O Estado de São Paulo
19/09/2007
Varig negocia volta para a Argentina
Para acalmar os sindicatos
argentinos, a Gol pode contratar 70 funcionários
da antiga Varig
Alberto Komatsu
A Varig poderá retomar seus vôos para
Buenos Aires até o final do mês. Desde
o dia 9 de agosto, a empresa está proibida de
voar para a cidade, por causa de problemas de registro
e questões trabalhistas. Uma pessoa próxima
às negociações diz que as conversas
avançaram depois que a Gol, dona da Varig, deu
o sinal que estaria disposta a aproveitar 70 funcionários
argentinos da Varig antiga.
Em recuperação judicial no Brasil, a
Varig antiga tem 100 funcionários na Argentina.
No Brasil, a Gol tem buscado apoio na Justiça
para sustentar que não é herdeira das
dívidas nem dos problemas trabalhistas da velha
Varig, separada da nova empresa num leilão realizado
no ano passado. Os argentinos não querem saber
desse argumento. Um dos motivos que levaram à
proibição dos vôos da nova Varig
é o medo de demissões na Varig antiga.
Os problemas da Varig no exterior não se restringem
à Argentina. Relatório da recuperação
judicial da Varig antiga emitido no último dia
31 de julho mostra os prejuízos da nova Varig
em suas operações internacionais. O relatório
foi elaborado como parte do acompanhamento que a Varig
antiga faz da nova Varig, durante o período de
transição.
Segundo o levantamento, a nova Varig registrou prejuízo
em sua operação internacional do dia 21
de julho de 2006 - logo após ser arrematada pela
ex-subsidiária de cargas VarigLog, que mais tarde
a revendeu à Gol - até 31 de dezembro
do ano passado.
Nesse período, a companhia teve déficit
operacional de US$ 70,6 milhões. Sua receita
no exterior foi de US$ 13,8 milhões, mas os gastos
correntes para manter a operação foram
de US$ 84,4 milhões. O cálculo foi feito
em 32 cidades, mas nem todas tiveram alguma movimentação
de caixa.
Na Argentina, há uma dívida trabalhista
da Varig antiga de cerca de R$ 800 mil que está
em compasso de espera porque a Gol não quer assumir
esse passivo sob risco de abrir um precedente judicial
no Brasil. A lei de recuperação judicial
blinda compradores de empresas em reestruturação
de sucessão de dívidas fiscais e trabalhistas.
O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial
do Rio, também publicou decisão para ratificar
essa proteção, que vale apenas no Brasil.
No entendimento de advogados que acompanham o setor
aéreo e de sindicalistas, os funcionários
argentinos da Varig podem recorrer à Justiça
para cobrar seus créditos da Gol, que comprou
a Varig por US$ 320 milhões em março.
Para haver a transição da antiga para
a nova Varig na Argentina, todos os funcionários
deverão ser demitidos para poderem ser reaproveitados
na companhia.
Oficialmente, o governo argentino alega que proibiu
a Varig de voar para Buenos Aires porque ela ainda está
registrada como a Varig antiga. Segundo uma fonte do
setor, esse problema já está sendo solucionado.
O Estado de São Paulo
19/09/2007
Relator de CPI poupa governo e Infraero
Oposicionistas classificam relatório
como ‘chapa-branca’ e ‘lenga-lenga’
Luciana Nunes Leal, BRASÍLIA
Classificada por deputados da oposição
como “chapa-branca” e “lenga-lenga”,
a primeira parte do relatório final da CPI do
Apagão Aéreo da Câmara considerou
prematura qualquer análise sobre as denúncias
de desvio de dinheiro e superfaturamento em contratos
da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária
(Infraero). Diante de apenas três deputados, todos
da oposição, além do presidente
da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), o relator, Marco Maia
(PT-RS), apresentou um relatório de 127 páginas.
A divulgação do documento ocorreu no
mesmo dia em que o presidente da estatal, Sérgio
Gaudenzi, completou o quadro executivo - nomeando Sebastião
Martins Ferreira Junior para a área financeira,
e Carlos Alberto Martins de Souza, para a área
comercial - e anunciou o aumento no capital social da
Infraero de R$ 350 milhões. Esse valor acrescenta
mais de 30% no capital social da empresa, que que deverá
ser destinado ao desenvolvimento da infra-estrutura
aeroportuária brasileira.
