::::: RIO DE JANEIRO - 22 DE JANEIRO DE 2008 :::::

 

O Globo
22/01/2008


 

O Estado de São Paulo
22/01/2008
Jobim libera escalas em Congonhas
Ministro também volta atrás na questão da ampliação de Cumbica: terceira pista não será mais construída
Luciana Nunes Leal e Isabel Sobral

Seis meses depois de anunciar medidas emergenciais para reformular o sistema aéreo, sob o impacto do acidente com o Airbus da TAM, que matou 199 pessoas em São Paulo, o governo federal recuou ontem de medidas que apresentou como cruciais para evitar o caos aéreo e garantir a segurança dos passageiros. A partir de 16 de março, o Aeroporto de Congonhas, zona sul da capital, voltará a receber escalas e poderá ser usado pelas empresas para fazer conexões. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou ainda a desistência - por “inviabilidade técnica” - da construção da terceira pista do Aeroporto de Cumbica, Guarulhos, antes apontada como fundamental para reorganizar o chamado “terminal São Paulo”.

Apesar das regras mais flexíveis, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que será mantido o limite máximo de 34 movimentos (pousos e decolagens) por hora. Serão 30 movimentos para a aviação comercial e 4 para aviação geral (táxis aéreos e jatos executivos). Outra mudança é a volta dos vôos charter para Congonhas - mas os pousos e decolagens são serão permitidos nos fins de semana - das 14 horas às 22h45 aos sábados e das 6 às 14 horas aos domingos.

Quanto a Cumbica, no lugar da nova pista será feita a ampliação do pátio para aeronaves. Até julho, 27 posições de estacionamento serão criadas. O objetivo é deixar as duas pistas atuais livres para pousos e decolagens, sem aviões que fazem fila à espera de vagas nos pátios enquanto aguardam autorização para decolar. Os dois terminais de passageiros também passarão por obras de “reconfiguração” para melhorar o atendimento e balcões de check-in.

Com a hipótese de fazer a terceira pista de Guarulhos descartada, Jobim voltou a falar na construção de um terceiro aeroporto em São Paulo. Informou, porém, que a escolha do local e a elaboração do projeto básico só serão sair até julho de 2009.

Em agosto, após tomar posse, Jobim tratava o fim das escalas e conexões em Congonhas como inegociável. “As companhias terão problemas, mas a questão da segurança é uma prioridade. Não está em negociação que Congonhas volte a ser um hub nacional (ponto de distribuição de vôos)”, afirmou. Em outra entrevista, reiterou a posição. “Se permitirmos que as empresas operem saindo de Curitiba para Congonhas e depois de uma hora coloquem o mesmo passageiro para Brasília, é a reconstituição do hub novamente, e é exatamente o que as empresas estão pretendendo e não será aceito.”

Ontem, Jobim negou que tenha havido erro de avaliação e disse que a proibição das conexões e escalas foi necessária para que o governo “retomasse o controle” de Congonhas. “Não errei. Quando cheguei, a matéria já estava decidida. As medidas se justificaram naquele momento, havia caos e desconexão entre a Anac e o Decea”, afirmou, referindo-se à Agência Nacional de Aviação Civil e ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo. “Houve uma espécie de congelamento e recuperamos o controle completo do aeroporto. Passamos a ter condições de redimensionar a operacionalidade do aeroporto.” Jobim lembrou que, no passado, Congonhas chegou a ter mais de 40 movimentos por hora para a aviação comercial.

Outra medida em vigor que perderá a validade é a proibição de vôos de mais de 1.500 quilômetros de distância com origem ou destino em Congonhas. Segundo Jobim, o fator decisivo para que sejam autorizados os vôos que passam por Congonhas será o tamanho e o peso dos aviões, e não a distância. A Anac fixará regras de segurança para os aviões que operarem no aeroporto com a nova malha aérea que será negociada entre empresas e governo a partir de 16 de março.

