O Estado de São Paulo
20/07/2007
Avião da TAM estava voando
com um freio aerodinâmico desativado
Reverso, que causou o acidente
com o Fokker 100 da TAM em SP, em 1996, pode ter descontrolado
Airbus
Quase 11 anos após o acidente com o Fokker 100
da TAM, o reverso pode estar de novo por trás de
uma tragédia. Ganhou força a hipótese
de que o mau funcionamento do equipamento interferiu na
arremetida do Airbus A320, que na terça-feira se
chocou com o prédio da TAM Express, matando ao
menos 188 pessoas.
Especialistas e militares ouvidos pelo Estado afirmam
que uma eventual pane no reverso - sistema auxiliar de
frenagem, que fica acoplado às turbinas - pode
explicar a guinada do avião na pista principal
do Aeroporto de Congonhas. A suspeita é de que
o equipamento do lado direito não fechou, o que
teria provocado arrasto maior da aeronave durante a tentativa
de arremeter, fazendo-a pender para o lado esquerdo na
cabeceira da pista.
À noite, o Jornal Nacional, da TV Globo, revelou
que um problema no reverso já tinha sido verificado
pela TAM na última sexta-feira, mas o Airbus continuou
voando. A empresa admitiu que detectou a falha, mas negou
que isso tenha causado o acidente. O vice-presidente técnico
da TAM, Ruy Amparo, havia dito na quarta-feira que o equipamento
estava travado desde segunda-feira por um pino para evitar
que abrisse sem ser acionado.
Os manuais técnicos do fabricante recomendam a
revisão do equipamento até dez dias após
uma falha no equipamento ter sido detectada. Para técnicos
da TAM, o problema no reverso não seria inicialmente
um fator de impedimento para a continuidade das operações
com o avião.
'Os reversos não costumam ser usados num Airbus,
que tem sistema digital de desaceleração',
afirmou um comandante ouvido pelo Estado, com mais de
20 anos de experiência, e, atualmente, trabalhando
na Gol. 'É como o freio de mão de um carro.
Você não usa, mas pode decidir a parada numa
situação como aquela.'
O reverso era o assunto da noite do acidente nos hotéis
e restaurantes da Rua Baronesa de Bela Vista, paralela
à Avenida Washington Luís, em frente ao
aeroporto, onde comissários e pilotos criaram uma
comunidade própria. Assustados, a maioria comentava
sobre a pressão a qual são submetidos na
Gol e na TAM.
'Foi 'pinado', sim, em Confins (MG)', declarou um co-piloto
da TAM com menos de dez anos de experiência. 'Mas
não tem importância. É mais perigoso
voar com o equipamento sem trava quando não está
funcionando 100%. Vai que abre sem querer?', explicou.
Outro comandante confirmou a história do reverso
'pinado'. 'Eu soube disso, mas eu voaria. Não é
algo tão preocupante assim', disse. 'Acho as condições
da pista uma coisa muito pior. Em pouco tempo, ela já
está toda emborrachada. Daí você vai
e fica mudando o ponto do pouso.'
O quarto comandante ouvido não confirmou a história
do reverso mas citou o 'emborrachamento' da pista. Segundo
ele, toda vez que o avião pousa, deixa borracha
do pneu na pista. Nas parte onde há mais pousos,
nas cabeceiras, essa borracha se mistura ao asfalto com
o calor, deixando a superfície mais lisa. Os pilotos
mais experientes procuram um ponto mais à frente
ou atrás, onde há menos borracha.
O Estado de São Paulo
20/07/2007
Trajetória do avião
na pista reforça hipótese de problema no
reverso
Em tese, piloto poderia desativar
o equipamento e arremeter, mas, para investigador, não
houve 'tempo hábil'
O reverso do Airbus A320 da TAM se tornou o grande suspeito
de ser o principal vilão da tragédia do
vôo 3054 por dois motivos. O primeiro é a
trajetória do avião na pista principal de
Congonhas. As filmagens mostram o equipamento em funcionamento
pouco antes de o Airbus virar repentinamente à
esquerda. O segundo é o histórico do avião.
O reverso da turbina direita havia apresentado um defeito,
segundo informou a TAM, na sexta-feira. O Airbus voava
com ele pinado, ou seja, desativado.
Assim, quando o Airbus pousou, só o reverso esquerdo
estava funcionando. Um membro da comissão de investigação
do acidente disse ontem ao Estado que todo piloto tem
capacidade para fechar o reverso aberto e dar potência
nas turbinas a fim de arremeter. O problema é o
tempo necessário para executar essa manobra incomum.