Durante as quatro horas de CPI, Maia revezou a leitura
com Vic Pires Franco (DEM-PA), Gustavo Fruet (PSDB-PR)
e Efraim Filho (DEM-PB). Ao fim da leitura, os oposicionistas
partiram para a crítica. Efraim considerou “vergonhoso”
o trecho das investigações do Tribunal
de Contas da União (TCU) sobre contratos da Infraero.
Graças à ampla maioria governista, os
requerimentos de convocação de funcionários
suspeitos e do representante do Ministério Público
no Tribunal, Lucas Furtado, foram derrubados. Assim,
a comissão não pôde investigar denúncias
de desvio de dinheiro e superfaturamento.
No relatório, Maia incluiu um único trecho
das análises do TCU: duas notas em que os ministros
ressaltam que os processos estão em investigação
e não é possível apontar responsáveis.
Vic Pires se desentendeu com ele e com o presidente
da CPI e deixou a sessão. “Esse relatório
é chapa-branca. É um relatório
feito pela Anac”, criticou Pires. Tentando controlar
a situação, o relator explicou que vários
pontos cobrados pelos deputados estarão nas conclusões
finais do documento, a serem apresentadas amanhã.
ANAC
Abandonado pelos companheiros governistas e pressionado
pela oposição, Maia admitiu que “há
elementos para pedir o indiciamento da (ex-diretora
da Agência Nacional de Aviação Civil)
Denise Abreu e de outras pessoas relacionadas à
crise do setor aéreo”. Mas, ao contrário
dos oposicionistas, afirmou não estar convencido
dos crimes em que poderia ser eventualmente enquadrado
o presidente da agência, Milton Zuanazzi.
O petista disse que ainda não tomou a decisão
final sobre pedidos de indiciamento porque precisa apresentar
provas ao Ministério Público Federal,
para garantir que as autoridades que consideram responsáveis
pela crise sejam de fato indiciadas pela Justiça.
Deputados do DEM e do PSDB já ameaçaram
votar trechos em separado do texto final, caso as recomendações
não sejam satisfatórias.
Maia também teve de admitir que Denise Abreu
é a mais ameaçada pelo fato de ter participado
da elaboração e da entrega de um recurso
ao Tribunal Regional Federal (TRF) para impedir que
a pista do Aeroporto de Congonhas fosse interditada
para o pouso de aviões de grande porte. Com o
dossiê, a Anac incluiu nos autos do processo um
documento sem valor legal, a Instrução
Suplementar RBHA 121-189.
A assessoria de Imprensa da ex-diretora disse ontem,
em nota, que “não há sentido”
no indiciamento “único e exclusivo”
de Denise. Citando o advogado dela, Roberto Podval,
a nota questiona: “por que a CPI está poupando
outros importantes responsáveis pelo setor?”
O Estado de São Paulo
19/09/2007
Jobim anuncia Solange Vieira no
lugar de Zuanazzi
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou ontem
à noite que a economista Solange Vieira será
a nova presidente da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac). Ela substituirá Milton Zuanazzi,
que deve deixar o cargo nos próximos dias. A
informação foi divulgada pela TV Globo.
O ministro anteriormente tinha indicado Solange para
a futura Secretaria de Aviação Civil,
que, pelo projeto da Defesa, assumiria poderes da Anac,
como a regulação do setor aéreo.
Funcionária do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Solange ficou conhecida
como criadora do fator previdenciário, fórmula
adotada no governo Fernando Henrique Cardoso para retardar
o direito à aposentadoria integral. Ela já
tinha trabalhado com Jobim no Supremo Tribunal Federal
(STF).
O Dia
19/09/2007
Mulher comanda Anac
Ministro Nelson Jobim anuncia
nome da economista Solange Vieira para ocupar presidência
da Agência Nacional de Aviação
BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim,
anunciou ontem à noite o nome da economista Solange
Vieira para a presidência da Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac), substituindo
Milton Zuanazzi, alvo de várias críticas,
após acidente com avião da TAM em Congonhas,
em 17 de julho,que deixou 199 mortos.
Ex-secretária de Previdência Complementar
do governo Fernando Henrique Cardoso, Solange é
funcionária de carreira do BNDES e é considerada
o braço-direito do ministro Jobim desde a sua
posse. Ela deve ocupar o cargo nos próximos dias.
Ontem, relatório da CPI do Apagão Aéreo
que começou a ser lido no Congresso alerta para
novo colapso no setor aéreo, se não forem
investidos R$ 7,27 bilhões no setor até
2010. A verba é para a ampliação
e modernização dos aeroportos brasileiros
e de seus sistemas de segurança. Só para
o Rio, seriam necessários R$ 170 milhões.
