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O
Estado de São Paulo
20/03/2007
No meio do Apagão, TCU aponta
ilegalidades em obras de 8 aeroportos
Infraero é acusada de pagar
serviços não concluídos
3 em cada 10 vôos atrasam e há esperas de até
12 horas no 2.º dia do Apagão
Pista principal de Congonhas pode ficar para novembro
SP é destaque em ranking mundial
Expedito Filho, BRASÍLIA
Direcionamento de licitação,
contratos turbinados com aditivos sucessivos de 25% e pagamento
de serviços não concluídos são
as principais irregularidades praticadas pela Empresa Brasileira
de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), de acordo
com quatro relatórios preliminares do Tribunal de
Contas da União (TCU) obtidos pelo Estado. As denúncias
vêm à tona em meio a mais uma crise no setor
aéreo.
Os relatórios são de 2005
e abordam denúncias encaminhadas ao tribunal apontando
ilegalidades em obras realizadas em pelo menos oito aeroportos,
entre eles os principais de São Paulo: Congonhas,
Guarulhos e Viracopos. As acusações foram
avaliadas pelos técnicos da Secretaria de Controle
Externo (Secex), repartição ligada ao TCU
e encarregada de vistorias.
Num dos relatórios, os técnicos
da Secex recomendam por escrito: “Tendo em vista terem
sido encontrados indícios de irregularidades nas
obras de Viracopos, Guarulhos e Macapá (...) entendemos
que deve ser proposto à Secretaria Adjunta de Fiscalização
que verifique a conveniência/oportunidade de incluir
nos próximos planos de fiscalização
(...) auditoria nas obras realizadas nos aeroportos de Congonhas,
Campo Grande e Corumbá.”
Todas as denúncias estão
sendo apuradas, em caráter sigiloso, sob o comando
do ministro do TCU Lincoln Magalhães da Rocha, encarregado
de relatar o processo. O tribunal informa ter recebido denúncias
anônimas por via eletrônica e considerado fundamental
a apuração delas depois que alguns indícios
de irregularidades foram confirmados. Um dos casos que mais
chamaram a atenção dos técnicos foi
o pagamento de R$ 8 milhões por obras em Congonhas
e Viracopos antes mesmo da conclusão dos trabalhos.
Apesar de todos os problemas nos aeroportos,
a Infraero não se furtou a direcionar R$ 150 mil
para a Conferência Nacional Terra e Água, promovida
pelo Movimento dos Sem-Terra (MST) em 2004. Com um detalhe
que impressionou os técnicos: o pagamento do patrocínio
ocorreu dois meses após o evento, mas o recibo, emitido
pela Cáritas Brasileira, é anterior à
quitação da dívida.
Em sua defesa nesse caso, a Infraero afirma
não ter contrariado a lei. O objetivo do encontro
era debater a distribuição de recursos agrários
e a conferência não foi formulada para se posicionar
contra o governo. Nesse contexto, a erradicação
da pobreza e a reforma agrária seriam promessas constitucionais
de interesse de todos, e também da Infraero.
Na denúncia encaminhada ao TCU,
afirma-se que, em alguns casos, as obras são realizadas
com “material inadequado”, o que acaba não
sendo registrado graças ao suborno de fiscais, e
que os responsáveis pelas empreiteiras mantêm
“relação promíscua” com
diretores da Infraero.
Sempre segundo os relatórios preliminares,
a empresa Serveng Civilsan S.A, participante do consórcio
contratado para as obras de Cumbica, “encontrava-se
inabilitada à época da licitação,
com débito não suspenso inscrito na dívida
ativa da União desde 21 de maio de 1992”. O
TCU constatou outro débito da empresa, de 30 de junho
de 2004. Os dois processos encontram-se na situação
ativa ajuizada, o que, segundo o TCU, impede a empresa de
prestar serviço a órgãos públicos.
Também chegaram ao TCU denúncias
de que a Planoway e a Planorcon são sempre as companhias
subcontratas pelas empresas que ganham licitações
da Infraero. Diante disso, o TCU proibiu uso de artifícios
técnicos para beneficiar a contratação
de serviços de determinadas empresas. Recomendou
que a Infraero evite incluir exigências que comprometam,
restrinjam ou frustrem o caráter competitivo das
licitações. Para o líder do PFL, Onyx
Lorenzoni (RS), as denúncias demonstram a necessidade
de instalação de CPI e de investigação
pelo Ministério Público. O PFL ingressa hoje
com queixa-crime contra a Infraero.
