:::::RIO DE JANEIRO - 19 DE JUNHO DE 2006 :::::
 

Valor Econômico
19/06/2006
Justiça dos EUA amplia pressão sobre a Varig
Ricardo Balthazar


A Justiça americana determinou que a Varig devolva a seus credores mais nove aviões alugados pela companhia, ampliando a pressão sobre a empresa e os grupos que negociam a compra dos seus ativos. A decisão foi proferida na sexta-feira pelo juiz federal Robert Drain, do tribunal de falências de Nova York que acompanha o processo de recuperação judicial da Varig.

Os aviões pertencem à International Lease Finance Corporation (ILFC), uma subsidiária do grupo AIG que nos últimos anos alugou 11 aeronaves para a Varig. Duas estão com os contratos vencidos e foram mandadas para a revisão há alguns meses. Além de pendurar o aluguel, a Varig também não pagou pelos serviços de manutenção que precisam ser feitos nos aviões.

Drain determinou que a Varig pare imediatamente de usar as nove aeronaves da ILFC ainda em operação e deu 14 dias para a companhia aérea devolver os aviões aos proprietários. De acordo com documentos depositados em juízo recentemente, a ILFC iniciou negociações para alugar as mesmas aeronaves para outras companhias aéreas brasileiras assim que conseguir retomá-las da Varig.

Apesar da pressão que exerce sobre os envolvidos no processo de recuperação judicial da Varig, a decisão de Drain só terá efeitos práticos se a Justiça brasileira segui-la, como o próprio juiz americano reconheceu numa audiência sobre o caso há uma semana. Como ninguém acredita que os juízes brasileiros terão simpatia pelos credores estrangeiros da Varig, a companhia provavelmente continuará usando os aviões por algum tempo.

Há pouco mais de uma semana, um tribunal estadual de Nova York mandou a Varig devolver sete aviões que ela aluga da Boeing e o resultado foi o mesmo na prática. A Varig não recorreu contra a decisão e prometeu parar de usar as aeronaves e iniciar o processo burocrático para devolvê-las. Na sexta-feira, a assessoria de imprensa da companhia informou que os aviões continuam em operação.

Desde o começo do processo de recuperação judicial da Varig, Drain tem manifestado enorme boa vontade diante das dificuldades para encontrar uma solução para a crise da companhia. Uma liminar que ele tem renovado sucessivamente impede os credores da Varig de exigir a devolução dos aviões por conta das dívidas acumuladas pela empresa antes do início do processo.

Mas essa liminar não protege a Varig contra as ações dos donos das aeronaves se ela continuar não pagando, como vem acontecendo. Nem todos os credores aproveitaram essa brecha, mas os que reclamaram, como a Boeing e a ILFC, têm sido bem-sucedidos. A Varig enfrenta mais duas ações semelhantes no estado de Nova York e na Flórida.

Drain voltará a examinar a situação da Varig na quarta-feira. Na semana passada, o juiz deu uma semana de prazo para a empresa encontrar uma forma de pagar suas dívidas e mandou ela iniciar o processo de devolução de todos os aviões se não conseguir fechar negócio com nenhum dos grupos interessados em seus ativos até amanhã.


Valor Econômico
19/06/2006
Acordo garante combustível até hoje

Catherine Vieira e Janaina Vilella

A Varig terá hoje um dia crítico. Um acordo negociado na última sexta-feira pelo presidente da aérea, Marcelo Bottini, com a BR Distribuidora garantiu combustível para os aviões apenas até hoje. Com problemas de caixa, a Varig aguarda ainda hoje um desfecho sobre a situação do leilão de venda do último dia 8 - no qual apenas os funcionários, por meio da NV Participações apresentaram propostas - ou de negociações com outros investidores, como um grupo liderado pela TAP, que correm em paralelo desde meados da semana passada. O próprio Bottini, no sábado, afirmou que hoje seria o "Dia D".

Mesmo se conseguir prolongar o acordo para manter o combustível e os aviões voando a Varig tem outra data crítica esta semana. Na quarta-feira vence a liminar concedida pelo juiz Robert Drain, da corte de Nova York, que protege os aviões da companhia do arresto. Além disso, a Varig enfrenta as dívidas referentes ao repasse de taxas de embarque à Infraero, que na sexta-feira informou que poderia começar a cancelar vôos da Varig.

