:::::RIO DE JANEIRO - 21 DE ABRIL DE 2007 :::::

 

O Estado de São Paulo
21/04/2007
Varig terá só 3 novos aviões até julho
Número seria insuficiente para a empresa retomar todas as rotas internacionais; Gol diz que estuda alternativas
Mariana Barbosa

O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, afirmou ontem que terá condições de incorporar à frota da nova Varig apenas três aviões para uso em rotas internacionais - Boeing 767, no caso - até o final deste semestre. No dia 18 de junho vence o prazo estabelecido pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a empresa retomar as rotas internacionais, sob risco de perdê-las.

Segundo Constantino, a empresa estuda alternativas para garantir as rotas internacionais, sem que seja necessário “infringir nenhuma norma técnica da agência”. O empresário afirmou que irá submeter à Anac um cronograma para a retomada das rotas “tão logo tiver condições de apresentar uma proposta mais clara”, o que dependerá das negociações com empresas de leasing de aeronaves.

Pela malha de vôos que está sendo desenhada pela direção da Gol para a nova Varig, a companhia retomará primeiro os vôos para a Europa e para o México. São os destinos mais cobiçados pela concorrência (sobretudo Londres, Paris e Frankfurt) e onde há escassez de freqüências dentro de acordos bilaterais. Para os Estados Unidos, há freqüências disponíveis e, portanto, se a Varig perdê-las, não será difícil recuperá-las.

Em teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre, Constantino informou que a empresa já tem assegurada a incorporação de sete Boeings 767 à frota da Varig para este ano e que outras sete aeronaves do mesmo modelo chegarão em 2008. A Varig já tem um 767 em sua frota e perderá, nas próximas semanas, um MD-11, usado hoje na rota de Frankfurt. Além das aeronaves já confirmadas, a Gol está negociando o aluguel de jatos modelos 737-700 e 800, usados no mercado doméstico, e que devem ser incorporados à frota a partir de setembro.

APAGÃO

Os problemas de infra-estrutura e de tráfego aéreo tiveram um impacto de R$ 110 milhões no resultado da Gol no primeiro trimestre de 2007. O apagão aéreo foi também responsável, segundo Constantino, pela perda de participação de mercado de 3,7% da companhia em março, mês em que a TAM cresceu 4,4%. “A Gol tem crescido acima da média da indústria. Tivemos um crescimento de participação de dez pontos porcentuais no trimestre”, disse o executivo. “Pontualmente em março houve um movimento de mudança de perfil, saímos de alta para baixa temporada, e o concorrente teve condição de tirar melhor vantagem. Mas não é uma tendência nem houve erro estratégico.”

Apesar dos problemas de tráfego aéreo, a Gol conseguiu ganhos de eficiência e os números do balanço ficaram acima das expectativas dos investidores. No trimestre, a empresa teve receita de R$ 1,041 bilhão (pelo modelo de contabilidade americano), crescimento de 21% ante o mesmo período de 2006. O lucro líquido no período foi de R$ 117 milhões. O resultado foi obtido a despeito de uma redução de 22% na tarifa média das passagens, que caiu de R$ 233,4 para R$ 183 no trimestre.

 

 

Folha de São Paulo
21/04/2007
Caos aéreo faz lucro da Gol cair 43% no trimestre
Empresa lucrou R$ 91,578 mi; custos extras vieram de combustível e pessoal
Para o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, impacto da crise aérea nos resultados da empresa foi de R$ 110 mi

JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO

A crise dos controladores de vôos e os problemas de congestionamento de tráfego em Congonhas afetaram os ganhos da Gol no primeiro trimestre. A companhia lucrou R$ 91,578 milhões, resultado 43% inferior ao registrado em igual período do ano passado.

Segundo o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, os resultados foram afetados negativamente por "fatores exógenos", o que se traduziu em custos adicionais com combustível e pessoal. Segundo Oliveira Júnior, o impacto da crise aérea nos resultados da empresa chegou a R$ 110 milhões.

Apesar do impacto negativo, o mercado recebeu bem o resultado. As ações preferenciais da Gol fecharam cotadas a R$ 60,01, com alta de 1,97%.

