::::: RIO DE JANEIRO - 22 DE JULHO DE 2007 :::::

 

O Estado de São Paulo
22/07/2007
Comandante diz que nunca viu situação igual
Vôo da American teve de voltar a Miami por falta de contato com controle no espaço aéreo brasileiro
Rafael Barion

Duas horas depois de ter saído de Miami, ontem, à 0h30 (horário de Brasília), com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos, o comandante do vôo 995 da American Airlines informou aos seus 245 passageiros que iria fazer meia-volta e reconduzir a aeronave ao seu ponto de partida. A decisão foi tomada depois que o piloto americano tentou fazer contato com os controladores do espaço aéreo brasileiro, mas não obteve nenhuma resposta. “Ele disse aos passageiros que, em 30 anos de profissão, nunca tinha visto algo assim”, disse a psicóloga Fernanda Morandini, de 41 anos, que esperava no aeroporto pela filha Bruna, de 14 anos.

Após desfazer-se do seu combustível e pousar de novo em solo americano, a aeronave (que também levava passageiros do vôo C8103, da TAM) ficou uma hora e meia em Miami até poder decolar novamente - para chegar ao Brasil às 13h21 de ontem, com quase cinco horas de atraso.

Pelo menos mais um vôo que partiu entre a noite de anteontem e a madrugada de ontem dos Estados Unidos com destino a Guarulhos foi afetado pela falha nos geradores de energia do Cindacta-4. O vôo 981 da American (que levava também passageiros do vôo C8163, da TAM) partiu de Dallas, no Texas, e tinha chegada ao Brasil prevista para as 5h40 de ontem. Teve que ser desviado para Santiago. Segundo a companhia, o avião chegaria ao Brasil só às 23h45 de ontem.

No vôo 995, a informação de que a aeronave voltaria a Miami causou apreensão entre alguns passageiros. “Pensei que tinha sido algo sério e que todo mundo iria morrer”, disse a estudante Amália Teixeira, de 15 anos, que estava em um grupo de 40 adolescentes de Ponta Grossa, no Paraná, que tinha ido de férias a Orlando. “Depois que tudo se acalmou, achamos que a gente teria que dormir no aeroporto.” Os passageiros tiveram de ficar no avião enquanto ele ficou em solo, em Miami. Segundo a companhia, quem descesse só teria chance de voltar ao Brasil em três dias.

Mais nervosos ficaram os pais de 11 adolescentes de Ribeirão Preto que também voltavam de Orlando, na primeira viagem ao exterior. Eles haviam chegado em São Paulo na noite de anteontem e se hospedado em hotéis, esperando encontrar os filhos na manhã de ontem.

A informação de que o avião não chegaria no horário veio às 2h30, quando os adolescentes passaram a ligar para os pais, de dentro do avião. Sem saber da pane dos geradores de Manaus - e desconfiados de que o problema pudesse ser mais sério -, vários pais tentaram contato com a Infraero. Quando receberam a informação da estatal de que estava “tudo normal” nos aeroportos brasileiros, ficaram ainda mais preocupados. “Aí pensei: é um problema no avião ou tem terrorista ali”, disse Fernanda. A preocupação só acabou quando o avião pousou nos Estados Unidos - e quando as primeiras notícias sobre os problemas no Cindacta-4 foram divulgadas.

Os adolescentes emocionaram-se ao reencontrar os pais, em Guarulhos. “Quando o vôo chegou em Miami outra vez, não sabíamos quanto tempo demoraria para a gente voltar ao Brasil. Ficamos preocupadas. E também estávamos com saudades”, explica Bruna Morandini, sobre as lágrimas das colegas.

Os passageiros dividiam-se sobre os efeitos do vôo em suas futuras viagens. “Infelizmente tenho que viajar bastante. Estou com medo de voar sim”, disse o diretor de marketing Alexandre Gibim, de 35 anos. O cansaço, porém, era o que mais incomodava os recém-chegados. “Embarquei em Miami depois de uma viagem desde São Francisco”, disse a bióloga Cecília Vergana, de 43 anos, que estava com o marido e os dois filhos pequenos. Ela contou que ficou constrangida com o comentário do comandante sobre a falta de resposta dos operadores. “Deu uma certa vergonha de ser brasileira.”