A expectativa hoje é a de que a Justiça se manifeste sobre a homologação do resultado do leilão ou que se concretize uma nova proposta de investidores.

O presidente da Varig confirmou, no sábado, que existe interesse da TAP. O presidente da TAP, Fernando Pinto, que está no Brasil disse que a área portuguesa está conversando com a Air Canada e o banco Brascan, controlado pelo fundo de investimentos canadense Brookfield. Mas descartou associação com a NV Participações.

Já o grupo ligado ao ex-presidente da VarigLog, José Carlos Rocha Lima, e ao Fontidec estaria mantendo conversas com a NV. Mas o fundo americano Carlyle, que chegou a ser ventilado como um dos parceiros deste grupo, negou, por meio de seu porta-voz, Christopher Ullmann, que tenha qualquer interesse na Varig.

Se a venda para a NV não for homologada, uma hipótese que começou a ganhar corpo, segundo fontes que acompanharam as reuniões, seria a chamada falência continuada, com o afastamento dos gestores e a continuidade da operação. Segundo as fontes, essa seria uma opção num eventual acordo com o grupo ligado à TAP. No entanto, paira a dúvida sobre a questão da concessão, uma vez a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem divergências com relação a essa possibilidade.


Valor Econômico
19/06/2006
Aposentados temem a falência
Catherine Vieira

Os cerca de sete mil aposentados da Varig, assistidos do fundo de pensão Aerus, passaram as duas últimas semanas convivendo com o temor da falência da companhia.

O presidente da Associação de Aposentados do Aerus (Aprus), Manoel Neves, lembrou que o leilão era uma das grandes esperanças dos inativos. "Se houvesse um comprador e algum aporte de recursos, haveria a perspectiva de retomada do pagamento das parcelas da dívida da Varig com o Aerus, acertadas no plano de recuperação", disse Neves. "A falência para nós é quase uma pá de cal", completa.

As parcelas deixaram de ser pagas em janeiro e em seguida o Aerus entrou em processo de intervenção pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC) e, depois, de liquidação dos planos I e II, relativos à Varig. O interventor explicou aos aposentados que os ativos líquidos disponíveis seriam suficientes para fazer pagamentos até dezembro, mesmo assim os valores seriam correspondentes a cerca de 70% dos benefícios inicialmente, e depois de 50% dos valores.

Segundo Neves, da Aprus, além de um novo investidor que dê continuidade às operações da companhia, a outra alternativa está nas ações que correm na Justiça com relação principalmente à diferença tarifária. Se a Varig conseguisse receber esses recursos poderia honrar pagamentos ao Aerus, com o qual tem uma dívida total de cerca de R$ 2,3 bilhões.


O Estado de São Paulo
19/06/06
Desfecho do caso Varig deve sair hoje
Justiça do Rio deve se pronunciar sobre a proposta do TGV, único grupo a fazer oferta pela empresa no leilão
Mônica Ciarelli, Alberto Komatsu

A Justiça do Rio deve se pronunciar hoje sobre a proposta do TGV, único grupo a fazer oferta pela Varig no leilão da companhia aérea realizado no último dia 8. A expectativa é de que o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, rejeite a oferta do TGV e opte por decretar a falência continuada da Varig. Isso porque, mesmo depois de dois pedidos de esclarecimento da Justiça, o consórcio vencedor ainda não conseguiu comprovar a origem dos R$ 1,010 bilhão que viabilizariam o negócio.

A dificuldade do TGV em encontrar investidores para financiar o consórcio abriu caminho para a entrada em cena da estatal portuguesa de aviação, a TAP. Desde o final da semana passada, vem sendo estudada a falência continuada da Varig com o grupo português assumindo a gestão operacional e financeira da empresa até a realização de novo leilão.

A alternativa foi confirmada pelo próprio presidente da TAP, Fernando Pinto, que está no Brasil tocando pessoalmente as negociações. Segundo ele, além da TAP, o consórcio seria integrado também por Air Canadá e pelo banco brasileiro Brascan, controlado pelo fundo canadense Brookfield.