A própria Infraero garantiria R$ 3 bilhões,
e outros R$ 2 bilhões seriam assegurados pelo
Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). Os R$ 2,2 bi que faltam são considerados
fundamentais pelo relator, Marco Maia (PT-RS).
“Espero que o governo aumente os recursos para
investimento na infra-estrutura aeroportuária
até 2010. Se não fizer isso, vamos ter
problemas”, afirmou.
Segundo o relatório, as deficiências na
estrutura do Aeroporto de Congonhas não foram
“determinantes” para o acidente com o avião
da TAM, que deixou 199 mortos em julho. “Cresce
a impressão de que a situação do
piso de Congonhas não determinou, mas foi um
dos fatores que contribuíram para a tragédia”.
A afirmação foi criticada pela oposição:
“É preciso definir se os problemas tiveram
ou não influência no acidente, até
para se apontar os responsáveis”, disse
Gustavo Fruet (PSDB-PR).
O relator afirmou que tem dados suficientes para indiciar
a ex-diretora da Anac Denise Abreu, mas não quis
antecipar outros nomes. “Temos que trabalhar com
fatos concretos. O que pesa contra ela é ter
levado uma instrução normativa que não
tinha validade ao Judiciário para liberar a pista
de Congonhas”.
Ontem foi feita apenas a leitura das 127 páginas
da primeira parte do relatório. Entre as propostas
apresentadas estão a privatização
e concessão de aeroportos, e até a abertura
de capital da Infraero, com manutenção
do controle acionário pelo governo.
CPI pede obras no Tom Jobim e no Santos
Dumont
Os cálculos que levaram a CPI do Apagão
Aéreo a incluir no relatório a necessidade
de o governo federal investir R$ 170 milhões
nos aeroportos Tom Jobim e Santos Dumont foram feitos
com base em documentos da Aeronáutica, da Infraero
e da Anac. No entanto, o valor sugerido não leva
em conta o aumento do fluxo de passageiros previsto
com a redistribuição de vôos na
nova malha aérea, que deve ser anunciada esta
semana. A expectativa é de que o Tom Jobim se
transforme no grande distribuidor de vôos internacionais.
Segundo o relatório, somente para o Aeroporto
Internacional, são necessários R$ 76 milhões
para a recuperação de pavimentos das pistas
e pátios, da sinalização, dos sistemas
elétrico e de drenagem, e para uma reforma geral
do Terminal de Cargas. De acordo com a CPI, R$ 30 milhões
precisam ser investidos na reforma das pistas de taxiamento
e da cabeceira, para adequá-las a padrões
internacionais. No Santos Dumont, são necessários
R$ 50 milhões para finalizar o novo terminal,
inaugurado em maio deste ano, e outros R$ 14 milhões
para melhorias da área de segurança no
fim da pista.
O Globo
19/09/2007
Carta dos Leitores
O Globo Online
19/09/2007 às 08h33m
Problema em avião causa tumulto
no aeroporto de Salvador
IBahia
SALVADOR - Cerca de 105 passageiros que estavam no
vôo 1062 da BRA, com destino a Natal (RN) e escala em
João Pessoa (PB), passaram um grande susto, na madrugada
desta quarta-feira, quando o avião apresentou problemas
na hora da decolagem no Aeroporto Internacional Luís
Eduardo Magalhães, em Salvador. O piloto abortou a operação
e resolveu voltar para a área de desembarque.
Segundo passageiros, houve bastante tumulto. Com medo,
muitos preferiram não embarcar no mesmo avião que estava
previsto para sair de Salvador por volta da 1h30m da
madrugada. Quem ficou, vai embarcar às 23h desta quinta-feira
ou teve o valor da passagem devolvido, como informou
um funcionário da empresa.
Último Segundo - Economia
18/09 - 23:06 - EFE
Grupo de funcionários argentinos
da Varig chega a acordo sobre emprego
Buenos Aires, 18 set (EFE).- Os funcionários
da extinta Varig na Argentina chegaram hoje a um acordo
com os novos donos da companhia sobre sua permanência
nos postos que ocupavam e uma estabilidade salarial.
Após meses de negociações promovidas
pelo Ministério do Trabalho argentino, o sindicato
dos aeronavegantes de companhias privadas (Upadep) chegou
a um acordo com a VRG, sociedade criada como uma unidade
não vinculada à falida Varig e controlada
pela brasileira Gol.