'Não havia tempo hábil', disse o investigador.
A possibilidade de que o reverso esquerdo aberto tenha
prejudicado a manobra de arremetida do avião é
uma das hipóteses apuradas pela Aeronáutica.
Ela pode justificar a curva à esquerda que o avião
fez na pista do aeroporto. Para militares e especialistas
em vôo ouvidos pelo Estado, é certo que houve
uma 'assimetria revelada pela maior potência de
motor do lado direito e maior arrasto do lado esquerdo'
quando o Airbus já estava com o bico no ar, apenas
raspando os trens de pouso das asas no solo.
Sabe-se que o avião tinha retirado o trem de pouso
dianteiro (bequilha) do solo por que ele não deixou
marcas no trecho final da pista. Isso significa que o
avião se preparava para arremeter e começava
a ter sustentação para decolar - não
se sabia ainda a razão que levou o piloto a tomar
a decisão de arremeter. Perto dos últimos
300 metros da pista, algo fez o Airbus virar à
esquerda.
'Uma assimetria provocou esse movimento', disse o especialista
em segurança de vôo Roberto Peterka. Para
ele, ainda é cedo para saber o que causou a assimetria.
Suspeita-se que o avião ganhou mais potência
no motor direito do que no esquerdo, o que provocaria
a deriva. O reverso é uma hipótese forte
como causa dessa assimetria porque ele precisa fechar
para a turbina ganhar potência.
Com o equipamento direito pinado e o esquerdo aberto,
a turbina direita ganharia potência antes da outra.
Acredita-se que o reverso esquerdo do Airbus abriu quando
ele pousou por causa da quantidade de água em torno
da turbina exibida nas filmagens do pouso feitas pela
Infraero. O fato de testemunhas não terem observado
o reverso abrir é explicado por Peterka pelo fato
de o equipamento ficar dentro da turbina. O barulho do
motor acelerando encobrira o do reverso.
Mas outros equipamentos também podem ter falhado,
justificando a curva à esquerda, como o antiskid
(sistema de freio hidráulico, que devia ser desligado)
e o speedbreak (freio aerodinâmico sobre as asas).
Uma abertura errada dos flaps ou uma perda de potência
na turbina esquerda causada por uma pouco provável
explosão também causariam a assimetria.
Para essa última hipótese, a turbina esquerda
teria queimado assim que o comandante pôs toda potência
para decolar. 'Isso pode ter queimado a turbina esquerda',
disse o brigadeiro Renato Cláudio Costa Pereira,
ex-secretário-geral da Organização
Internacional da Aviação Civil (Icao, na
sigla em inglês).
O brigadeiro Jorge Kersul Filho, do Centro de Investigação
e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(Cenipa), confirmou que marcas na pista demonstram o desvio
do avião. Nesse momento, os trens de pouso das
asas ainda mantinham contato com o solo. Ao sair da pista
principal, o avião entrou no gramado que a separa
da área de taxiamento. Os trens de pouso das asas
rasparam a grama, deixando sulcos. Caso o Airbus estivesse
inteiramente no solo, seu peso de 62,5 toneladas faria
os trens de pouso se enterrarem.
Eis porque os peritos acham pouco provável que
o piloto tenha tentado uma manobra para frear in extremis
a aeronave, como foi cogitado anteontem. Ao sair do gramado,
o avião entrou na pista de taxiamento. Nela, os
pneus deixaram marcas de atrito com o concreto antes de
baterem na borda da cabeceira. Oficiais da Aeronáutica
disseram que o fato de os trens de pouso terem raspado
o gramado e a borda pode ter contribuído para sua
perda de sustentação, comprometendo ainda
mais a arremetida. 'O avião chegou a sair do chão,
mas sem velocidade de rotação', disse o
brigadeiro Pereira. Ao sair o aeroporto, ele inclinou-se
à esquerda e caiu lateralmente no prédio.
Tribuna da Imprensa
20/07/2007
Para além da tragédia
de Congonhas
Pedro Porfírio
"Com relação à segurança
de vôo, eu não me preocupo. Até porque
os aviões estão retidos no solo e todo mundo
sabe que a melhor proteção para um avião
não cair é ele não decolar".
(José Carlos Pereira, brigadeiro e presidente da
Infraero, em entrevista à Band News, durante o
"apagão aéreo")
Bem que eu já havia me programado para falar sobre
nossa aviltada aviação comercial brasileira.