Segundo Caio Dias, analista de aviação do Santander, a redução de custos foi o fator surpresa. "Já se esperava um resultado muito fraco na comparação com o primeiro trimestre do ano passado por conta dos dados de tráfego aéreo de março. Mas o resultado veio melhor do que o esperado por conta da redução de custos."

Em março, houve uma reviravolta e a Gol teve sua participação de mercado reduzida para 36,5%, ante o percentual de 40,2% em fevereiro. No trimestre, a companhia obteve 38,5% do mercado doméstico e 17,9% do internacional.

Os problemas decorrentes do início das reformas em Congonhas, da paralisação dos controladores e da continuidade do seqüenciamento de vôos reduziram a demanda por transporte aéreo. Para compensar esse movimento negativo, a companhia acabou reduzindo o preço da tarifa em 21,8%.

"O resultado veio bom porque, apesar da piora do cenário, a companhia conseguiu cortar custos", afirmou Mel Marques Fernandes, analista de aviação do Brascan.

Com o congestionamento de tráfego, a empresa se viu obrigada a gastar mais com combustível e pessoal. Os aviões da companhia voaram à média de 15 horas por dia, patamar considerado atípico e que deve recuar para 14 horas a 14 horas e meia, segundo a empresa.

Apesar disso, o chamado custo por assento-quilômetro, que relaciona os custos com o número de assentos oferecidos, registrou queda de 11,3% (esse índice foi divulgado segundo o padrão contábil dos EUA).

Um dos fatores que contribuíram para a redução dos custos foi a disputa travada entre a companhia e os agentes de viagem. A Gol decidiu reduzir o percentual pago aos agentes de 10% para 7% nos vôos domésticos, o que gerou, inclusive, reação das agências, que chegaram a organizar protestos contra a companhia. Com isso, os gastos com comerciais e publicidade recuaram 22,9% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano anterior.
"Estamos na melhor forma em termos de custos e ainda temos espaço para melhorar com a incorporação de novas aeronaves", afirmou o presidente da companhia. A Gol estima encerrar o ano com 102 aeronaves, incluindo os aviões que devem ser arrendados à Varig.

A receita operacional líquida cresceu 20,7% e somou R$ 1,041 bilhão. A Gol destacou o aumento da frota para 67 aeronaves no primeiro trimestre e o início da operação de 22 novas freqüências.

Com a incorporação da Varig e os problemas do tráfego aérea, a companhia revisou para baixo suas projeções para 2007: a margem operacional foi revista de 23% para 20%.

 

 

Folha de São Paulo
21/04/2007
Empresa prevê contratar mais 1.500 funcionários para a Varig
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, afirmou ontem que a Varig contratará mais 1.500 funcionários até o fim do ano. Será dada prioridade para os ex-empregados da companhia. Atualmente, cerca de 2.000 pessoas trabalham na companhia. O pessoal contratado deverá ser usado na retomada dos vôos internacionais da empresa. A previsão é chegar ao fim de 2008 com até 4.500 empregados.

Conforme a Folha havia adiantado, a Varig dará prioridade à retomada de vôos para a Europa. A companhia terá foco em gestão de baixo custo, serviço diferenciado, com programa de milhagem e passageiros a negócios e a lazer, com vôos para Inglaterra, Espanha, França, Alemanha e Itália. Além dos destinos na Europa, a Varig pretende retomar rapidamente os vôos para o México.

O presidente da Gol não deixou clara qual será a estratégia caso a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) não concorde em elevar o prazo para a retomada dos vôos internacionais. O presidente da agência, Milton Zuanazzi, sinalizou nesta semana que cumprirá o prazo previsto na legislação, o que significa uma espera para retomada até junho. Oliveira Jr. disse apenas que ainda não entrou com um pedido oficial de prorrogação do prazo.

No mercado doméstico, a Varig terá foco nos destinos mais usados por executivos. Alguns destinos terão vôos da Gol e da Varig, mas, segundo Oliveira Jr., o foco da Varig será em serviço diferenciado, enquanto a Gol objetiva a popularização do transporte aéreo.

Para retomar as rotas, a Gol já está negociando a chegada de novos aviões. Segundo as estimativas da companhia, a Varig encerrará o ano com oito Boeings 767/300, usados em vôos de longo curso, cinco Boeings 737/800 e nove Boeings 737/300. Oliveira Júnior reconheceu que o mercado de arrendamento de aeronaves está aquecido e que há um esforço da companhia para incorporar novos aviões.

