::::: RIO DE JANEIRO - 19 DE JULHO DE 2007 :::::

 

 

 

O Globo
19/07/2007 às 08h13m
Susto - Fokker 100 da TAM arremete antes de pousar em Congonhas
Bom Dia Brasil, O Globo Online

SÃO PAULO - Um Fokker 100 da TAM, vindo de Maringá, arremeteu segundos antes de pousar na pista 17 de Congonhas, na zona sul da capital. A aeronave vinha na direção da Marginal Pinheiros e iria pousar na pista, mas recolheu o trem de pouso e subiu novamente. De acordo com a conversa entre o comandante do Fokker e a torre de comando, a aeronave estava muito alta para pouso e poderia tocar fora do local adequado. A Infraero confirmou a informação de que a altura era inadequada para o pouso. O avião seguiu para o aeroporto de Cumbica.

O procedimento de reameter é considerado normal pelos pilotos, mas coloca ainda mais dúvida sobre a segurança das pistas de Congonhas. O tempo está bom nesta quinta em São Paulo, com nuvens baixas na região do aeroporto, mas com visibilidade.

Apenas a auxiliar, que é mais curta, está em operação. A principal está fechada desde terça, por causa do acidente com o vôo 3054. Ela foi reaberta no fim de junho, depois de 45 dias de reforma, sem o grooving, ranhuras que permitem drenagem da água.

A pista principal do aeroporto foi fechada pela Aeronáutica até amanhã, para permitir as vistorias técnicas, mas o Ministério Público Federal em São Paulo entrou nesta quarta-feira com uma ação civil pública, com liminar, pedindo a suspensão do funcionamento do aeroporto de Congonhas até que sejam apontadas as causas do acidente com o vôo 3054 da TAM, que matou os 186 passageiros e tripulantes, além de funcionários da TAM Express e pessoas que estavam no prédio atingido e no posto de combustíveis ao lado.

Os procuradores da República pedem ainda que a Justiça determine uma perícia para apontar quais as verdadeiras condições de segurança do aeroporto.

A TAM evitou ontem vincular o acidente às condições da pista recém-reformada do aeroporto.

Essa é a segunda vez neste ano que os procuradores da República pedem o fechamento das pistas do aeroporto. Na primeira vez, em janeiro, eles apontavam riscos de segurança.

- Agora, a situação é diferente, porque o acidente já aconteceu. Não podemos expor moradores da região, funcionários das companhias aéreas e usuários do transporte a uma situação de risco - afirma o procurador Márcio Schusterschitz da Silva Araújo, que assina a ação com as procuradoras Suzana Fairbanks Lima de Oliveira e Fernanda Teixeira Taubemblatt.

No começo do ano, o juiz de primeira instância concedeu parcialmente a liminar pedida pelos procuradores. A decisão foi derrubada, no entanto, no Tribunal Regional Federal da 3ª Região, pois os desembargadores consideraram que a suspensão das atividades do aeroporto tirava da Infraero o poder de administrar a infra-estrutura aérea do país, função principal da empresa.

Suzana é autora também de uma ação em que contesta as obras realizadas no aeroporto, apontando possíveis irregulares na licitação e na execução. A reforma do aeroporto começou pela parte de infra-estrutura, deixando as obras na pista para o final.

Esta é também a reclamação de pilotos ouvidos pelo O Globo Online.

- A Infraero está mais preocupada em fazer shoppings nos aeroportos do que em cuidar das pistas e fazer a manutenção - diz um deles, que não quis ser identificado.

Por conta do acidente com o Airbus da TAM, 27 imóveis da região foram interditados. Moradores temem pela segurança dos imóveis e pedem reforço do policiamento no local.

O presidente da Associação dos Moradores Pró-Campo Belo, Silvio de Freitas, explicou que as pessoas já sabiam do risco de acidentes quando compraram casas próximo ao aeroporto. Mas questionam o fato de a Prefeitura ter dado alvarás para que postos de gasolina, por exemplo, funcionassem ao lado de Congonhas. Há pelo menos cinco bem próximos.