Essa possibilidade está prevista na Lei de Recuperação Judicial e prevê que a Varig, mesmo após sua quebra, continue operando para preservar ativos e a marca. De acordo com Pinto, a TAP e a Air Canadá fariam a reestruturação da malha de vôos e de frota da Varig. O banco Brascan, por sua vez, garantiria o giro do fluxo de caixa da companhia, maior problema da empresa atualmente.

A Varig precisa urgentemente de dinheiro para poder sensibilizar o juiz Robert Drain, da Corte de Nova York. Na quarta-feira, ele decide se prorroga liminar que protege a empresa contra o arresto de pelo menos 25 aeronaves, das quais 23 voam para o exterior. Sem esse sinal positivo, ele não teria como evitar a paralisação da operação internacional da Varig quase que imediatamente, já que a companhia usa 27 aviões para voar para fora do Brasil.

Enquanto isso, o TGV luta para convencer algum dos cinco investidores, com quem alega manter conversações, a entrar no negócio e garantir a aprovação de sua proposta pela Justiça. Pelo menos um dos potenciais financiadores, a companhia aérea chilena Lan Chile, desistiu de apoiar a organização na última hora. Isso reforça os rumores de que o TGV estaria sozinho na busca por novos financiadores.

Outro investidor que estava se aproximando do TGV era o ex-presidente da VarigLog, José Carlos Rocha Lima, que preside atualmente a Syn Logística. Mas fontes do mercado relatam que ele estaria negociando diretamente com a Varig. Essa foi a alternativa usada pela TAP, que desde o começo havia descartado uma associação com o grupo dos trabalhadores.

Para a Justiça do Rio, basta provar de onde vem o dinheiro prometido pela organização de trabalhadores da Varig para comprar a empresa. Nem que seja uma repactuação de dívidas com credores extra concursais, que viram suas dívidas crescerem após a Varig ter entrado em recuperação judicial.

A situação da companhia aérea será discutida também hoje pela manhã em audiência pública na Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A reunião foi um pedido dos funcionários da companhia aérea, que querem uma mobilização dos políticos em torno da crise financeira na empresa aérea, que tem sua sede no Rio de Janeiro.


Zero Hora
19/06/06
Por um fio

Posição judicial sobre a falência ou proposta do TGV pode sair hoje

Um ano depois de ter entrado em recuperação judicial, a Varig ingressa em mais uma semana com a continuidade de suas operações por um fio. Ainda sem um investidor que garanta pelo menos fluxo de caixa para os próximos meses, a companhia aguarda que o juiz da 8ª Vara Empresarial do Rio, Luiz Roberto Ayoub, se manifeste hoje sobre a única proposta de compra feita no leilão do último dia 8. Seja qual for a decisão, pressionada por credores privados e estatais, a companhia necessita urgentemente do depósito de US$ 75 milhões para seguir voando.

Veja por onde passa a sobrevivência da mais tradicional empresa área do país.

O juiz

Apesar de não ter fixado prazo para se manifestar, diante da situação delicada vivida pela Varig, é provável que o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, que cuida do processo de recuperação judicial da Varig, tome posição hoje sobre a oferta de compra da companhia feita pelos funcionários, única proposta no leilão do último dia 8.

O que acontece se:

1) Ayoub homologar a venda


Para isso ocorrer, os funcionários precisam apresentar garantias sobre a origem do dinheiro que embasa parte da proposta - a oferta total é de R$ 1,010 bilhão (R$ 225 milhões em créditos trabalhistas, R$ 285 milhões em dinheiro e R$ 500 milhões em debêntures).

Também terão de trocar a parcela com a emissão de debêntures por outra moeda. Decretados vencedores, o consórcio liderado pelos funcionários deve depositar US$ 75 milhões para a Varig, recursos urgentes para a operação da empresa.

Obstáculos:

Mais de uma semana se passou desde o leilão, e os trabalhadores ainda não apresentaram as garantias pedidas pelo juiz já em dois prazos. Investidores que haviam prometido apoiar o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), como a Lan Chile, teriam desistido do negócio e deixaram a organização sem financiador.