"O acordo consiste na incorporação
à VRG de parte dos empregados da Varig - 51 trabalhadores
-, aos quais estão sendo garantidos dois anos
de estabilidade laboral e a manutenção
de seus salários", disse à Efe o
presidente do Upadep, Jorge Sansat.
O líder sindical disse ainda que cerca de 50
ex-funcionários da Varig preferiram continuar
pleiteando na Justiça uma indenização.
Quando faliu, a Varig demitiu aproximadamente cem de
seus empregados na Argentina, sem pagar nenhum tipo
de indenização. Já a VRG, criada
após a quebra da companhia, não reconhecia
estes funcionários como seus.
No dia 9 de agosto, por descumprimento das normas aeronáuticas,
a Subsecretaria de Transporte Aerocomercial da Argentina
suspendeu a autorização concedida à
VRG para operar vôos com destino e saída
do país. EFE nk sc
Site Panrotas
18/09/2007 - 20:15hs
Varig e Gol assinam acordo para
venda Interline
A VRG Linhas Aéreas S.A., que
opera a marca Varig, assinou acordo interline com a
Gol Transportes Aéreos S.A.(GTA). Apesar de fazerem
parte do mesmo grupo, as duas empresas ainda não tinham
um acordo interline. Agora, a Varig e seus agentes credenciados
podem efetuar vendas em vôos domésticos da Gol conjugados
com vôos internacionais da Varig, o que possibilita
aos passageiros adquirir bilhetes para os 58 destinos
atendidos pela Gol no Brasil e na América do Sul.
Os passageiros terão a facilidade de ter sua bagagem
despachada até o destino final, sem a necessidade de
fazer novamente o check in das malas nas conexões entre
vôos das duas companhias. As tarifas para aquisição
das passagens, tanto na ida quanto na volta, abrangerão
a rota completa nos trechos operados pela Varig e pela
Gol.
Além do interline com a Gol, a Varig informa que já
está integrada ao MITA (Multilateral Interline Trafic
Agreements), um órgão da Iata que congrega empresas
em todo o mundo. Todos os órgãos filiados ao MITA podem
fechar contratos entre si para o transporte de passageiros.
Coluna Claudio Humberto
18/09/2007 | 16:34h
Deputados querem indiciar diretoria
da Anac
O vice-líder do PSDB, Gustavo Fruet (PR), defende
o indiciamento de toda a diretoria da Anac. Fruet afirmou
que o partido vai pedir vista do relatório da
CPI se o relator só pedir o indiciamento da ex-diretora
Denise Abreu. O PSDB já elaborou o voto em separado.
O deputado Vic Pires (DEM-PA) afirmou que o partido
também vai apresentar um relatório paralelo
caso Maia não indicie todas as pessoas que o
DEM acredita que tenham responsabilidade na crise do
setor aéreo. "Será um relatório
mais apimentado", disse. Pires afirmou ainda: "Se
querem proteger o Zuanazzi, não poderão
indiciar ninguém, e nosso partido acha que vários
diretores da Anac devem ser responsabilizados".
O PSOL também estuda a possibilidade de apresentar
emendas ao relatório ou apresentar um relatório
paralelo. A vice-líder do partido, Luciana Genro
(RS), disse que o PSOL que o indiciamento de toda diretoria
da agência, a desmilitarização do
controle de tráfego aéreo e nova investigação
sobre o papel da Infraero na crise. O relator Marco
Maia (PT-RS) afirmou que se houver pedidos de indiciamento
só serão divulgados na quinta-feira (20),
quando será apresentada a última parte
do relatório.
Tempo Real - PLENÁRIO
18/09/2007 - 16h29
Crivella pede que governo pague
o que deve aos aposentados da Varig
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) pediu ao governo
Lula que garanta a sobrevivência das 60 mil famílias
de funcionários aposentados da Varig, que, desde
o mês passado, já não contam com
a complementação salarial do Fundo Aeros.
Crivella lembrou que foi o governo Lula que se recusou
a pagar o que devia à Varig. Isso teria provocado
o vencimento dos compromissos internacionais da empresa,
o corte do fornecimento de combustível e a perda
de vagas nos aeroportos.
