::::: RIO DE JANEIRO - 20 DE JUNHO DE 2007 :::::

 

Jornal do Comércio - RS
20/06/2007

A raiz da crise da Varig está na governança
Diretor da Evolve Gestão

Você saberia dizer em poucas palavras o que quebrou a Varig? Governança é a resposta. Ou, melhor dizendo, a ausência das melhores práticas de Governança Corporativa é a razão central de a empresa alcançar a situação em que chegou. Não me parece difícil concluir que o gênesis de todo o problema da Varig está na forma pela qual ela se auto-governava. Controlada pela Fundação Ruben Berta, com um Conselho Curador de sete membros eleitos por um Colégio Deliberante de 220 funcionários, estes eleitos pela totalidade dos empregados, a Varig era, em suma, controlada por seus funcionários. Isso não me parece bom ou ruim, em essência ou conceito, mas, neste caso, somos forçados a acreditar que em lugar da busca da sua perenidade, a empresa tinha como primeiro objetivo a manutenção, a qualquer custo, dos empregos e privilégios acumulados por um pequeno grupo de funcionários.

De forma prática, essa linha de pensamento se refletiu na criação de Conselhos de Administração dependentes e impossibilitados de tomar as decisões necessárias, porém, nem sempre populares, à sobrevivência da empresa. Afinal de contas, como um Conselho eleito pelos funcionários poderia fazer passar uma medida de redução de custos por meio de cortes na folha de pagamentos ou propor a eliminação de privilégios na empresa da alta-direção da própria FRB?

Ao se olhar para a Varig, verifica-se que alguns dos princípios básicos de Governança Corporativa como transparência, prestação e contas pelos atos cometidos pêlos seus executivos e pelo Conselho de Administração, e responsabilidade corporativa, que trata exatamente da longevidade da empresa, foram flagrantemente colocados à parte em busca da manutenção de uma situação que favorecia a poucos em detrimento de muitos.

 

 

Valor Econômico
20/06/2007
BRA fecha contrato de US$ 1,4 bi com Embraer para ter jatos 195
Daniel Rittner

Em uma jogada que deverá causar frisson no mercado brasileiro de aviação, a BRA Transportes Aéreos pretende anunciar, nas próximas horas, durante a feira internacional de Le Bourget, em Paris, um acordo com a Embraer para a aquisição de 40 aeronaves do modelo 195, no valor de US$ 728 milhões. Há outras 20 opções de compra que, se efetivadas como normalmente ocorre nesse tipo de transação, elevarão o valor do contrato para US$ 1,45 bilhão. Os jatos serão configurados para 118 passageiros e têm entrega prevista para começar no segundo semestre de 2008.

O Valor apurou que a operação deverá contar com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As aeronaves serão fabricadas na unidade de São José dos Campos. Antes mesmo da entrega dos primeiros jatos, a BRA poderá voar com dois aviões do modelo 195, o maior da Embraer, que serão contratados via leasing junto à GE Capital Services (Gecas). Esses aviões, também com 118 assentos, deverão chegar na primeira metade de 2008.

As encomendas da BRA têm potencial para causar forte impacto no mercado brasileiro de aviação, por três motivos. Primeiro, porque rompem o paradoxo de que a terceira maior fabricante mundial de aeronaves não tinha um jato sequer voando por uma companhia aérea de seu país de origem. Os únicos aviões da Embraer a voar atualmente nos céus brasileiros são os modelos 190 da panamenha Copa Airlines, utilizados na rota Cidade do Panamá-Manaus-São Paulo.

A Rio-Sul, uma das bandeiras operadas pela antiga Varig, tinha seis jatos ERJ-145, com capacidade para 50 passageiros, que foram devolvidos no fim de 2004, em meio ao agravamento da crise financeira da empresa. Eram usados em rotas regionais, sobretudo no Norte e Nordeste, e esporadicamente durante os fins de semana, na ponte aérea Congonhas-Santos Dumont. Deixados de lado, acabaram na Força Aérea Brasileira e na Polícia Federal.

No ano passado, a Embraer esteve perto de fechar negócio com a TAM, que sondava também a Airbus para substituir sua frota de Fokker-100. Esses aviões serão devolvidos até 2008, mas a fabricante européia prevaleceu na concorrência e fornecerá à TAM aviões dos modelos A319, A320 e A321. A venda de aeronaves da Embraer no país só foi viabilizada com a isenção de ICMS - que valia para as exportações da fabricante, mas incidia sobre eventuais encomendas de companhias aéreas nacionais - e uma nova linha de crédito do BNDES.

O segundo aspecto relevante da operação é que tudo indica que, com a encomenda a ser anunciada pela BRA, o mercado brasileiro realmente ganhará uma "terceira força" para competir com as líderes TAM e Gol. Juntas, elas detêm mais de 95% do mercado doméstico, se contabilizada a participação da Varig, cujo controle a Gol comprou em março. Esse desfecho para a crise da Varig foi só parcialmente comemorado pelo governo. O Palácio do Planalto, ao mesmo tempo em que tomou a compra pela Gol como uma solução definitiva para a crise da Varig, vê com ressalvas tamanha concentração do mercado em apenas duas aéreas.