Folha de São Paulo
20/03/2007
Crise não tem data para acabar,
diz Infraero
Em novo dia de caos nos aeroportos,
com 31% dos vôos atrasados, brigadeiro diz que não
se "atreve a dar prazo" para fim do problema
Lula reuniu equipe e cobrou uma apuração rigorosa
da situação; governo desconfia de sabotagem
dos controladores de vôo
DA REPORTAGEM LOCAL DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os atrasos em vôos de todo o país
provocados pela chuva e por uma pane no controle aéreo
em Brasília só devem acabar no final da tarde
de hoje. Mas a crise aérea que se arrasta desde o
ano passado e que constantemente tem parado os aeroportos
brasileiros não tem data para acabar, segundo o próprio
brigadeiro José Carlos Pereira, presidente da Infraero.
Ontem, quando 30,5% dos vôos do país registraram
atraso de mais de uma hora, o presidente da Infraero, a
empresa responsável pela infra-estrutura dos aeroportos,
disse que nem se "atreve a dar um prazo" para
o fim do problema.
"Não posso dizer para você nem garantir
aos passageiros que daqui a 15 dias isso não vai
acontecer. Eu estaria mentindo... a qualquer momento pode
surgir [uma falha no] sistema como o de ontem [domingo]."
Ele visitou o aeroporto de Congonhas, em São Paulo,
um dos mais prejudicados com a nova crise: foram 99 vôos
com atraso (33,8%) dos 293 programados (até as 21h).
Ele mesmo enfrentou atraso de duas horas em seu vôo,
que saiu de Brasília. "Um atrasinho de duas
horas", afirmou Pereira.
Sobre a pane de anteontem, disse que a única responsável
por ela é a Aeronáutica, que controla o Cindacta-1
(Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego
Aéreo). "Para nós da Infraero o que termina
acontecendo é absorver a questão."
"O problema durou, pelas minhas contas, exatos 40 minutos.
Isso foi suficiente para infernizar durante 20 horas seguidas
todo o país."
No domingo, a Infraero previa que a situação
estaria normalizada ontem à tarde. O "efeito
cascata" da crise, porém perdurou durante todo
o dia e, segundo a Infraero, só se resolverá
na noite de hoje.
Apuração
rigorosa
Por conta do novo apagão aéreo, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar uma "apuração
rigorosa" sobre o mais recente episódio de caos
nos aeroportos.
O governo voltou a suspeitar de sabotagem dos controladores
de vôo, que realizam uma operação-padrão
desde outubro. Da última vez que essa acusação
foi lançada, no caos de 5 de dezembro, a Aeronáutica
reconheceu que o equipamento estava defasado.
Controladores ouvidos pela Folha consideram a suspeita "absurda".
Além disso, técnicos da FAB avaliam que dificilmente
pode ter ocorrido interferência proposital nesse tipo
de falha. Mesmo assim, os controladores se queixam da falta
de definição sobre a reivindicação
de desmilitarização do setor -o governo elaborou
uma proposta em dezembro, mas ainda não há
aval do Planalto.
A pane do domingo começou com uma queda no sistema
de gerenciamento de planos de vôo no Cindacta-1 (responsável
pelo controle no Centro-Oeste e Sudeste) às 10h06.
Os controladores ficaram sem informações de
identificação e altitude planejada dos vôos
nos monitores. Quando os dados voltavam à tela, não
eram confiáveis. A situação durou pelo
menos quatro horas, o que causou um acumulo de atrasos em
todo o país.
Lula ficou irritado e convocou ontem pela manhã uma
reunião de emergência com o ministro da Defesa,
Waldir Pires, e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro
Juniti Saito.
Oficialmente, a Casa Civil nega que a possibilidade de sabotagem
tenha sido discutida. Em nota oficial, a Defesa afirma que
o presidente "determinou a apuração imediata
e rigorosa das causas do ocorrido".
Além disso, Lula voltou a pedir que os passageiros
recebam informações rápidas e corretas
nos aeroportos -ordem já dada duas vezes em dezembro.
Sem citar diretamente a Aeronáutica, mandou "que
sejam implementados equipamentos reserva eficientes e eficazes".
No domingo, as informações foram desencontradas.
A Aeronáutica informou que havia ocorrido uma falha
de sete minutos. Na realidade, o problema demorou para ser
resolvido. O servidor principal, onde surgiu a falha, tinha
um arquivo corrompido que impedia o acionamento do servidor
de reserva.