Fontes relatam que potenciais interessados que negociavam com os funcionários estariam, agora, conversando diretamente com a Varig, como tem feito a TAP. A estatal portuguesa, presidida pelo ex-presidente da Varig Fernando Pinto, descartou associação com o movimento TGV.

2) Ayoub recusar a proposta

A hipótese é de que passasse a reavaliar ofertas de interessados que se pré-qualificaram no leilão e não deram lance, caso da TAP (que habilitou-se como Aero-LB). Outra possibilidade seria a decretação da falência continuada da companhia, com o consórcio encabeçado pela estatal portuguesa apoiando a Varig operacionalmente e financeiramente durante esse período.

Caso a alternativa fosse levada adiante, os atuais administradores seriam afastados e a companhia teria de pagar à vista seus fornecedores. Durante a falência continuada, a TAP e a Air Canada seriam responsáveis pela reorganização operacional da companhia, assumindo a reestruturação da malha de vôos e da frota. O parceiro investidor seria o banco brasileiro Brascan, controlado pelo fundo de investimentos canadense Brookfield.

Obstáculos:

A Lei de Recuperação Judicial prevê que a decretação da falência das concessionárias de serviços públicos implicaria a extinção da concessão. Como a Varig é uma concessionária de serviços públicos, poderia perder seus horários de vôo (hotrans) e espaços para pouso e decolagem (slots).

Se Ayoub optar por não decretar a falência continuada, o problema passa a ser o tempo para fechar outra proposta, já que investidores, como a TAP, descartaram se associar ao TGV.

BR Distribuidora e Infraero deram ultimatos à Varig e, na quarta-feira, a Justiça de Nova York pode retirar a proteção que impede o arresto de aeronaves com leasing em atraso.

Os principais fatores de pressão

As estatais

A Varig só tem combustível para voar até esta segunda-feira. Pelo acordo celebrado com a BR Distribuidora, o querosene de aviação seria pago com recebíveis de passagens pagas com cartão de crédito, que se esgotam hoje. A chance da Varig é conseguir uma nova negociação, postergando o prazo. Já com a Infraero a situação é mais grave.

A estatal acusa a companhia de apropriação indébita de taxas de embarque pagas pelos passageiros. A partir de hoje, os aviões da empresa só terão autorização para decolar depois de a Infraero recolher esses valores à vista. Isso aperta ainda mais o combalido fluxo de caixa da empresa aérea.

Os arrendadores de aeronaves

Na quarta-feira, a Corte de Nova York exigirá que a Varig comprove recursos para pagar os arrendadores de aeronaves. São 25 aviões sob ameaça de arresto (23 usados em vôos internacionais). A frota de 60 aeronaves só tem 42 voando. Esse é um dos principais fatores que forçam a definição de quem será o investidor que depositará os imprescindíveis US$ 75 milhões.

Os cancelamentos de vôos

Quanto mais aumentam os cancelamentos (só na última semana foram cem), mais abalada fica a confiança dos passageiros na empresa. Um exemplo: a participação da companhia em número de passageiros transportados no mercado doméstico caiu de 26,52% em maio de 2005 para 14,40% em igual período deste ano. No sábado, os passageiros do vôo 2114 da Varig, com partida às 11h55min, do Aeroporto de Guarulhos (SP) para Porto Alegre, embarcaram, mas não voaram. A informação foi de que a tripulação não apareceu.

Na volta do feriado de Corpus Christi, a Varig manteve sua cota diária de 20 vôos cancelados. Em Guarulhos, cinco vôos deixaram de partir. No Aeroporto Tom Jobim, no Rio, foram oito cancelamentos até as 17h30min.


O Globo
19/06/06 - Versão Impressa
Saída para salvar Varig com apoio da TAP esbarra em perda de concessão

Geralda Doca e Erica Ribeiro

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO. A possibilidade de a Justiça decretar a falência continuada da Varig até a realização de um novo leilão de venda da companhia — período no qual a portuguesa TAP garantiria o capital de giro necessário à sobrevivência da empresa — pode levar à perda da concessão da aérea brasileira, segundo entendimento da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Fontes do órgão regulador afirmam que o artigo 195 da Lei de Recuperação Judicial prevê a extinção da concessão em caso de falência de prestadora de serviço público. Na interpretação da Anac, a Varig perderia as rotas, os hotrans (autorizações para pousos e decolagens) e os slots (espaços nos aeroportos movimentados).

