::::: RIO DE JANEIRO - 18 DE NOVEMBRO DE 2007 :::::

 

Revista Isto É Dinheiro
18/11/2007
German define o rumo da aviação
Ao assumir as linhas da BRA, German Efromovich pode assumir o papel de contrapartida ao duopólio formado por TAM e Gol
ADRIANA NICACIO E DANIEL LEB SASAKI

Se existe um adjetivo para qualificar o empresário German Efromovich é polêmico. Despojado, irreverente e sem papas na língua, esse boliviano naturalizado brasileiro já comprou brigas homéricas com outros homens de negócios, como Nelson Tanure, e até com poderosos gigantes corporativos, como a Petrobras, com a qual trava disputas judiciais bilionárias. Com esse estilo, Efromovich ergueu um grupo empresarial de US$ 3,7 bilhões.

Agora, ele acaba de entrar em outro terreno pantanoso. Na segunda-feira 12, anunciou que sua companhia aérea nacional, a OceanAir, montaria uma operação para transportar os 70 mil passageiros que ficaram no chão após a suspensão das atividades da BRA.

De uma só tacada, assumiu os aviões, as rotas e o compromisso de atender os clientes com passagens já compradas. Só não aceitou adquirir a BRA.


GERMAN: a OceanAir mudará de nome para Avianca em 2008, reforçando sua presença na América Latina

“O brigadeiro Allemander (Allemander Jesus Pereira Filho, conselheiro da Anac) me ligou e disse: ‘O que a OceanAir pode fazer para cooperar com o governo e os cidadãos?’ Fui sincero: ‘Podemos ajudar, desde que a OceanAir não tenha que abraçar o afogado nem se contamine com um problema que não é dela’”, conta o empresário em entrevista à DINHEIRO (leia os principais trechos ao lado).

Com essa decisão, Efromovich assume um papel crucial na aviação comercial brasileira: ele pode ser uma primeira contrapartida ao duopólio de TAM e Gol, que se instalou no mercado desde que Transbrasil, Vasp e Varig deixaram de voar. Isso é bem visto pelo governo e pela Anac, que têm se desgastado com a falta de alternativas no setor. A questão é: por que ele teria mais sorte nessa empreitada do que outros que tentaram e se deram mal, como Humberto Folegatti, da BRA? O empresário possui mais fôlego financeiro, seria uma resposta. Outra: ele já conhece o setor e possui escala suficiente para enfrentar esse jogo.

Mais: seu grupo empresarial, o Synergy, é capitalizado, diversificado e atua em setores estratégicos e aquecidos. Sob seu comando, por exemplo, encontra- se a Avianca, a empresa aérea da Colômbia e a mais antiga em atividade contínua no mundo. No Equador, é dono da VIP, que opera linhas regionais. Isso lhe dá um razoável poder de barganha para negociar com fornecedo res e empresas de leasing de aviões. Os negócios também se expandem pelo setor petrolífero, onde controla os estaleiros Mauá-Jurong e Eisa, e a Marítima, especializada em inspeção submarina, engenharia e empreendimentos offshore, com atuação no Brasil, na Colômbia e no Equador. Mas seu carro-chefe é mesmo a Petrosynergy, que prospecta e explora petróleo em 22 bacias no País. “Ele atua numa esfera que privilegia a produção em terra. É uma operação mais barata e de menor escala, com um diferencial: há muito mercado a explorar”, avalia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.

Quem conhece Efromovich o descreve como um homem de oportunidades que não tem necessariamente uma postura pró-ativa. “O German busca brechas sempre que elas aparecem”, afirma uma dessas pessoas. O caso da BRA é um indicativo. No momento em que faltam aviões no mercado, o empresário conseguiu que as empresas de leasing transferissem à OceanAir os contratos de sete Boeing 737 e um Boeing 767 da frota da congênere paralisada. “Elas me disseram que a OceanAir pode ficar com as aeronaves, desde que a BRA não crie empecilho”, confirma Efromovich.

O empresário aposta na experiência acumulada com a Avianca. “Pegamos a Avianca quebrada em 2004 e nós a recuperamos.” O governo colombiano aplaudiu. Na segunda-feira 12, Efromovich recebeu o prêmio “Colombia es passion”, conferido a empresários que colaboram para o desenvolvimento do país. No ano passado, o premiado foi Bill Clinton. A partir de 2008, a OceanAir mudará seu nome para Avianca e investirá no transporte aéreo de cargas. Numa outra empreitada, estreará na agroindústria. “Acabamos de comprar uma área na Colômbia. Estamos estudando a terra para saber se é possível entrar em biodiesel. Compramos também uma fazenda de café”, anuncia.