CRONOGRAMA

A partir de 16/3: Congonhas volta a ter vôos com conexões e escalas e, nos fins de semana, poderá receber vôos fretados. Será mantido o limite de 34 pousos e decolagens por hora - 30 para a aviação civil e 4 para a geral (táxis aéreos e aviões particulares)

A partir de março (sem dia definido): entram em vigor normas que aumentam taxas para permanência dos aviões no pátio de Congonhas. A medida visa a evitar o congestionamento de aviões e diminuir os atrasos nas decolagens

Até julho: será concluída a reforma do estacionamento de aviões em Cumbica, com a ampliação de um pátio e a construção de outros dois, criando 27 vagas. A obra foi a saída encontrada pelo governo para compensar o arquivamento do projeto da 3.ª pista

Será publicado o edital de licitação para a construção do Terminal 3 de Cumbica. Os dois terminais existentes serão reconfigurados, para facilitar o atendimento

Até junho de 2009: será definido o local e o projeto do 3.º aeroporto de São Paulo. A um custo de R$ 40 milhões, o projeto, que havia sido deixado de lado, foi retomado com a desistência do governo de fazer a 3.ª pista de Cumbica

Em 2011: conclusão do Terminal 3 de Cumbica. Com isso, o movimento anual no aeroporto passará de 17 milhões para 29 milhões de pessoas. O número de operações subirá de 45 para 54 por hora

Sem data definida: o início das obras do 3.º aeroporto , que deve demorar até seis anos

O início da construção da segunda pista de Viracopos. O Plano Diretor do aeroporto dá prazo até 2015 para a obra

A entrada em vigor das regras de ressarcimento aos passageiros que tiverem os vôos atrasados ou cancelados. O governo editará uma MP com as normas

 

 

O Estado de São Paulo
22/01/2008
'Governo percebeu que o remédio era forte demais'
Bruno Tavares

A série de anúncios feitos ontem pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, provocou um misto de comemoração e críticas entre especialistas do setor aéreo. Os elogios foram para o fim das restrições de escalas e conexões em Congonhas. “O governo percebeu que o remédio era forte demais e, acertadamente, decidiu rever a dosagem para não matar o paciente”, comparou o coordenador de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins. Na avaliação dele, passageiros e empresas aéreas estavam sendo prejudicados pela proibição. “A essência de um aeroporto é sua conectividade. Se você veta isso, o terminal está morto”, comentou.

O professor de transporte aéreo da Universidade Federal do Rio (UFRJ) Respício do Espírito Santo Júnior tem opinião semelhante, mas pondera que a limitação do número de pousos e decolagens ainda é elevada. “O governo deu uma resposta emocional à crise e ao acidente e, por isso, teve de voltar atrás. As decisões não tinham embasamento técnico”, afirmou.

Respício criticou a decisão de Jobim de não construir a terceira pista de Cumbica. “Não adianta apenas aumentar o terminal de passageiros. É preciso dar capacidade de pista e de pátio”, disse. “Se a Infraero não tem como investir o necessário, está na hora de avaliarmos a entrada da iniciativa privada nesse setor.”

 

 

O Estado de São Paulo
22/01/2008
Viracopos será ampliado para atender à demanda
Após meses de estudos, ministro afirmou que terceira pista de Cumbica não é necessária e só ampliação do pátio para aviões já resolve problema
Luciana Nunes Leal, Isabel Sobral, Tatiana Fávaro e Bruno Tavares

Depois de meses de estudos sobre a construção da terceira pista do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que as duas pistas atuais são suficientes para atender à demanda. “O problema de Guarulhos não são as pistas, mas o pátio para aviões.” Jobim afirmou que a ampliação do Aeroporto de Viracopos, Campinas, será a alternativa para atender ao aumento do número de passageiros nos próximos anos. Não há data, no entanto, para o início das obras da nova pista.