Hoje, 20 de julho, é o dia do nascimento de Santos
Dumont, motivo de festa; mas é também o
primeiro aniversário do fatídico leilão
que reduziu a Varig a uma miniatura, deixou milhares de
profissionais altamente qualificados a ver navios e a
colocou nas mãos de aventureiros de um fundo abutre
de investimento, produzindo um brutal corte epistemológico
nos nossos transportes aéreos.
Mas antes que me desse à lembrança do erro
fatal e de conseqüências irreversíveis
do governo, que deixou correr solto o processo de amputação
da Varig, levando todo seu sistema ao caos, inclusive
o fundo de pensão, aconteceu esse acidente com
o Airbus da TAM.
Se todos coincidem em apontar essa como uma "tragédia
anunciada", aliás ensaiada na véspera,
com a derrapagem do avião da Pantanal, poucos se
deram ao trabalho de comparar a incidência de acidentes
aéreos nos últimos anos.
A tragédia do vôo 3054 se deu há
exatos 9 meses e 20 dias desde o estranho choque que abateu
o Boeing da Gol nos céus de Mato Grosso. Isto é,
os dois acidentes com maiores vítimas no Brasil
aconteceram, por coincidência, nesse espaço
em que se consumou de forma perversa e irresponsável
o abandono da Varig à própria (má)
sorte e já sob o "império" da
Anac.
Além dessas duas traumáticas tragédias,
o Aeroporto de Congonhas registrou pequenos acidentes.
Em 7 de agosto do ano passado, um Fokker 100 da TAM interrompeu
o vôo depois que uma porta se soltou ao decolar
com destino ao Rio.
Tragédia de
erros
Antes da Anac, em maio de 2004, um Embraer 125 da Rico
Linias Aéreas caiu na Amazônia, causando
a morte de 33 ocupantes, e lá em outubro de 1996
um Fokker da TAM chocou-se contra um prédio no
bairro de Jabaquara, depois de levantar vôo de Congonhas,
matando 97 pessoas.
Como pano de fundo dessas tragédias fatais, o chamado
"apagão aéreo".
E em pleno clima de indignação de milhares
de passageiros retidos por horas nos aeroportos, a ministra
Marta Suplicy, do Turismo, brindou o País com uma
frase emblemática que, diante da sua impunidade,
passou a ser aos olhos do povo uma proposta do governo.
Toda discussão sobre o acidente desta terça-feira
só aportará especulações dirigidas.
Ninguém vai querer se responsabilizar por uma tragédia
que chocou o País. Portanto, todos incriminam todos:
só falta aparecer alguém para culpar as
rádios "piratas", que entrariam na história
como o mordomo nos romances de Agatha Christie.
Mas uma coisa é certa: o governo vai mal das pernas
em matéria de transportes aéreos e isso
poderá lhe custar muito caro, porque uma tragédia
como essa de Congonhas não choca apenas a "classe
média" que pega avião e que é
apontada pelos bambas do Planalto como única insatisfeita
com o presidente Luiz Inácio.
Se considerarmos a política governamental no setor,
vamos nos deparar com um desastre em cadeia. Essa política
errada, a bem da verdade, não é especialidade
dos atuais governantes, embora o maior golpe contra a
saúde do sistema - a amputação na
Varig, a empresa-mãe, coluna vertebral da rede
aérea - tenha ocorrido sob o governo Lula e para
o gáudio de seus "cabeças de área".
A decadência e desestruturação da
nossa aviação comercial teve nos responsáveis
pela Agência Nacional de Aviação Civil,
militantes partidários de discutível preparo
técnico, sua definitiva cristalização.
Não há um só ato desse pessoal que
não tenha sido infeliz e causado transtornos.
Mas, a ser preciso, há todo um espectro de "autoridades"
sem condições mínimas de permanecerem
à frente dos órgãos gestores de um
setor tão estratégico e vulnerável.
Não basta ao presidente da República mandar
a Polícia Federal investigar a obra da pista, decorrente
de uma ação do Ministério Público
Federal.
Se estiver no pleno exercício de suas responsabilidades,
caberá ao presidente Luiz Inácio promover
uma devassa e fazer rolar cabeças nesses órgãos,
em todos os escalões, porque, como todo mundo sabe,
ali o predomínio de práticas imorais passou
dos limites, se é que essas práticas são
admissíveis em algum limite.
Nessas horas, vale lembrar as decisões emblemáticas
de Leonel Brizola. No seu segundo governo, diante de denúncias
sobre corrupção no Detran, ele chamou alguns
procuradores do Ministério Público e entregou
o órgão para que o administrassem com toda
liberdade.