Quando o equipamento falha, o controle aéreo implementa
planos de contingência. Este caso não foi tão
grave quanto o de 5 de dezembro, quando o espaço
aéreo foi "congelado" porque não
havia comunicações com o Cindacta-1.
Desta vez, as decolagens de toda a região foram restringidas
com espaçamento de 30 minutos e chegaram a ser suspensas
em alguns aeroportos. Isso foi feito para reduzir o número
de aviões monitorados, já os dados eram acompanhados
com fichas de papel.
Folha de São Paulo
20/03/2007
Congonhas é apertado
até em dia normal
Levantamento da Infraero mostra
que, em momentos de pico, passageiro enfrenta "nível
crítico" de conforto no aeroporto
Cada viajante, durante os períodos de grande movimento,
tem somente 1,2 m2 na fila de check-in e 0,8 m 2 na sala
de embarque
MAELI PRADO DA REPORTAGEM LOCAL
Não é impressão sua,
você realmente está mal-acomodado. Nos momentos
de pico em dias de operação normal, cada passageiro
do aeroporto de Congonhas, em SP, tem apenas 1,2 m2 de espaço
na área de fila de check-in e 0,8 m2 na sala de embarque
para se movimentar.
Quando o aeroporto fecha por conta do mau tempo ou por problemas
no controle de tráfego aéreo, como ocorreu
nos últimos dias, o nível de conforto cai
muito mais.
Esse espaço que cada passageiro tem em Congonhas
na área de embarque e check-in é o mínimo
aceitável de acordo com os diferentes níveis
recomendados pela Iata (Associação Internacional
de Transporte Aéreo) para aeroportos.
Durante momentos de pico de movimentação,
o aeroporto pertence, nessas áreas, ao chamado "nível
D", o mais crítico.
Os dados são de um levantamento realizado pela Infraero
(Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária)
em 2005, e que foi atualizado com as áreas de hoje
do aeroporto.
O estudo mostra também que o tempo de fila para fazer
check-in em Congonhas aumentou. Em 2003, a velocidade de
atendimento era de, em média, 40 passageiros por
hora. No final do ano retrasado (a avaliação
é que o quadro continua o mesmo hoje), era de 31
passageiros por hora.
O tempo médio na fila aumentou de 15 minutos para
19,5 minutos. O aumento, segundo a Infraero, se deve à
mudança do perfil dos passageiros do aeroporto: aumentou
a quantidade de viajantes a turismo, que levam mais malas
e, menos habituados do que os executivos, demoram mais para
fazer o check-in.
O percentual de passageiros com bagagens, segundo o levantamento,
aumentou de 60% para 70%.
As reclamações mais comuns dos passageiros
no aeroporto são da falta de ar-condicionado e dos
freqüentes esbarrões na área de embarque.
"Na fila do check-in sempre passa alguém chutando
a sua mala. As pessoas esbarram umas nas outras, há
poluição sonora e o ônibus que leva
até o avião fica muito lotado", diz Cristiane
Bof, 29, gerente de projetos de informática.
"Há muito tempo que Congonhas já esgotou.
Você sempre pisa no pé de alguém, ou
pisam no seu pé", afirma Carlos Barral, 59,
advogado.
Por outro lado, os viajantes destacam a boa localização
do aeroporto. Elogiam ainda a melhora na sala de desembarque,
que antes tinha 1.300 m2 e passou a ter 5.250 m2.
O esgotamento de Congonhas é objeto de intensa polêmica
no setor aéreo. De um lado, muitos defendem que o
aeroporto não é utilizado para sua finalidade
original, ou seja, vôos de curta distância.
Por outro, alguns especialistas e companhias aéreas
dizem que as reformas recentes foram mal feitas e que priorizaram
a expansão de áreas de restaurantes e lojas,
em detrimento da operação do aeroporto.
De qualquer forma, o desconforto é apenas a fase
mais visível do problema. Hoje, Congonhas é
o mais movimentado da América do Sul e, apesar de
a demanda de passageiros continuar crescendo de forma acelerada,
seu limite é de 38 pousos ou decolagens a cada hora.
Soluções
Como solução para absorver o crescimento no
número de passageiros, aponta-se a construção
de um terceiro aeroporto em São Paulo, a construção
de uma terceira pista no aeroporto de Guarulhos e a ampliação
do aeroporto de Viracopos, localizado em Campinas.
Outra discussão é a retirada de pelo menos
uma parte das conexões que atualmente são
realizadas no aeroporto.
