O
Globo
22/01/2008
O
Estado de São Paulo
22/01/2008
Jobim libera escalas em Congonhas
Ministro também volta
atrás na questão da ampliação
de Cumbica: terceira pista não será mais
construída
Luciana Nunes Leal e Isabel Sobral
Seis
meses depois de anunciar medidas emergenciais para reformular
o sistema aéreo, sob o impacto do acidente com
o Airbus da TAM, que matou 199 pessoas em São
Paulo, o governo federal recuou ontem de medidas que
apresentou como cruciais para evitar o caos aéreo
e garantir a segurança dos passageiros. A partir
de 16 de março, o Aeroporto de Congonhas, zona
sul da capital, voltará a receber escalas e poderá
ser usado pelas empresas para fazer conexões.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou ainda a
desistência - por “inviabilidade técnica”
- da construção da terceira pista do Aeroporto
de Cumbica, Guarulhos, antes apontada como fundamental
para reorganizar o chamado “terminal São
Paulo”.
Apesar
das regras mais flexíveis, o ministro da Defesa,
Nelson Jobim, disse que será mantido o limite
máximo de 34 movimentos (pousos e decolagens)
por hora. Serão 30 movimentos para a aviação
comercial e 4 para aviação geral (táxis
aéreos e jatos executivos). Outra mudança
é a volta dos vôos charter para Congonhas
- mas os pousos e decolagens são serão
permitidos nos fins de semana - das 14 horas às
22h45 aos sábados e das 6 às 14 horas
aos domingos.
Quanto
a Cumbica, no lugar da nova pista será feita
a ampliação do pátio para aeronaves.
Até julho, 27 posições de estacionamento
serão criadas. O objetivo é deixar as
duas pistas atuais livres para pousos e decolagens,
sem aviões que fazem fila à espera de
vagas nos pátios enquanto aguardam autorização
para decolar. Os dois terminais de passageiros também
passarão por obras de “reconfiguração”
para melhorar o atendimento e balcões de check-in.
Com
a hipótese de fazer a terceira pista de Guarulhos
descartada, Jobim voltou a falar na construção
de um terceiro aeroporto em São Paulo. Informou,
porém, que a escolha do local e a elaboração
do projeto básico só serão sair
até julho de 2009.
Em
agosto, após tomar posse, Jobim tratava o fim
das escalas e conexões em Congonhas como inegociável.
“As companhias terão problemas, mas a questão
da segurança é uma prioridade. Não
está em negociação que Congonhas
volte a ser um hub nacional (ponto de distribuição
de vôos)”, afirmou. Em outra entrevista,
reiterou a posição. “Se permitirmos
que as empresas operem saindo de Curitiba para Congonhas
e depois de uma hora coloquem o mesmo passageiro para
Brasília, é a reconstituição
do hub novamente, e é exatamente o que as empresas
estão pretendendo e não será aceito.”
Ontem,
Jobim negou que tenha havido erro de avaliação
e disse que a proibição das conexões
e escalas foi necessária para que o governo “retomasse
o controle” de Congonhas. “Não errei.
Quando cheguei, a matéria já estava decidida.
As medidas se justificaram naquele momento, havia caos
e desconexão entre a Anac e o Decea”, afirmou,
referindo-se à Agência Nacional de Aviação
Civil e ao Departamento de Controle do Espaço
Aéreo. “Houve uma espécie de congelamento
e recuperamos o controle completo do aeroporto. Passamos
a ter condições de redimensionar a operacionalidade
do aeroporto.” Jobim lembrou que, no passado,
Congonhas chegou a ter mais de 40 movimentos por hora
para a aviação comercial.
Outra
medida em vigor que perderá a validade é
a proibição de vôos de mais de 1.500
quilômetros de distância com origem ou destino
em Congonhas. Segundo Jobim, o fator decisivo para que
sejam autorizados os vôos que passam por Congonhas
será o tamanho e o peso dos aviões, e
não a distância. A Anac fixará regras
de segurança para os aviões que operarem
no aeroporto com a nova malha aérea que será
negociada entre empresas e governo a partir de 16 de
março.