Aí, tem razão o jornalista Josias de Souza,
da "Folha": "Tome-se, porque é mais
recente, o exemplo do descalabro de Congonhas. A pista
onde se realizam os pousos e as decolagens mede exíguos
1.900 metros. Desde a década de 80, pilotos e especialistas
se queixam das deficiências desse naco de concreto.
O que fez o governo? Na última década, torrou
algo como R$ 530 milhões no embelezamento interno
do terminal de passageiros".
O que aconteceu agora em Congonhas é um verdadeiro
atestado de óbito da política do governo
para os transportes aéreos, mais voltada para obras
cosméticas do que para a segurança. Os pilotos
lembram que muitos deles já haviam advertido sobre
as condições de Congonhas, mas as autoridades
sempre preferiram se curvar às pressões
das empresas, infladas por um aumento de demanda de 12%
ao ano.
Além do acidente de véspera, somente entre
março de 2006 e janeiro deste ano quatro derrapagens
foram registradas no maior aeroporto da América
Latina, que em 2005 somou 228 mil operações
de pousos e decolagens (dois terços deles pela
pista principal), superior ao número indicado pela
Organização de Aviação Civil
Internacional (Oaci), que é de 195 mil. Em uma
das derrapagens, um avião da BRA quase atingiu
a Avenida Washington Luís. Em janeiro, a Varig
afirmou que uma lâmina d'água obrigou o piloto
de um Boeing 737 a realizar uma freada mais brusca durante
a aterrissagem.
Com o desastre fatal desta terça-feira, a sociedade
espera mais do que providências simbólicas.
Exige ações determinadas e definitivas.
A responsabilidade
da Anac
A Anac é, legalmente, responsável pela
gestão dos transportes aéreos, conforme
estabelece seu regulamento:
"Art. 4º - Cabe à Anac adotar medidas
para o atendimento do interesse público e para
o desenvolvimento e fomento da aviação civil,
da infra-estrutura aeronáutica e aeroportuária
do País, atuando com independência, legalidade,
impessoalidade e publicidade, competindo-lhe:
XXIX - aprovar e fiscalizar a construção,
a reforma e a ampliação de aeródromos
e sua abertura ao tráfego, observadas a legislação
e as normas pertinentes e após prévia análise
pelo comando da Aeronáutica, sob o ponto de vista
da segurança da navegação.
XXXI - expedir normas e estabelecer padrões mínimos
de segurança de vôo, de desempenho e eficiência,
a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços
aéreos e de infra-estruturas aeronáutica
e aeroportuária, inclusive quanto a equipamentos,
materiais, produtos e processos que utilizarem e serviços
que prestarem;
Art. 5º - Constitui infra-estrutura aeronáutica
e aeroportuária, para efeito de orientação,
coordenação, regulação e fiscalização
da Anac, o conjunto de órgãos, instalações
ou estruturas terrestres de apoio à aviação
civil, para promover-lhe a segurança, a regularidade
e a eficiência, compreendendo, nos termos do art.
25 da Lei nº 7.565, de 19 de dezembro de 1986".
O
Globo online
20/07/2007 às 09h27m
Pneu de avião da Gol estoura em
aterrissagem no Maranhão
imirante.com
SÃO LUÍS - Um avião da Gol, que fazia
o vôo 1643, teve um pneu estourado no momento da aterrissagem
no aeroporto de São Luís (MA), na noite desta quinta-feira.
A aeronave vinha de Marabá, no Pará, com destino a Salvador,
na Bahia, fazendo escalas em São Luís.
Os passageiros ficaram assustados com
o grande barulho que ouviram na hora da descida. O comandante
informou que havia acontecido um problema técnico e que
eles teriam que sair da aeronave para que o pneu fosse
trocado.
O avião deveria ter saído de São Luís
às 19h20, mas, às 23h, ainda estava no aeroporto, onde
era feita a troca do pneu. Ninguém da empresa Gol na capital
do Maranhão quis falar sobre o assunto.
Coluna - Claudio Humberto
20/07/2007 - 07:48 h
TAM, 'a pior empresa aérea
do mundo'
A respeitada revista on-line americana Slate publicou
nesta quinta na seção de Finanças
e Negócios artigo da escritora Elizabeth Spiers
relatando em primeira pessoa os dissabores que a levaram
a titular com tal ênfase a companhia brasileira:
"A TAM é a pior empresa aérea do mundo
- venho dizendo desde abril", escreve Spiers, lembrando
das férias em abril no Brasil, quando voltou "feliz,
mas traumatizada com o sistema aéreo".