SALGADO FILHO

Os passageiros que transitaram pelo Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, voltaram a conviver com demoras intermináveis para embarcar e desembarcar. A causa, mais uma vez, foi a neblina. A pista fechou para pousos e decolagens às 6h38, reabriu para decolagens às 7h41, voltou a fechar às 8h40 e só foi totalmente reaberta às 10h55.

Alguns passageiros de um vôo para o Rio que a Gol cancelou ficaram muito irritados e passaram às agressões verbais contra os funcionários. A Gol retirou os atendentes dos guichês por uma hora e 15 minutos, período em que conseguiu vagas em outros vôos para quem perdeu a viagem.

Marcado para sair às 20 horas para o Rio, o vôo JJ 3414 da TAM teve overbooking e atraso. Após anunciar um problema de manutenção técnica no avião, a TAM mudou o horário do vôo várias vezes. Os passageiros embarcaram às 22h57, mas até as 23h30 a aeronave não havia saído do solo. A Assessoria de Imprensa da TAM informou que o avião passou por uma manutenção não programada.

O vôo também teve overbooking. A TAM pediu dois voluntários para ficar e embarcar hoje ao meio-dia. A empresa ofereceu hospedagem, alimentação e R$ 300 em crédito de passagem. O balcão da Anac no aeroporto informou que, devido a reclamações de overbooking no vôo, foi aberto um procedimento para apurar o caso.

 

 

O Estado de São Paulo
22/07/2007
Em vez do Rio, o avião pousou em SP
Vítimas do caos, passageiros ganham um cafezinho de consolo
Fausto Macedo

Solange de Alvoredo Fernandes, advogada, e Solange Góes, farmacêutica, se conheceram ontem no vôo 1502 da Gol. A primeira queria chegar logo à Ipanema, “enfiar um biquíni e pegar um bronzeado daqueles”. A outra ia dar aula. O avião saiu de Congonhas às 7h20, mas, quando se aproximava do Aeroporto Santos Dumont, o piloto comunicou que “forte nevoeiro” não permitia o pouso. Pouco mais de meia hora depois, a aeronave estava chegando a....Congonhas! “Quando o comandante avisou que iríamos retornar a São Paulo foi uma revolta”, diz Solange, a advogada.

Solange, a farmacêutica, chegou a Congonhas na sexta à noite. Seu vôo estava previsto para 20h50, mas foi cancelado. Ela se hospedou em um hotel nas imediações, . “Paguei R$ 95 só para passar a noite e foi do meu bolso, porque a Gol só paga para quem faz conexão.”

Às 10 horas de ontem, as duas Solange receberam como consolo da Gol um tíquete com direito a café no Alvorada, antigo reduto de paulistanos que iam ali apreciar o vaivém das aeronaves. Programa prejudicado pela reforma de ampliação do aeroporto, que acabou com a vista para as pistas. Sem previsão de embarque, as duas aceitaram a cortesia.

Em outra mesa, Rebeca Diniz, cineasta, grávida de Antônia, laptop aberto, tentava entender o que ocorria. Era outra vítima do 1502. Impaciente, teve diálogo ríspido com uma funcionária da Gol:

- Quero saber porque estou aqui até agora -, cobrou.

- Todos os aeroportos estão fechados -, respondeu a moça da Gol.

- Eu vejo aqui (no computador) que não é bem assim, já estão voando para o Rio.

- Não posso falar por outras companhias.

- Então o quadro de informações não serve para nada.

- Não sei o que colocaram no quadro. O vôo 1502 não partiu.

- Eu sei que não partiu porque estou aqui, não estou?

