O Estado de São Paulo
21/04/2007
Varig terá só 3 novos
aviões até julho
Número seria insuficiente
para a empresa retomar todas as rotas internacionais;
Gol diz que estuda alternativas
Mariana Barbosa
O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior,
afirmou ontem que terá condições
de incorporar à frota da nova Varig apenas três
aviões para uso em rotas internacionais - Boeing
767, no caso - até o final deste semestre. No dia
18 de junho vence o prazo estabelecido pela Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) para a
empresa retomar as rotas internacionais, sob risco de
perdê-las.
Segundo Constantino, a empresa estuda alternativas para
garantir as rotas internacionais, sem que seja necessário
“infringir nenhuma norma técnica da agência”.
O empresário afirmou que irá submeter à
Anac um cronograma para a retomada das rotas “tão
logo tiver condições de apresentar uma proposta
mais clara”, o que dependerá das negociações
com empresas de leasing de aeronaves.
Pela malha de vôos que está sendo desenhada
pela direção da Gol para a nova Varig, a
companhia retomará primeiro os vôos para
a Europa e para o México. São os destinos
mais cobiçados pela concorrência (sobretudo
Londres, Paris e Frankfurt) e onde há escassez
de freqüências dentro de acordos bilaterais.
Para os Estados Unidos, há freqüências
disponíveis e, portanto, se a Varig perdê-las,
não será difícil recuperá-las.
Em teleconferência com analistas para comentar
os resultados do primeiro trimestre, Constantino informou
que a empresa já tem assegurada a incorporação
de sete Boeings 767 à frota da Varig para este
ano e que outras sete aeronaves do mesmo modelo chegarão
em 2008. A Varig já tem um 767 em sua frota e perderá,
nas próximas semanas, um MD-11, usado hoje na rota
de Frankfurt. Além das aeronaves já confirmadas,
a Gol está negociando o aluguel de jatos modelos
737-700 e 800, usados no mercado doméstico, e que
devem ser incorporados à frota a partir de setembro.
APAGÃO
Os problemas de infra-estrutura e de tráfego aéreo
tiveram um impacto de R$ 110 milhões no resultado
da Gol no primeiro trimestre de 2007. O apagão
aéreo foi também responsável, segundo
Constantino, pela perda de participação
de mercado de 3,7% da companhia em março, mês
em que a TAM cresceu 4,4%. “A Gol tem crescido acima
da média da indústria. Tivemos um crescimento
de participação de dez pontos porcentuais
no trimestre”, disse o executivo. “Pontualmente
em março houve um movimento de mudança de
perfil, saímos de alta para baixa temporada, e
o concorrente teve condição de tirar melhor
vantagem. Mas não é uma tendência
nem houve erro estratégico.”
Apesar dos problemas de tráfego aéreo,
a Gol conseguiu ganhos de eficiência e os números
do balanço ficaram acima das expectativas dos investidores.
No trimestre, a empresa teve receita de R$ 1,041 bilhão
(pelo modelo de contabilidade americano), crescimento
de 21% ante o mesmo período de 2006. O lucro líquido
no período foi de R$ 117 milhões. O resultado
foi obtido a despeito de uma redução de
22% na tarifa média das passagens, que caiu de
R$ 233,4 para R$ 183 no trimestre.
Folha de São Paulo
21/04/2007
Caos aéreo faz lucro da Gol
cair 43% no trimestre
Empresa lucrou R$ 91,578 mi;
custos extras vieram de combustível e pessoal
Para o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior,
impacto da crise aérea nos resultados da empresa
foi de R$ 110 mi
JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO
A crise dos controladores de vôos e os problemas
de congestionamento de tráfego em Congonhas afetaram
os ganhos da Gol no primeiro trimestre. A companhia lucrou
R$ 91,578 milhões, resultado 43% inferior ao registrado
em igual período do ano passado.