Em março passado, pouco antes do início das obras na pista, o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi, chamava atenção para a situação do aeroporto, que ao receber um fluxo anual de 15 milhões de passageiros, opera acima de sua capacidade, que seria de 12 milhões de passageiros, já considerando as reformas em andamento gerava problema em seu entorno.

Pelo aeroporto de Congonhas passam 80% dos vôos no Brasil e por ali circulam diariamente 47 mil passageiros. Sua importância é estratégica, seja em conexões, escalas ou pousos e decolagens.

O acidente com o vôo 3054 da TAM reabriu o debate em torno do excesso de vôos em Congonhas e da conveniência e riscos de um aeroporto numa área tão central e urbanizada de São Paulo. Nesta quarta-feira, o presidente da TAM, Marco Bologna, defendeu a construção de um novo aeroporto na Grande São Paulo para desafogar Congonhas e Guarulhos. De Congonhas só não saem vôos regulares para o Piauí.

Em 2006, a Agência Nacional de Aviação Civil preparou um documento em que sugeria manter em Congonhas apenas os vôos de ponte-aérea para cidades como Rio, Brasília e Curitiba. Foi voto vencido nas discussões com o setor, que prefere operar no aeroporto central.

Bologna defendeu, em cinco anos, a construção do novo aeroporto.

- Em Congonhas, já chegamos a operar com 62 slots por hora, capacidade acima do normal. Hoje, temos 38 slots na aviação comercial, um número bem menor. Mas, ainda assim, há a necessidade de um outro aeroporto.

Solução e problema

O Aeroporto de Congonhas é solução e problema para a cidade de São Paulo. Distante a apenas oito quilômetros do marco zero da Sé, ele é solução para milhares de passageiros, boa parte em viagens de negócios, que não querem desembarcar fora da cidade e enfrentar congestionamentos para chegar às áreas centrais. É problema quando se imagina o risco permanente de um aeroporto de tal porte no meio de uma área residencial e comercial da cidade, densamente povoada.

Em 1996, a queda de um avião da TAM, que matou quase 100 pessoas, poderia matado bem mais se a aeronave tivesse caído sobre prédios que se empinam no entorno. O mesmo risco ocorreu nesta terça. Para se ter uma idéia, do Shopping Ibirapuera, é possível ver o trem de pouso da aeronave abrir para a aterrissagem.rto de Cumbica.

 

 

Coluna Claudio Humberto
19/07/2007
Zé no ar


O ex-ministro José Dirceu é outro neófito acusado de dar pitaco, muito pitaco, nos ares do Brasil. Brigou até o fim para que a TAM, sua favorita, herdasse o espólio da Varig. Não conseguiu.

 

 

O Estado de São Paulo
19/07/2007
Piloto decidiu arremeter avião muito tarde, suspeitam militares
Segundo o Cenipa, é certo que o Airbus acelerou depois de tocar o solo na marca correta de aterrissagem

A decisão de arremeter o Airbus A-320 da TAM foi tomada tardiamente pelos pilotos. Pela evolução da velocidade com que o avião cruzou os 1,9 km da pista principal de Congonhas, oficiais da Aeronáutica avaliam que isso ocorreu por dois motivos: uma hesitação do comandante ou um conflito na cabine entre os pilotos sobre o que fazer para enfrentar a situação. O brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), disse que é certo que o Airbus acelerou depois de tocar o solo na marca correta de aterrisagem, a 300 metros da cabeceira da pista

O Airbus levou aproximadamente 30 segundos, do momento em que tocou pela primeira vez a pista do aeroporto até mergulhar no prédio da TAM Express. A dinâmica do acidente com o vôo 3054 ainda não foi completamente estabelecida pelos investigadores do acidente. Mas há suspeitas de que possam ter contribuído para a tragédia falhas humanas, mecânicas e as condições da pista - molhada e escorregadia.

