:::::RIO DE JANEIRO - 18 DE DEZEMBRO DE 2006 :::::

 

Aeroconsult
18/12/2006
UMA LONGA DECOLAGEM AGUARDA A NOVA VARIG

Depois de uma espera que durou cinco meses, a VRG Linhas Aéreas, a nova Varig que surgiu de um clamoroso leilão judicial no qual a VarigLog adquiriu a posse dos ativos operacionais da tradicional e virtualmente falida Viação Aérea Riograndense, recebeu na quinta-feira passada seu certificado de homologação da Agência Nacional de Aviação Civil, Anac. Uma nova data, 14 de dezembro de 2006, será a referência da existência e renascimento da nova aérea, cujo nome é parte essencial da história da aviação civil brasileira. E´ um acontecimento inédito ou raríssimo no mundo inteiro.

Com seus papeis em ordem, a nova Varig está agora autorizada oficialmente a voar, sem ter que recorrer à concessão da antiga, tendo operado graça ao esforço financeiro enfrentado pela Matlin Patterson, acionista da VarigLog, que possibilitou o pagamento dos gastos operacionais e administrativos da VRG Linhas Aéreas sem ter, supostamente, a garantia de que a Anac daria a autorização para voar.

De sua parte a Volo do Brasil teve que comprovar que fez um aporte de R$ 105 milhões, para complementar o capital da VRG Linhas Aéreas, conforme exigido pela Anac que o calculou baseada no plano operacional apresentado com uma certa afobação pela VarigLog. A nova aérea foi submetida a uma verdadeira radiografia, que analisou entre outros itens jurídicos e econômicos, as condições técnicas de suas aeronaves, o preparo dos pilotos e a estrutura da oficina de manutenção. Ficou esclarecido que a frota atual da empresa é formada por 18 aeronaves, incluindo o leasing de três MD-11 e que 1.927 funcionários fazem parte de sua folha de pagamento.

O evento foi celebrado em Brasília, na sede da Anac, com a participação, entre outros, do dinâmico Marco Antonio Audi, presidente do conselho de administração da aérea e do recém nomeado presidente, Guilherme Laager, além do juiz Ayoub e do executivo chinês Lap Waì Chan, sócio minoritário dos americanos David Matlin e Mark Patterson, donos do fundo que adquiriu a Varig.

Após os cumprimentos de praxe os brasileiros da VarigLog fizeram algumas declarações. Laager anunciou “para breve um novo plano de expansão”, Audi não escondeu as amarguras acumuladas na longa espera, mas evitou de repetir as declarações que havia feito em entrevista a “O Estado de S.Paulo” se limitando a agradecer a intervenção do juiz Luiz Roberto Ayoub que, em defesa da aplicação da Lei de Recuperação Judicial, impediu à Anac de distribuir às congêneres slots e freqüências da velha Varig que não estavam incluídas na lista inicial das operações da nova, ou não estavam sendo utilizadas.

Audi foi objetivo anunciando que depois de ter brigado “para ter nosso direito respeitado”, a sua aérea devolverá à Anac rotas e slots que não estiver em condições de utilizar. No dia anterior, em entrevista ao “O Estadão” ele havia sido bastante duro, referindo-se à Tam e Gol como “dois gigantes tentando afogar a gente, que não acreditaram na volta da Varig e quase conseguiram impedir”, mas reconheceu que os presidentes das duas aéreas, são “muito competentes” e que tudo fizeram para defender os interesses de suas empresas. Audi não quis precisar quantos novos aviões da VRG incorporará à frota nos próximos 30 dias, afirmando que escondia mais detalhes porque “a concorrência é cruel e, como ela, só vamos revelar os novos aviões no dia seguinte à chegada”.

Sabe-se que haveria a disponibilidade de oito aviões que pertenciam à velha Varig, adquiridos recentemente pela Matlin Patterson da Bavária, alem de vários outros pré-contratos. No médio prazo estaria prevista também a compra de 50 aviões da Embraer, com o financiamento do BNDES.