Segundo o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior,
os resultados foram afetados negativamente por "fatores
exógenos", o que se traduziu em custos adicionais
com combustível e pessoal. Segundo Oliveira Júnior,
o impacto da crise aérea nos resultados da empresa
chegou a R$ 110 milhões.
Apesar do impacto negativo, o mercado recebeu bem o resultado.
As ações preferenciais da Gol fecharam cotadas
a R$ 60,01, com alta de 1,97%.
Segundo Caio Dias, analista de aviação do
Santander, a redução de custos foi o fator
surpresa. "Já se esperava um resultado muito
fraco na comparação com o primeiro trimestre
do ano passado por conta dos dados de tráfego aéreo
de março. Mas o resultado veio melhor do que o
esperado por conta da redução de custos."
Em março, houve uma reviravolta e a Gol teve sua
participação de mercado reduzida para 36,5%,
ante o percentual de 40,2% em fevereiro. No trimestre,
a companhia obteve 38,5% do mercado doméstico e
17,9% do internacional.
Os problemas decorrentes do início das reformas
em Congonhas, da paralisação dos controladores
e da continuidade do seqüenciamento de vôos
reduziram a demanda por transporte aéreo. Para
compensar esse movimento negativo, a companhia acabou
reduzindo o preço da tarifa em 21,8%.
"O resultado veio bom porque, apesar da piora do
cenário, a companhia conseguiu cortar custos",
afirmou Mel Marques Fernandes, analista de aviação
do Brascan.
Com o congestionamento de tráfego, a empresa se
viu obrigada a gastar mais com combustível e pessoal.
Os aviões da companhia voaram à média
de 15 horas por dia, patamar considerado atípico
e que deve recuar para 14 horas a 14 horas e meia, segundo
a empresa.
Apesar disso, o chamado custo por assento-quilômetro,
que relaciona os custos com o número de assentos
oferecidos, registrou queda de 11,3% (esse índice
foi divulgado segundo o padrão contábil
dos EUA).
Um dos fatores que contribuíram para a redução
dos custos foi a disputa travada entre a companhia e os
agentes de viagem. A Gol decidiu reduzir o percentual
pago aos agentes de 10% para 7% nos vôos domésticos,
o que gerou, inclusive, reação das agências,
que chegaram a organizar protestos contra a companhia.
Com isso, os gastos com comerciais e publicidade recuaram
22,9% no primeiro trimestre em relação a
igual período do ano anterior.
"Estamos na melhor forma em termos de custos e ainda
temos espaço para melhorar com a incorporação
de novas aeronaves", afirmou o presidente da companhia.
A Gol estima encerrar o ano com 102 aeronaves, incluindo
os aviões que devem ser arrendados à Varig.
A receita operacional líquida cresceu 20,7% e somou
R$ 1,041 bilhão. A Gol destacou o aumento da frota
para 67 aeronaves no primeiro trimestre e o início
da operação de 22 novas freqüências.
Com a incorporação da Varig e os problemas
do tráfego aérea, a companhia revisou para
baixo suas projeções para 2007: a margem
operacional foi revista de 23% para 20%.
Folha de São Paulo
21/04/2007
Empresa prevê contratar mais
1.500 funcionários para a Varig
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior,
afirmou ontem que a Varig contratará mais 1.500
funcionários até o fim do ano. Será
dada prioridade para os ex-empregados da companhia. Atualmente,
cerca de 2.000 pessoas trabalham na companhia. O pessoal
contratado deverá ser usado na retomada dos vôos
internacionais da empresa. A previsão é
chegar ao fim de 2008 com até 4.500 empregados.
Conforme a Folha havia adiantado, a Varig dará
prioridade à retomada de vôos para a Europa.
A companhia terá foco em gestão de baixo
custo, serviço diferenciado, com programa de milhagem
e passageiros a negócios e a lazer, com vôos
para Inglaterra, Espanha, França, Alemanha e Itália.
Além dos destinos na Europa, a Varig pretende retomar
rapidamente os vôos para o México.