- O governo insensível preferiu ser a corda da
forca, a lâmina fria da guilhotina, as ondas de
alta voltagem de uma cadeira elétrica, colocando
a companhia, antes símbolo de qualidade e segurança,
de joelhos, humilhada e emboroada, sem saber que ali
nascia o apagão aéreo de hoje. Faça
justiça, senhor presidente Lula. Pague o que
lhes deve - afirmou.
Os senadores Sérgio Zambiasi (PTB-RS) e Paulo
Paim (PT-RS) se solidarizaram com Crivella e com as
60 mil famílias de funcionários aposentados
da Varig.
Site da AMVVAR
18/09/2007
Segue abaixo, o pronunciamento
na íntegra do senador Marcelo Crivella, proferido
no Plenário do Senado Federal no dia 18 de setembro
de 2007
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB
– RJ. Como Líder. Sem revisão do
orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores,
senhores telespectadores da TV Senado, senhores ouvintes
da Rádio Senado, senhores presentes neste plenário,
no Brasil, há hoje 60 mil famílias que
clamam por justiça. São 60 mil famílias
em cujas casas há uma só prece. Em cada
alma, há uma só dor; e, em cada olhar,
a mesma lágrima de indignação e
de revolta. Hoje, no Brasil, há 60 mil famílias
de homens e de mulheres honrados que, no passado, transportavam,
pelos céus do País e do mundo, os sonhos,
os negócios, os interesses, a Bandeira do Brasil
e dos brasileiros, construindo o progresso da Pátria,
e que contavam com o direito sagrado de envelhecer com
dignidade, recebendo o fruto do que plantaram e que
hoje lhes é covardemente negado.
Falo, Sr. Presidente, dos funcionários daquela
Varig cuja estrela representava, no imaginário
dos brasileiros da minha geração, o sonho
de rasgar, nos horizontes infinitos da Pátria,
os caminhos do desconhecido, do misterioso e dos fascinantes
cenários do mundo.
No mês passado, o Fundo Aerus, para o qual cada
um deles contribuiu com esforço e com o sacrifício
de uma vida, já não lhes complementava
os proventos, deixando 60 mil famílias na insegurança
de um vôo cego, cujo comandante não é
mais um deles, adestrados, competentes e audazes, que,
a golpes de tenacidade e de coragem, conduziam suas
aeronaves em meio às tempestades, mas é
um governo insensível que permitiu que a estrela
daquela Varig se apagasse num melancólico crepúsculo,
numa vil e obscura tristeza.
Quantas vezes, desta tribuna, eu mesmo e diversos outros
Srs. Senadores pedíamos, insistíamos,
ponderávamos e até clamávamos para
que se encontrasse uma saída para a crise! Os
jornais noticiavam que altas autoridades do Palácio
próximas ao Presidente tinham outras intenções,
representavam outros interesses, inconfessáveis,
urdidos na calada, enquanto assistíamos, com
pesar, àquela procissão diária
de funcionários que percorriam, incansavelmente,
os gabinetes e os corredores do Congresso, qual um desfile
de miasmas, na tentativa derradeira de salvar aquela
companhia pela qual ofereciam a redução
de seus salários e de seus direitos trabalhistas
e, por fim, como garantia de um empréstimo do
BNDES, até o desconto consignado em folha. Mas
tudo foi em vão. Os técnicos insensíveis
do Governo preferiram ser a corda da forca, a lâmina
fria da guilhotina, as ondas de alta voltagem de uma
cadeira elétrica.
Há hoje, no Brasil, Sr. Presidente, 60 mil famílias
que não sabem como enfrentar o amanhã,
o que dizer para seus filhos e netos, como encarar o
futuro. E é em nome deles que clamo ao Senado,
ao Congresso e à Nação. Se os técnicos
do Governo se recusaram, sem justificativa plausível,
a pagar o que deviam e foi determinado pela Justiça
brasileira para salvar a companhia, antes, permitiram
que seus compromissos internacionais vencessem, que
o combustível fosse cortado, que as vagas nos
aeroportos lhe fossem negadas, colocando aquela empresa
– antes símbolo de qualidade e de segurança
– de joelhos, humilhada, sem saber que ali nascia
o apagão aéreo de hoje, que tanto sangue
inocente derramou no solo brasileiro!
Que pelo menos agora garantam dignidade de sobrevivência
a essas 60 mil famílias beneficiárias
do fundo de pensão Aerus, que hoje não
sabem mais a quem recorrer!