Caso o juiz Luiz Roberto Ayoub, que coordena o processo de recuperação da companhia, na 8 Vara Empresarial do Rio, escolha o caminho da falência continuada, a reação da Anac será imediata, disse uma fonte do órgão. Hoje, a diretoria da agência estará reunida em Brasília à espera da decisão judicial sobre o futuro da Varig. A dúvida da procuradoria jurídica do órgão, que já vem estudando o assunto, é se a concessão pode ser cassada automaticamente ou se é necessário recorrer à Justiça. Também não se sabe em qual esfera o recurso deveria ser apresentado.

Como o destino da companhia deve ser selado hoje, a data foi considerada pelo presidente da Varig, Marcelo Bottini, o dia D da empresa. De acordo com fontes que acompanham o processo, a NV participações, consórcio que venceu o leilão realizado no último dia 8, já esgotou as negociações com possíveis credores, sem sucesso. A NV é formada pela associação Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) e por investidores estrangeiros não divulgados.

Infraero define hoje quando passará a cobrar tarifas à vista

Procurado pelo GLOBO, o presidente da TAP, Fernando Pinto, disse que as reuniões e negociações em torno da ajuda da estatal portuguesa à aérea brasileira continuam, mas não quis dar mais detalhes.

O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, se reunirá com o ministro da Defesa, Waldir Pires, na manhã de hoje para definir quando passará a exigir o pagamento à vista, pela Varig, das tarifas de embarque nos aeroportos administrados pela estatal. Pereira disse que pretende colocar a medida em prática amanhã.

— O nosso limite é na quarta-feira. Estamos cautelosos para não prejudicar ainda mais os passageiros, que estão sendo vítimas — afirmou.

Com a medida, a Varig terá que pagar antecipadamente o equivalente a R$ 15 por passageiro nos vôos domésticos e US$ 36, nos destinos internacionais. Em um mês, a empresa já acumulou uma dívida de R$ 35 milhões, segundo a Infraero.

Ontem, na volta do feriado prolongado, pelo menos 20 vôos da Varig foram cancelados, causando transtornos aos passageiros. Moradora de Porto Alegre, Marjorye Novakoski foi a São Paulo levar as sobrinhas para conhecer o parque de diversões Hopi Hari, mas teve dificuldade para voltar para casa. Com as passagens nas mãos, ela tentava uma transferência para outro vôo no fim da tarde de ontem, no Aeroporto de Congonhas.

— Se eles (a Varig) sabem que o vôo está cancelado, por que não avisam, se têm nossos contatos? Isso é uma falta de consideração, e eu não vou deixar passar em branco — disse Marjorye, que foi acomodada pela Varig num hotel de São Paulo e deve voltar hoje para Porto Alegre, no vôo das 10h.

Em duas semanas, mais de 120 vôos cancelados

Desde sábado retrasado, mais de 120 vôos já foram cancelados pela Varig.

O estudante universitário Phillipi Ramos, que mora em Florianópolis, também foi surpreendido pela suspensão de seu vôo de volta, depois de passar o feriado com amigos em São Paulo.

— Compramos a passagem no dia 5 de maio, e na última hora acontece isso. Todos trabalham ou estudam — reclamou, acrescentando. — É estelionato vender passagens que não existem — disse o estudante, cuja viagem foi remanejada pela Varig para um vôo de hoje, às 9h30m.
COLABOROU: Karina Lignelli, do Diário de S.Paulo


Agência Estado
18/06 - 19:54h
Na volta do feriado, Varig cancela 20 vôos


Na volta do feriado prolongado de Corpus Christi, a Varig manteve sua "cota" diária de cerca de 20 vôos cancelados. No Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, cinco dos vôos programados pela companhia aérea deixaram de partir durante o dia. No Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, a Infraero informou que oito cancelamentos haviam sido confirmados até as 17h30. Em Congonhas, em São Paulo, a Varig cancelou três horários da ponte aérea em menos de duas horas: eram vôos previstos para 17h45, 18h41 e 19 horas.