Fala do acidente na terça-feira, ressalvando que
a tragédia "não é só
culpa pela TAM ser horrível, é culpa também
do Brasil". Ela conta que viajou pela TAM de Nova
York a São Paulo (em abril) com o namorado e depois
a Manaus, voltou a São Paulo, foi ao Rio, voltou
à capital paulista e então retornou a Nova
York. "Nove dias que já seriam brutais sem
complicação - mas cada vôo atrasava
várias horas ou era cancelado.
Fries fala ainda na Slate da "burocracia intrínseca"
da TAM, mas também da "burocracia intrínseca"
dos aeroportos estatais, com terminas despreparados para
atender a demanda de passageiros. No longo relato, a jornalista
relaciona as trapalhadas da TAM ao estilo Monty Python
(um grupo cômico inglês), como um portão
para Buenos Aires com a placa Nova York e o de Nova York
com a placa Buenos Aires. Spiers cita também o
baixo salário dos controladores, o equipamento
ruim, a falta de competição, a pista curta
do aeroporto de Congonhas, o controle aéreo militarizado
e um sistema aéreo esgotado, que as autoridades
insistem em negar, para concluir que "não
voltarei ao Brasil tão cedo".
Jornal do Brasil
20/07/2007
Assessores do Governo comemoram
a falha em avião da TAM
Karla Correia e Carla Andrade, Agência
JB
BRASÍLIA E RIO - O assessor especial da Presidência,
Marco Aurélio Garcia, e o secretário flagrados
no Palácio do Planalto, por um cameraman da Globo,
assistindo ao JN e comemorando com gestos obscenos a denúncia
de que o avião da TAM estava com problemas.
Marco Aurélio, depois de saber que tinha sido
flagrado, fechou a cara e lamentou-se. O secretário
ficou intacto, sem reação. Ambos rodaram
a assessoria de imprensa do Palácio se explicando.
As imagens foram exibidas na edição desta
quinta-feira do Jornal Nacional. O vídeo mostra
os dois assessores através das janelas de uma sala
no Palácio do Planalto fazendo gestos obscenos
e sorrindo, com a impressão de que comemoravam
alguma coisa.
- Essa foi uma reação privada que qualquer
pessoa de bom senso teria. Reagi por indignação
de creditarem ao Governo tal responsabilidade - tentou
explicar Garcia.
O senador Pedro Simon classificou de "dantesco"
o gesto de ambos e disse que "comemorar, neste momento,
é se aproveitar da dor brasileira".
Valor Econômico
20/07/2007 08:44
Reversor do Airbus da TAM tinha
defeito desde sexta-feira
SÃO PAULO - O reversor do lado direito do Airbus
A-320 da TAM que se acidentou na terça-feira estava
com defeito desde a sexta anterior, segundo o vice-presidente
técnico da companhia, Ruy Amparo. Ele confirmou
que o equipamento, que auxilia no processo de parada do
avião, estava travado, ou seja, desativado, enquanto
não passava por reparos.
Amparo negou que esse defeito possa ser considerado causa
do acidente. Segundo ele, um A-320 pode pousar até
mesmo com os dois reversores desativados. Isso está
inclusive definido no manual da aeronave entregue pela
fabricante Airbus, segundo o executivo. " O reversor
é usado para economizar os freios e os cálculos
para pouso são feitos sem levar em conta o seu
funcionamento " , disse Amparo. O reversor esquerdo
funcionava normalmente. O computador do avião alerta
sobre o defeito e o travamento é feito manualmente
pelo piloto, para evitar problemas. O acidente com o Fokker-100
da TAM em 1996 aconteceu justamente porque o reversor
teve defeito e funcionou na decolagem.
" Um avião como esse tem equipamentos com
muitas redundâncias de função. São,
por exemplo, três sistemas de freio independentes
" , explicou. O reparo do defeito no reversor só
poderia ter sido feito na oficina de Congonhas, durante
a parada noturna. Antes do acidente, a mesma aeronave
havia feito pousos em Congonhas debaixo de chuva na segunda
e na terça, disse Amparo.