"Tirar as conexões de lá é uma
possibilidade, mas isso é competência da Anac
[Agência Nacional de Aviação Civil,
que regula o setor]. Sei que eles estão trabalhando
pesadamente em cima disso. Possibilidades como retirar as
conexões e os vôos charter [fretados], entre
outras, estão sendo estudadas", diz o presidente
da Infraero, o brigadeiro José Carlos Pereira.
Segundo ele, a ampliação de Viracopos é
encarada hoje pela estatal como o melhor caminho para resolver
os problemas no curto prazo. "A idéia da construção
de um terceiro aeroporto é de longo prazo",
afirma.
A escolha de um lugar para um outro aeroporto, avaliou,
é complicada: depende de fatores ambientais e do
acesso, entre outros pontos.
"Existe a região de Sorocaba [interior de SP],
da Baixada Santista. O aeroporto de São José
dos Campos também está lá, bastante
ocioso, tem amplas possibilidades."
Coluna Cláudio Humberto
20/03/2007
Apagão ressuscita CPI
O novo apagão aéreo que castiga os brasileiros
desde o final da semana produziu um efeito indesejado no
governo Lula: ressuscitou a CPI proposta pela oposição
para investigar as causas do caos que atormenta o País
desde o acidente da Gol, no ano passado. Lideranças
do governo, ontem, já davam como "inevitável"
a instalação da CPI do Apagão Aéreo,
até porque muitos parlamentares governistas foram
vítimas do descaso nos aeroportos.
Doeu no calo
O deputado Gastão Vieira (Sarney-MA), comportado
governista, foi uma das vítimas do caos nos aeroportos.
E passou a defender a CPI abertamente.
Valor Online
19/03/2007 às 19h13m
Varig tem novo diretor comercial e
de Marketing
RIO
- A Varig anunciou hoje o executivo Sérgio Sampaio como
seu novo diretor comercial e de marketing. Sampaio já passou
pela diretoria de marketing e vendas da cervejaria Cintra,
pela superintendência de franquias da Coca-Cola e da Kaiser,
pela gerência de operações da Companhia Vale do Rio Doce
e pela gerência comercial da Ambev.
Segundo
nota da companhia aérea, Sampaio vai unificar sua diretoria
ao programa de milhagens Smiles. " Nosso time tem a meta
de conquistar para a Varig 20% do mercado de aviação até
2008. A idéia é trazer o pulso, o estilo dinâmico de vendas
do varejo para o mercado de aviação e imprimir mais agilidade
ao processo comercial " , disse o novo diretor, em nota
divulgada pela companhia.
A
empresa planeja divulgar em abril promoções para acelerar
as vendas. Na área de marketing, a idéia do novo executivo
é fortalecer a idéia do bom atendimento ao passageiro. "
Vamos manter e ampliar a força da marca Varig", afirmou.
ZERO HORA
Porto Alegre, 18/03/2007
Ministro da Previdência
Rosane de Oliveira
Mesmo depois de ouvir do ministro Tarso
Genro que o presidente Lula deseja tê-lo no comando
da Previdência, o presidente do PDT, Carlos Lupi,
evita sentar-se na cadeira antes da hora.
- Na reunião do conselho político até
as secretárias do presidente me chamavam de ministro,
mas, como se diz na minha terra, o Diário tem que
cantar - brincou Lupi na sexta-feira, dia do seu 50º
aniversário, em entrevista por telefone.
Para o Diário Oficial cantar, falta
o convite de Lula, mas Lupi não esconde que a idéia
de ser ministro da Previdência lhe agrada.
- Qual é a sua credencial para ser
ministro da Previdência?
- Minha vida no PDT. Somos um partido que defende os aposentados
e briga pelo respeito ao direito adquirido.
- Sua provável escolha é
um indício de que o presidente desistiu da reforma
da Previdência?
- Se você entender como reforma da Previdência
a mudança na aposentadoria de quem já está
no sistema, sim. O que esse fórum criado pelo presidente
tem de discutir é o futuro.
- Em que termos?
- Quem está entrando no sistema agora tem uma condição
muito diferente da de quem entrou lá nos anos 40.
E uma expectativa de vida maior. Então, temos de
discutir como será a previdência do futuro.
- O que o senhor imagina fazer para melhorar
a situação das contas da Previdência?
- Dá para fazer muita coisa. Cobrar dos devedores,
coibir as fraudes, aumentar os controles. Disso eu não
abro mão.
- O que a Previdência tem de atraente?
- Ela o principal instrumento de distribuição
de renda no país.
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