O projeto de ampliação do pátio para aeronaves em Cumbica prevê até julho a criação de 27 posições de estacionamento. Com isso, o número de pousos e decolagens passará de 45 para 54 hora. Outra iniciativa que está mantida, segundo o ministro, é a construção do Terminal 3 do aeroporto, que permitirá aumentar o movimento em 12 milhões de passageiros por ano - de 17 milhões para 29 milhões. A previsão é de concluir o terceiro terminal em 2011.

Quanto a Viracopos, o superintendente regional da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Edgard Brandão Júnior, afirmou que o aeroporto já tem infra-estrutura para receber mais passageiros. Segundo ele, o terminal tem capacidade para absorver até 4 milhões de passageiros por ano, mas só recebeu 995 mil passageiros (25% do total) no ano passado.

O prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT), elogiou a decisão de ampliar o aeroporto e defendeu sua concessão à iniciativa privada. “A ampliação de Viracopos é aguardada há três décadas e meia.” Na sexta-feira, Santos esteve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir urgência nas obras do aeroporto. “Ele (o presidente) me disse que as ações se dariam concomitantemente com obras em Cumbica e Congonhas.”

O prefeito de Guarulhos, Elói Pietá (PT), atribuiu a desistência de União do projeto de construir a terceira pista em Cumbica ao corte de investimentos provocado pelo fim da CPMF. “Para um governo que tem de cortar R$ 40 bilhões, deixar de gastar R$ 1 bilhão com desapropriações e a obra em si já é alguma coisa.”

Se de um lado as expectativas do município foram frustradas, de outro a prefeitura resolveu um impasse que já durava 24 anos. Desde os anos 80, moradores de bairros vizinhos do aeroporto viviam a expectativa de uma eventual desapropriação.

Das cerca de 6 mil famílias que moram nas cercanias de Cumbica, metade não tem o termo de posse dos terrenos. “Era uma incerteza muito grande, ainda mais depois que o Estado assinou um decreto declarando toda aquela área como de utilidade pública”, disse Pietá. Ele confirmou, contudo, a necessidade de remoção das 700 famílias que vivem perto da nova pista de taxiamento do aeroporto.

 

 

O Estado de São Paulo
22/01/2008
TAM faz encomenda de US$ 6,9 bilhões à Airbus
Pedido inclui 22 modelos A350, 4 A330 e 20 A320
Mariana Barbosa

A TAM assinou contrato firme para a compra de 46 aviões da Airbus, pedido que, a preço de lista, está avaliado em US$ 6,9 bilhões. São 22 aeronaves de grande porte A350 XWB, modelos 800 e 900, quatro A330-200 e mais 20 aeronaves da família A320. Trata-se da primeira grande encomenda assinada pelo novo presidente da TAM, David Barioni Neto.

Com o pedido, a TAM dá um sinal bastante claro de que pretende se manter como fiel parceira da fabricante européia. O ex-presidente da TAM, Marco Antonio Bologna, rompeu com a exclusividade ao assinar a compra de oito jatos 777-300 com a Boeing.

Os primeiros quatro 777, com capacidade para 350 lugares, chegam até julho. Na época, a justificativa foi a falta de capacidade da Airbus de entregar jatos de grande porte na mesma velocidade que a Boeing. E a TAM tinha pressa para crescer no mercado internacional e ocupar o espaço da Varig. Além dos 777, fazia parte do acordo com a Boeing um contrato de leasing de dois MD-11, que serão devolvidos com a chegada dos novos jatos.

A TAM foi uma das primeiras clientes da Airbus a encomendar o A350, em junho de 2006. Mas o projeto inicial do avião teve de ser reformulado pela fabricante e a companhia aérea demorou para reconfirmar as encomendas.

Os jatos A350 800 e 900 são um pouco menores que o 777: têm capacidade para 270 e 300 passageiros, respectivamente. Os jatos serão entregues a partir de 2013 e serão usados nas rotas para Europa e Estados Unidos. Podem também ser usados para destinos como Japão e China, com apenas uma escala.

Os quatro novos A330-200 serão entregues a partir de 2010. A empresa, que possui hoje 12 jatos desse modelo em sua frota, tem ainda mais quatro A330 encomendados.