O presidente da Gol não deixou clara qual será
a estratégia caso a Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil) não concorde em
elevar o prazo para a retomada dos vôos internacionais.
O presidente da agência, Milton Zuanazzi, sinalizou
nesta semana que cumprirá o prazo previsto na legislação,
o que significa uma espera para retomada até junho.
Oliveira Jr. disse apenas que ainda não entrou
com um pedido oficial de prorrogação do
prazo.
No mercado doméstico, a Varig terá foco
nos destinos mais usados por executivos. Alguns destinos
terão vôos da Gol e da Varig, mas, segundo
Oliveira Jr., o foco da Varig será em serviço
diferenciado, enquanto a Gol objetiva a popularização
do transporte aéreo.
Para retomar as rotas, a Gol já está negociando
a chegada de novos aviões. Segundo as estimativas
da companhia, a Varig encerrará o ano com oito
Boeings 767/300, usados em vôos de longo curso,
cinco Boeings 737/800 e nove Boeings 737/300. Oliveira
Júnior reconheceu que o mercado de arrendamento
de aeronaves está aquecido e que há um esforço
da companhia para incorporar novos aviões.
No passado, a Varig teve dificuldades para negociar com
os arrendadores de aeronaves, mas, segundo Oliveira Júnior,
as operações estão sendo negociadas
com o "custo Gol".
Sobre o impacto da aquisição, ele disse
que os créditos fiscais da Varig vão compensar
o resultado operacional negativo da companhia. (JL)
Revista Consultor Jurídico
20 de abril de 2007
Cale-se!
Juiz dá liminar que proíbe circulação
da revista IstoÉ
por Rodrigo Haidar
O juiz Sérgio Jorge Domingos, da 22ª Vara
Cível de Curitiba, concedeu liminar nesta sexta-feira
(20/4) proibindo a circulação da revista
IstoÉ. O pedido para impedir a circulação
da semanal foi feito pelo ex-prefeito de Curitiba Cássio
Taniguchi — hoje deputado federal pelo DEM e secretário
de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal.
O pedido, contudo, foi atendido com certo atraso. Parte
das revistas já pode ser encontrada em bancas em
São Paulo e já foi despachada para os assinantes.
A capa de IstoÉ traz uma longa entrevista com a
empresária Silvia Pfeiffer, na qual ela descreve
um esquema complexo de corrupção na Infraero.
Na chamada de capa, a revista anuncia que a empresária
“descreve em entrevista como os diretores da Infraero
agiam para desviar dinheiro” e traz “os nomes,
as cifras e os recibos de depósitos que mostram
o esquema”.
Na entrevista, a empresária cita o nome de diretores
da empresa que controla os aeroportos no país,
de políticos e pessoas próximas ao poder:
entre eles, Duda Mendonça e Cássio Taniguchi,
que obteve a liminar. A revista IstoÉ vai recorrer
da decisão.
Leia a reportagem e a entrevista de IstoÉ
A empresária paranaense Silvia Pfeiffer, 47 anos,
diz que foi expulsa de sua própria empresa, a Aeromídia,
assim que levou para lá, como sócio, o então
secretário de Desenvolvimento Urbano de Curitiba
Carlos Alberto Carvalho, em 2003. Ele tinha relações
com o prefeito Cássio Taniguchi (DEM), hoje secretário
de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal, e passou
a controlar toda a contabilidade da Aeromídia.
A partir daí, segundo Silvia, uma “verdadeira
máfia” começou a utilizar a empresa
como fachada para desviar dinheiro público para
fins privados. Entre esses negócios, polpudos contratos
com a Infraero, que ultrapassaram os interesses iniciais
de Cássio Taniguchi e permaneceram com o governo
Lula.