Irritada, Rebeca fechou seu laptop e decretou: “Chega de ser otária, não adianta só indignação”. Foi ao check-in disposta a “fazer um baita escândalo”, mas nem foi preciso, porque lá viu outra passageira, tão irada quanto ela. Era Maria Brito de Miranda, Gretchen para os fãs, toda de preto, outra vítima do vôo fantasma. Exaltada, havia se recusado a deixar o avião, mas os federais foram chamados. “Tomei 20 pontos na barriga”, gritava, mostrando os sinais da abdominoplastia que fez na terça.

Até as 22 horas, os passageiros que iriam embarcar pela Gol precisavam de muita paciência. A fila do check-in da companhia serpenteava até chegar ao saguão de Congonhas, com diversas pessoas revoltadas com a demora.

 

 

Folha de São Paulo
22/07/2007
Caixa com vozes dos pilotos foi achada só ontem

ANDRÉ CARAMANTE
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A caixa com os dados de voz do piloto e do co-piloto do Airbus-A320 da TAM foi achada somente ontem pelos técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão vinculado ao Ministério da Defesa e à FAB (Força Aérea Brasileira) em meio aos destroços da aeronave, em Congonhas.

Até a manhã de ontem, o comando da FAB (Força Aérea Brasileira) e os responsáveis pela investigação sobre as causas do acidente acreditavam que os outros dois equipamentos retirados dos destroços e levados quinta-feira para análises no NTSB (National Transportation Safety Bureau) em Washington, nos Estados Unidos, eram as duas caixas-pretas do avião: uma com os dados do vôo, chamada de FDR, e outra com as vozes, a CVR.
Segundo o comando da FAB, a descoberta de que um dos equipamentos levados aos Estados Unidos não tinha as conversas do comandante Kleyber Lima e do o co-piloto Henrique Stephanini Di Sacco gravadas ocorreu quando as peças já eram analisadas pelos técnicos americanos do NTSB.

O equipamento tratado inicialmente pelos técnicos de investigação do Cenipa como o que tinha as vozes dos dois responsáveis pelo Airbus-A320 da TAM estava muito danificado pelo fogo e pelo impacto sofrido pela aeronave.

O equipamento que continha realmente as vozes do piloto e do co-piloto do Airbus-A320 da TAM seguiu, ainda de acordo com o comando da FAB, para os Estados Unidos na tarde de ontem e deverá começar a ter as transcrições das falas preparadas ainda na tarde de hoje.
Todos os dados das operações realizadas durante todo o período do vôo JJ 3054, de Porto Alegre para São Paulo, na tarde de terça-feira, já começaram a ser analisados pelos técnicos do NTSB. Depois dos dados terem sido retirados integralmente, um simulador de vôo receberá as informações e o vôo JJ 3054 será recriado.

Calor de 60ºC

Alguns pedaços da aeronave ainda eram encontrados ontem pelos bombeiros no prédio da TAM Express. Ontem, cerca de 60 homens trabalhavam no local, que ainda corre risco de desabamento e está muito quente por dentro -cerca de 60ºC, segundo os bombeiros. Um caminhão com um imenso alicate hidráulico, que picota lajes, é usado para abrir caminho.
O prédio que abrigava a TAM Express só poderá ser demolido depois que a Polícia Civil concluir inquérito policial sobre o caso, mas o risco de desabamento ainda é grande.

 

 

Folha de São Paulo
22/07/2007
Técnicos afirmam fazer revisões sob pressão
Funcionários que fazem manutenção dos aviões da TAM dizem que aumento da demanda levou à cobrança por rapidez
Para eles, exigência de velocidade nas avaliações pode facilitar a ocorrência de falhas; Airbus-A320 é revisado em Congonhas

ANDRÉ CARAMANTE DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento na demanda de vôos no Brasil nos últimos anos contribuiu, segundo profissionais que fazem manutenção em aeronaves da TAM em São Paulo ouvidos pela Folha, para que a revisão nas aeronaves, principalmente nos hangares dos aeroportos de Cumbica e Congonhas, fosse feita sempre da maneira mais rápida possível.