No passado, a Varig teve dificuldades para negociar com os arrendadores de aeronaves, mas, segundo Oliveira Júnior, as operações estão sendo negociadas com o "custo Gol".

Sobre o impacto da aquisição, ele disse que os créditos fiscais da Varig vão compensar o resultado operacional negativo da companhia. (JL)

 

 

Revista Consultor Jurídico
20 de abril de 2007
Cale-se!
Juiz dá liminar que proíbe circulação da revista IstoÉ

por Rodrigo Haidar

O juiz Sérgio Jorge Domingos, da 22ª Vara Cível de Curitiba, concedeu liminar nesta sexta-feira (20/4) proibindo a circulação da revista IstoÉ. O pedido para impedir a circulação da semanal foi feito pelo ex-prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi — hoje deputado federal pelo DEM e secretário de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal.

O pedido, contudo, foi atendido com certo atraso. Parte das revistas já pode ser encontrada em bancas em São Paulo e já foi despachada para os assinantes. A capa de IstoÉ traz uma longa entrevista com a empresária Silvia Pfeiffer, na qual ela descreve um esquema complexo de corrupção na Infraero.

Na chamada de capa, a revista anuncia que a empresária “descreve em entrevista como os diretores da Infraero agiam para desviar dinheiro” e traz “os nomes, as cifras e os recibos de depósitos que mostram o esquema”.

Na entrevista, a empresária cita o nome de diretores da empresa que controla os aeroportos no país, de políticos e pessoas próximas ao poder: entre eles, Duda Mendonça e Cássio Taniguchi, que obteve a liminar. A revista IstoÉ vai recorrer da decisão.

Leia a reportagem e a entrevista de IstoÉ

A empresária paranaense Silvia Pfeiffer, 47 anos, diz que foi expulsa de sua própria empresa, a Aeromídia, assim que levou para lá, como sócio, o então secretário de Desenvolvimento Urbano de Curitiba Carlos Alberto Carvalho, em 2003. Ele tinha relações com o prefeito Cássio Taniguchi (DEM), hoje secretário de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal, e passou a controlar toda a contabilidade da Aeromídia. A partir daí, segundo Silvia, uma “verdadeira máfia” começou a utilizar a empresa como fachada para desviar dinheiro público para fins privados. Entre esses negócios, polpudos contratos com a Infraero, que ultrapassaram os interesses iniciais de Cássio Taniguchi e permaneceram com o governo Lula.

Conhecedora dos caminhos dessas fraudes, Sílvia é hoje uma importante testemunha para quem estiver efetivamente interessado em saber como a estatal que administra os aeroportos brasileiros alimenta milionários dutos de corrupção, alguns deles já detectados pelo Tribunal de Contas da União. Em mais de dez horas de entrevista, Silvia detalha como tal esquema se espalhou e criou tentáculos para promover lavagem de dinheiro, caixa 2 de campanhas políticas e propinas às autoridades. Na quarta-feira 18, depois de ter concedido entrevista a ISTOÉ, Silvia recebeu ameaças de morte e alguns pedidos para que nada mais falasse e para que negasse o que já havia dito.

Boa parte do que ela sabe já foi escrito e entregue à Polícia Federal em outubro de 2005, mas ela jamais foi chamada para um depoimento formal. Ou seja, apesar da gravidade, tudo indica que suas denúncias ficaram engavetadas, embora parte do que ela diz seja comprovada por documentos como depósitos bancários.

ISTOÉ – Por que só agora a sra. Decidiu tornar público tudo o que sabe sobre corrupção na Infraero?

Silvia – Eu não estou fazendo isso agora. Em 2005 entreguei uma notícia-crime à Polícia Federal, mas, depois, ninguém me procurou para falar sobre isso.

ISTOÉ – Como é desviado o dinheiro da Infraero?

Silvia – A chave inicial do esquema é o superfaturamento das obras, que o TCU mesmo já disse que chega a 375% do valor. São números absurdamente altos. Essas obras eram todas negociadas.

ISTOÉ – Por quem?