Conhecedora dos caminhos dessas fraudes, Sílvia
é hoje uma importante testemunha para quem estiver
efetivamente interessado em saber como a estatal que administra
os aeroportos brasileiros alimenta milionários
dutos de corrupção, alguns deles já
detectados pelo Tribunal de Contas da União. Em
mais de dez horas de entrevista, Silvia detalha como tal
esquema se espalhou e criou tentáculos para promover
lavagem de dinheiro, caixa 2 de campanhas políticas
e propinas às autoridades. Na quarta-feira 18,
depois de ter concedido entrevista a ISTOÉ, Silvia
recebeu ameaças de morte e alguns pedidos para
que nada mais falasse e para que negasse o que já
havia dito.
Boa parte do que ela sabe já foi escrito e entregue
à Polícia Federal em outubro de 2005, mas
ela jamais foi chamada para um depoimento formal. Ou seja,
apesar da gravidade, tudo indica que suas denúncias
ficaram engavetadas, embora parte do que ela diz seja
comprovada por documentos como depósitos bancários.
ISTOÉ – Por que só agora
a sra. Decidiu tornar público tudo o que sabe sobre
corrupção na Infraero?
Silvia – Eu não estou fazendo
isso agora. Em 2005 entreguei uma notícia-crime
à Polícia Federal, mas, depois, ninguém
me procurou para falar sobre isso.
ISTOÉ – Como é desviado o
dinheiro da Infraero?
Silvia – A chave inicial do esquema
é o superfaturamento das obras, que o TCU mesmo
já disse que chega a 375% do valor. São
números absurdamente altos. Essas obras eram todas
negociadas.
ISTOÉ – Por quem?
Silvia – Os empresários que tinham contratos
com a Infraero repassavam dinheiro para Carlos Wilson,
que era o presidente da empresa, e para diretores, como
a Eleuza Therezinha Lopes, o Eurico José Bernardo
Loyo e o Fernando Brendaglia. E também para políticos
que faziam todo o meio de campo. Ia dinheiro para a campanha
do Carlos Wilson e não tenho dúvida que
dali também saiu dinheiro para a campanha de reeleição
do presidente Lula.
ISTOÉ – Como provar isso?
Silvia – Basta quebrar o sigilo
das empreiteiras, dos diretores da Infraero, dos superintendentes.
A Aeromídia mesmo fez depósitos para alguns
diretores.
ISTOÉ – Alguns nomes de diretores
que a sra. Menciona já apareceram em outras denúncias
contra a Infraero, como Eleuza Therezinha, mas permanecem
em seus cargos.
Silvia – Ela é da equipe
do Lula, do Carlos Wilson. Essa aí, acho que vai
ser meio complicado. O Mário Ururahy, que recebia
mensalão da Aeromídia no Paraná,
hoje é assessor da Eleuza.
ISTOÉ – Como era pago esse mensalão?
Silvia – Os valores variavam entre
R$ 5 mil e R$ 20 mil. Havia também presentes: carros,
festas, jantares.
ISTOÉ – Outros diretores da Infraero
também recebiam mesada?
Silvia – Luiz Gustavo Schild,
diretor de Logística e Carga. Ele foi superintendente
na sede. Conduzia as negociações para as
lojas Duty Free. Depois, foi afastado, transferido para
superintendente de Cargas, porque estava para explodir
todo este bafafá da Brasif.
ISTOÉ – Que bafafá?
Silvia – A Brasif ganhava todas
as concorrências para os free shops nos aeroportos.
ISTOÉ – O que há de concreto
nessa denúncia que a sra. faz de que o presidente
Lula possa ter sido beneficiado nesse esquema?
Silvia – A proposta que me fez
certa vez um dos maiores amigos de Lula, o empresário
Valter Sâmara.
ISTOÉ – Que proposta?
Silvia – Encontrei Valter Sâmara
em um vôo de Curitiba para Brasília, em 2004.
Nesse vôo, ele insistiu que eu fosse falar com a
secretária de Lula, Mônica, no Palácio
do Planalto. Ele me falou que qualquer coisa que eu quisesse
na Infraero a Mônica seria capaz de resolver para
mim. E que ela, então, receberia 10% de comissão
para o partido, o PT.