Um engenheiro aeronáutico da TAM, que falou sob condição de anonimato, disse que existe uma pressão velada por parte da chefia para que o trabalho de revisão nos aviões seja feito o mais rápido possível.

Segundo ele, as ordens para que isso ocorra não são diretas, mas os funcionários que liberam os equipamentos mais rápido recebem o reconhecimento dos seus superiores. Assim, afirma o engenheiro, alguns detalhes da manutenção podem passar despercebidos.

Em média, ao passar pelo chamado nível de verificação "check A", o mais simples dos quatro níveis de revisão, cem itens têm de ser obrigatoriamente analisados pela equipe de manutenção. O tempo necessário para isso seria, ainda segundo esses profissionais da TAM, de "pelo menos seis horas", mas esse prazo não estaria sendo respeitado por conta do alto número de decolagens.

Quando precisam de verificações mais complexas, por conta de defeitos intermitentes, como se acredita ser o caso do Airbus-A320 que caiu na terça em Congonhas, os aviões da TAM de todos os modelos vão para os hangares do Centro Tecnológico da empresa em São Carlos (231 km de SP).

É lá que ocorrem as manutenções dos níveis "C", quando a aeronave tem de ficar parada por no mínimo cinco dias, e o "D", que pára o avião no hangar por cerca de meio mês.

Uma das frentes de investigação do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão vinculado ao Ministério da Defesa que apura os acidentes aéreos no país, será descobrir se o Airbus-A320 que caiu terça tinha passado por essa manutenção nível "D" nos últimos 15 meses, como a própria equipe de mecânicos da empresa e a francesa Airbus, fabricante da aeronave, recomendam.

 

 

Jornal do Brasil
22/07/2007
Curto em gerador afeta 717 vôos

Uma pane elétrica no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) 4 na madrugada de ontem impediu que Marilda Ura Doná, mãe de Melissa e André, sogra de Márcio e avó de Alanis, 2 anos - mortos no acidente do vôo 3054 da TAM - chegasse a tempo para o enterro da filha, do genro e da neta, em Birigüi, São Paulo. Por falta de comunicação com a torre ao sobrevoar a Amazônia, o avião em que ela estava, vindo do Japão, onde mora, teve de fazer escala inesperada no Chile. A cerimônia foi remarcada para hoje.

A fragilidade do sistema de tráfego aéreo fez com que, por três horas e 15 minutos, os controladores das rotas que passam pela área do Cindacta 4 - toda a região Norte, o Maranhão e parte de Mato Grosso - ficassem sem contato com aeronaves. Alguns aviões abortaram o trajeto e voltaram aos aeroportos de origem, para evitar acidentes.

A Aeronáutica atribui o problema a um curto-circuito durante o conserto de um dos geradores do Cindacta 4. Em nota oficial, a FAB informou que 17 aviões sobrevoavam a área no momento da pane. Oito deles tiveram de desviar a rota.

Ainda na nota, o brigadeiro-do-ar Antonio Carlos Moretti Bermudez afirma que uma equipe do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) foi enviada a Manaus para investigar as causas do apagão, que começou às 23h15 de sexta-feira. O controle só foi retomado normalmente às 2h30 de ontem. A Aeronáutica não descarta a possibilidade de sabotagem.

O novo capítulo da crise da aviação fez mais da metade dos vôos serem cancelados ou atrasarem mais de uma hora e mostrou que acabar com o apagão aéreo que assola o país não é tão simples como prometeu três horas antes, em pronunciamento na TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Controladores do Cindacta 4 afirmam que, pelo celular, evitaram uma colisão no ar.

Segundo a Infraero, estatal que administra os aeroportos, da meia-noite às 18h30 de ontem 573 (44,7%) das 1.282 partidas programadas registraram atraso de mais de uma hora. Outras 144 (11,2%) foram canceladas. O Aeroporto de Belém foi o mais afetado: 92,5% dos vôos estavam atrasados ou haviam sido cancelados no período.