A TAM possui hoje 109 aviões em operação, dos quais 102 são Airbus (15 A319, 70 A320, três A321, 12 A330-200 e dois A340-500). O plano de frota da companhia se mantém inalterado. A TAM prevê encerrar 2008 com 123 aviões e a estimativa para o final de 2010 é de 136 aviões em operação.A TAM é o maior cliente da Airbus no Hemisfério Sul e esse é o primeiro pedido de um A350 para a América Latina. Com o pedido da TAM, as encomendas da Airbus para o equipamento no mundo sobem para 314.

CUSTOS OPERACIONAIS

“As aeronaves Airbus nos ajudaram a construir nosso padrão de excelência no conforto oferecido ao passageiro”, afirmou Barioni em nota divulgada ontem. “E o A350 XWB irá proporcionar o ‘estado de arte’ no conforto ao passageiro, enquanto assegura também os mais baixos custos operacionais e baixas emissões de carbono.”

De acordo com a nota da Airbus, o A350 possui a fuselagem mais larga da categoria, menores custos operacionais e o menor custo por assento das aeronaves desse segmento do mercado. A aeronave foi projetada para enfrentar os desafios dos altos preços dos combustíveis, aumentar as expectativas dos passageiros e das preocupações ambientais.

 

 

Coluna Claudio Humberto
22/01/2008
Que apagão?

O vôo 1633 da Gol, domingo, saiu de Recife atrasado 45 minutos com destino a Salvador. A conexão em Brasília, prevista para as 17h50, saiu às 19h48. O piloto parodiou a ministra Marta Suplicy: "Relaxem e aproveitem".

 

 

Jornal do Brasil
22/01/2008
Aviação - Congonhas reabre para conexões
Fernando Exman BRASÍLIA

Depois de avaliar o impacto das últimas medidas adotadas para reduzir gargalos do Aeroporto de Congonhas (SP) e expandir a infra-estrutura do Aeroporto de Guarulhos (SP), o governo voltou atrás. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou ontem que Congonhas (SP) voltará a operar como hub, ou seja, um centro de distribuição de vôos, e a receber vôos fretados, a partir de 16 de março. A decisão ocorre seis meses depois do maior acidente aéreo ocorrido no país, com 199 mortos. Jobim comunicou ainda que o Aeroporto de Guarulhos (SP) não terá mais uma terceira pista.

Em contrapartida, ele informou que serão executadas obras a fim de otimizar a operação do Aeroporto de Guarulhos. Garantiu também que o Executivo continua a procurar um lugar na Grande São Paulo para construir o terceiro aeroporto da região, "uma solução de longo prazo". Serão desembolsados R$ 40 milhões para a elaboração do projeto e R$ 2 bilhões para a preparação do terreno.

A meta do governo é decidir o local e concluir o projeto até junho do ano que vem. Serão necessários mais de cinco anos para o novo aeroporto entrar em operação. Em relação ao sistema para compensar passageiros por atrasos e cancelamentos de vôos, medidas que seriam anunciadas antes do Natal, o ministro disse que as novas regras serão divulgadas depois do Carnaval.

Constatação

A presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, e sua equipe perceberam durante a operação realizada no fim do ano, contra atrasos e cancelamentos de vôos, que a determinação para que Congonhas deixasse de ter escalas e conexões gerou um reflexo negativo nos saguões e nas áreas de check-in do aeroporto. Os passageiros que só estavam de passagem por Congonhas eram obrigados a buscar suas bagagens e a fazer outro embarque, o que aumentava as filas. Apesar de voltar a ser um hub, o aeroporto continuará tendo 34 movimentos por hora. Antes, o número de pousos e decolagens por hora era 48.

- Quem ganha é o consumidor - comentou o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), José Márcio Monsão Mollo. - As companhias aéreas receberam a notícia com satisfação. As empresas já haviam mostrado que as medidas eram desnecessárias.