Silvia – Os empresários que tinham contratos com a Infraero repassavam dinheiro para Carlos Wilson, que era o presidente da empresa, e para diretores, como a Eleuza Therezinha Lopes, o Eurico José Bernardo Loyo e o Fernando Brendaglia. E também para políticos que faziam todo o meio de campo. Ia dinheiro para a campanha do Carlos Wilson e não tenho dúvida que dali também saiu dinheiro para a campanha de reeleição do presidente Lula.

ISTOÉ – Como provar isso?

Silvia – Basta quebrar o sigilo das empreiteiras, dos diretores da Infraero, dos superintendentes. A Aeromídia mesmo fez depósitos para alguns diretores.

ISTOÉ – Alguns nomes de diretores que a sra. Menciona já apareceram em outras denúncias contra a Infraero, como Eleuza Therezinha, mas permanecem em seus cargos.

Silvia – Ela é da equipe do Lula, do Carlos Wilson. Essa aí, acho que vai ser meio complicado. O Mário Ururahy, que recebia mensalão da Aeromídia no Paraná, hoje é assessor da Eleuza.

ISTOÉ – Como era pago esse mensalão?

Silvia – Os valores variavam entre R$ 5 mil e R$ 20 mil. Havia também presentes: carros, festas, jantares.

ISTOÉ – Outros diretores da Infraero também recebiam mesada?

Silvia – Luiz Gustavo Schild, diretor de Logística e Carga. Ele foi superintendente na sede. Conduzia as negociações para as lojas Duty Free. Depois, foi afastado, transferido para superintendente de Cargas, porque estava para explodir todo este bafafá da Brasif.

ISTOÉ – Que bafafá?

Silvia – A Brasif ganhava todas as concorrências para os free shops nos aeroportos.

ISTOÉ – O que há de concreto nessa denúncia que a sra. faz de que o presidente Lula possa ter sido beneficiado nesse esquema?

Silvia – A proposta que me fez certa vez um dos maiores amigos de Lula, o empresário Valter Sâmara.

ISTOÉ – Que proposta?

Silvia – Encontrei Valter Sâmara em um vôo de Curitiba para Brasília, em 2004. Nesse vôo, ele insistiu que eu fosse falar com a secretária de Lula, Mônica, no Palácio do Planalto. Ele me falou que qualquer coisa que eu quisesse na Infraero a Mônica seria capaz de resolver para mim. E que ela, então, receberia 10% de comissão para o partido, o PT.

ISTOÉ – Ele disse que o dinheiro seria para a campanha do Lula?

Silvia – Não ficou claro. Disse que era para o PT.

ISTOÉ – E a sra. Chegou a procurar Mônica?

Silvia – Não. Eu não fui. Apesar da grande insistência dele. Ele me procurou no hotel várias vezes. Em um dia só, ele ligou várias vezes no hotel para que eu fosse lá.

ISTOÉ – Esse foi o único encontro que a sra. teve com Valter Sâmara?

Silvia – Houve uma outra vez, em que ele foi a Brasília almoçar com Lula, dona Marisa e uns chineses que estavam no Brasil, fazendo negociações com o governo federal. O Sâmara está sempre em Brasília. Ele inclusive comprou uma chácara em Goiás para encontros políticos. Se não me engano, tem até pista de pouso.

ISTOÉ – Como é que a sua empresa se envolveu com esse esquema?

Silvia – No início, quando Carlos Alberto Carvalho me procurou pela primeira vez, era para fazer arrecadação de dinheiro para a campanha de reeleição de Cássio Taniguchi para prefeito de Curitiba. Às vezes em dólar. Os políticos do Paraná, ligados a Taniguchi, reuniam-se freqüentemente na Aeromídia para discutir a formação desse caixa 2. O que eu nunca entendi bem era por que, já naquela ocasião, o Padre Roque (deputado do PT do Paraná) aparecia nas reuniões.

ISTOÉ – O que se discutia nessas reuniões?

Silvia – Eles instruíam como as pessoas deveriam se comportar na polícia, se alguma coisa acontecesse. Um dia, chegou a aparecer na empresa uma mala grande de dinheiro. Parte de US$ 7 milhões.

ISTOÉ – Esse esquema continua ativo?

Silvia – Com certeza está vivo. O homem do Cássio hoje na prefeitura é o Beto Richa. Um dos homens dele, o advogado Domingos Caporrino, me ligou hoje me mandando calar a boca.