A rota do Cindacta 4 é o principal caminho dos vôos entre o Brasil e as Américas do Norte e Central.

Dois aviões da American Airlines que saíram de Guarulhos, em São Paulo, com destino a Miami durante a madrugada tiveram de fazer pousos não programados no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em Manaus. Um grupo de 30 crianças brasileiras que vinha da Disney teve que voltar a Miami depois de sete horas de vôo.

Segundo controladores, uma colisão em pleno ar foi evitada durante o blecaute. Um avião ABSA Cargo Airline teria entrado no sistema sem contato com os radares e, a partir de Manaus, não trocou de altitude, passando a voar na contramão.

- Só conseguimos fazer contato com a Venezuela para avisar da situação, e eles que tiveram que desviar as outras aeronaves do jato - relatou um controlador, sem se identificar. - Tínhamos apenas dois telefones fixos, que funcionam em casos de emergência. A maioria dos contatos com órgãos de controle em Belém, Manaus e Santarém foi feita pelos nossos celulares.

A Aeronáutica nega.

- Somos treinados para utilizarmos os meios disponíveis. Isso é um procedimento comum. - disse o comandante do Cindacta 4, coronel Eduardo Carcavalo, sobre a utilização do sistema de comunicação High Frequency, de menor alcance, como medida de emergência.

 

 

Jornal do Brasil
22/07/2007

Opinião: Desgoverno e irresponsabilidade
Fritz Utzeri, jornalista

A nova realidade das empresas aéreas, decididas a maximizar o lucro, reduzindo o custo de suas operações, somada à incompetência e falta de comando do setor aéreo, estão tornando o avião perigoso no Brasil. Em apenas 10 meses estamos quebrando nossos recordes de acidentes. Nunca antes neste país tanta gente morreu, se atrasou, perdeu negócios e a paciência ao viajar de avião. Só no primeiro semestre deste ano já ocorreram 42 acidentes com 228 mortes, contra 48 e 215 mortos em todo o ano passado, incluindo o desastre da Gol.

Gol e TAM são os nomes dessas empresas que têm equipes sobrecarregadas de trabalho, usam ao máximo suas frotas e - desconfia-se - levam a sua manutenção ao limite da irresponsabilidade, confiando na modernidade de seus aparelhos. Vários episódios, incidentes, com aviões da TAM, como a recente abertura e queda da porta de um avião em pleno vôo, falam mal da manutenção, do preparo das equipes da empresa e da fiscalização do governo.

A TAM protagonizou dois desastres de grandes proporções nas cabeceiras de Congonhas e pelo jeito, nas duas vezes, o culpado pode ter sido o reverso, um mecanismo que inverte o fluxo da turbina, fazendo que o jato, projetado no sentido contrário ao movimento do avião, acabe por parar após a aterrissagem. No primeiro desastre em 1996, o reverso fechou quando o Focker-100 estava decolando e derrubou o avião, matando 99 pessoas. Agora, segundo revelou a TV Globo, o reverso direito estaria em pane, já acusada pelo computador do avião, o mesmo que no dia anterior ao acidente só conseguira frear quase na cabeceira da pista de Congonhas e, mesmo assim, seguiu voando.

O fato é mais estarrecedor, quando se sabe que o presidente da empresa e o seu diretor técnico garantiram aos jornalistas, na tarde de quarta-feira, que o avião estava em dia com suas manutenções técnicas e não apresentava defeitos. Na quinta-feira, após o furo do JN, os mesmos protagonistas insistiram numa tese no mínimo estranha, admitiram o defeito que inexistia no dia anterior, mas minimizaram a sua importância e garantiram que nos manuais do avião é dito que poderiam consertá-lo "num prazo de 10 dias".

A TAM informa que o reverso não seria necessário para deter o avião ao aterrissar. É possível que esse seja o caso quando o Airbus opera em pistas adequadas, modernas, como as do Charles De Gaulle, em Paris.