Imagens do circuito interno da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) mostram que o piloto pousou no ponto correto da pista, mas o reverso, segundo tratoristas e fiscais de pista ouvidos pela Força Aérea, não Acoplado à turbina, o revreso é acionado na hora do pouso. Ele ajuda a parar o avião. Funciona criando uma área maior de atrito com o ar.

Oficiais da Aeronáutica trabalham com difentes hipóteses para o que aconteceu depois de o avião pousar no ponto correto. “Precisamos saber se ele estava na velocidade correta também”, disse um oficial da Aeronáutica ligado ao Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea). A velocidade usual de pouso é de 200 km/h.

Aparentemente, segundo o brigadeiro Kersul Filho, o Airbus estava na velocidade correta. Assim foi percebido pela Torre do Controle de Aproximação de Congonhas. “O controlador que estava na torre viu o avião tocar o chão normalmente, tanto que liberou outro avião para decolar em seguida”, afirmou o major-brigadeiro Renato Cláudio Costa Pereira, ex-presidente da Comissão Latinoamericana de Avião Civil.

No momento, chovia no aeroporto. Um hipótese considerada pouco provável é que o avião tenha aquaplanado no trecho inicial da pista. “Isso é muito difícil de ter acontecido. Pilotos experientes de Airbus dizem que o avião tem muito freio e muito motor”, explica um oficial da FAB. “É uma aeronave tão boa que seria possível arremeter com ummotor só funcionando.” Essa hipótese surgiu porque, no momento do pouso, havia 3 milímetros de água na pista, considerado aceitável para a manutenção da operação do aeroporto. Ela estava sem o grooving, as ranhuras no concreto que ajudam na drenagem.

Os militares apostam em duas outras hipóteses para explicar a decisão do piloto de arremeter. A primeira delas é que os pilotos tenham percebido a existência de alguma falha nos equipamentos usados para parar o avião. Um deles é o sistema de freios hidráulicos conhecido como antiskid e o outro é o speedybreak - um sistema aerodinâmico de frenagem em cima da asa que pressiona o avião para o solo. Sem uma deles, os pilotos podem ter chegado à conclusão de que não seria possível parar a aeronave.

Sabe-se que é muito provável que o comandante tenha tentado a arremetida porque o Airbus acelerou. Isso, ocorreu, porém, algum segundos depois de o avião tocar o solo. Uma prova de que ele aumentou sua velocidade está nas imagens captadas pelas câmeras da Infraero. Elas mostram que o Airbus levou 3 segundos para percorrer um trecho de pista, feitos normalmente em 10 a 15 por aviões similares. A decisão de arremeter explicaria também o fato de nenhuma testemunha ter visto o reverso abrir - ao ver que teria de arremeter, o piloto não acionou o reverso.

Algo, como uma falha no speedybreak ou a hesitação do comandante, no entanto, impediu o avião alcançasse velocidade para decolar em tempo hábil. A arremetida é uma decisão que tem de ser tomada rápido, no primeiro terço da pista,pois os motores do avião demoram até 8 segundos para ganhar potência. Uma indecisão do piloto pode ser fatal.

Faltando cerca de 400 metros para o fim da pista, o piloto vira para a esquerda. “Tudo parece que ele abortou a arremetida antes de chegar ao final”, disse outro oficial. Após desistir da arremetida, o piloto pode ter tentado frear o avião. “Se ele tivesse mantido a arremetida, ia passar reto, não faria a curva à esquerda”, disse um oficial.

Os oficiais da Aeronáutica acreditam que o comandante tentou uma manobra brusca, uma espécie de cavalo-de-pau, para fazer parar o Airbus na cabeceira da pista, quebrando um dos trens de pouso, o que explicaria o fato de os controladores de vôo terem ouvido o piloto ou o co-piloto do Airbus dizer “vira, vira, vira” antes da explosão.

Pode ser ainda que a curva tenha sido causada pela aquaplanagem. Pouco antes do fim da pista, o Airbus foi para a grama. Sabe-se também que, ao sair da pista, o Airbus estava a 166,68 km/h, velocidade abaixo dos 230 km/h necessários para decolar.