CRONOGRAMA
A
partir de 16/3: Congonhas volta a ter vôos com
conexões e escalas e, nos fins de semana, poderá
receber vôos fretados. Será mantido o limite
de 34 pousos e decolagens por hora - 30 para a aviação
civil e 4 para a geral (táxis aéreos e
aviões particulares)
A
partir de março (sem dia definido): entram em
vigor normas que aumentam taxas para permanência
dos aviões no pátio de Congonhas. A medida
visa a evitar o congestionamento de aviões e
diminuir os atrasos nas decolagens
Até
julho: será concluída a reforma do estacionamento
de aviões em Cumbica, com a ampliação
de um pátio e a construção de outros
dois, criando 27 vagas. A obra foi a saída encontrada
pelo governo para compensar o arquivamento do projeto
da 3.ª pista
Será
publicado o edital de licitação para a
construção do Terminal 3 de Cumbica. Os
dois terminais existentes serão reconfigurados,
para facilitar o atendimento
Até
junho de 2009: será definido o local e o projeto
do 3.º aeroporto de São Paulo. A um custo
de R$ 40 milhões, o projeto, que havia sido deixado
de lado, foi retomado com a desistência do governo
de fazer a 3.ª pista de Cumbica
Em
2011: conclusão do Terminal 3 de Cumbica. Com
isso, o movimento anual no aeroporto passará
de 17 milhões para 29 milhões de pessoas.
O número de operações subirá
de 45 para 54 por hora
Sem
data definida: o início das obras do 3.º
aeroporto , que deve demorar até seis anos
O
início da construção da segunda
pista de Viracopos. O Plano Diretor do aeroporto dá
prazo até 2015 para a obra
A
entrada em vigor das regras de ressarcimento aos passageiros
que tiverem os vôos atrasados ou cancelados. O
governo editará uma MP com as normas
O
Estado de São Paulo
22/01/2008
'Governo percebeu que o remédio
era forte demais'
Bruno Tavares
A
série de anúncios feitos ontem pelo ministro
da Defesa, Nelson Jobim, provocou um misto de comemoração
e críticas entre especialistas do setor aéreo.
Os elogios foram para o fim das restrições
de escalas e conexões em Congonhas. “O
governo percebeu que o remédio era forte demais
e, acertadamente, decidiu rever a dosagem para não
matar o paciente”, comparou o coordenador de Segurança
de Vôo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias
(Snea), Ronaldo Jenkins. Na avaliação
dele, passageiros e empresas aéreas estavam sendo
prejudicados pela proibição. “A
essência de um aeroporto é sua conectividade.
Se você veta isso, o terminal está morto”,
comentou.
O
professor de transporte aéreo da Universidade
Federal do Rio (UFRJ) Respício do Espírito
Santo Júnior tem opinião semelhante, mas
pondera que a limitação do número
de pousos e decolagens ainda é elevada. “O
governo deu uma resposta emocional à crise e
ao acidente e, por isso, teve de voltar atrás.
As decisões não tinham embasamento técnico”,
afirmou.
Respício
criticou a decisão de Jobim de não construir
a terceira pista de Cumbica. “Não adianta
apenas aumentar o terminal de passageiros. É
preciso dar capacidade de pista e de pátio”,
disse. “Se a Infraero não tem como investir
o necessário, está na hora de avaliarmos
a entrada da iniciativa privada nesse setor.”
O
Estado de São Paulo
22/01/2008
Viracopos será ampliado
para atender à demanda
Após meses de estudos,
ministro afirmou que terceira pista de Cumbica não
é necessária e só ampliação
do pátio para aviões já resolve
problema
Luciana Nunes Leal, Isabel Sobral, Tatiana
Fávaro e Bruno Tavares
Depois
de meses de estudos sobre a construção
da terceira pista do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos,
o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que
as duas pistas atuais são suficientes para atender
à demanda. “O problema de Guarulhos não
são as pistas, mas o pátio para aviões.”
Jobim afirmou que a ampliação do Aeroporto
de Viracopos, Campinas, será a alternativa para
atender ao aumento do número de passageiros nos
próximos anos. Não há data, no
entanto, para o início das obras da nova pista.
