O
Estado de São Paulo
20/02/2008
Flex quer anular venda da VarigLog
Velha Varig pode tirar a empresa
do Matlin Patterson e sócios brasileiros
Alberto Komatsu, Rio
A
Flex (antiga Varig), avalia a possibilidade de pedir
a anulação da venda da VarigLog para o
fundo americano de investimentos Matlin Patterson e
seus três sócios brasileiros, Marco Antonio
Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel.
A
compra da VarigLog foi fechada no final de 2005, por
US$ 48,2 milhões, e provocou polêmica na
época porque havia suspeita que os sócios
brasileiros seriam “laranjas” do Matlin
Patterson. Meses depois, a VarigLog comprou a Varig
e, depois, a revendeu para a Gol. Agora, o Matlin Paterson
e os sócios brasileiros brigam na Justiça
pelos recursos da VarigLog.
Enquanto
isso, a empresa é cobrada por uma dívida
de R$ 37 milhões com a Flex, cujo prazo já
venceu. O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial
do Tribunal de Justiça, que monitora a recuperação
judicial da Flex, confirmou que o negócio pode
ser desfeito. Caso isso aconteça, a VarigLog
pode voltar à condição de controlada
da Flex. A VarigLog foi procurada, mas informou que
não se pronuncia sobre o assunto.
“Há
um pedido nesse sentido (anulação). Em
tese é possível. Parte do preço
(negociação da VarigLog) não foi
pago”, afirma o juiz Ayoub. Ele se referiu ao
contrato de compra e venda de ações da
VarigLog. O documento determina que a VarigLog deveria
quitar todas as suas dívidas para que a venda
seja efetivada. O Matlin e seus sócios brasileiros,
que atravessam um processo de litígio judicial,
estão agrupados na Volo do Brasil, empresa criada
para a compra da VarigLog.
Por
isso Ayoub diz que, mesmo que a anulação
ocorra, não irá “contaminar”
o processo de venda da nova Varig para a Gol, realizada
em abril do ano passado por US$ 320 milhões.
Naquela época, a VarigLog era a controladora
da Varig, após ter arrematado a companhia em
leilão judicial em agosto de 2006, por US$ 24
milhões. Segundo o juiz, são dois negócios
distintos.
A
anulação da venda da VarigLog vai depender
de um levantamento das contas correntes da companhia,
que deve ser realizado hoje pela juíza Márcia
Cunha, que também acompanha a recuperação
judicial da Varig antiga. O advogado da Flex, José
Alexandre Meyer, conta que Márcia vai conferir
hoje se a penhora das contas da VarigLog, determinada
por ela no dia 29 de janeiro, foi suficiente para se
juntar os R$ 37 milhões cobrados judicialmente.
Também
foram penhorados, a pedido da Flex, em torno de 6 milhões
de ações da Gol cedidas à VarigLog
como forma de pagamento pela compra da nova Varig e
que estão sob custódia do banco Itaú.
“Existe a possibilidade de ser feito um pedido
de anulação do negócio (venda da
VarigLog) caso não haja dinheiro suficiente ou
garantias para o pagamento da dívida”,
diz Meyer.
De
acordo com o advogado, Márcia vai consultar um
sistema conhecido como BacenJud para o monitoramento
de contas correntes penhoradas. Por meio de uma senha,
a juíza saberá, em tempo real, a movimentação
financeira da VarigLog. Caso não haja saldo suficiente
ou garantias, Meyer diz que já na semana que
vem o pedido de anulação será ajuizado.
A
dívida de R$ 37 milhões refere-se ao tempo
em que a VarigLog usava os porões dos aviões
da Varig antiga para complementar o transporte de cargas.
Essa quantia foi reconhecida em balanço da VarigLog
publicado no Diário Oficial do Estado em 19 de
maio de 2006.
COBRANÇA
A
possibilidade de anulação da venda da
VarigLog consta dos autos de recuperação
judicial da Flex desde o dia 21 de setembro do ano passado.
Foi quando o juiz Ayoub abriu a possibilidade dessa
medida caso a cobrança de dívidas a favor
da Flex não fossem honradas.
A
VarigLog tinha prazo de 15 dias para efetuar o pagamento,
mas recorreu e o processo se arrastou porque obteve
um efeito suspensivo. O Tribunal de Justiça do
Rio julgou o mérito da questão a favor
da Flex e a cobrança pôde ser reiniciada.