ISTOÉ – Ele disse que o dinheiro
seria para a campanha do Lula?
Silvia – Não ficou claro.
Disse que era para o PT.
ISTOÉ – E a sra. Chegou a procurar
Mônica?
Silvia – Não. Eu não
fui. Apesar da grande insistência dele. Ele me procurou
no hotel várias vezes. Em um dia só, ele
ligou várias vezes no hotel para que eu fosse lá.
ISTOÉ – Esse foi o único
encontro que a sra. teve com Valter Sâmara?
Silvia – Houve uma outra vez,
em que ele foi a Brasília almoçar com Lula,
dona Marisa e uns chineses que estavam no Brasil, fazendo
negociações com o governo federal. O Sâmara
está sempre em Brasília. Ele inclusive comprou
uma chácara em Goiás para encontros políticos.
Se não me engano, tem até pista de pouso.
ISTOÉ – Como é que a sua
empresa se envolveu com esse esquema?
Silvia – No início, quando
Carlos Alberto Carvalho me procurou pela primeira vez,
era para fazer arrecadação de dinheiro para
a campanha de reeleição de Cássio
Taniguchi para prefeito de Curitiba. Às vezes em
dólar. Os políticos do Paraná, ligados
a Taniguchi, reuniam-se freqüentemente na Aeromídia
para discutir a formação desse caixa 2.
O que eu nunca entendi bem era por que, já naquela
ocasião, o Padre Roque (deputado do PT do Paraná)
aparecia nas reuniões.
ISTOÉ – O que se discutia nessas
reuniões?
Silvia – Eles instruíam
como as pessoas deveriam se comportar na polícia,
se alguma coisa acontecesse. Um dia, chegou a aparecer
na empresa uma mala grande de dinheiro. Parte de US$ 7
milhões.
ISTOÉ – Esse esquema continua ativo?
Silvia – Com certeza está
vivo. O homem do Cássio hoje na prefeitura é
o Beto Richa. Um dos homens dele, o advogado Domingos
Caporrino, me ligou hoje me mandando calar a boca.
ISTOÉ – O que a sra. denuncia começou
com o Taniguchi e permanece até hoje. Que outros
nomes estão envolvidos?
Silvia – Com certeza o Marcos
Valério e o José Dirceu.
ISTOÉ – Qual seria o envolvimento
de Dirceu?
Silvia – Ele tem contatos com
o diretor comercial da Infraero, Fernando Brendaglia.
Quando Dirceu esteve em Portugal naquelas negociações
com a Portugal Telecom, Brendaglia estava com ele. E Emerson
Palmieri, que estava em Portugal com Dirceu, também
tem contatos no esquema da Infraero. Ele seria mesmo uma
espécie de link entre Brendaglia, Dirceu, Marcos
Valério e Cássio Taniguchi. Emerson Palmieri
esteve várias vezes nas reuniões na Aeromídia.
ISTOÉ – Em troca do pagamento desse
mensalão, o que ganhou a Aeromídia?
Silvia – Contratos nos aeroportos.
Muitas vezes irregulares. Um dos contratos envolve o Duda
Mendonça. Um contrato que não poderia acontecer.
O pessoal do aeroporto de Brasília me respondeu
que era impossível eu fazer publicidade naquela
área. No entanto, foi feito sem licitação.
ISTOÉ – E qual era o envolvimento
de Duda Mendonça?
Silvia – Eu veiculava um anúncio
que era feito pela agência dele. A questão
do Duda ali é que ele não roubava essas
migalhas. O contrato era a desculpa para que a agência
dele fosse contratada para fazer o anúncio. O que
ele pegava em dinheiro grosso mesmo vinha da Brasil Telecom,
a anunciante.
ISTOÉ – E a sua participação,
qual era?