Com a entrada de um grupo de investidores no capital da companhia aérea, em dezembro do ano passado, a BRA passou a ser vista como mais um concorrente de peso. A Brazil Air Partners - fundo constituído pelo Bank of America, Gávea Investimentos (do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga), Development Capital, Goldman Sachs, HBK Investment e Millenium Americas - compraram 72% das ações preferenciais da BRA por R$ 180 milhões. A participação no controle da companhia ficou em 20% das ações com direito a voto, limite fixado pela legislação nacional.

Apesar da promessa, a companhia não se viabilizou como terceira força no setor e, em maio, detinha apenas 2,16% do mercado doméstico. Para robustecer-se, inaugurou nesta semana um acordo operacional com a OceanAir (com 0,88% de participação no mercado) que prevê uma malha integrada de vôos, com foco no atendimento de cidades médias.

A encomenda deverá assegurar à BRA uma imagem e tamanho de frota suficientes para atingir a condição de "grande" no setor. E traz ainda um terceiro aspecto relevante. Com jatos de 118 assentos - menores, portanto, que os aviões com capacidade para mais de 150 passageiros usados por TAM e Gol -, a BRA poderá oferecer ligações diretas entre cidades médias e grandes, dispensando as escalas e conexões hoje necessárias para viabilizar os vôos das concorrentes.

Rotas como Rio-Goiânia ou Belo Horizonte-Curitiba, por exemplo, dificilmente têm demanda suficiente para lotar aeronaves maiores. Por isso, para tornar-se viáveis economicamente, incluem escalas ou conexões nos chamados "hubs" (pontos de distribuição de vôos).

A intenção da BRA, até mesmo pela dificuldade em obter autorizações para pousar e decolar em aeroportos como Congonhas e Brasília, é reforçar seu projeto de interligar cidades médias para grandes - filosofia que começou no acordo com a OceanAir. Para isso, poderá contar agora com o marketing de oferecer um vôo em aeronave genuinamente nacional.

 

Valor Econômico
20/06/2007
TAM compra mais aviões da Boeing
Roberta Campassi

A TAM vai adquirir mais quatro aviões da americana Boeing do modelo 777-300ER, que atualmente é o maior jato com dois motores para vôos de longa distância. A compra vale entre US$ 948 milhões e US$ 1,06 bilhão de acordo com os preços de tabela da fabricante, mas, na prática do mercado, o valor costuma ser inferior ao oficial. Até 2012, a TAM terá oito aeronaves da Boeing e mais 135 da fabricante francesa Airbus.

Os 777-300ER da TAM serão utilizados nas rotas internacionais de longo curso e podem transportar até 370 passageiros. Têm uma capacidade bem maior, portanto, do que os aviões que a companhia aérea utiliza hoje nos vôos mais longos, como o Airbus 330, com cerca de 225 lugares, e o MD-11, com 289 assentos.

Os aviões maiores devem garantir à TAM um custo de operação proporcionalmente menor em relação às aeronaves utilizadas atualmente. Por outro lado, uma frota composta por equipamentos de diferentes fabricantes gera alguns custos adicionais de manutenção. Conforme avaliação do consultor André Castellini, da Bain & Company, as projeções de crescimento da aviação no segmento internacional justificam a escolha por aviões de maior parte. Além disso, segundo ele, os 777 são de uma geração mais nova do que os modelos como o A330 e têm uma vida útil maior. A Bain presta serviços de consultoria para a TAM.

A companhia brasileira já havia anunciado a aquisição de quatro 777-300ER em novembro do ano passado e o pedido já incluía a opção de compra para mais quatro, negócio que acabou sendo confirmado ontem, durante a feira internacional de aeronáutica Le Bourget.

Ao decidir comprar da Boeing, a TAM quebrou o histórico de exclusividade que mantinha com a Airbus para a compra de aviões novos e acirrou a disputa entre as duas fabricantes. Na ocasião, a empresa francesa não conseguiu atender os prazos de entrega exigidos pela companhia aérea. A Boeing ofereceu a entrega dos primeiros quatro 777 a partir de 2008 e, até lá, está alugando três MD-11 para a TAM que devem ser devolvidos no ano que vem.

A TAM, atual líder de mercado, vem buscando expandir suas operações internacionais, aproveitando-se do crescimento do mercado e do espaço que foi deixado pela Varig em meados de 2006.

Ontem, a empresa participou da licitação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para conseguir operar cinco vôos por semana para a cidade de Frankfurt, na Alemanha. A Anac, no entanto, pôde incluir apenas três freqüências no processo, porque a VarigLog obteve um mandado de segurança impedindo a inclusão de duas freqüências. A empresa, especializada em transporte de cargas, argumenta que as duas freqüências não poderiam ser destinadas ao transporte de passageiros conforme o acordo bilateral entre Brasil e Alemanha. A Anac, em comunicado distribuído ontem, informou que decidiu alterar a natureza das freqüências para compensar a redução na oferta de vôos para passageiros que ocorreu na rota.