NOVELA
Fundo:
A VarigLog, antiga subsidiária de logística
da Varig, foi vendida no final de 2005, por US$ 48,2
milhões, para o fundo americano Matlin Patterson
e três sócios brasileiros
Nova
Varig: Em julho de 2006, a VarigLog compra, em leilão,
o controle da 'nova Varig' - a parte da empresa que
ficou sem as dívidas - por US$ 24 milhões
e promessa de investimentos de mais de US$ 500 milhões
Gol:
Em março do ano passado, a VarigLog anunciou
a venda da 'nova Varig' para a Gol por US$ 320 milhões,
sendo R$ 100 milhões em debêntures que
seriam revertidas à 'velha Varig' - a parte que
herdou as dívidas e foi rebatizada de Flex
Justiça:
Agora, a Flex cobra uma dívida de R$ 37 milhões
que não teria sido paga pela VarigLog e estuda
pedir a anulação da venda da ex-subsidiária.
O
Estado de São Paulo
20/02/2008
Delta e Northwest podem definir
fusão
O conselho de administração da Delta Air
Lines e da Northwest Airlines devem votar hoje a proposta
de fusão, desde que os sindicatos de pilotos
cheguem a um acordo para a integração
das duas empresas, dizem fontes ligadas à operação.
Se não houver acordo, os conselhos apenas discutirão
o negócio, mas não haverá votação.
Site
da ALERJ
19/02/2008
PAULO RAMOS MANTÉM DECISÃO
DE PEDIR QUEBRA DE SIGILO DE SÓCIOS DA VOLO
Audiência
pública na ALERJ
O
presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Assembléia Legislativa do Rio que apurou
irregularidades na venda da Varig, deputado Paulo Ramos
(PDT), vai pedir ao Ministério Público
Federal (MPF) que interceda para quebrar os sigilos
bancário, fiscal e telefônico dos sócios
da Volo do Brasil, empresa que comprou a Varig: Marco
Antônio Audi, Eduardo Gallo, Marcos Haffel e Lap
Wai Chan. Durante audiência pública de
outra comissão que Ramos também preside
na Alerj, a de Trabalho, Legislação Social
e Seguridade Social, nesta terça-feira (19/02),
o parlamentar apresentou, aos ex-funcionários
da companhia aérea, o relatório final
da CPI, que foi aprovado no plenário da Casa
no último dia 12 de dezembro. “O resultado
final foi positivo, mas ainda temos que descobrir a
origem desse dinheiro. Vou continuar a minha luta. Vamos
enviar uma cópia deste documento para o MPF e
para o governador Sérgio Cabral e esperar que
eles dêem prosseguimento ao assunto”, afirmou
o pedetista.
Ramos
já havia pedido a quebra de sigilo dos sócios
em setembro de 2007, mas os donos da Volo conseguiram
uma liminar na Justiça impedindo a divulgação.
“Temos que ter uma decisão, porque todos
nós, que acompanhamos essa CPI, sabemos que o
fato foi um crime. Se quebrarmos os sigilos, a verdade
vai ser encontrada”, sublinhou. O parlamentar
disse ainda que o resultado do relatório foi
“bastante abrangente e efetivo”, porque
os próprios funcionários da empresa participaram
das reuniões e audiências. “Há
detalhamentos e fundamentações que conseguimos
graças ao auxílio de pessoas que viveram
e conhecem a fundo a situação. Não
podemos deixar que o que está acontecendo com
a navegação se repita no setor aéreo,
onde temos estrangeiros roubando vagas de brasileiros.
Essa luta também tem outras dimensões”,
ressaltou o pedetista.
O presidente da
CPI Deputado Paulo Ramos com o Vereador Pedro Porfírio
e o presidente
da Associação de Pilotos da Varig (APVAR),
comandante Élnio Borges
Para
o presidente da Associação de Pilotos
da Varig (APVAR), comandante Élnio Borges, o
relatório será um instrumento importante
para a continuação da luta dos ex-funcionários
da empresa e dos aposentados da Aerus, o fundo de pensão
da companhia extinta. “Temos que usá-lo
de forma correta. Pela quantidade de gente que se apresentou
aqui hoje, dá para ver que estamos, honestamente,
querendo resolver nossa situação. Nós,
trabalhadores, temos que examinar nosso papel e defender
nossos interesses. São quase 20 mil pessoas e
não podemos permitir que meia dúzia de
gente diga que está nos representando, o que,
de fato, não está”, denunciou. Borges
conclamou os demais ex-funcionários a continuarem
se reunindo e discutindo o tema. “Não podemos
perder as esperanças. Temos informações
de empresas no exterior que querem assumir o controle
de companhias da aviação civil brasileira”,
denunciou.