Passou por uma valeta e bateu na borda de tijolos da cabeceira da pista, antes de se chocar no prédio da TAM Express,do outro lado da Avenida Washington Luis - o topo do prédio fica abaixo do nível da cabeceira da pista 35.

Normalmente, os aviões pousam na pista 17 do aeroporto porque o vento sempre sobra na direção de Moema - pousa-se com o vento contrário à proa do avião. O Airbus da TAM teve de usar a 35 porque o vento estava soprando na direção do Jabaquara. “Isso muda as referências visuais que o piloto tem para o pouso”, disse o oficial ligado ao Controle do Tráfego Aéreo.

 

 

Valor Econômico
19/07/2007
Falta coordenação do Estado, dizem especialistas
Chico Santos e Francisco Góes

A falta de coordenação e de planejamento estratégico por parte do Estado está deixando o arranjo de rotas da aviação comercial brasileira ao sabor dos interesses das empresas do setor e levando à concentração dos vôos nos aeroportos de Congonhas, Guarulhos e Brasília, simplesmente pelo critério da demanda. Este é, em resumo, o diagnóstico de um grupo de especialistas ouvidos pelo Valor sobre a concentração de vôos em Congonhas e os riscos que isto representa para a segurança dos usuários, como ficou evidente com o desastre do vôo JJ 3054 da TAM.

"A desregulamentação do setor foi feita de forma atabalhoada, levando a um efeito adverso, a concentração em duas empresas que buscam maximizar seus lucros, uma vez que os clientes não têm opção", analisa Élton Fernandes, professor da Coppe-UFRJ. O resultado, segundo ele, é a concentração dos vôos em São Paulo e em Brasília, onde estão os maiores fluxos de passageiros.

"O órgão regulador (a Anac) precisa intervir. O mercado brasileiro não tem densidade para ser assim", argumenta. Segundo ele, Congonhas jamais poderia ter passageiros em conexão. Fernandes defendeu a criação de um fundo para a criação de subsídios cruzados, de modo que as linhas mais rentáveis subsidiem as de menor movimento, permitindo maior número de vôos diretos entre as grandes cidades.

Miguel Dau, gestor judicial da Nordeste (antiga Varig), diz que deveria ter havido um melhor planejamento por parte do governo na transição para a abertura do setor de transporte aéreo no Brasil. "O país não se preparou ao longo das últimas duas décadas para essa abertura", diz Dau. Segundo ele, há divisão de responsabilidades entre o Comando da Aeronáutica, a Infraero, Anac e o Ministério da Defesa, o que é ruim para o sistema.

"Transporte aéreo não pode ser tratado como tentativa e erro", diz Dau. Nos Estados Unidos, a responsabilidade por todo o sistema de transporte aéreo é do Federal Aviation Administration (FAA), enquanto no Brasil há quatro autoridades falando sobre o mesmo tema, compara Dau. Ele entende que a definição de política de transporte aéreo no Brasil cabe ao Conselho de Aviação Civil (Conac), órgão colegiado de assessoramento do presidente da República, com a Anac exercendo as funções de fiscalização e regulamentação.

Para Vladimir Silva, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas Públicas em Transporte Aéreo, o natural esforço de maximização do uso das aeronaves por parte das empresas deveria ser balanceado pela atuação do órgão regulador. "A Anac deveria estar atuando no esforço para espalhar o tráfego. Só que a ótica vigente é a da empresa aérea", pondera. Desse ponto de vista, Silva considera normal que essas empresas busquem concentrar os vôos nos aeroportos de maior demanda e também onde há maior concorrência na oferta de produtos e serviços às aéreas.

 

 

Nota TGV
18/07/2007

Aviação comercial brasileira hoje: caos, não. Incompetência mesmo!

Em que pese a comoção provocada pela tragédia ocorrida nesta terça-feira (17/07) com a aeronave da TAM, no aeroporto de Congonhas, é fundamental alertarmos a opinião pública, para que encare o cenário caótico, instalado no setor aéreo brasileiro, como prova da incompetência administrativa e operacional dos órgãos e “autoridades” responsáveis por sua regulação e fiscalização .