O executivo esclareceu ainda que que o A-320 que se acidentou
contava com o sistema FOQA, que permite à companhia
aérea acompanhar o que acontece com a parte mecânica
da aeronave. No entanto, disse, a TAM não faz a
leitura em tempo real, via satélite. Os dados ficam
gravados em um cartão e são analisados posteriormente
pela área de segurança de vôo. "
Nesse caso, os dados ficaram na caixa preta e não
temos acesso a eles. "
Folha de São Paulo
20/07/2007
Lula decide demitir o ministro Waldir
Pires
Decisão ocorre após
dez meses de caos aéreo; ministro teve sua atuação
criticada desde o acidente com o Boeing da Gol
O presidente da Infraero também deverá deixar
o cargo; anúncio das demissões deverá
ocorrer apenas na próxima semana
PEDRO DIAS LEITE
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de dar uma resposta política à
crise do setor aéreo, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva decidiu demitir até a semana que
vem o ministro da Defesa, Waldir Pires, e a cúpula
da Infraero, estatal responsável pelos aeroportos
brasileiros. Em silêncio desde o acidente, Lula
fará pronunciamento em cadeia de rádio e
TV para anunciar medidas para desafogar Congonhas. Só
agora, passados dez meses de caos, surge a primeira mudança
na cúpula da área. Enquanto os problemas
no setor aéreo se acumulavam, o afastamento de
Pires, 80, foi cogitado diversas vezes, mas Lula resistiu
a tirá-lo do governo. Agora, a situação
se tornou "insustentável", nas palavras
de um auxiliar direto de Lula.
A avaliação no Palácio dos Planalto
é que Pires não tem culpa no caso do acidente
da TAM ocorrido na terça-feira, mas seu imobilismo
ao longo da crise e a falta de capacidade de encontrar
soluções -problemas dele, e, logo, do governo-
voltaram ao centro do debate com a mais recente tragédia.
Pires nem foi chamado para reunião sobre o tema
com Lula e seis ministros ontem à tarde. Com Pires
deve sair o presidente da Infraero, brigadeiro José
Carlos Pereira, cuja atuação tem sido criticada
por Lula em conversas reservadas. O comandante da Aeronáutica,
Juniti Saito, continuará no cargo.
Até o início da noite de ontem, Pires continuava
reunido no Planalto. Pereira, chamado às pressas
por Dilma Rousseff, saiu por volta das 19h30. Na chegada,
disse que estava "pronto para sair", caso o
governo determinasse. Segundo a Folha apurou, até
a volta do vice-presidente José Alencar ao comando
da Defesa é cogitada no governo.
Pronunciamento
Em seu pronunciamento, Lula vai tratar do acidente e anunciar
as possíveis mudanças. Elas incluem a redução
do número de vôos e restrições
ao uso do aeroporto. Já terão se passado
mais de 72 horas desde a maior tragédia da aviação
brasileira sem que o presidente nem sequer tenha aparecido
em público para falar do tema. Por isso, o pronunciamento
irá além da consternação e
tratará de mudanças concretas. No dia seguinte
ao acidente, Lula passou a tarde recolhido no Palácio
da Alvorada, recuperando-se de uma pequena cirurgia para
retirada de terçol. Assessores de Lula chegaram
a discutir a possibilidade de o presidente ir até
o cenário do desastre, mas a avaliação
foi de que soaria uma "demagogia" -menos de
uma semana antes, o presidente foi vaiado pelo Maracanã
lotado.
Ainda na linha de mostrar uma reação, o
governo vazou que também reforçará
os poderes do Conac (Conselho de Aviação
Civil), órgão formado por seis ministérios
(Defesa, Relações Exteriores, Fazenda, Desenvolvimento,
Turismo e Casa Civil) e pelo comandante da Aeronáutica.
Será uma espécie de ministério da
crise, com amplos poderes para tentar buscar soluções
para o caos da aviação. O Conac foi criado
em 2000, passou praticamente desativado os últimos
quatro anos e voltou a se reunir novamente no mês
passado, pela primeira vez desde 2003. Hoje haverá
nova reunião, no Palácio do Planalto, que
deve ser coordenada pelo próprio Lula.
Sites das Associações
20/07/2007
Alerta aos participantes do plano
de saúde da FRB
Atenção! Este fato ocorreu hoje e merece
ser relatado, mesmo que não tenha acontecido com
todos os ex-funcionários da Varig.
Os participantes do Plano de Saúde da FRB receberam,
há poucos dias, carta comunicando o encerramento
do contrato da AMIL. De acordo com a correspondência,
todos os seus beneficiários passariam para a UNIMED
DUQUE DE CAXIAS, a partir de 1º de agosto.
O fato é que muitos desses beneficiários
estão em tratamento ou com cirurgias marcadas,
entre outros casos.
Nesta quinta-feira (19/07), o Serviço Social das
Associações atendeu a uma pensionista de
69 anos, e a seu filho, de 46 anos, que eram da AMIL da
FRB há mais de dez anos. Estava desesperada porque
ia ficar sem o plano AMIL e não queria passar para
a UNIMED, uma vez que perderia o padrão de qualidade
da AMIL e seus médicos, que já a acompanhavam
por muitos anos.