Na
questão do atraso no pagamento dos ex-funcionários,
o deputado Paulo Ramos garantiu que pretende levar o
caso para discussão no Ministério do Trabalho.
“Temos que verificar o que a própria Assembléia
Legislativa pode e deve fazer pelos ex-funcionários.
Não podemos aceitar que o roubo e a fraude permaneçam.
Quero ver esse trabalho concluído, porque não
ficamos aqui escutando aquelas desculpas esfarrapadas
sem nenhum motivo. A comissão vai funcionar como
mediadora para que esse pagamento seja feito da forma
mais rápida possível, porque este é
o direito de todos os trabalhadores”, declarou
o deputado. Também estiveram presentes na audiência
o deputado José Nader (PTB) e o vereador Pedro
Porfírio (PDT).
Valor
Econômico
20/02/2008
Depois de crescer, Gol chega a
encruzilhada
Daniel Rittner e Roberta Campassi
Em sete anos de existência, a Gol mexeu com as
estruturas da aviação brasileira. Numa
época em que a líder de mercado deixava
suas aeronaves voando seis horas por dia e ainda servia
vinho a bordo dos vôos domésticos, a família
Constantino trouxe um punhado de novos conceitos ao
setor aéreo no país. Aviões em
uso até 14 horas por dia, vendas concentradas
na internet e barrinhas de cereal provocaram um choque
de custos que permitiram tarifas mais baixas e deram
à Gol a possibilidade de surfar na onda do inédito
crescimento de dois dígitos da demanda. Por vários
anos, o céu foi o limite - os planos incluíam
exportar o conceito "baixo custo, baixa tarifa"
a toda a América do Sul até 2010 e ter
assumido a liderança do mercado doméstico
no ano que terminou.
Agora, como um adolescente confuso com o que pretende
fazer da vida, com o agravante de que todo o cenário
à sua volta ficou bem mais complicado, a Gol
vive uma encruzilhada. Ninguém espera que a companhia
entre em fase de declínio e repita o destino
das concorrentes - Transbrasil, Vasp e a antiga Varig
- cujas lacunas deixadas no mercado ela soube aproveitar
tão bem. Mas os tempos de empolgação
e crescimento acelerado podem ter chegado ao fim.
Apesar dos danos à imagem da TAM, com a retirada
de seis aeronaves para manutenção não-programada
no Natal de 2006 e o acidente de Congonhas em julho
de 2007, foi a Gol quem mais sofreu em decorrência
do caos aéreo. Com menos vôos ponto a ponto
e menos aviões "dedicados" - jargão
do setor para designar os jatos utilizados em uma única
rota - do que sua principal concorrente, a Gol tende
a sofrer com a saturação da infra-estrutura
aeroportuária e a crise no controle de tráfego.
Um sinal claro disso é que, no quarto trimestre
de 2007, um dos principais indicadores da eficiência
de uma empresa aérea - o "cask", que
divide os custos operacionais pelo número de
assentos-quilômetro oferecidos - teve aumento
de 6,3%.
É
uma implicação direta da redução
de 14,2 para 13,3 horas na taxa de uso diário
dos aviões, na contramão da otimização
dos equipamentos que caracterizou a ascensão
da companhia. No papel, escalas com duração
de meia hora ou menos permitem às aeronaves serem
aproveitadas por mais tempo no ar. Quando a pontualidade
deixa de ser regra, esse planejamento some. Na interpretação
de um ex-dirigente da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), a Gol teria muitas aeronaves e rotas estressadas
por conta do que ele chama de "busca alucinada"
por eficiência operacional.
Das pechinchas propiciadas pela depressão dos
fabricantes de jatos no pós-11 de setembro às
dificuldades atuais para encontrar equipamentos de grande
porte no superaquecido mercado de aviões, do
"boom" no mercado de capitais que permitiu
à Gol captar recursos à desvalorização
de 31% em suas ações preferenciais no
ano passado, boa parte dos ingredientes que contribuíram
para a vertiginosa expansão da companhia desapareceu
ou passou por mudanças importantes.