Do contrário, acabarão convencendo os cidadãos-contribuintes, usuários do transporte aéreo, de que os problemas ora verificados – aliás, com freqüência inadmissível - são aceitáveis ou contornáveis. A verdade é que, num ambiente aéreo saudável, jamais seriam sequer tolerados e muito menos “compreendidos”.

Para nós, trabalhadores da aviação comercial, o acidente de ontem, tanto quanto a colisão entre o 737 da GOL e o Legacy, em setembro de 2006, as sucessivas derrapagens de aeronaves, os atrasos e cancelamentos de vôos, ou a venda de passagens além da capacidade das aeronaves (overbooking), não são fatos isolados. Compõem, isto sim, o quadro de desorganização generalizada, imposta ao setor pela incompetência dos que deveriam garantir uma aviação confiável e segura.

Infelizmente, um conjunto de fatores nocivos vem provocando, já há algum tempo, a deterioração da infra-estrutura e das condições de segurança do setor aéreo no País.

O corte absurdo de recursos financeiros; o sucateamento de instalações e equipamentos; o descaso com o preparo e as condições de trabalho do pessoal responsável pelo controle dos vôos; a imposição de uma agência reguladora (Anac) que não possui sequer orçamento próprio ou diretoria conhecedora das sutilezas e necessidades do setor.

Uma agência reguladora que está mais a serviço das empresas aéreas do que salvaguardar os interesses do país e do cidadão contribuinte que é usuário do transporte aéreo.

Todos esses elementos foram se somando a outros, ainda mais traumáticos, como “deixar falir” uma Varig S/A, para que o “mercado” se encarregasse de absorver as perdas e danos, além dos milhares de postos de trabalho extintos.

O desmonte da maior empresa de aviação da América Latina, cuja correção operacional era reconhecida mundialmente, foi uma prévia do que pode acontecer, quando se trata como assunto político aquilo que deve ser puramente técnico.

Faltou lisura, profissionalismo e respeito. Sobraram indicações e apadrinhamentos, além de fórmulas mirabolantes para arrecadar o dinheiro indispensável a “fazer funcionar” a Anac, que não tinha sequer recursos previstos no orçamento da União. Neste aspecto, aliás, sofrem hoje os pilotos brasileiros, obrigados a pagar quase dois mil reais a cada renovação de suas licenças de vôo – valor quase dez vezes maior do que pagavam há cerca de um ano (!).

Temos, então, uma Infraero que cobra aluguéis exorbitantes pelo estacionamento das aeronaves, além das incontáveis taxas aeroportuárias, enquanto remodela as fachadas dos aeroportos, mas não zela pelos dispositivos técnicos destinados a dar mais segurança aos pousos e decolagens.

Temos uma Aeronáutica esvaziada, desprovida de autoridade e de mecanismos de autogestão, dividida entre um último esforço para regularizar o caos do setor e a consciência de que qualquer trabalho técnico poderá ser desmontado, a qualquer momento, por um decreto ou ato administrativo do governo federal.

E temos uma agência reguladora que não regula nem fiscaliza, não exige, não acompanha – mas transfere para as companhias aéreas a ira dos cidadãos-usuários-contribuintes, quando estes são vítimas de atrasos, maus tratos ou, em situações extremas, de tragédias como as recentes.

A verdade é que conseguiram desestabilizar um dos últimos setores que atuavam com segurança no Brasil – o setor aéreo. E a nós, trabalhadores e cidadãos, o que ainda nos falta? Certamente, a consciência de que autoridades, eleitas ou indicadas, devem atuar de forma competente para melhorar o modo de vida dos cidadãos. E a cobrança efetiva, pelos cidadãos-contribuintes, do retorno de cada centavo de imposto pago, sob a forma de bem-estar e, principalmente, segurança.

Basta de incompetência! Aviação precisa de segurança e eficiência operacional.

Até quando, senhor presidente?

Trabalhadores do Grupo Varig

RJ, 18/07/2007