O
projeto de ampliação do pátio para
aeronaves em Cumbica prevê até julho a
criação de 27 posições de
estacionamento. Com isso, o número de pousos
e decolagens passará de 45 para 54 hora. Outra
iniciativa que está mantida, segundo o ministro,
é a construção do Terminal 3 do
aeroporto, que permitirá aumentar o movimento
em 12 milhões de passageiros por ano - de 17
milhões para 29 milhões. A previsão
é de concluir o terceiro terminal em 2011.
Quanto
a Viracopos, o superintendente regional da Empresa Brasileira
de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero),
Edgard Brandão Júnior, afirmou que o aeroporto
já tem infra-estrutura para receber mais passageiros.
Segundo ele, o terminal tem capacidade para absorver
até 4 milhões de passageiros por ano,
mas só recebeu 995 mil passageiros (25% do total)
no ano passado.
O
prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos
(PDT), elogiou a decisão de ampliar o aeroporto
e defendeu sua concessão à iniciativa
privada. “A ampliação de Viracopos
é aguardada há três décadas
e meia.” Na sexta-feira, Santos esteve com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para pedir urgência
nas obras do aeroporto. “Ele (o presidente) me
disse que as ações se dariam concomitantemente
com obras em Cumbica e Congonhas.”
O
prefeito de Guarulhos, Elói Pietá (PT),
atribuiu a desistência de União do projeto
de construir a terceira pista em Cumbica ao corte de
investimentos provocado pelo fim da CPMF. “Para
um governo que tem de cortar R$ 40 bilhões, deixar
de gastar R$ 1 bilhão com desapropriações
e a obra em si já é alguma coisa.”
Se
de um lado as expectativas do município foram
frustradas, de outro a prefeitura resolveu um impasse
que já durava 24 anos. Desde os anos 80, moradores
de bairros vizinhos do aeroporto viviam a expectativa
de uma eventual desapropriação.
Das
cerca de 6 mil famílias que moram nas cercanias
de Cumbica, metade não tem o termo de posse dos
terrenos. “Era uma incerteza muito grande, ainda
mais depois que o Estado assinou um decreto declarando
toda aquela área como de utilidade pública”,
disse Pietá. Ele confirmou, contudo, a necessidade
de remoção das 700 famílias que
vivem perto da nova pista de taxiamento do aeroporto.
O
Estado de São Paulo
22/01/2008
TAM faz encomenda de US$ 6,9 bilhões
à Airbus
Pedido inclui 22 modelos A350,
4 A330 e 20 A320
Mariana Barbosa
A
TAM assinou contrato firme para a compra de 46 aviões
da Airbus, pedido que, a preço de lista, está
avaliado em US$ 6,9 bilhões. São 22 aeronaves
de grande porte A350 XWB, modelos 800 e 900, quatro
A330-200 e mais 20 aeronaves da família A320.
Trata-se da primeira grande encomenda assinada pelo
novo presidente da TAM, David Barioni Neto.
Com
o pedido, a TAM dá um sinal bastante claro de
que pretende se manter como fiel parceira da fabricante
européia. O ex-presidente da TAM, Marco Antonio
Bologna, rompeu com a exclusividade ao assinar a compra
de oito jatos 777-300 com a Boeing.
Os
primeiros quatro 777, com capacidade para 350 lugares,
chegam até julho. Na época, a justificativa
foi a falta de capacidade da Airbus de entregar jatos
de grande porte na mesma velocidade que a Boeing. E
a TAM tinha pressa para crescer no mercado internacional
e ocupar o espaço da Varig. Além dos 777,
fazia parte do acordo com a Boeing um contrato de leasing
de dois MD-11, que serão devolvidos com a chegada
dos novos jatos.
A
TAM foi uma das primeiras clientes da Airbus a encomendar
o A350, em junho de 2006. Mas o projeto inicial do avião
teve de ser reformulado pela fabricante e a companhia
aérea demorou para reconfirmar as encomendas.
Os
jatos A350 800 e 900 são um pouco menores que
o 777: têm capacidade para 270 e 300 passageiros,
respectivamente. Os jatos serão entregues a partir
de 2013 e serão usados nas rotas para Europa
e Estados Unidos. Podem também ser usados para
destinos como Japão e China, com apenas uma escala.
Os
quatro novos A330-200 serão entregues a partir
de 2010. A empresa, que possui hoje 12 jatos desse modelo
em sua frota, tem ainda mais quatro A330 encomendados.