O governo notou também que Congonhas ficava ocioso aos sábados entre 14h e 22h45 e aos domingos entre 6h e 14h. Decidiu, portanto, autorizar os vôos fretados nesses períodos. Os vôos charter haviam sido banidos do aeroporto. Além disso, as operações de Congonhas voltarão a ser balizadas pelo peso das aeronaves. Antes, independentemente do número de passageiros ou da carga, os aviões que decolassem ou pousassem naquele aeroporto não poderiam percorrer mais do que 1.500 quilômetros.

- Retomamos o controle do aeroporto. Agora dá para mudar. Estamos flexibilizando as operações sem mexer nos níveis de capacidade do aeroporto. A segurança continua intocável - disse o ministro.

Nova pista descartada

O ministro descartou a construção de uma terceira pista no Aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. De acordo com Jobim, estudos demonstraram que o empreendimento não teria viabilidade técnica e econômica. Se fosse feita na parte norte do aeroporto, a pista custaria R$ 750 milhões. Os aviões que ali operassem teriam a visibilidade prejudicada pela Serra da Cantareira. Caso construída ao Sul, o nivelamento do terreno custaria R$ 2,8 bilhões. O governo também não vê com bons olhos o custo político que seria gerado pela desapropriação de centenas de famílias que invadiram o terreno onde a pista poderia ser construída.

Outra medida estudada era reformar as duas pistas existentes para que elas operassem de forma simultânea. As obras demandariam investimentos de R$ 691 milhões, mas a capacidade do aeroporto não aumentaria nem 10%.

 

 

Valor Econômico
22/01/2008
TAM confirma compra de 46 aviões da Airbus
Roberta Campassi

A companhia aérea TAM confirmou ontem a assinatura de contrato firme para a aquisição de 46 aeronaves da fabricante européia Airbus. O valor do investimento, de acordo com os preços de tabela, é de US$ 6,9 bilhões.

As encomendas incluem 22 aeronaves A350 XWB, nos modelos 800 e 900, que serão utilizadas em rotas internacionais de longo curso. O início das entregas está marcado para 2013. A TAM confirmou também a aquisição de quatro aeronaves A330-200 que serão entregues a partir de 2010 e também serão destinadas para rotas internacionais de longa distância. A compra desses 26 aviões já estava prevista num memorando de entendimento firmado em meados do ano passado pela companhia aérea e pela fabricante.

A TAM também informou que exercerá as opções de compra de mais 20 A320, que se somam aos equipamentos do mesmo modelo encomendadas em 2005 e 2006. Eles serão utilizados nas rotas domésticas e sul-americanas. Não houve alteração no plano de frota da companhia.

Atualmente, a TAM, que é a líder do mercado aéreo brasileiro, opera 109 aviões, sendo 102 deles da marca Airbus. A companhia espera incorporar mais 14 unidades até o fim deste ano e alcançar um total de 123 aeronaves. A meta da empresa é chegar a 2010 com 136 jatos e a 2012 com 147.

No fim de dezembro, a Gol também anunciou a compra de mais 40 aeronaves Boeing 737-800 e confirmou a aquisição de mais 34 opções. Os investimentos da companhia, hoje a vice-líder do mercado, somam US$ 5,84 bilhões conforme os preços de tabela - as companhias costumam ter descontos.

A TAM será a primeira empresa da América Latina a receber os aviões A350, modelo da Airbus que só começa a ser entregue em 2013. Segundo a fabricante, ele terá a maior fuselagem de sua categoria - com capacidade para entre 300 e 400 passageiros, dependendo da configuração - e custos menores por assento. O modelo concorrerá com o 787 Dreamliner da Boeing, cujas primeiras entregas estão previstas para o início de 2009, uma vez que a produção sofreu atrasos.

No mercado aéreo brasileiro, assim como a TAM terá o A350, especula-se que a Gol deverá comprar o 787. O novo modelo da Boeing serviria para substituir os 767 utilizados pela Varig, subsidiária da Gol, em rotas internacionais. Atualmente, a Varig tem dez aviões 767-300.