Ouça, Senhor Presidente Lula, a voz desses infelizes,
desses esquecidos e quebrantados, e lhes faça
justiça! Que seu Governo, que foi tão
inflexível, tão duro e tão implacável,
que foi aconselhado por auxiliares mal-intencionados
que não ouviam o interesse nacional, mas a própria
insaciável e desmedida ganância, ouça
agora essas 60 mil famílias, esse coro de mais
de 200 mil vozes, e se reencontre com seu passado e
com sua biografia!
O Sr. Sérgio Zambiasi (Bloco/PTB
– RS) – Senador Crivella, permita-me um
aparte?
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB – RJ)
– Faça, Senhor Presidente Lula, justiça!
Pague o que lhes deve! Deus, lá do céu,
há de cobrir a Pátria brasileira com seus
olhos de gratidão, no momento em que um desses
anjos que vigiam os homens levar as boas novas de que,
no Brasil, ainda se respeita o Direito!
Ouço, com alegria, o Senador Zambiasi.
O Sr. Sérgio Zambiasi (Bloco/PTB
– RS) – Obrigado pela oportunidade. O Senador
Papaléo Paes, que preside a sessão, oferece-nos,
generosamente, este minuto. Solidarizo-me com seu pronunciamento,
Senador Crivella. Nós, do Rio Grande do Sul –
o Senador Pedro Simon e o Senador Paim, que está
pronto também para se manifestar –, estamos
acompanhando toda essa angústia, todo esse sofrimento,
toda essa tristeza dessas 60 mil famílias –
são mais de duzentas mil pessoas –, que
estão na expectativa de solução
para algo cuja luta existe há muito tempo. Acompanhamos
todos os passos para salvar a Varig. Fizemos parte da
Frente Parlamentar da Varig aqui, no Congresso Nacional.
Acompanhamos toda a luta, para que a estrela da Varig
continuasse sobrevoando não os céus do
Brasil, mas os da América do Sul e do mundo,
como fazia, numa verdadeira integração
de todos os quadrantes. E o mínimo que se pode
fazer, neste momento, é chamar a atenção
do Governo para essas famílias que nos visitam
no Rio Grande do Sul. Estiveram comigo lá, estiveram
aqui conosco, em nossos gabinetes, pedindo mobilização
– mais uma – do Congresso Nacional, para
que o Governo assumisse esse empenho, fosse à
frente nessa luta. E que Lula, com sua sensibilidade
de homem do povo, possa nos amparar nessa caminhada
e oferecer uma solução não para
nós, mas para essas famílias que ofereceram
uma vida inteira de trabalho para uma instituição
nacional, que é a Varig, e que, hoje, estão
desamparadas. Parabéns pela sua manifestação,
com toda a sensibilidade, a devoção e
a fé manifestadas hoje aqui!
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB –
RJ) – Muito obrigado, Senador Zambiasi.
Passo a palavra ao ilustre colega Senador Paulo Paim.
O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT –
RS) – Senador Crivella, de forma muito rápida,
também quero demonstrar nossa solidariedade ao
seu pronunciamento, aos funcionários da Varig,
aos ex-funcionários da Varig e aos aposentados
e pensionistas da Varig. Infelizmente, o Aerus está
em situação desesperadora. Eles estão
recebendo praticamente um décimo daquilo que
teriam direito a receber. Inclusive, junto com eles,
exigimos ao Supremo Tribunal Federal uma saída,
porque é inadmissível que quem recebia
R$3 mil esteja recebendo R$1 mil – e não
sabe se continuará recebendo. Devido a isso é
que quero somar minhas palavras ao seu pronunciamento,
na expectativa de que o Governo Federal apresente também
uma proposta que aponte uma saída para a situação
desesperadora dessas trabalhadoras e desses trabalhadores
com idade avançada, que, infelizmente, pela forma
como foi administrado o Aerus, encontram-se nessa situação.
Parabéns a V. Exª! Vamos até torcer
para que a Varig volte às suas atividades. Tenho
a certeza de que, se a Varig – e o Senador Heráclito
Fortes trabalhou conosco nesse sentido – não
estivesse nessa situação, o transporte
aéreo brasileiro estaria, com certeza, muito,
muito melhor. Parabéns a V. Exª!
O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PRB –
RJ) – Muito obrigado, Sr. Presidente.
Fica este apelo do Senado, para que se cumpra a decisão
da Justiça e para que se pague aquilo que se
deve à Varig.
Que Deus se apiede do Brasil! Que Deus ilumine o pensamento
do Governo brasileiro!