Para tranquilizá-la, fizemos contato com a AMIL
para verificar qual o Plano equivalente ao Opção
22 da FRB, assim como o custo para ela e seu filho, em
caráter individual. Procuramos saber, ainda, se
ela a carência de tantos anos seria aproveitada.
Para nossa surpresa, soubemos que o plano equivalente
seria o AMIL 40 e ela pagaria quase menos R$200,00 (duzentos
reais).
Não acreditamos, pois sempre soubemos que os planos
individuais são mais caros. Qual vantagem, então,
de fazer parte do Plano da FRB? Pois verificamos que a
diferença paga, pela associada, caso estivesse
inscrita num dos contratos das Associações,
era superior a R$ 300,00 mensais.
Infelizmente, devido à idade, ela não pode
mais optar por um dos nossos contratos.
Nossa dúvida é: por que a Fundação
Ruben Berta, cujo objetivo principal é assistir
aos seus beneficiários, principalmente aposentados
e pensionistas, estava cobrando tão caro pela AMIL?
Fiquem atentos! Procurem saber quanto custa, hoje, um
plano de saúde nas Associações. E
façam sua opção por ela, enquanto
é tempo.
Se todos os pilotos, comissários, mecânicos
de Vôo e seus familiares fizessem parte dos contratos
de suas Associações que hoje trabalham juntas,
com certeza vocês não estariam pagando tão
caro.
E lembrem-se:
A AMIL só aceita inclusões até 58
anos.
A UNIMED, até 55 anos.
O UNIBANCO AIG, até 64 anos.
Portanto, informem–se e evitem prejuízos
financeiros.
O Globo Online / O Globo
19/07/2007 às 23h46m
Assessor de Lula reage com gestos
obscenos à notícia de defeito no avião
da TAM
RIO - O assessor para Assuntos Internacionais do presidente
Lula, Marco Aurélio Garcia, e seu assessor de imprensa,
Bruno Gaspar, reagiram com gestos obscenos à notícia
de que o avião da TAM tinha um defeito no reverso
da turbina .
Imagens divulgadas pela GloboNews TV na noite desta quinta-feira
mostraram Garcia e Bruno de pé, na sala do assessor
de Lula, no terceiro andar do Palácio do Planalto,
vendo o Jornal Nacional no momento em que o telejornal
deu a notícia.
Quando o apresentador William Bonner informou que a aeronave
apresentava defeito, e que a TAM já sabia do problema,
o assessor do presidente fez o movimento de espalmar umas
das mãos e bater contra a outra, fechada, num gesto
popular que significa "se f...". Na seqüência,
Bruno faz uma encenação com os braços,
simulando o gesto de copular, que tem conotação
semelhante à anterior.
A cena foi capturada por um cinegrafista da Rede Globo,
posicionado do lado de fora do Palácio do Planalto.
O assessor de imprensa de Marco Aurélio Garcia
negou que ele e seu chefe estivessem comemorando a notícia
veiculada pelo Jornal Nacional.
Gaspar disse que eles estavam em um "momento privado"
e " extravasando" diante de informações
"de setores que tentam se antecipar e chegar a conclusões
precipitadas", além de se "apropriar
politicamente do episódio" para prejudicar
o governo.
- Essas pessoas vão ter de constatar que o problema
é mais complexo - disse.
Site
da ALERGS
Agência de Notícias 14:53 - 19/07/2007
FUNDO DE PENSÃO
Subcomissão do Aerus colhe
subsídios para audiência em Brasília
Marinella Peruzzo - Edição:
Sheyla Scardoelli Foto: Marco Couto / Ag AL
Subcomissão realizou
sua segunda reunião de trabalho
A elaboração de uma nota técnica
que será enviada ao governo federal reuniu em torno
de 60 aposentados da Varig na manhã desta quinta-feira
(19) no Plenarinho da Assembléia Legislativa. Foi
a segunda reunião de trabalho da Subcomissão
de Apoio aos Beneficiários do Plano Aerus, coordenada
pelo deputado Kalil Sehbe (PDT) e integrada também
pelos deputados Raul Carrion (PCdoB) e Adão Villaverde
(PT). Os parlamentares colheram subsídios entre
os participantes para a redação do documento
solicitado para a realização de audiência
em Brasília com os ministérios da Previdência,
do Trabalho, da Casa Civil e da Justiça.