O grupo Gol/ Varig terá 111 aeronaves até o fim de 2008, segundo o plano de frota. Em 2010, o número salta para 126 e, em 2012, para 143 - quatro a menos do que a frota da TAM.

O aumento da capacidade das duas empresa é considerado agressivo. Por um lado, elas continuam prevendo um crescimento forte da demanda de passageiros aéreos, acima de 8%. Por outro, disputam a liderança do mercado brasileiro. Em dezembro, a TAM controlava 48,6% dos vôos domésticos e a Gol, junto com a Varig, tinha 44,6%. (Colaborou José Sérgio Osse, do Valor Online)

 

 

Folha de São Paulo
22/01/2008
TAM anuncia compra de 46 aviões
DA REPORTAGEM LOCAL

A TAM confirmou ontem a compra de 22 A350 e quatro A330, aviões da fabricante européia Airbus usados em vôos internacionais de longo curso. A companhia aérea informou também a compra de 20 A320, aviões usados em vôos domésticos e na América do Sul. A aquisição desses aviões já estava prevista no plano de frota da empresa.

 

 

Folha de São Paulo
22/01/2008
Governo recua e libera escalas em Congonhas
Após quase seis meses de restrições, aeroporto voltará a atender conexões, fretamentos e vôos charters a partir de 16 de março
Governo também desiste de construir a terceira pista de Cumbica, obra considerada essencial e que deveria ser concluída até 2010

LEILA SUWWAN DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou ontem a retirada da proibição de conexões e escalas em Congonhas a partir de 16 de março, quase seis meses depois de declarar que o aeroporto paulista jamais voltaria a ser um centro de distribuição de vôos ("hub").

"Congonhas não é e não voltará a ser, em hipótese alguma, ponto de distribuição", disse o ministro em 18 de agosto.

Ontem, Jobim disse ainda que Congonhas voltará a atender fretamentos e charters em horários determinados do fim de semana, mas manterá o limite de 30 pousos e decolagens por hora (aviação comercial).

A restrição a Congonhas havia sido anunciada no ano passado como uma resposta às dificuldades operacionais do aeroporto, explicitadas após um Airbus da TAM não conseguir parar na aterrissagem e explodir contra um prédio, matando 199 pessoas em julho de 2007.

Jobim negou que o recuo com relação a Congonhas seja a correção de um erro.

"Naquele momento, a mudança se justificava, havia um caos e uma falta de ligação entre os órgãos. Não é questão de que tenhamos errado, é que reassumimos o controle."

As empresas negam que tenham pressionado o ministério para rever a política sobre Congonhas. "Mas é um avanço no sentido de restabelecer a normalidade", disse José Márcio Monsão Mollo, presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas).

Terceira pista

O governo também desistiu de construir a terceira pista do aeroporto de Cumbica (Guarulhos), obra que era considerada essencial para atender ao crescimento do setor e deveria ser concluída até 2010. Segundo Jobim, as opções analisadas eram "inviáveis" ou não compensavam o alto custo.

Para o ministro, a demanda da aviação comercial em São Paulo será atendida com mudanças na configuração dos terminais de Guarulhos, novos pátios para estacionar aeronaves, pistas rápidas de taxiamento, a construção do terceiro terminal nos próximos dois anos e o uso mais eficiente do aeroporto de Viracopos (Campinas).

Segundo o Snea, as medidas anunciadas por Jobim são uma "solução de momento".

"Mas, infelizmente, a médio prazo, ficamos com a infra-estrutura comprometida. Congonhas e Guarulhos estão no limite de operação", disse Mollo.

O ministro afirmou ontem que o local previsto para a pista teria limitações técnicas, porque ela poderia ter apenas 1.800 metros de comprimento e seria muito próxima da serra da Cantareira. "É incompatível com o perfil das aeronaves daquele aeroporto", disse.

Outra alternativa, a construção da pista dentro da base aérea da FAB, custaria R$ 3 bilhões. "A solução é o terceiro aeroporto de São Paulo", concluiu Jobim. Antes, o ministro defendia a nova pista, não o terceiro aeroporto.