Silvia – Eu negociava com a Zilmar
Fernandes (sócia de Duda Mendonça). Esse
contrato é ilegal com a Infraero. O Fernando Brendaglia
é quem autorizou a colocação da publicidade
antes de ter o contrato.
ISTOÉ – A Zilmar tinha consciência
de que era contrato irregular?
Silvia – Tinha. Quando houve um
problema num contrato anterior, que foi fechado, nos fingers
de 1 a 7, chegou a haver uma ordem para arrancar todos
os adesivos que já estavam colocados. Foi quando
a Zilmar entrou. Fizeram alguns acertos e os adesivos
continuaram. Um contrato de três anos, sem licitação.
Um contrato que ele entrou no aeroporto antes mesmo de
sair em Diário Oficial da União, antes de
assinar o contrato. Deu um rolo, os concorrentes reclamaram.
O Brendaglia chegou a chamar uma dessas empresas que protestavam:
“Fique quieta, vou te dar outro espaço, mas
deixa esse contrato aqui, nãomexe com isso não.”
ISTOÉ – Além da Aeromídia,
que empresas fecham contratos irregulares com a Infraero?
Silvia – Todas. Absolutamente
todas. Kallas, Codemp, Via Mais. A SF3, que, na verdade,
é do Brendaglia. E do Carlos Wilson. Porque eles
são sócios em tudo, até em uma fazenda
de frutas em Petrolina. Frutas para exportação.
Há um contrato que envolve a empresa de um filho
de Reinhold Stephanes.
ISTOÉ – O ministro da Agricultura?
Silvia – Esse. Me tiraram da jogada.
Era um contrato enrolado. Um contrato no Rio, para um
consórcio, Ductor, do qual participava a Cembra,
empresa de Marcelo Stephanes, filho do ministro.
ISTOÉ – O TCU tem encontrado irregularidades
também nas obras de ampliação dos
aeroportos.
Silvia – É verdade. Tudo é superfaturado.
A Odebrecht, por exemplo, no aeroporto de Recife. A Andrade
Gutierrez no aeroporto de Curitiba, OAS no aeroporto de
Salvador. Uma empresa de São Paulo ganhou a obra
de Brasília e furou o esquema. Eles então
trataram de tirar a empresa da obra. A corrupção
ali é muito grande. A Infraero investiu mais de
R$ 3,2 bilhões em obras. Se quebrar o sigilo bancário
dos diretores da Infraero, dos superintendentes, na engenharia,
que cuida das obras, se encontrará um absurdo.
ISTOÉ – Como a sra. pode dizer isso
com tanta convicção?
Silvia – Eu vi tudo isso por dentro.
Eu presenciei uma reunião com a construtora DM
aqui em Curitiba. Um arquiteto chamado Ricardo Amaral
vendeu por R$ 200 mil um projeto para cada empreiteira.
Ele entregou antecipado o projeto, para construir o edifício-garagem
do aeroporto, cobrou R$ 200 mil e não saiu a obra.
A Eleuza sabia disso. A Eleuza esteve dentro do escritório
dele, em reunião com os grandes empreiteiros. OAS,
Odebrecht, CR Almeida e Andrade Gutierrez.
ISTOÉ – O novo presidente da Infraero,
o brigadeiro José Carlos Pereira, há algum
envolvimento dele com esses casos de corrupção?
Silvia – Não. Mas ele não
consegue demitir os diretores porque o esquema montado
no passado permanece rendendo muito.
ISTOÉ – No Paraná, dizem
que a sra. possui dois CPFs.
Silvia – Depois de ter feito a
denúncia na PF, minha bolsa e meus documentos sumiram
misteriosamente. Posteriormente, soube que emitiram CPFs
em meu nome. Mesmo que tentem me desqualificar, vou levar
minhas denúncias até o fim.