Aquele aeroporto tem quatro pistas (estão fazendo a quinta). Há duas menores com 2.700 metros cada e mais duas com 4.300 metros cada.

Se houver um pouso além do local ideal, com defeito nos freios ou ainda sem reverso, a grande distância a ser percorrida permitirá manobras e perda de velocidade por atrito e até uma arremetida.

Além disso, no final dessas pistas não há uma avenida de tráfego intenso com carros, ônibus, caminhões, casas, negócios, armazéns, postos de gasolina, mas grama e cascalho que deterão o avião desgovernado.

Congonhas é um verdadeiro porta-aviões, não admite o menor erro ou falha mecânica. Sua pista principal tem meros 1.940 metros, adequados para pousos e decolagens de brigadeiro, mas preocupante ao menor sinal de anormalidade (chuva, por exemplo). Seria adequado para receber vôos da ponte-aérea, com aviões preparados para pistas curtas, como o Boeing 737, série 800. Mas em lugar disso, transformou-se num hub onde passageiros em trânsito trocam de avião, enquanto o Galeão vive às moscas e começa a cair aos pedaços, tendo duas pistas, uma com 4 mil metros e a outra com 3.180 metros. No mundo inteiro não existe hub tão precário e perigoso como Congonhas. O arranjo atual serve às empresas, mas não aos usuários. Por que não transferir muitos desses vôos de conexão para o Rio?

 

Jornal do Brasil
22/07/2007
Editorial: O marketing do desrespeito

O país inteiro aguardou o pronunciamento do presidente Lula sobre a tragédia do vôo 3054 em Congonhas. Quando este foi exibido, descobriu mais uma vez que havia esperado demais de um líder que tem medo de comandar. A reação tardia, três dias depois do acidente, não foi sublimada por ações que a justificassem. O chá de sumiço foi só a estratégia oportuna para impedir que a revolta nacional fosse, de novo, colada à figura presidencial. Como se isso já não estivesse acontecendo: o novo colapso aéreo de ontem, agora no Cindacta IV, três horas depois do pronunciamento, responde ao presidente e a um país apavorado.

Bem orientado, Lula falou com emoção, tentando tocar o coração dos enlutados pela dor. Foi mais respeitoso que seu assessor direto, flagrado festejando de forma obscena as revelações sobre os defeitos na aeronave que a empresa aérea manteria ocultos se a imprensa não os descobrisse. Menos que as vidas ou cobrar responsabilidade à companhia, falou mais alto a salvação política.

O novo apagão tornou o recado teatral do Planalto ridículo diante das demandas que se propunha resolver e não o faz. Deixou de aplacar o sentimento de indignação alimentado pelas omissões que conduziram a mais uma tragédia e por revelações cujo contorno parece emoldurar a negligência quase criminosa.

Para a população brasileira, o governo simplesmente não agiu. E não age. Lula quis transparecer o sentimento de pesar que não resiste à comparação com as decisões que anunciou. Afinal, para quem vai voar hoje, sejam passageiros ou pilotos, a situação é rigorosamente a mesma que culminou em 188 mortes. Ou até pior, como se viu no grau de risco que envolveu a pane em Manaus. O pesar presidencial faz parte da maquiagem.

A reorganização do tráfego aéreo em Congonhas e em outros pontos saturados deveria ter saído há muito tempo. Mas as empresas sempre dominaram essas discussões. O resultado do veto ainda está fumegante.

O maior desastre aéreo da aviação brasileira equilibrou o contencioso. As empresas perderam, mas nem por isso deixaram de ganhar algo essencial em um setor que trabalha sete dias por semana, 24 horas por dia: tempo. Serão mais dois meses, além de todos os prazos, dias e horas que o presidente já exigira desde o início do apagão aéreo. E no qual a única mudança no céu está nas almas que ali aguardam por uma explicação que não virá tão cedo.