A
TAM possui hoje 109 aviões em operação,
dos quais 102 são Airbus (15 A319, 70 A320, três
A321, 12 A330-200 e dois A340-500). O plano de frota
da companhia se mantém inalterado. A TAM prevê
encerrar 2008 com 123 aviões e a estimativa para
o final de 2010 é de 136 aviões em operação.A
TAM é o maior cliente da Airbus no Hemisfério
Sul e esse é o primeiro pedido de um A350 para
a América Latina. Com o pedido da TAM, as encomendas
da Airbus para o equipamento no mundo sobem para 314.
CUSTOS
OPERACIONAIS
“As
aeronaves Airbus nos ajudaram a construir nosso padrão
de excelência no conforto oferecido ao passageiro”,
afirmou Barioni em nota divulgada ontem. “E o
A350 XWB irá proporcionar o ‘estado de
arte’ no conforto ao passageiro, enquanto assegura
também os mais baixos custos operacionais e baixas
emissões de carbono.”
De
acordo com a nota da Airbus, o A350 possui a fuselagem
mais larga da categoria, menores custos operacionais
e o menor custo por assento das aeronaves desse segmento
do mercado. A aeronave foi projetada para enfrentar
os desafios dos altos preços dos combustíveis,
aumentar as expectativas dos passageiros e das preocupações
ambientais.
Coluna
Claudio Humberto
22/01/2008
Que apagão?
O vôo 1633 da Gol, domingo, saiu de Recife atrasado
45 minutos com destino a Salvador. A conexão
em Brasília, prevista para as 17h50, saiu às
19h48. O piloto parodiou a ministra Marta Suplicy: "Relaxem
e aproveitem".
Jornal
do Brasil
22/01/2008
Aviação - Congonhas reabre para conexões
Fernando Exman BRASÍLIA
Depois de avaliar o impacto das últimas medidas
adotadas para reduzir gargalos do Aeroporto de Congonhas
(SP) e expandir a infra-estrutura do Aeroporto de Guarulhos
(SP), o governo voltou atrás. O ministro da Defesa,
Nelson Jobim, anunciou ontem que Congonhas (SP) voltará
a operar como hub, ou seja, um centro de distribuição
de vôos, e a receber vôos fretados, a partir
de 16 de março. A decisão ocorre seis
meses depois do maior acidente aéreo ocorrido
no país, com 199 mortos. Jobim comunicou ainda
que o Aeroporto de Guarulhos (SP) não terá
mais uma terceira pista.
Em
contrapartida, ele informou que serão executadas
obras a fim de otimizar a operação do
Aeroporto de Guarulhos. Garantiu também que o
Executivo continua a procurar um lugar na Grande São
Paulo para construir o terceiro aeroporto da região,
"uma solução de longo prazo".
Serão desembolsados R$ 40 milhões para
a elaboração do projeto e R$ 2 bilhões
para a preparação do terreno.
A
meta do governo é decidir o local e concluir
o projeto até junho do ano que vem. Serão
necessários mais de cinco anos para o novo aeroporto
entrar em operação. Em relação
ao sistema para compensar passageiros por atrasos e
cancelamentos de vôos, medidas que seriam anunciadas
antes do Natal, o ministro disse que as novas regras
serão divulgadas depois do Carnaval.
Constatação
A
presidente da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), Solange Vieira, e sua equipe perceberam
durante a operação realizada no fim do
ano, contra atrasos e cancelamentos de vôos, que
a determinação para que Congonhas deixasse
de ter escalas e conexões gerou um reflexo negativo
nos saguões e nas áreas de check-in do
aeroporto. Os passageiros que só estavam de passagem
por Congonhas eram obrigados a buscar suas bagagens
e a fazer outro embarque, o que aumentava as filas.
Apesar de voltar a ser um hub, o aeroporto continuará
tendo 34 movimentos por hora. Antes, o número
de pousos e decolagens por hora era 48.
-
Quem ganha é o consumidor - comentou o presidente
do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias
(Snea), José Márcio Monsão Mollo.
- As companhias aéreas receberam a notícia
com satisfação. As empresas já
haviam mostrado que as medidas eram desnecessárias.