"Queremos
a aceleração e a vontade política
do governo, pois já temos apoio na Lei 9.469 para
o pagamento da indenização de R$ 3 bilhões
decorrentes do congelamento das passagens aéreas
no Plano Cruzado", disse Kalil Sehbe.
O
presidente da Associação de Pilotos da Varig
(APVAR), Élnio Borges, destacou o apoio da Assembléia
gaúcha na luta dos beneficiários do Aerus
e criticou o governo federal. "A questão para
o fundo de pensão da Varig é estritamente
política. Tanto do ponto de vista jurídico,
quanto do ponto de vista técnico, há ferramentas
para solução. Estamos empenhados em encontrar
força política suficiente – que deverá
partir daqui - para fazer com que o governo tome as atitudes
necessárias", considerou.
REUTERS
18 de Julho, 2007 10:20 GMT
Piloto critica "anistia"
de pista de Congonhas pelo governo
Por Denise Luna
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A controvérsia em torno
da condição da pista principal do Aeroporto
de Congonhas e quanto ela foi responsável pelo
acidente com um Airbus da TAM em que morreram 186 pessoas
já opõe governo e pilotos.
Enquanto a Infraero nega que uma lâmina de água
na pista do mais movimentado aeroporto do país
possa ter provocado a derrapagem da aeronave, o presidente
da Associação dos Pilotos da Varig, Elnio
Borges, diz que a estratégia oficial seria promover
a culpa dos comandantes do vôo 3054.
"O governo colocou seus agentes para criar uma opinião
pública favorável à visão
de que a pista de Congonhas não é parte
desse acidente", afirmou Borges à Reuters
nesta quarta-feira. "Pode escrever: eles vão
fazer das tripas coração para mostrar que
o piloto é o culpado", disse.
A TAM divulgou dados sobre o nível de experiência
dos dois comandantes do avião que acabou explodindo
ao avançar além da pista de pouso em Congonhas,
fazendo um vôo rasante sobre movimentada avenida
de São Paulo e colidindo contra prédios
no populoso bairro de Campo Belo. Um dos prédios
atingidos era da TAM Express.
Um dos comandantes, Henrique Stephanini di Sacco, havia
sido admitido na TAM em janeiro, portanto, há apenas
seis meses, mas tinha 14.744 horas de vôo e o 'check
regulatório' feito em 5 de junho. O outro comandante,
Kleyber Lima, trabalhava na TAM há 19 anos, tinha
13.644 horas de vôo e seu 'check regulatório'
era datado de 19 de maio.
MEDO DE CONGONHAS
Evitando tecer hipóteses sobre as causas do maior
acidente da aviação no Brasil, Borges afirmou
que os problemas no Aeroporto de Congonhas são
conhecidos e os pilotos só continuam aceitando
operar no local por medo de serem demitidos.
A TAM negou nesta tarde que os pilotos atuem sob pressão,
defendeu a responsabilidade dos profissionais da empresa
e afirmou ainda que o modelo A320 está totalmente
habilitado a operar em Congonhas.
O presidente da TAM, Marco Antônio Bologna, evitou
vincular o acidente à situação da
pista principal de Congonhas, que passou recentemente
por reforma mas que ainda não conta com as chamadas
"ranhuras", ou "grooving", que ajudam
a dar vazão à água da chuva. O superintendente
de Engenharia da Infraero, Armando Schneider Filho, negou
que tenha havido derrapagem. "O problema do escoamento
da água foi resolvido com a reforma recente que
a Infraero acabou de entregar", disse a jornalistas.
Essa não é a opinião de Borges.
"O 'grooving' foi colocado lá na década
de 1980. Eu operava lá antes do 'grooving' e posso
dizer que melhorou muito depois dele", explicou.
"Existem pistas com 'grooving' porque circunstâncias
específicas daquela pista exigem, o que é
o caso de Congonhas", complementou.
Segundo Borges, com a chuva e sem ranhuras, a pista de
Congonhas vira um "esqui", já que a lâmina
d'água, por mais fina que seja, impede o pneu de
tocar no concreto e o piloto perde o controle direcional
da aeronave.
"A grande armadilha onde eles (governo) estão
metidos é que se recusam a tomar qualquer atitude
que só eles podem tomar, corretiva, sob pena de
confessar a responsabilidade que eles vêm negando
há tempos", avaliou.
Para o comandante, que preside uma associação
da qual participam 600 pilotos que são ou eram
da Varig, dificilmente se chegará à conclusão
da responsabilidade sobre o acidente da TAM. "Esse
acidente será objeto de uma pressão objetiva
do governo para que não se conclua que a pista
teve responsabilidade nisso", afirmou.