O local do novo aeroporto ainda não está definido, mas existem quatro ou cinco áreas "sob estudo". A desapropriação do terreno foi estimada em R$ 2 bilhões e o projeto da obra sairá em julho de 2009, a um custo de R$ 40 milhões.

Até julho, Jobim planeja aumentar em 27 espaços as vagas para aviões estacionados em Guarulhos. Hoje são 66. "O problema em Guarulhos não era pistas, era pátio", disse.

O terceiro terminal, previsto no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), deve ter o edital publicado em breve.

A obra deve durar dois anos e aumentará a capacidade de passageiros de 17 milhões para 29 milhões.

 

 

Folha de São Paulo
22/01/2008
Após 6 meses, Jobim sofre desgaste
Além de promessas acumuladas e medidas atrasadas na aviação, ministro não evitou cortes no orçamento
Do tamanho das poltronas a um novo aeroporto, grande parte dos anúncios não teve encaminhamento, e outros tiveram de ser reajustados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há seis meses à frente do Ministério da Defesa, Nelson Jobim, 61, enfrenta seu pior momento no cargo. Além do desgaste de promessas acumuladas e medidas atrasadas na aviação, não conseguiu evitar a mira dos cortes orçamentários a caminho, saga conhecida de seus cinco antecessores civis.

Ontem, depois de passar semanas escondido da imprensa -algo inédito para o ministro que fez fama com a farda camuflada na Amazônia- teve de negar qualquer intenção de deixar o governo por desprestígio.

Também rejeitou que seus recuos sejam reflexos de erros de avaliação, mas, na prática, pouco do que Jobim anunciou para a aviação aconteceu, durou ou teve grande efeito (veja quadro nesta página).

E, para amenizar o impacto da tesoura, floreou o discurso. O prometido reajuste salarial dos militares sairá, mudam apenas as "condições". E o reaparelhamento das Forças passará por "ajustes setoriais".

O constrangimento é justificado: um orçamento robusto para 2008 foi condição de Jobim para aceitar o cargo, e Lula concordou. Com carta branca, o ministro tomou posse em 25 de julho com o lema "aja ou saia" e foi condizente, pelo menos na retórica.

Em poucas semanas anunciou soluções e medidas para a já minguante crise da aviação. Para seus críticos na aviação e em setores militares, não passaram de marketing ou miopia.
Os mais simpáticos defendem medidas de impacto, que podem depois se ajustar em nome do interesse público.
Desde o tamanho das poltronas até um novo aeroporto em São Paulo, grande parte dos anúncios não teve encaminhamento. Outros tiveram de ser rapidamente ajustados para não atrapalhar ainda mais, como a implantação das áreas de escape em Congonhas.

Maestro da aviação

Jobim pressionou pela renúncia de toda diretoria da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que já estava bombardeada por acusações de ineficiência e até fraude processual. Mas demorou meses para encontrar novos diretores, o que levou à quase paralisação do órgão no segundo semestre de 2007, sem impacto ainda comensurável em sua melhora.

Na Infraero, onde Jobim colocou Sérgio Gaudenzi, a estratégia de pressionar as empresas aéreas se repetiu. Em vez de divulgar índices de atrasos por aeroporto, os dados agora são agrupados por companhia, tirando o foco das questões de infra-estrutura e enterrando investigações de superfaturamentos em aeroportos.

Na FAB, começam a surgir dúvidas sobre a concretização de investimentos também necessários para ampliar a capacidade do sistema de controle aéreo, um problema também quase esquecido depois da "solução" militar do ano passado.

Mas, se um certo "choque de gestão" era preciso para arrumar a aviação civil, há dúvidas sobre a turbulência que pode vir com mudanças nos planos de construção de pistas, pátios, terminais e aeroportos, essenciais para acomodar o crescimento de dois dígitos da aviação no país.
(LEILA SUWWAN)