O
governo notou também que Congonhas ficava ocioso
aos sábados entre 14h e 22h45 e aos domingos
entre 6h e 14h. Decidiu, portanto, autorizar os vôos
fretados nesses períodos. Os vôos charter
haviam sido banidos do aeroporto. Além disso,
as operações de Congonhas voltarão
a ser balizadas pelo peso das aeronaves. Antes, independentemente
do número de passageiros ou da carga, os aviões
que decolassem ou pousassem naquele aeroporto não
poderiam percorrer mais do que 1.500 quilômetros.
-
Retomamos o controle do aeroporto. Agora dá para
mudar. Estamos flexibilizando as operações
sem mexer nos níveis de capacidade do aeroporto.
A segurança continua intocável - disse
o ministro.
Nova
pista descartada
O
ministro descartou a construção de uma
terceira pista no Aeroporto de Guarulhos, na região
metropolitana de São Paulo. De acordo com Jobim,
estudos demonstraram que o empreendimento não
teria viabilidade técnica e econômica.
Se fosse feita na parte norte do aeroporto, a pista
custaria R$ 750 milhões. Os aviões que
ali operassem teriam a visibilidade prejudicada pela
Serra da Cantareira. Caso construída ao Sul,
o nivelamento do terreno custaria R$ 2,8 bilhões.
O governo também não vê com bons
olhos o custo político que seria gerado pela
desapropriação de centenas de famílias
que invadiram o terreno onde a pista poderia ser construída.
Outra
medida estudada era reformar as duas pistas existentes
para que elas operassem de forma simultânea. As
obras demandariam investimentos de R$ 691 milhões,
mas a capacidade do aeroporto não aumentaria
nem 10%.
Valor
Econômico
22/01/2008
TAM confirma compra de 46 aviões
da Airbus
Roberta Campassi
A companhia aérea TAM confirmou ontem a assinatura
de contrato firme para a aquisição de
46 aeronaves da fabricante européia Airbus. O
valor do investimento, de acordo com os preços
de tabela, é de US$ 6,9 bilhões.
As encomendas incluem 22 aeronaves A350 XWB, nos modelos
800 e 900, que serão utilizadas em rotas internacionais
de longo curso. O início das entregas está
marcado para 2013. A TAM confirmou também a aquisição
de quatro aeronaves A330-200 que serão entregues
a partir de 2010 e também serão destinadas
para rotas internacionais de longa distância.
A compra desses 26 aviões já estava prevista
num memorando de entendimento firmado em meados do ano
passado pela companhia aérea e pela fabricante.
A TAM também informou que exercerá as
opções de compra de mais 20 A320, que
se somam aos equipamentos do mesmo modelo encomendadas
em 2005 e 2006. Eles serão utilizados nas rotas
domésticas e sul-americanas. Não houve
alteração no plano de frota da companhia.
Atualmente, a TAM, que é a líder do mercado
aéreo brasileiro, opera 109 aviões, sendo
102 deles da marca Airbus. A companhia espera incorporar
mais 14 unidades até o fim deste ano e alcançar
um total de 123 aeronaves. A meta da empresa é
chegar a 2010 com 136 jatos e a 2012 com 147.
No fim de dezembro, a Gol também anunciou a compra
de mais 40 aeronaves Boeing 737-800 e confirmou a aquisição
de mais 34 opções. Os investimentos da
companhia, hoje a vice-líder do mercado, somam
US$ 5,84 bilhões conforme os preços de
tabela - as companhias costumam ter descontos.
A TAM será a primeira empresa da América
Latina a receber os aviões A350, modelo da Airbus
que só começa a ser entregue em 2013.
Segundo a fabricante, ele terá a maior fuselagem
de sua categoria - com capacidade para entre 300 e 400
passageiros, dependendo da configuração
- e custos menores por assento. O modelo concorrerá
com o 787 Dreamliner da Boeing, cujas primeiras entregas
estão previstas para o início de 2009,
uma vez que a produção sofreu atrasos.
No mercado aéreo brasileiro, assim como a TAM
terá o A350, especula-se que a Gol deverá
comprar o 787. O novo modelo da Boeing serviria para
substituir os 767 utilizados pela Varig, subsidiária
da Gol, em rotas internacionais. Atualmente, a Varig
tem dez aviões 767-300.