ISTOÉ – O que a sra. denuncia começou com o Taniguchi e permanece até hoje. Que outros nomes estão envolvidos?

Silvia – Com certeza o Marcos Valério e o José Dirceu.

ISTOÉ – Qual seria o envolvimento de Dirceu?

Silvia – Ele tem contatos com o diretor comercial da Infraero, Fernando Brendaglia. Quando Dirceu esteve em Portugal naquelas negociações com a Portugal Telecom, Brendaglia estava com ele. E Emerson Palmieri, que estava em Portugal com Dirceu, também tem contatos no esquema da Infraero. Ele seria mesmo uma espécie de link entre Brendaglia, Dirceu, Marcos Valério e Cássio Taniguchi. Emerson Palmieri esteve várias vezes nas reuniões na Aeromídia.

ISTOÉ – Em troca do pagamento desse mensalão, o que ganhou a Aeromídia?

Silvia – Contratos nos aeroportos. Muitas vezes irregulares. Um dos contratos envolve o Duda Mendonça. Um contrato que não poderia acontecer. O pessoal do aeroporto de Brasília me respondeu que era impossível eu fazer publicidade naquela área. No entanto, foi feito sem licitação.

ISTOÉ – E qual era o envolvimento de Duda Mendonça?

Silvia – Eu veiculava um anúncio que era feito pela agência dele. A questão do Duda ali é que ele não roubava essas migalhas. O contrato era a desculpa para que a agência dele fosse contratada para fazer o anúncio. O que ele pegava em dinheiro grosso mesmo vinha da Brasil Telecom, a anunciante.

ISTOÉ – E a sua participação, qual era?

Silvia – Eu negociava com a Zilmar Fernandes (sócia de Duda Mendonça). Esse contrato é ilegal com a Infraero. O Fernando Brendaglia é quem autorizou a colocação da publicidade antes de ter o contrato.

ISTOÉ – A Zilmar tinha consciência de que era contrato irregular?

Silvia – Tinha. Quando houve um problema num contrato anterior, que foi fechado, nos fingers de 1 a 7, chegou a haver uma ordem para arrancar todos os adesivos que já estavam colocados. Foi quando a Zilmar entrou. Fizeram alguns acertos e os adesivos continuaram. Um contrato de três anos, sem licitação. Um contrato que ele entrou no aeroporto antes mesmo de sair em Diário Oficial da União, antes de assinar o contrato. Deu um rolo, os concorrentes reclamaram. O Brendaglia chegou a chamar uma dessas empresas que protestavam: “Fique quieta, vou te dar outro espaço, mas deixa esse contrato aqui, nãomexe com isso não.”

ISTOÉ – Além da Aeromídia, que empresas fecham contratos irregulares com a Infraero?

Silvia – Todas. Absolutamente todas. Kallas, Codemp, Via Mais. A SF3, que, na verdade, é do Brendaglia. E do Carlos Wilson. Porque eles são sócios em tudo, até em uma fazenda de frutas em Petrolina. Frutas para exportação. Há um contrato que envolve a empresa de um filho de Reinhold Stephanes.

ISTOÉ – O ministro da Agricultura?

Silvia – Esse. Me tiraram da jogada. Era um contrato enrolado. Um contrato no Rio, para um consórcio, Ductor, do qual participava a Cembra, empresa de Marcelo Stephanes, filho do ministro.

ISTOÉ – O TCU tem encontrado irregularidades também nas obras de ampliação dos aeroportos.

Silvia – É verdade. Tudo é superfaturado. A Odebrecht, por exemplo, no aeroporto de Recife. A Andrade Gutierrez no aeroporto de Curitiba, OAS no aeroporto de Salvador. Uma empresa de São Paulo ganhou a obra de Brasília e furou o esquema. Eles então trataram de tirar a empresa da obra. A corrupção ali é muito grande. A Infraero investiu mais de R$ 3,2 bilhões em obras. Se quebrar o sigilo bancário dos diretores da Infraero, dos superintendentes, na engenharia, que cuida das obras, se encontrará um absurdo.

ISTOÉ – Como a sra. pode dizer isso com tanta convicção?

