada há dois dias, desde a quando a Varig está impedida pela justiça norte-americana de movimentar 18 aeronaves. Apesar disso, ele classificou de "sucesso" a operação considerando o contexto emergencial.

"Transtornos existem, afinal estamos também entrando em alta temporada e todas as companhias têm aeronaves mais cheias, mas ainda assim como ação de emergência estamos obtendo resultados fantásticos", afirmou Zuanazzi.

Ainda, segundo a Anac, até o dia 30 de junho, do universo de 28 mil usuários com passagens de volta ao País pela Varig, cerca de quatro mil estão na América do Norte e 10,8 mil estão na América do Sul.

Apoio da Força Aérea

O Comando da Aeronáutica determinou que dois aviões Boeings 707, os chamados sucatões, fiquem à disposição para serem usados no transporte de passageiros de outros países para o Brasil, por causa da crise da Varig.

As aeronaves, baseados no Rio de Janeiro, não serão destacados para nenhuma missão da Força Aérea, para que possam ser enviados para onde houver necessidade. Cada Boeing carrega 160 passageiros.

A medida foi tomada no mesmo dia em que a Varig cancelou os três vôos semanais de Munique, na Alemanha, para São Paulo, por causa da "fase de transição" pela qual passa a empresa, segundo informações de funcionários da companhia. Mas todos os passageiros de Munique foram realocados para vôos saindo de Frankfurt, garantiu o funcionário.

Na próxima quinta-feira, a companhia tem dois vôos de Frankfurt para o Brasil - um com destino ao Rio de Janeiro e outro a São Paulo) - lotados de passageiros que voltam para casa após assistir à primeira fase da Copa do Mundo. A companhia informou que estes dois vôos estão confirmados.


Estadão
22 de junho de 2006 - 16:19h
Consultoria acredita que TGV pagará o sinal pela Varig
"Acredito que uma empresa que fez proposta em leilão tenha noção de sua responsabilidade. Se isso não acontecer, irá me assustar muito", disse Marcelo Gomes

Mônica Ciarelli

RIO - "Acredito que uma empresa que fez proposta em leilão tenha noção de sua responsabilidade. Se isso não acontecer, irá me assustar muito". A afirmação foi feita nesta quinta-feira pelo sócio da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes, responsável pelo processo de recuperação judicial da Varig. Ele comentava o fim do prazo, na próxima sexta-feira, para o pagamento do sinal pelos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), como forma de efetivar a compra da companhia.

O executivo se mostrou confiante de que a TGV deposite os US$ 75 milhões. Caso isso não aconteça, a Justiça cancelará o leilão e chamará uma nova assembléia de credores para discutir a situação. Gomes também não quis comentar a proposta de US$ 500 milhões feita ontem pela VarigLog, ex-subsidiária de logística e transporte de cargas da Varig, que tem como acionista o fundo americano de investimentos Matlin Patterson.

A proposta da VarigLog inclui um depósito imediato de US$ 20 milhões para atender à situação emergencial da companhia. Como contrapartida, teria uma garantia de que assumirá as operações da ex-controladora, relata uma fonte da VarigLog.

Ontem, pela primeira vez, o TGV admitiu a possibilidade de não haver recursos para que o sinal de US$ 75 milhões seja efetuado até sexta-feira, prazo estipulado pela Justiça para a concretização da venda da empresa.


Estadão
22 de junho de 2006 - 15:18
Aeronáutica coloca aviões à disposição de passageiros da Varig
As aeronaves não serão destacados para nenhuma missão da Força Aérea, para que possam ser enviados para onde houver necessidade

Tânia Monteiro e Patrícia Campos Mello

BRASÍLIA e COLÔNIA - O Comando da Aeronáutica determinou que dois aviões Boeings 707, os chamados sucatões, fiquem à disposição para serem usados no transporte de passageiros de outros países para o Brasil, por causa da crise da Varig.

As aeronaves, baseados no Rio de Janeiro, não serão destacados para nenhuma missão da Força Aérea, para que possam ser enviados para onde houver necessidade. Cada Boeing carrega 160 passageiros.

A medida foi tomada no mesmo dia em que a Varig cancelou os três vôos semanais de Munique, na Alemanha, para São Paulo, por causa da "fase de transição" pela qual passa a empresa, segundo informações de funcionários da companhia. Mas todos os passageiros de Munique foram realocados para vôos saindo de Frankfurt, garantiu o funcionário.

Na próxima quinta-feira, a companhia tem dois vôos de Frankfurt para o Brasil - um com destino ao Rio de Janeiro e outro a São Paulo) - lotados de passageiros que voltam para casa após assistir à primeira fase da Copa do Mundo. A companhia informou que estes dois vôos estão confirmados.

Preparo

Os brasileiros que foram assistir à Copa já se preparam para possíveis cancelamentos de vôos da Varig para o Brasil. O casal carioca Livia Motta e Rodrigo Castro tem passagem para um vôo fretado da Varig de Colônia para o Rio de Janeiro nesta sexta-feira, "mas já pedi para meu pai comprar duas passagens de outra companhia aérea saindo para o Brasil no sábado", disse Lívia.

Ela achou melhor se garantir porque precisa estar no trabalho na segunda-feira. "Tento embarcar de Varig na sexta e, se não conseguir, já tenho outras passagens". Se o vôo da Varig sair normalmente eles pedirão reembolso da passagem extra que compraram.

Entre os torcedores brasileiros já circulam muitas brincadeiras sobre a Varig. "Vamos todos passar mais um mês na Europa graças à Varig", dizem alguns. "O que vai ter de brasileira casando com alemão, porque cancelaram o vôo da Varig para casa", dizem.


Estadão
22 de junho de 2006 - 13:00h
TGV não entregará plano de negócio ao BNDES hoje
Segundo o grupo, esta apresentação é uma exigência do banco, para analisar e aprovar eventual financiamento para investimento na empresa, da ordem de US$ 150 milhões
Alberto Komatsu

RIO - Os Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) informaram que não deverão entregar hoje ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o plano de negócios para a Varig modificado. Segundo o grupo, esta apresentação é uma exigência do banco, para analisar e aprovar eventual financiamento para investimento na empresa, da ordem de US$ 150 milhões.

O TGV também informa que a prioridade, nesse momento, é obter US$ 75 milhões para fazer o depósito da primeira parcela da oferta total de US$ 449 milhões, feita no leilão da Varig. Representantes da TGV estão reunidos nesta quinta-feira no Rio e São Paulo, com potenciais investidores, diz a entidade. Ontem, pela primeira vez, o TGV admitiu a possibilidade de não haver recursos para que o sinal de US$ 75 milhões seja efetuado até sexta-feira, prazo estipulado pela Justiça para a concretização da venda da empresa.

Ontem, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, disse que um empréstimo à Varig “não seria excepcional”. Segundo Furlan, a operação não tiraria dinheiro da área de desenvolvimento econômico. “O BNDES não vai dar dinheiro à Varig. Pode aceitar financiar o comprador da Varig em condições normais de temperatura e pressão, com todas as formalidades e garantias de qualquer operação financeira”, disse, usando ironia.

Para o ministro, um financiamento para a Varig não se trataria de um favorecimento. “O BNDES financiará projetos de recuperação da Varig com os novos proprietários e garantias de pagamento. Do mesmo modo que pode financiar uma empresa que se compromete a recuperar uma empresa que atravessa dificuldades", explicou.