Da mesma forma, anunciar a construção de um novo aeroporto em São Paulo foi outra medida para empurrar a crise de emergência para um tratamento à base de homeopatia. Como governar é contrariar interesses, a melhor forma de evitar isso é dissimular a falta de vontade em meio às brumas vagas dos projetos de longo prazo. Como medida de ação, ante à gravidade da hora, o anúncio do pacote foi o benchmark de um mórbido marketing oportunista. Deu a um governo omisso no assunto um caráter proativo que jamais demonstrou. Os funerais em Porto Alegre tornaram a manobra inócua e expuseram seu caráter desrespeitoso.

O discurso presidencial também foi alvo de fogo amigo. Ver o presidente da inepta Agência Nacional de Aviação Civil sorrindo, ao ser agraciado pelo comandante da Aeronáutica com a medalha do Mérito Santos Dumont, foi como matar novamente as 188 pessoas a bordo do Airbus.

O semblante orgulhoso dos homenageados diante da dor de tantas famílias conspurcou o valor do prêmio e de quem o concede, já que a honraria é pregada no peito de brasileiros que prestam serviços relevantes à aviação. Nesse caso, deve ter sido outorgada pela tenacidade da Anac em bloquear as mudanças em Congonhas que poderiam ter evitado o horror.

 

O Globo
22/07/2007

 

 

Revista VEJA
25/07/2005
Chimpanzés patinadores
Diogo Mainardi


"O que um secretário de Turismo, uma procuradora do estado e um deputado do interior da Bahia podem saber sobre segurança aérea? Eu me sentiria mais seguro se seus cargos na Anac fossem ocupados por chimpanzés patinadores"

Onde está Lula? Lula está de cama. Duzentas pessoas morreram no acidente da TAM. No dia seguinte, Lula preferiu ficar em repouso, de olhos fechados, de barriga para cima, depois de sofrer uma cirurgia cosmética. Sobre os 200 mortos do acidente da TAM, ele se calou. Ele se escondeu. Assim como se calou e se escondeu quando foi vaiado nos Jogos Pan-Americanos. Pode-se argumentar que Lula, o Churchill de Garanhuns, é melhor calado do que falando. Mas é temerário ter um presidente que sempre amarela na hora do aperto.

Ao ser reeleito, em outubro do ano passado, Lula declarou que continuaria a governar para os mais pobres. No setor aéreo, isso se traduziu num descaso criminoso que culminou com os 200 mortos do acidente da TAM, independentemente das falhas do aparelho. O eleitorado de Lula é formado por gente que nunca voou. Quem morre em acidente aéreo é aquela parcela minoritária dos eleitores que sente ojeriza por ele. Na China, Mao Tsé-tung puniu a burguesia obrigando-a a trabalhar em fábricas e em campos de arroz. No Brasil, a luta de classes lulista puniu a burguesia transformando os jatos da Airbus em paus-de-arara.

Os pilotos apelidaram a pista principal do Aeroporto de Congonhas de "Holiday on Ice". Isso significa que os passageiros assumiram o papel de chimpanzés patinadores. A Anac autorizou a reabertura da pista antes que sua reforma fosse concluída. A Anac é o retrato perfeito da pilhagem lulista. Milton Zuanazzi, seu presidente, fez carreira como secretário de Turismo do Rio Grande do Sul. A melhor credencial que ele tem para ocupar o cargo é a carteirinha do PT. Uma das diretoras da Anac, Denise de Abreu, era assessora jurídica de José Dirceu na Casa Civil. Outro diretor da Anac, Leur Lomanto, é ligado a Geddel Vieira Lima e, alguns anos atrás, foi acusado de negociar vantagens para se filiar ao PMDB. O que um secretário de Turismo, uma procuradora do estado e um deputado do interior da Bahia podem saber sobre segurança aérea? Pergunte ao Lula, quando ele decidir sair da cama. Eu me sentiria mais seguro se seus cargos na Anac fossem ocupados por chimpanzés patinadores.

Em abril, sete meses depois do acidente da Gol, enquanto os deputados do PT tentavam abafar a CPI Aérea, Lula se reuniu sorrateiramente com Carlos Wilson num hotel do Recife. Carlos Wilson presidiu a Infraero no primeiro mandato de Lula e é lembrado por ter reformado os aeroportos com os azulejos da Oficina Brennand, de propriedade de sua mulher.