Silvia – Eu vi tudo isso por dentro. Eu presenciei uma reunião com a construtora DM aqui em Curitiba. Um arquiteto chamado Ricardo Amaral vendeu por R$ 200 mil um projeto para cada empreiteira. Ele entregou antecipado o projeto, para construir o edifício-garagem do aeroporto, cobrou R$ 200 mil e não saiu a obra. A Eleuza sabia disso. A Eleuza esteve dentro do escritório dele, em reunião com os grandes empreiteiros. OAS, Odebrecht, CR Almeida e Andrade Gutierrez.

ISTOÉ – O novo presidente da Infraero, o brigadeiro José Carlos Pereira, há algum envolvimento dele com esses casos de corrupção?

Silvia – Não. Mas ele não consegue demitir os diretores porque o esquema montado no passado permanece rendendo muito.

ISTOÉ – No Paraná, dizem que a sra. possui dois CPFs.

Silvia – Depois de ter feito a denúncia na PF, minha bolsa e meus documentos sumiram misteriosamente. Posteriormente, soube que emitiram CPFs em meu nome. Mesmo que tentem me desqualificar, vou levar minhas denúncias até o fim.

 

 

O Globo Online
20/04/2007 às 13h09m
Caos aéreo, chuvas e obras em aeroporto reduzem resultado da Gol em R$ 110 milhões
Julana Rangel

RIO - A crise dos controladores de vôo, aliada às obras na pista do aeroporto de Congonhas e às chuvas de fevereiro e março, teve um impacto de R$ 110 milhões na receita da Gol Linhas Aéreas no primeiro trimestre deste ano. A explicação é do presidente da empresa, Constantino de Oliveira Jr, que conversou com analistas de mercado e jornalistas em uma conferência pelo telefone.

Ainda assim, a receita líquida da companhia subiu 20,7% no período, de R$ 863 milhões para R$ 1,041 bilhão no período. Mas a empresa teve uma queda de 43% em seu lucro líquido no primeiro trimestre deste ano, para R$ 91,5 milhões.

De acordo com Constantino, uma das medidas adotadas para contornar a crise foi a redução de tarifas, que ficaram 21,8% mais baratas na média, no confronto com o mesmo trimestre de 2006. Já o Yield (retorno sobre o investimento) recuou 26,4%.

Os problemas acabaram comprimindo a demanda e permitiram que apenas pessoas mais sensíveis à questão do preço buscassem as aeronaves

- Os problemas acabaram comprimindo a demanda e permitiram que apenas pessoas mais sensíveis à questão do preço buscassem as aeronaves. Com um ambiente mais estável, haverá espaço para estabilizar a receita e trazer os yields para níveis corretos - disse Constantino.

Ele acrescentou que a Gol pretende contratar, pelo menos, 1.500 funcionários para a Varig até o fim deste ano. A Varig conta atualmente com um quadro de 2 mil pessoas e, nos cálculos da Gol, a Varig poderá ter cerca de 4,5 mil funcionários até o fim de 2008.

Apesar de todas as dificuldades, Constantino destacou que a indústria aérea brasileira teve um dos maiores crescimentos do mundo no primeiro período, de 12%.

Nos três primeiros meses do ano, a Gol registrou 22 novas freqüências de vôo, com uma taxa de ocupação de 70%. Sua participação média no mercado foi de 39% nos vôos domésticos e de 18% em rotas internacionais.

Para o futuro, Constantino destacou algumas "melhorias que estão para acontecer". A meta de contratação de 500 novos controladores de vôo pela Agência Nacional de Aviação Civil, por exemplo, é considerada "mais que suficiente" para atender o setor, segundo o executivo. Ele também destacou os investimentos de R$ 3 bilhões em infra-estrutura aeroportuária até 2010 e as obras em aeroportos brasileiros.

 

 

Site da AMVVAR
20/04/2007
Convite do Verador Pedro Porfírio aos Trabalhadores da Varig

Rio de Janeiro, 20 de abril de 2007.

Aos Trabalhadores da Varig


Tenho a honra de dirigir-me aos Trabalhadores da Varig para convidá-los a participar do Debate Público “A situação Trabalhista e Previdenciária dos trabalhadores da Varig/Aerus”, que irá se realizar no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, no próximo dia 04 de maio de 2007, de 9:30 hs às 13:30 hs.