Funcionários da Infraero em Congonhas não souberam informar sobre outros cancelamentos da companhia aérea, já que os vôos não estavam mais disponíveis no sistema. A assessoria de imprensa da Varig se recusou a comentar quaisquer informações.

Ontem, 30 vôos foram cancelados nos aeroportos Galeão, Antônio Carlos Jobim e Santos Dumont, do Rio de Janeiro. A companhia informou aos passageiros que os vôos haviam sido cancelados por falta de tripulação.

A situação da Varig continua sem definição. O juiz da 8ª Vara Empresarial, Luiz Roberto Ayoub, reuniu-se, na última sexta-feira, na sede do Tribunal de Justiça do Rio, com representantes dos Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), com o sócio da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes, responsável pela reestruturação da Varig, e com Rocha Lima. O desfecho do leilão da companhia aérea pode ser divulgado a qualquer momento.


Agência Estado
18/06 - 18:45h
Situação da Varig deve se resolver amanhã

A Justiça do Rio deve se pronunciar amanhã sobre a proposta do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), único a fazer oferta pela Varig no leilão realizado ha dez dias. A expectativa é de que o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio, rejeite a oferta e opte por decretar a falência continuada da companhia aérea. Isto porque, depois de dois pedidos de esclarecimento da Justiça, o consórcio vencedor ainda não conseguiu comprovar a origem dos R$ 1,010 bilhão que viabilizariam o negócio.

A dificuldade da TGV em encontrar investidores para financiar o consórcio abriu caminho para a entrada em cena da estatal portuguesa de aviação, a TAP. Desde o final da semana passada, vem sendo estudada a falência continuada da Varig, com o grupo português assumindo a gestão operacional e financeira da empresa até a realização de um novo leilão. A alternativa foi confirmada pelo próprio presidente da TAP, Fernando Pinto, que está no Brasil tocando pessoalmente as negociações. Segundo ele, além da TAP, o consórcio seria integrado também Air Canadá e pelo banco brasileiro Brascan, controlado pelo fundo canadense Brookfield.

A Varig precisa urgentemente de dinheiro para poder sensibilizar o juiz Robert Drain, da Corte de Nova York, que decide, na quarta-feira, se prorroga uma liminar que protege a empresa contra o arresto de pelo menos 25 aeronaves.

Enquanto isso, o TGV luta para convencer algum dos cinco investidores, que alega manter conversações, a entrar no negócio e garantir a aprovação da sua proposta pela Justiça. Pelo menos um desses potenciais financiadores, a companhia aérea chilena Lan Chile, desistiu de apoiar a organização na última hora. Isso reforça os rumores de que o TGV esta sozinho na disputa para conseguir um financiador.


O Dia
18/6/2006 13:25h
Funcionários da Varig recorrem à Alerj para buscar solução para a crise


Rio - Em atendimento à solicitação de funcionários da Varig, a situação da companhia será discutida em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Desenvolvimento Regional da Alerj, nesta segunda-feira, às 10h30, no Plenário Barbosa Lima Sobrinho.
"Estamos vivendo o final da crise da Varig, e vemos a possibilidade de uma solução. A audiência irá avaliar a situação atual e buscar formas de contribuir para uma saída que leve em conta a proposta dos trabalhadores da empresa", garantiu o presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (PDT).

Segundo o assessor de relações institucionais da Associação de Pilotos da Varig (Apvar), Marcelo Duarte, a discussão no âmbito do estado do Rio de Janeiro é fundamental. "O Rio é a sede da companhia, além de ser o estado em que a Varig mais gera empregos. Solicitamos a reunião porque acreditamos que a importância da resolução da crise seja unânime entre os parlamentares da Alerj", disse.

Ele prevê que a audiência pública irá unir os funcionários em torno de um acerto final para a empresa, além de esclarecer a população e mobilizar o meio político. Foram convidados o juiz Luiz Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, responsável pela avaliação do processo de recuperação judicial da companhia, deputados estaduais, federais e representantes do Grupo de Trabalhadores da Varig e da Apvar.