Valor
Econômico
23/03/2007
Rescisões na Varig
O Ministério Público do Trabalho
(MPT) no Rio de Janeiro entrou, ontem, com novo pedido na
1ª Vara Empresarial do Rio para reiterar a devolução
de todas as verbas pagas indevidamente a título de
adiantamento de rescisão a ex-funcionários
do alto escalão da Varig. Segundo relatório
apresentado pela auditoria interna da aérea, o valor
pago foi de R$ 1 milhão. O Procurador do Trabalho
Rodrigo de Lacerda Carelli pediu abertura de investigação
criminal para punir eventuais responsáveis pelo pagamento
das verbas e os beneficiados. Em janeiro, o MPT iniciou
investigação após denúncia de
que executivos da aérea foram beneficiados com o
pagamento de rescisões. As informações
são da Agência O Globo.
Folha de São Paulo
23/03/2007
A falta que a CPI faz
ELIANE CANTANHÊDE
BRASÍLIA - Há "fatos
determinados" que justifiquem a CPI do Apagão
Aéreo? Aos borbotões: o maior acidente da
aviação brasileira, o sistema de tráfego
aéreo, o treinamento e as condições
de trabalho dos controladores, o despreparo das companhias
aéreas, o aumento da demanda, a novidade das panes
sucessivas e até o surpreendente blecaute no aeroporto
da capital da República. É pouco?
Apesar disso, tudo o que governo e oposição
discutiram aos berros durante as disputas em torno da CPI
do Apagão foi.. a Infraero, que cuida de infra-estrutura
de aeroportos e praticamente não tem nada a ver com
tráfego aéreo. Uma coisa é apurar desvio,
ou suspeita de desvio de dinheiro público em obras
físicas nos aeroportos. Outra, bem diferente e até
mais grave, é investigar o aparente colapso do sistema
aéreo brasileiro, que parecia tão eficiente.
O "apagão" é isso, não é
obra da Infraero.
Ou seja: a CPI foi mal conduzida. Com uma oposição
como essa, Lula nem precisaria dar cinco ministérios
ao PMDB e papear com Collor. O apagão se arrasta
há meses, a CPI não sai, e Lula continua alardeando
aos quatro ventos que "nunca antes neste país"
se viu governo melhor.
Mas, com ou sem CPI, com ou sem oposição,
o governo terá que dar resposta a perguntas que não
querem calar sobre as panes que atingem o Cindacta-1, de
Brasília, e o Cindacta-2, de Curitiba, afetando milhares
de passageiros.
Ou há imperícia, ou os equipamentos estão
podres, ou foi sabotagem -que é improvável,
mas não impossível. Alguma coisa ocorre e
não está clara.
Quanto à Infraero: a oposição saiu
do eixo e perdeu tempo, pois as investigações
já ganharam dinâmica própria em auditorias
internas, no TCU, no Ministério Público. Com
ou sem CPI, as obras dos aeroportos já estão
sendo mais do que reviradas. E, sem CPI, o apagão
aéreo não só fica como tende a virar
rotina. Se é que já não virou.
Última Instância
Quinta-feira, 22 de março de 2007
MPT quer devolução de
dinheiro pago pela Varig a alto escalão da empresa
O MPT (Ministério Público do Trabalho) no
Rio de Janeiro entrou nesta quinta-feira (22/3) com novo
pedido na 1ª Vara Empresarial da Capital para obter
a devolução de todas as verbas pagas na rescisão
de ex-funcionários do alto escalão da Varig.
De acordo com o MPT, o pagamento dessas
verbas foi indevido, porque teria beneficiado executivos
do alto escalão da empresa, deixando cerca de 9.000
de trabalhadores demitidos no ano passado sem receber salários
e indenizações trabalhistas. O MPT afirma
que há provas de que pelo menos 20 empregados, entre
diretores e gerentes, receberam os valores referentes a
rescisão salarial.
O pedido, assinado pelo procurador do trabalho
Rodrigo de Lacerda Carelli, visa também abrir investigação
criminal com o objetivo de punir eventuais responsáveis
pelo pagamento das verbas e dos beneficiados com os adiantamentos.
A avaliação do MPT se baseia
no relatório apresentado pela auditoria interna da
empresa, que revela que foram pagas verbas rescisórias
e gratificações totalizando cerca de R$ 1
milhão.
O procurador diz que identificou outras
irregularidades, como o pagamento de gratificações,
que não têm previsão legal, duplicidade
de salários, décimo terceiro salários
e pagamentos a trabalhadores por meio de recibo de pagamento
de autônomo para funcionários contratados regularmente.
"O relatório aponta que os
beneficiados foram, em sua maioria, dos setores de recursos
humanos e finanças, logo os que têm o poder
de liberação das verbas, o que demonstra o
desvio ilícito e planejado dos valores. Nessas verbas
ilicitamente pagas, o relatório da própria
Varig demonstra que salários foram pagos em dobro,
relativos ao mês de março de 2006", diz
Carelli.
Entre os apontados como beneficiados está
o ex-presidente da Varig, Marcelo Bottini. De acordo com
o MPT, ele teria recebido cerca de R$ 30 mil ao longo de
três meses. O montante é superior ao teto de
R$ 2,4 mil por mês determinado pela própria
empresa em seu processo de recuperação judicial.