O evento tem por objetivos discutir amplamente as questões relativas a grande massa de desempregados da Varig, cuja maioria reside na Cidade do Rio de Janeiro, os diversos fundos de previdência privados, principalmente o AERUS, buscando soluções para a recuperação dos empregos dos trabalhadores e o restabelecimento dos benefícios a que fazem jus os seus aposentados e pensionistas.

Pedro Porfírio
Vereador - PDT

 

Estadão
20 de abril de 2007 - 16:13
Gol quer alternativa para iniciar rotas da Varig antes do prazo
Primeiros destinos que Varig retomará são países europeus e Cidade do México
Beth Moreira


SÃO PAULO - O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, afirmou nesta sexta-feira, 20, que a empresa está estudando alternativas para iniciar as rotas da VRG (nova Varig) que ainda não estão sendo operadas antes que vença o prazo para reativar as concessões, em junho.

Desta forma, a empresa espera evitar ter que pedir uma prorrogação de prazo à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Esta semana, o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, não se mostrou disposto a ampliar o prazo. "Não se trata de flexibilizar as regras. A Anac é um órgão técnico e tem que seguir suas regras", disse Zuanazzi.

"Estamos negociando novas aeronaves e só depois que tivermos uma proposta mais clara, vamos apresentá-la à Anac", explicou Constantino Jr. O executivo afirmou que a empresa não submeteu nenhum pedido ao órgão nesse sentido, apesar de já ter sinalizado ao mercado que deverá levar até 12 meses para colocar em funcionamento todas as rotas da empresa.

Em teleconferência com analistas para comentar os resultados do primeiro trimestre, o executivo revelou que os primeiros destinos internacionais que a Varig retomará são para os países europeus, além da Cidade do México, na América Latina.

Constantino Júnior informou que a empresa já tem assegurada a incorporação de sete Boeings 767 à frota da Varig e que outras sete aeronaves do mesmo modelo chegarão em 2008. "Esses aviões já estão assegurados", disse. O executivo contou que um MD-11, utilizado atualmente pela Varig na rota para Frankfurt, será devolvido.

Por problemas técnicos durante a teleconferência, o executivo não pôde responder à pergunta de jornalistas se algumas dessas aeronaves pertencem à Euro Atlantic, conforme anunciado essa semana pelo presidente da companhia.

O presidente da Gol disse ainda que os aviões estão sendo negociados no mercado de leasing operacional e a custos competitivos. Além das aeronaves já confirmadas, a Gol está negociando com lessores (empresas de aluguel) modelos 737-700 e 800 para adicionar à frota da Varig entre 2007 e 2008.

Cade

Constantino Júnior afirmou que protocolou na quinta-feira no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a compra da nova Varig, anunciada no final de março, por US$ 320 milhões. O executivo disse que é difícil estimar qual será o período necessário para que o órgão analise o negócio, mas ressaltou que a expectativa é de que seja uma posição seja dada no prazo de seis meses ou menos.

De acordo com a lei antitruste brasileira, qualquer fusão ou aquisição de empresas que faturam mais de R$ 400 milhões no Brasil ou detém participação de mais de 20% de qualquer mercado obrigatoriamente tem que ser submetida ao órgão.

Além do conselho, as empresas têm que protocolar o negócio na Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça e na Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda. Nesta tarde, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) concedeu autorização prévia ao negócio.

O executivo disse ainda que a previsão é de que as rotas domésticas da Varig alcancem o break even (ponto de equilíbrio, no qual igualam-se receitas e despesas) dentro de três meses. Para as rotas internacionais a previsão é de atingir o equilíbrio no período de quatro a seis meses a partir da reinauguração das rotas.

A Varig tem autorização para voar em 18 destinos no Brasil, três na América do Sul, três na América do Norte e cinco na Europa. "Já estamos utilizando a plataforma de baixos custos da Gol para acelerar o crescimento da Varig", afirmou.

Segundo Constantino Júnior, quatro diretores da Gol estão trabalhando atualmente na companhia adquirida e já dentro de um mês a empresa já terá alcançado resultados significativos em termos de queda de custos, com a redução dos custos com combustíveis, operacionais das aeronaves, além de custos com manutenção.

A empresa também pretende lançar em breve uma ampla campanha para resgatar a imagem da Varig, que na sua opinião é uma das mais valiosas entre a aviação mundial.