O grupo Gol/ Varig terá 111 aeronaves até
o fim de 2008, segundo o plano de frota. Em 2010, o
número salta para 126 e, em 2012, para 143 -
quatro a menos do que a frota da TAM.
O aumento da capacidade das duas empresa é considerado
agressivo. Por um lado, elas continuam prevendo um crescimento
forte da demanda de passageiros aéreos, acima
de 8%. Por outro, disputam a liderança do mercado
brasileiro. Em dezembro, a TAM controlava 48,6% dos
vôos domésticos e a Gol, junto com a Varig,
tinha 44,6%. (Colaborou José Sérgio Osse,
do Valor Online)
Folha
de São Paulo
22/01/2008
TAM anuncia compra de 46 aviões
DA REPORTAGEM LOCAL
A
TAM confirmou ontem a compra de 22 A350 e quatro A330,
aviões da fabricante européia Airbus usados
em vôos internacionais de longo curso. A companhia
aérea informou também a compra de 20 A320,
aviões usados em vôos domésticos
e na América do Sul. A aquisição
desses aviões já estava prevista no plano
de frota da empresa.
Folha
de São Paulo
22/01/2008
Governo recua e libera escalas
em Congonhas
Após quase seis meses
de restrições, aeroporto voltará
a atender conexões, fretamentos e vôos
charters a partir de 16 de março
Governo também desiste de construir a terceira
pista de Cumbica, obra considerada essencial e que deveria
ser concluída até 2010
LEILA SUWWAN DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O
ministro Nelson Jobim (Defesa) anunciou ontem a retirada
da proibição de conexões e escalas
em Congonhas a partir de 16 de março, quase seis
meses depois de declarar que o aeroporto paulista jamais
voltaria a ser um centro de distribuição
de vôos ("hub").
"Congonhas não é e não voltará
a ser, em hipótese alguma, ponto de distribuição",
disse o ministro em 18 de agosto.
Ontem, Jobim disse ainda que Congonhas voltará
a atender fretamentos e charters em horários
determinados do fim de semana, mas manterá o
limite de 30 pousos e decolagens por hora (aviação
comercial).
A restrição a Congonhas havia sido anunciada
no ano passado como uma resposta às dificuldades
operacionais do aeroporto, explicitadas após
um Airbus da TAM não conseguir parar na aterrissagem
e explodir contra um prédio, matando 199 pessoas
em julho de 2007.
Jobim negou que o recuo com relação a
Congonhas seja a correção de um erro.
"Naquele momento, a mudança se justificava,
havia um caos e uma falta de ligação entre
os órgãos. Não é questão
de que tenhamos errado, é que reassumimos o controle."
As empresas negam que tenham pressionado o ministério
para rever a política sobre Congonhas. "Mas
é um avanço no sentido de restabelecer
a normalidade", disse José Márcio
Monsão Mollo, presidente do Snea (Sindicato Nacional
das Empresas Aéreas).
Terceira
pista
O governo também desistiu de construir a terceira
pista do aeroporto de Cumbica (Guarulhos), obra que
era considerada essencial para atender ao crescimento
do setor e deveria ser concluída até 2010.
Segundo Jobim, as opções analisadas eram
"inviáveis" ou não compensavam
o alto custo.
Para o ministro, a demanda da aviação
comercial em São Paulo será atendida com
mudanças na configuração dos terminais
de Guarulhos, novos pátios para estacionar aeronaves,
pistas rápidas de taxiamento, a construção
do terceiro terminal nos próximos dois anos e
o uso mais eficiente do aeroporto de Viracopos (Campinas).
Segundo o Snea, as medidas anunciadas por Jobim são
uma "solução de momento".
"Mas, infelizmente, a médio prazo, ficamos
com a infra-estrutura comprometida. Congonhas e Guarulhos
estão no limite de operação",
disse Mollo.
O ministro afirmou ontem que o local previsto para a
pista teria limitações técnicas,
porque ela poderia ter apenas 1.800 metros de comprimento
e seria muito próxima da serra da Cantareira.
"É incompatível com o perfil das
aeronaves daquele aeroporto", disse.
Outra alternativa, a construção da pista
dentro da base aérea da FAB, custaria R$ 3 bilhões.