Conforme apontam especialistas no setor, o próprio
modelo de negócios da empresa enfrenta desafios.
No mundo todo, as aéreas "baixo custo"
apresentam ótimo desempenho enquanto aumentam
o número de destinos oferecidos. Quando começam
a pousar em uma nova cidade, geralmente essas empresas
têm tarifas atrativas, criam demanda e roubam
passageiros das companhias tradicionais. Em um segundo
momento, provocadas pela competição, as
aéreas tradicionais fazem um choque de gestão
e também jogam com agressividade, recuperando
ao menos parte dos passageiros roubados.
Como suas congêneres americanas ou européias,
a Gol conquista com facilidade o viajante eventual.
Mas quando ele passa a voar com freqüência
e tende a dar maior receita unitária à
empresa aérea, por aceitar tarifas mais altas
de vez em quando, começa a deixar-se seduzir
por pequenos mimos. Em uma economia com renda em alta
e mais riqueza circulando, é natural que muitos
passageiros cedam a pequenos mimos, como sanduíche
quente e um programa de milhagem - tudo o que era tabu
no modelo original pensado pela Gol .
Pela primeira vez, a Gol - sem contar a bandeira Varig
- terá um aumento irrisório de sua frota
em 2008. Será apenas uma aeronave. O crescimento
da oferta está baseado na troca de aviões
mais antigos, como o 737-300, por Boeings 737-800 que
devem reduzir os custos operacionais da empresa. Com
um número de aeronaves praticamente igual ao
do ano passado, a administração do grupo
prevê a criação de pouquíssimos
vôos para novos destinos domésticos - estão
previstas uma ou duas novas bases no caso da Gol e apenas
reestruturações da malha da Varig, sem
adição de mais destinos.
Na América do Sul, em rotas ligando o Brasil
ao Chile e ao Peru, os planos de replicar o sucesso
do modelo "baixo custo" no mercado doméstico
esbarrou na regulamentação brasileira.
Nos vôos internacionais, não há
liberdade tarifária e o preço dos bilhetes
tem que obedecer um piso definido nos acordos bilaterais.
A entrada da Gol nesses países forçou
empresas como LAN e Taca a dar descontos em relação
aos altos preços cobrados anteriormente. Só
que, quando as tarifas chegaram ao piso estabelecido
nos acordos, os passageiros escolheram companhias que
oferecem serviço de bordo completo e reduziram
as taxas de ocupação da Gol, que cancelou
as operações para Santiago e Lima, na
semana passada.
Em meio a novos problemas, reerguer a marca Varig tem
sido muito mais difícil do que a família
Constantino imaginava quando desembolsou US$ 320 milhões,
em março de 2007. Um ex-executivo da Gol, que
deixou a empresas recentemente, definiu a Varig como
um "saco sem fundo", pela quantidade de recursos
injetados sem a obtenção, por enquanto,
de resultados. A Gol informou que a Varig contabiliza
um prejuízo operacional e líquido de R$
300 milhões e R$ 160 milhões, respectivamente,
desde abril do ano passado, quando o grupo assumiu de
fato a gestão da subsidiária. Só
no quarto trimestre do ano, A Varig teve uma perda operacional
de R$ 200 milhões, devido principalmente ao fracasso
dos vôos internacionais para Roma, Londres e Frankfurt.
Estas rotas serão canceladas em março,
menos de cinco meses após terem sido inauguradas
e depois de uma verdadeira ginástica operacional
para que a Varig não perdesse o prazo para operá-las.
Boa parte das dificuldades da companhia no mercado internacional
se deve à falta de parcerias com empresas aéreas
do exterior, que facilitam a captação
e a distribuição de passageiros. Agora,
com os cortes da malha internacional, conquistar parceiros
ou mesmo entrar numa aliança de companhias aéreas
pode ficar mais difícil. Enquanto isso, a TAM
deve acelerar sua consolidação na Europa
e nos Estados Unidos com sua iminente entrada na Star
Alliance.
Outro obstáculo para a Varig no mercado internacional
é a escassez de aeronaves disponíveis
para aluguel imediato no mercado. A solução
encontrada foi usar provisoriamente jatos 767-300 que
estavam desatualizados. A maioria tem poltronas estreitas
e não oferece muito em termos de entretenimento
de bordo, como filmes em telas pessoais.