O Globo Online
20/04/2007 às 13h09m
Caos aéreo,
chuvas e obras em aeroporto reduzem resultado da Gol em
R$ 110 milhões
Julana Rangel
RIO - A crise dos controladores de vôo, aliada às obras
na pista do aeroporto de Congonhas e às chuvas de fevereiro
e março, teve um impacto de R$ 110 milhões na receita da
Gol Linhas Aéreas no primeiro trimestre deste ano. A explicação
é do presidente da empresa, Constantino de Oliveira Jr,
que conversou com analistas de mercado e jornalistas em
uma conferência pelo telefone.
Ainda assim, a receita líquida da companhia subiu 20,7%
no período, de R$ 863 milhões para R$ 1,041 bilhão no
período. Mas a empresa teve uma queda de 43% em seu lucro
líquido no primeiro trimestre deste ano, para R$ 91,5
milhões.
De acordo com Constantino, uma das medidas adotadas para
contornar a crise foi a redução de tarifas, que ficaram
21,8% mais baratas na média, no confronto com o mesmo
trimestre de 2006. Já o Yield (retorno sobre o investimento)
recuou 26,4%.
“
Os problemas
acabaram comprimindo a demanda e permitiram que apenas
pessoas mais sensíveis à questão do preço buscassem
as aeronaves ”
- Os problemas acabaram comprimindo a demanda e permitiram
que apenas pessoas mais sensíveis à questão do preço buscassem
as aeronaves. Com um ambiente mais estável, haverá espaço
para estabilizar a receita e trazer os yields para níveis
corretos - disse Constantino.
Ele acrescentou que a Gol pretende contratar, pelo menos,
1.500 funcionários para a Varig até o fim deste ano. A
Varig conta atualmente com um quadro de 2 mil pessoas
e, nos cálculos da Gol, a Varig poderá ter cerca de 4,5
mil funcionários até o fim de 2008.
Apesar de todas as dificuldades, Constantino destacou
que a indústria aérea brasileira teve um dos maiores crescimentos
do mundo no primeiro período, de 12%.
Nos três primeiros meses do ano, a Gol registrou 22 novas
freqüências de vôo, com uma taxa de ocupação de 70%. Sua
participação média no mercado foi de 39% nos vôos domésticos
e de 18% em rotas internacionais.
Para o futuro, Constantino destacou algumas "melhorias
que estão para acontecer". A meta de contratação de 500
novos controladores de vôo pela Agência Nacional de Aviação
Civil, por exemplo, é considerada "mais que suficiente"
para atender o setor, segundo o executivo. Ele também
destacou os investimentos de R$ 3 bilhões em infra-estrutura
aeroportuária até 2010 e as obras em aeroportos brasileiros.
Site da AMVVAR
20/04/2007
Convite do Verador Pedro Porfírio
aos Trabalhadores da Varig
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2007.
Aos Trabalhadores da Varig
Tenho a honra de dirigir-me aos Trabalhadores da Varig
para convidá-los a participar do Debate Público
“A situação Trabalhista
e Previdenciária dos trabalhadores da Varig/Aerus”,
que irá se realizar no Plenário da Câmara
Municipal do Rio de Janeiro, no próximo dia 04
de maio de 2007, de 9:30 hs às 13:30 hs.
O evento tem por objetivos discutir amplamente as questões
relativas a grande massa de desempregados da Varig, cuja
maioria reside na Cidade do Rio de Janeiro, os diversos
fundos de previdência privados, principalmente o
AERUS, buscando soluções para a recuperação
dos empregos dos trabalhadores e o restabelecimento dos
benefícios a que fazem jus os seus aposentados
e pensionistas.
Pedro Porfírio
Vereador - PDT
Estadão
20 de abril de 2007 - 16:13
Gol quer alternativa para iniciar
rotas da Varig antes do prazo
Primeiros destinos que Varig
retomará são países europeus e Cidade
do México
Beth Moreira
SÃO PAULO - O presidente da Gol, Constantino de
Oliveira Júnior, afirmou nesta sexta-feira, 20,
que a empresa está estudando alternativas para
iniciar as rotas da VRG (nova Varig) que ainda não
estão sendo operadas antes que vença o prazo
para reativar as concessões, em junho.