Segundo as declarações de Audi na entrevista a “O Estado de São Paulo” a VRG não teme a concorrência e aposta na força e na simpatia da marca Varig para recuperar gradualmente os mercados perdidos. “Vamos deixar Tam e Gol guerrearem entre si”, oferecendo um serviço de bordo diferenciado, com comidas quentes, sem “barrinhas de cereal, sem pitch de 27 polegadas entre as fileiras de assentos e sem arrogância”. Essas afirmações provocaram a reação do diretor da Tam, Paulo Castelo Branco, também presente à cerimônia de entrega do certificado à VRG, que excluiu qualquer presunção de parte da Tam de achar que iria “afogar” a congênere, pois “a Tam é favorável à concorrência.”

Assim, a partir de 15 de dezembro a VRG tem 30 dias para voltar a operar seus vôos domésticos, que serão centrados no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e 180 para reiniciar os internacionais. Atualmente são 13 destinos nacionais e quatro internacionais.

A partir de amanhã será acrescida a rota para Fernando de Noronha e, ainda sem data precisa, virão vôos diários para Belo Horizonte, Porto Seguro e Florianópolis, além de uma conexão São Paulo/Rio/Recife no aeroporto do Galeão. Entretanto a VRG manterá o programa Smiles, que conta atualmente com 5,5 milhões de participantes e terá suas vantagens ampliadas. A aérea pretende oferecer tarifas intermediárias entre as da Tam e da Gol. Outra informação importante para a expansão das vendas nos serviços da nova Varig será sua recém concluída reintegração ao Billing Settlement Plan, BSP, a câmara de compensação da IATA que abre aos agentes de viagens de 40 paises a possibilidade de emitir passagens da aérea brasileira.

Com tudo isso, será um longo caminho a percorrer. Uma demorada decolagem na direção de uma meta que para ser alcançada exige a reconquista da confiança, tanto dos milhões de fieis usuários que possuem milhas do programa Smiles, como dos milhões de passageiros potenciais que cresceram com a Varig, se orgulharam dela e acreditam na capacidade de recuperação de uma empresa nova mas com a experiência de quase 70 anos, que não foi totalmente perdida pois ficou como herança para alguns milhares de funcionários fieis, empolgados pelo novo desafio.

O passo a passo acontecerá reconquistando índices expressivos de participação do mercado doméstico, ampliando a malha de rotas e o número de aviões, admitindo na nova estrutura mais ex-varighianos, voltando a competir com a excelência de serviços nos mercados internacionais mais ricos, a começar por Nova York. Isso exigirá bastante tempo. Audi falou em cerca de seis anos necessários para que a nova Varig volte a ocupar uma posição próxima daquela da época de seu maior prestígio, mas considerando o espírito que sempre animou os integrantes da empresa talvez precisará de um prazo bem inferior. Previsões à parte, o importante neste momento é acreditar no futuro.

 

 

InfoMoney
15/12 - 10:12h
Nova Varig obtém certificado para retomar operações, mas corre risco de perdê-lo


SÃO PAULO - Após quase cinco meses de espera e disputas jurídicas, a Nova Varig, oficialmente registrada como VRG Linhas Aéreas, obteve na última quinta-feira o aval da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) para retomar suas operações.O certificado concedido pela ANAC, o Cheta (Certificado de Homologação de Empresas de Transporte Aéreo), credita à empresa segurança jurídica, possibilitando à Varig acesso a crédito e condições mais propícias à retomada das atividades da companhia aérea, encerrando o processo de recuperação judicial.Primeiro passo de longo percurso Contudo, este é apenas o primeiro passo no longo percurso que a empresa terá percorrer para voltar a operar.A companhia aérea, que atualmente opera 140 rotas domésticas e 4 internacionais, tem 30 dias para retomar a operação das mais de 132 rotas domésticas que detém direito, e 180 dias para voltar a voltar a voar nas 56 rotas internacionais que possui.

Porém, a empresa não tem aeronaves suficientes para atender a estas rotas.

Caso a Nova Varig não atenda ao prazo de 30 dias, suas rotas poderão ser distribuídas entre outras companhias aéreas. O presidente da empresa, Guilherme Laager, afirmou na cerimônia de entrega do Cheta que a Varig vai crescer 'de forma sustentada'.

Plano de trabalho

O empresário Lap Chan, sócio da Volo Brasil, controladora da Varig, admitiu que a prioridade da empresa agora é obter aeronaves para atender às rotas. 'Vamos montar um plano de trabalho e retomar as rotas contanto que consiga os aviões, pois há muita demanda no mercado', disse o empresário.