No mercado doméstico, a limitação
no uso de Congonhas atingiu em cheio um dos grandes
trunfos na compra da Varig: o alto número de
"slots" (horários de pousos e decolagens)
que a antiga empresa da Fundação Ruben
Berta detinha no aeroporto. A demora do Cade em avaliar
a venda da companhia para a Gol impede a integração
das operações e o melhor aproveitamento
das frotas de cada bandeira do grupo.
Ao contrário das previsões feitas no fim
de 2006, a Gol ainda não se tornou líder
de mercado nem com a compra da Varig. Para ultrapassar
a TAM no mercado doméstico, apenas com as aeronaves
que já possui hoje, o grupo Gol precisaria ter
uma média de 77% dos seus assentos preenchidos,
ou quase dez ponto percentuais a mais do que obteve
durante o ano de 2007.
Apesar dos inúmeros desafios, seria ingenuidade
apostar na estagnação das empresas da
família Constantino. É raro encontrar
caso semelhante de uma companhia aérea que, com
sete anos de idade, tenha mais de 43% de um mercado
grande como o brasileiro e esteja entre as mais valiosas
de seu setor em todo o continente americano.
Estadão
19/02/2008 - 19:13h
Flex estuda pedir anulação
de venda da VarigLog
(Alberto Komatsu)
Rio - A Flex (antiga Varig), avalia a possibilidade
de pedir a anulação da venda da VarigLog
para o fundo americano de investimentos Matlin Patterson
e seus três sócios brasileiros. A negociação
foi fechada no final de 2005, por US$ 48,2 milhões.
O motivo é a cobrança de uma dívida
de R$ 37 milhões cujo prazo já venceu.
O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial
do Tribunal de Justiça, que monitora a recuperação
judicial da Flex, confirmou que o negócio pode
ser desfeito. Caso isso aconteça, a VarigLog
pode voltar à condição de controlada
da Flex. A VarigLog foi procurada, mas informou que
não se pronuncia sobre o assunto.
"Há um pedido nesse sentido (anulação).
Em tese é possível. Parte do preço
(negociação da VarigLog) não foi
pago", afirma o juiz Ayoub. Ele se referiu ao contrato
de compra e venda de ações da VarigLog.
O documento determina que a VarigLog deveria quitar
todas as suas dívidas para que a venda seja efetivada.
O Matlin e seus sócios brasileiros, que atravessam
um processo de litígio judicial, estão
agrupados na Volo do Brasil, empresa criada especificamente
para a compra da VarigLog.
Por isso Ayoub reitera que, mesmo que a anulação
ocorra, não irá "contaminar"
o processo de venda da nova Varig para a Gol, realizada
em abril do ano passado por US$ 320 milhões.
Naquela época, a VarigLog era a controladora
da Varig, após ter arrematado a companhia em
leilão judicial em agosto de 2006, por US$ 24
milhões. Segundo o juiz, são dois negócios
distintos.
Jornal
Correio do Brasil
19/02/2008
MP recorre para ampliar percentual
de rateio dos funcionários da antiga Varig de
19% para 30%
O Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro (MPRJ) interpôs ontem (18/02) recurso
requerendo uma mudança no cálculo de pagamento
dos credores trabalhistas da antiga Varig. No último
dia 23 de janeiro, a Juíza Márcia Cunha,
da 1ª Vara Empresarial da Comarca da Capital, decidiu
que os recursos provenientes do resgate antecipado das
debêntures UPV - Classe I seriam distribuídos,
aos credores trabalhistas, na proporção
de 20% do valor que cada um tem a receber. O resgate
antecipado de papéis de dívida (debêntures),
realizado pela Gol, controladora da Varig, obteve um
total de R$ 47 milhões. E, logo em seguida, no
dia 14 de fevereiro, a juíza retificou, de ofício,
o percentual para 19,9577%.
Segundo
o Promotor Leonardo Araújo Marques, da Promotoria
de Massas Falidas e Liquidações Extrajudiciais,
com a regra atual, nenhum credor receberia integralmente
o crédito. Ao todo, a Classe I tem a receber
cerca de R$ 238.831.481,83, mas os recursos disponíveis
para rateio não ultrapassam os R$ 47.776.642,59.