É o modelo de moralidade lulista: sobra dinheiro para os azulejos, mas falta para os radares e o grooving. Outro modelo de moralidade lulista é Luis Fernando Verissimo. Ele disse que prefere ficar calado diante das "mutretas" do lulismo porque teme ser confundido com os reacionários. É o mesmo argumento usado pelos stalinistas para acobertar os crimes do comunismo. Pode roubar, desde que seja para combater o inimigo. Pode matar? Pode, sim. Só uns 200 reacionários de cada vez.

 

 

Site da ACVAR
22/07/2007
Ação de cobrança da complementação da aposentadoria junto à FRB

A advogada responsável pela ação, dra. Dayse, informou nesta sexta-feira (20/07), que deu entrada no primeiro lote. O mesmo será feito, até o dia 30/07, com os demais lotes.

Tão logo o setor de distribuição forneça os números dos processos, a dra. Dayse entrará em contato com cada reclamante, para informar seu número e encaminhar a cópias do contrato e da procuração.

Plantão

Na próxima quinta-feira (26/07), a dra. Dayse fará plantão na sede da ACVAR, das 15h às 16h. Na ocasião, receberá a documentação de outros aposentados interessados na ação, além de prestar todos os esclarecimentos necessários.

A ACVAR fica na Av. Franklin Roosevelt, 84 – Sl. 402 – Castelo – RJ.

 

 

O Dia
20/7/2007 13:12h
Avião com 136 passageiros sofre pane e retorna ao Pará

Um Airbus A320 da TAM, mesmo modelo do acidente no Aeroporto de Congonhas, na terça-feira, que vitimou pelo menos 186 pessoas a bordo, sofreu uma pane na madrugada desta sexta-feira, no Pará. A aeronave teve de retornar ao Aeroporto Internacional de Belém cerca de meia hora após a decolagem. Mais tarde, o vôo foi cancelado. A aeronave levava 136 passageiros.

De acordo com a assessoria de imprensa da companhia aérea, em São Paulo, a aeronave partiu à 0h45 com destino a Manaus. O vôo teria escala na cidade de Santarém, município do oeste paraense, mas retornou à capital à 1h14.

Segundo a companhia aérea, foi necessária uma manutenção preventiva não programada na aeronave, mas o tipo de pane não foi informado.

O avião foi encaminhado para manutenção em um galpão da TAM, localizado no aeroporto de Belém. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), mecânicos da companhia aérea constataram um problema na aeronave e o vôo teve que ser cancelado.

A TAM informou que todos os passageiros foram acomodados em hotéis de Belém e serão recolocados em outros vôos ao longo do dia.

As informações são de Lucy Silva, do Terra

 

 

Informe TGV
Falecimento - M/V Paulo Pacheco

É com grande pesar que comunicamos o falecimento do nosso amigo, M/V Paulo Pacheco.

O mesmo faleceu hoje, 22/07 e o sepultamento será amanhã 23/07 no Jardim da Saudade em Sulacap – RJ às 11:00hs.

A família informa que não haverá velório.

Mais informações com a Ângela, Assistente Social da AMVVAR: Tel: (21) 9254-4124.

A Diretoria da AMVVAR

 

 

ERRATA
Plano de saúde FRB

Alegando equívoco de sua funcionária, a Amil não confirmou informação anterior, prestada ao Serviço Social das Associações, de que seu plano de saúde familiar absorveria a carência do plano da FRB.

Portanto, pedimos aos leitores que desconsiderem a notícia publicada no dia 19/07, neste Clipping.

De toda forma, os usuários que não estão em tratamento médico, nem pretendem se submeter a cirurgias programadas, devem procurar as Associações e informar-se sobre os valores dos planos de saúde oferecidos pelas entidades.

Em diversos casos, a economia compensa a mudança.