Desta forma, a empresa espera evitar ter que pedir uma
prorrogação de prazo à Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac). Esta semana,
o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, não se mostrou
disposto a ampliar o prazo. "Não se trata
de flexibilizar as regras. A Anac é um órgão
técnico e tem que seguir suas regras", disse
Zuanazzi.
"Estamos negociando novas aeronaves e só
depois que tivermos uma proposta mais clara, vamos apresentá-la
à Anac", explicou Constantino Jr. O executivo
afirmou que a empresa não submeteu nenhum pedido
ao órgão nesse sentido, apesar de já
ter sinalizado ao mercado que deverá levar até
12 meses para colocar em funcionamento todas as rotas
da empresa.
Em teleconferência com analistas para comentar
os resultados do primeiro trimestre, o executivo revelou
que os primeiros destinos internacionais que a Varig retomará
são para os países europeus, além
da Cidade do México, na América Latina.
Constantino Júnior informou que a empresa já
tem assegurada a incorporação de sete Boeings
767 à frota da Varig e que outras sete aeronaves
do mesmo modelo chegarão em 2008. "Esses aviões
já estão assegurados", disse. O executivo
contou que um MD-11, utilizado atualmente pela Varig na
rota para Frankfurt, será devolvido.
Por problemas técnicos durante a teleconferência,
o executivo não pôde responder à pergunta
de jornalistas se algumas dessas aeronaves pertencem à
Euro Atlantic, conforme anunciado essa semana pelo presidente
da companhia.
O presidente da Gol disse ainda que os aviões
estão sendo negociados no mercado de leasing operacional
e a custos competitivos. Além das aeronaves já
confirmadas, a Gol está negociando com lessores
(empresas de aluguel) modelos 737-700 e 800 para adicionar
à frota da Varig entre 2007 e 2008.
Cade
Constantino Júnior afirmou que protocolou na quinta-feira
no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
a compra da nova Varig, anunciada no final de março,
por US$ 320 milhões. O executivo disse que é
difícil estimar qual será o período
necessário para que o órgão analise
o negócio, mas ressaltou que a expectativa é
de que seja uma posição seja dada no prazo
de seis meses ou menos.
De acordo com a lei antitruste brasileira, qualquer fusão
ou aquisição de empresas que faturam mais
de R$ 400 milhões no Brasil ou detém participação
de mais de 20% de qualquer mercado obrigatoriamente tem
que ser submetida ao órgão.
Além do conselho, as empresas têm que protocolar
o negócio na Secretaria de Direito Econômico
(SDE) do Ministério da Justiça e na Secretaria
de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério
da Fazenda. Nesta tarde, a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) concedeu autorização prévia
ao negócio.
O executivo disse ainda que a previsão é
de que as rotas domésticas da Varig alcancem o
break even (ponto de equilíbrio, no qual igualam-se
receitas e despesas) dentro de três meses. Para
as rotas internacionais a previsão é de
atingir o equilíbrio no período de quatro
a seis meses a partir da reinauguração das
rotas.
A Varig tem autorização para voar em 18
destinos no Brasil, três na América do Sul,
três na América do Norte e cinco na Europa.
"Já estamos utilizando a plataforma de baixos
custos da Gol para acelerar o crescimento da Varig",
afirmou.
Segundo Constantino Júnior, quatro diretores da
Gol estão trabalhando atualmente na companhia adquirida
e já dentro de um mês a empresa já
terá alcançado resultados significativos
em termos de queda de custos, com a redução
dos custos com combustíveis, operacionais das aeronaves,
além de custos com manutenção.
A empresa também pretende lançar em breve
uma ampla campanha para resgatar a imagem da Varig, que
na sua opinião é uma das mais valiosas entre
a aviação mundial.