São 14 mil credores, ao todo. Com o acolhimento
do recurso do MPRJ, mais de 3.100 trabalhadores receberão
integralmente seus créditos e o percentual de
rateio será aumentado de 19% para até
30%, confirma Marques.
Ele
ressalta que o objetivo do MPRJ é alcançar
os credores mais necessitados. No recurso, foi requerido
ao Tribunal que só permita o pagamento de créditos
trabalhistas, concursais e extraconcursais até
o limite imposto pela Lei, que é de 150 salários
mínimos. Assim, o provimento do recurso evitará
que um credor detentor de um crédito superior
a sete milhões receba aproximadamente um milhão
e quatrocentos mil reais, enquanto outro trabalhador,
igualmente habilitado, detentor de quarenta mil reais,
receba apenas oito mil reais, exemplifica.
O
Estado de São Paulo
19/02/2008
Interventor da VarigLog já
é questionado
Nomeado na sexta, Rocha Lima
provoca polêmica nos sindicatos
Alberto Komatsu
A
intervenção judicial na VarigLog, maior
empresa de transporte de cargas do País, está
sendo questionada. Os sindicalistas, que defendiam a
intermediação do governo na crise da empresa,
questionam a escolha de José Carlos Rocha Lima
para interventor. Ele foi nomeado na sexta-feira, após
o afastamento dos sócios Marco Antonio Audi,
Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel pela 17ª Vara
Cível de São Paulo.
“Ele
(Rocha Lima) é uma pessoa polêmica. Essa
situação é muito preocupante, porque
não resolve os problemas entre os acionistas
da VarigLog”, diz a presidente do Sindicato Nacional
dos Aeronautas, Graziella Baggio, referindo-se a uma
disputa judicial entre os acionistas da VarigLog que
se arrasta desde o final do ano passado.
Rocha
Lima foi procurado, mas não retornou os telefonemas.
A VarigLog informou que só se pronuncia após
o fim da intervenção. Segundo o Tribunal
de Justiça de São Paulo, Rocha Lima atuará
como fiscal por cinco dias. Depois, poderá assumir
funções administrativas. Rocha Lima está
despachando na sede da VarigLog, em São Paulo,
desde sábado.
O
mais recente capítulo desse confuso enredo foi
o afastamento dos acionistas brasileiros, que têm
40% do capital total da VarigLog. A decisão foi
provocada por um pedido de liminar ajuizado pelo fundo
americano de investimentos Matlin Patterson, dono de
60% do capital total da companhia. As partes trocam
acusações mútuas e denúncias
de extorsão e gestão temerária,
por causa de uma dívida de US$ 186 milhões
que o Matlin cobra na Justiça.
“Ele
(Rocha Lima) responde a processos pela sua passagem
nos Correios. Saiu da VarigLog em situação
difícil”, afirmou a secretária-geral
do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma
Balbino. Rocha Lima foi presidente dos Correios (ECT)
no início dos anos 90. Ele foi acusado de receber
R$ 50 mil da Skymaster, com o suposto objetivo de favorecer
a empresa na Rede Postal Noturna.
Em
depoimento à CPI dos Correios, Lima negou o favorecimento,
dizendo que a quantia era proveniente de um serviço
como consultor. Dos Correios, ele foi para a Vasp para
criar a Vaspex, de transporte de cargas, mas a empresa
acabou não vingando. Rocha Lima foi, então,
criar a VarigLog. Ele presidiu a empresa de 2001 até
2002.
Pessoas
que acompanharam a passagem de Lima na VarigLog relatam
que sua gestão chegou a dar prejuízo de
R$ 30 milhões por mês. Lima foi demitido,
mas teria levado, contam essas fontes, documentos importantes
da empresa. Esse episódio chegou a ser filmado
por câmeras de segurança. As cenas foram
mostrada em novembro de 2003 durante uma reunião
do Colégio Deliberante, que na época era
formado por quase 200 funcionários da Varig,
conta uma pessoa que viu o vídeo.
Lima
tentou comprar a Varig em 2006. Sua empresa, a Syn Logística,
apareceu com uma proposta de US$ 450 milhões,
junto com o fundo de investimentos Carlyle. Mas um porta-voz
do Carlyle negou, à época, que houvesse
interesse em investir no Brasil.