 

 

Valor Econômico
20/06/2007
Sindicalista critica companhias aéreas à CPI
De Brasília

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, fez duras críticas às empresas aéreas brasileiras em depoimento prestado na manhã de ontem à CPI do Apagão Aéreo da Câmara dos Deputados. A sindicalista falou por três horas aos parlamentares e centrou suas revelações na forma como a Gol e a TAM tratam seus funcionários. Sobrou também para Infraero. Selma denunciou o excesso de terceirização na estatal.

"Tem empresa que diz ser um modelo de gestão e não é. Das últimas empresas do país, a única que respeitava os trabalhadores era a Varig. Ainda assim, foi a base de muita luta do sindicato", disse Selma. Ela condenou duramente a terceirização de funcionários. "De 2001 a 2006, morreram cinco funcionários nos aeroportos do país. Todos eram terceirizados. E as famílias não receberam qualquer indenização", revelou.

Sobre os terceirizados, Selma fez, inclusive, uma denúncia. Ela revelou que os agentes de proteção da aviação civil, responsáveis por inspecionar as bagagens dos passageiros, são quase todos terceirizados. E recebem R$ 668 mensais. "Isso é muito grave", comentou o presidente da CPI, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Esses agentes são os responsáveis por detectar se há algo de estranho nas bagagens. Caso encontrem algo suspeitos, chamam a Polícia Federal.

Selma também criticou o tratamento dado pela Gol e pela TAM aos funcionários que prestam serviço nas pistas dos aeroportos: "A legislação proíbe que funcionários dessas funções dobrem a carga horária. Mas temos casos de trabalhador que dobra e até triplica o turno. A Gol e a TAM fazem isso".

"Temos registro de que a Gol fez um contrato individual de hora extra. É uma empresa anti-sindical, que é muito agressiva sobre os trabalhadores" disse a presidente do sindicato. "Contrato individual de hora extra? Mas isso é novo, hein", comentou o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), que tem origem na Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Em nota, a TAM refutou as acusações da sindicalista: "As eventuais jornadas extraordinárias de trabalho dos funcionários são remuneradas de acordo com o estabelecido nas Convenções Coletivas de trabalho pactuadas com os sindicatos de trabalhadores". E garante que isso só ocorre "em situações atípicas e que fogem à normalidade da operação".

Vários deputados demonstraram preocupação com o serviço prestado pelas empresas. (TVJ)

 

 

Valor Econômico
20/06/2007
Infraero pode bloquear atuação da Sata em aeroportos
De São Paulo

A Justiça decidiu que a Sata, empresa que presta serviços em aeroportos, deverá apresentar certidões negativas de débito até meados de julho. Caso contrário, a Infraero poderá bloquear a atividade da companhia nos aeroportos onde ela está baseada.

A decisão foi dada pela juíza Emília Maria Velano, da 20ª Vara do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, na sexta-feira, dia 16. Ela estabelece período de trinta dias para que a Sata apresente os atestados de que não está inadimplente com a União, mas não especifica o dia em que o prazo termina.

Segundo o Sindicato Nacional dos Aeroviários de São Paulo, a Sata possui uma dívida de R$ 65 milhões com o INSS. Procurada ontem pelo Valor, a companhia não se pronunciou. Em entrevista realizada em março, porém, a empresa havia dito que suas dívidas com a União beiravam R$ 100 milhões e que elas estavam sendo refinanciadas para garantir as certidões negativas. A Sata pertence à Fundação Rubem Berta, ex-controladora da Varig. Sua situação financeira agravou-se depois que a Varig, sua maior cliente, reduziu drasticamente seus vôos.

Na quarta-feira da semana passada, a juíza Emília Maria Velano havia prorrogado um mandado de segurança que garantia as operações da Sata até que a Infraero se manifestasse a esse respeito. Na sexta-feira, a estatal comprovou que a Sata não havia entregue as certidões negativas, necessárias para a manutenção da concessão, e a juíza proferiu uma nova determinação.

A Sata tem perto de 30% do mercado de serviços aeroportuários - carregamento de bagagem, por exemplo. A empresa tem perto de 2 mil funcionários e sua maior concorrente é a Swissport. (RC)

 

 

Zero Hora - Aviação
20/06/2007
Presidente da Anac fica retido em vôo

Até mesmo o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, foi surpreendido pelo novo episódio de problemas nos aeroportos.

Por volta das 20h30min, Zuanazzi estava dentro de um avião da TAM, vôo 3071, que faria a rota Brasília-Porto Alegre quando o comandante avisou que a decolagem - prevista inicialmente para as 19h36min e cujo embarque ocorreu às 20h - só sairia às 23h05min. Após o comunicado, o presidente da Anac conversou com o piloto e saiu do avião. Parte dos passageiros também desembarcou.

O embarque foi cancelado.