"A solução é o terceiro aeroporto
de São Paulo", concluiu Jobim. Antes, o
ministro defendia a nova pista, não o terceiro
aeroporto.
O local do novo aeroporto ainda não está
definido, mas existem quatro ou cinco áreas "sob
estudo". A desapropriação do terreno
foi estimada em R$ 2 bilhões e o projeto da obra
sairá em julho de 2009, a um custo de R$ 40 milhões.
Até julho, Jobim planeja aumentar em 27 espaços
as vagas para aviões estacionados em Guarulhos.
Hoje são 66. "O problema em Guarulhos não
era pistas, era pátio", disse.
O terceiro terminal, previsto no PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), deve ter o edital publicado em breve.
A obra deve durar dois anos e aumentará a capacidade
de passageiros de 17 milhões para 29 milhões.
Folha
de São Paulo
22/01/2008
Após 6 meses, Jobim sofre
desgaste
Além de promessas acumuladas
e medidas atrasadas na aviação, ministro
não evitou cortes no orçamento
Do tamanho das poltronas a um novo aeroporto, grande
parte dos anúncios não teve encaminhamento,
e outros tiveram de ser reajustados
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há
seis meses à frente do Ministério da Defesa,
Nelson Jobim, 61, enfrenta seu pior momento no cargo.
Além do desgaste de promessas acumuladas e medidas
atrasadas na aviação, não conseguiu
evitar a mira dos cortes orçamentários
a caminho, saga conhecida de seus cinco antecessores
civis.
Ontem, depois de passar semanas escondido da imprensa
-algo inédito para o ministro que fez fama com
a farda camuflada na Amazônia- teve de negar qualquer
intenção de deixar o governo por desprestígio.
Também rejeitou que seus recuos sejam reflexos
de erros de avaliação, mas, na prática,
pouco do que Jobim anunciou para a aviação
aconteceu, durou ou teve grande efeito (veja quadro
nesta página).
E, para amenizar o impacto da tesoura, floreou o discurso.
O prometido reajuste salarial dos militares sairá,
mudam apenas as "condições".
E o reaparelhamento das Forças passará
por "ajustes setoriais".
O constrangimento é justificado: um orçamento
robusto para 2008 foi condição de Jobim
para aceitar o cargo, e Lula concordou. Com carta branca,
o ministro tomou posse em 25 de julho com o lema "aja
ou saia" e foi condizente, pelo menos na retórica.
Em poucas semanas anunciou soluções e
medidas para a já minguante crise da aviação.
Para seus críticos na aviação e
em setores militares, não passaram de marketing
ou miopia.
Os mais simpáticos defendem medidas de impacto,
que podem depois se ajustar em nome do interesse público.
Desde o tamanho das poltronas até um novo aeroporto
em São Paulo, grande parte dos anúncios
não teve encaminhamento. Outros tiveram de ser
rapidamente ajustados para não atrapalhar ainda
mais, como a implantação das áreas
de escape em Congonhas.
Maestro
da aviação
Jobim pressionou pela renúncia de toda diretoria
da Anac (Agência Nacional de Aviação
Civil), que já estava bombardeada por acusações
de ineficiência e até fraude processual.
Mas demorou meses para encontrar novos diretores, o
que levou à quase paralisação do
órgão no segundo semestre de 2007, sem
impacto ainda comensurável em sua melhora.
Na Infraero, onde Jobim colocou Sérgio Gaudenzi,
a estratégia de pressionar as empresas aéreas
se repetiu. Em vez de divulgar índices de atrasos
por aeroporto, os dados agora são agrupados por
companhia, tirando o foco das questões de infra-estrutura
e enterrando investigações de superfaturamentos
em aeroportos.
Na FAB, começam a surgir dúvidas sobre
a concretização de investimentos também
necessários para ampliar a capacidade do sistema
de controle aéreo, um problema também
quase esquecido depois da "solução"
militar do ano passado.
Mas, se um certo "choque de gestão"
era preciso para arrumar a aviação civil,
há dúvidas sobre a turbulência que
pode vir com mudanças nos planos de construção
de pistas, pátios, terminais e aeroportos, essenciais
para acomodar o crescimento de dois dígitos da
aviação no país.
(LEILA SUWWAN)