"O conluio está provado pelo
segundo relatório, onde se afirma que houve tratativas
entre os beneficiados e mais diretores, bem como foi até
aventada a recontratação desses trabalhadores
de forma clandestina, como prestadores de serviços",
diz o procurador em sua petição inicial.
Revista Consultor Jurídico
22 de março de 2007
Venda da Varig:CPI vai decidir se
pede quebra de sigilo de envolvidos
por Ronaldo Herdy
Os integrantes da CPI que investiga o processo
de venda da Varig na Alerj (Assembléia Legislativa
do Rio de Janeiro) vão se reunir, na próxima
semana, para decidir sobre a quebra do sigilo bancário
e telefônico de diversos agentes envolvidos no caso.
A informação foi dada pelo deputado Paulo
Ramos, presidente da comissão, após o término
da segunda sessão dos trabalhos, nesta quinta-feira
(22/1), na sede da Assembléia Legislativa fluminense.
Se aprovada a medida, ela não atingirá
integrantes do Poder Judiciário. O relatório
final, diz o parlamentar, estará pronto em 40 dias.
Os trabalhos desta quinta-feira foram marcados
pela ausência do gestor judicial da Varig, Miguel
Dau, que alegou outros compromissos assumidos para não
ir à Alerj. O novo depoimento dele foi marcado para
o dia 12 de abril, às 10h30. “Se ele não
vier, temos meios de obrigá-lo a comparecer”,
avisou o presidente da CPI.
Outro convocado foi o primeiro administrador
judicial da Varig, João Cysneiros Viana. Ele reafirmou
pontos de seu depoimento anterior e deixou na comissão
documentos sobre etapas da venda da empresa. Disse que a
administração judicial teve pouco tempo para
examinar o grande volume de documentos que recebia dos agentes
interessados na empresa, mas agiu dentro da lei.
Cysneiros afirmou à comissão
que não poderia avaliar se o plano de recuperação
da Varig foi bem conduzido. “Saí da gestão
da companhia a partir do momento em que o mesmo foi aprovado
pelos acionistas e credores. Não houve nada pessoal
no meu afastamento. O juiz Ayoub achou que uma consultoria
especializada (Deloite) teria condições de
avaliar mais profundamente se as diretrizes estabelecidas
foram e vem sendo cumpridas, com o plano em vigor”,
explicou.
“Não acredito que as competidoras
da Varig tenham arquitetado um plano para destruir a empresa.
A companhia foi vítima de sua descapitalização.
Na medida em que se agravava, mais dificuldades apareciam.
O Banco do Brasil se recusou a descontar recebíveis
da companhia, alegando que a transação não
era comercialmente vantajosa, o que piorou a situação
da companhia”, ressaltou.
A declaração foi dada porque
existe a suspeita de que Cysneiros foi afastado pela direção
da Varig por não haver interesse na recuperação
da empresa. “Na medida em que há a possibilidade
da existência de um plano cujo objetivo não
era a recuperação da Varig, a presença
dele causava inconveniente e, portanto, ele teve que ser
substituído”, diz o presidente da CPI.
Para Paulo Ramos, Cysneiros pedia as providências,
denunciava que os administradores da Varig estavam descumprindo
a lei, mas nada era feito. “Precisamos ouvir o juiz
Luiz Roberto Ayoub, pois ele nos negou documentos. É
preciso saber o que motivou a intervenção
do Aeros Fundo de Previdência Complementar. A intervenção
se deu exatamente no momento que os trabalhadores tinham
um plano de recuperação. Sua intervenção
foi mais um elemento de convicção de que o
Governo Federal não se interessava na recuperação
da empresa porque não havia nenhuma sinalização
de intervenção do fundo. A intervenção
só aconteceu quando os trabalhadores falaram que
havia interesse de se envolver o fundo”, afirmou.
Rastros
Um grupo de funcionários da Varig acompanhou os trabalhos
da comissão. Informou que começou um movimento
para reunir colegas numa vigília em 31 de maio —
Dia do Comissário, na Praça em frente ao aeroporto
Santos Dumont, no Rio. O objetivo é arregimentar
pessoas para fazer o mesmo ato em Congonhas, mas o grupo
admite dificuldades. Para sensibilizar as autoridades, fala-se
até em greve de fome na ocasião.
O juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável
pelo processo judicial da Varig, está processando
Paulo Ramos por danos morais. “Não estou surpreso
e vamos ter oportunidade de esclarecer isso nas audiências.
Não sei se ele está preocupado com alguma
coisa que alguém vai me dizer”, disse o presidente
da CPI.
A CPI voltará a ter sessão
na próxima semana, quando serão ouvidos depoimentos
de Odilon Junqueira, presidente do Fundo de Pensão
Aerus, e de Ricardo Lodi, procurador da Fazenda Nacional.
“O papel da CPI é apurar como
a venda da Varig foi feita, se o contrato foi cumprido,
o que foi e não foi pago. A TAP [empresa portuguesa
de aviação] entra e sai com o dinheiro que
era do BNDES. Isso está muito obscuro. A venda da
Varig aconteceu com muitos fatores como a criação
da Anac, os apagões aéreos e o domínio
do setor aéreo pela TAM. Existem muitas suspeitas”,
afirmou o vice-presidente da comissão, Graça
Matos.
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