O mercado estima um investimento inicial de US$ 200 milhões em biocombustíveis e crédito de carbono. No médio prazo, Efromovich quer criar uma espécie de império pan-sulamericano. Adepto do termo “tupiniquim”, dá o aviso aos norte-americanos e europeus: “Se as multinacionais podem fazer bem aqui dentro, nós temos a mesma capacidade de fazer bem na casa deles. Podemos ir lá e fazer o que qualquer gringo faz”, diz, em tom desafiador. Esse é o estilo de Efromovich, o curinga do universo corporativo.

“NÃO VAMOS ABRAÇAR O AFOGADO”

Como foi o acordo com Humberto Folegatti (presidente da BRA)?
Qual acordo? O acordo é o seguinte: um belo dia, ele acorda e decide: “Eu não vou voar mais.” Perfeito, para ele. E os 70 mil passageiros?

É verdade que as autoridades o procuraram?
O brigadeiro Allemander (Allemander Jesus Pereira Filho) me ligou e disse: “O que a OceanAir pode fazer para cooperar com o governo e os cidadãos?” Eu fui sincero: “Podemos ajudar, desde que a OceanAir não entre na situação de abraçar o afogado nem se contamine com um problema que não é dela.” A partir daí, montamos toda a estrutura.

Como a operação está sendo conduzida?
No final de semana, fizemos 121 vôos extras, para atender os seis mil passageiros da BRA. O governo trabalhou ao nosso lado o tempo todo. Com cooperação total, telefones à disposição. Eu te confesso que fiquei impressionado vendo as pessoas trabalhando dia e noite. Por isso, tudo transcorreu bem, não houve tumulto. A Anac me surpreendeu.

E quanto à BRA?
Ontem, ouvi um diretor da BRA dizendo que a OceanAir tem obrigação de atender os passageiros. Eu reafirmo: não temos obrigação nenhuma. A partir do momento que a BRA assinar o acordo liberando as aeronaves, garantindo que não vai criar nenhum artifício jurídico para a transição, em um acordo amigável, eu passo a ter obrigação.

A OceanAir vai reforçar a frota com aviões da BRA?
Conversei com as empresas de leasing e me disseram que a OceanAir pode ficar com as aeronaves. Que, por elas, não tem problema nenhum, desde que a BRA não crie nenhum empecilho”.

As rotas das duas empresas se complementam?
Para efeitos de malha, as nossas linhas eram similares às da BRA, mas vamos entrar onde não estávamos.

Que lições aprendeu com o caso da Avianca?
Pegamos a Avianca quebrada. No dia que compramos, ela não aguentaria dez dias e nós a recuperamos. Ao contrário do que fizeram no Brasil, que foi uma farsa. Estou envergonhado com o que fizeram com a Varig.

Qual foi a fórmula para a recuperação?
Parcelamos a dívida de US$ 400 milhões em duas partes com os credores na corte de Nova York. Uma para pagarmos em sete anos e a outra em 12. Com os bons resultados da Avianca, terminaremos de pagar a primeira no ano que vem e a segunda em quatro anos.

US$ 3,7 BILHÕES é o fautramento do Grupo Synergy, de German Efromovich

Quais os planos futuros do grupo Synergy?
Somos um grupo brasileiro que se espalhou pelo mundo. Estamos no petróleo, na construção naval e vamos entrar na agroindústria. Acabamos de comprar uma área na Colômbia. Estamos estudando a terra para saber o que dá para plantar. Se dá para entrarmos em biodiesel. Compramos também uma fazenda de café.

Os diversos negócios de german

AVIAÇÃO
Avianca
Companhia aérea nacional da Colômbia

OceanAir
Terceira maior empresa aérea do Brasil

VIP
Companhia regional do Equador


Eisa
Estaleiro localizado na Ilha do Governador (Rio de Janeiro)

ENGENHARIA
Mauá-Jurong

O único estaleiro de grande porte instalado na Baía de Guanabara

Marítima
Subsidiária de inspeção submarina, engenharia e empreendimentos offshore

SETOR PETROLÍFERO
Petrosynergy
Empresa de prospecção e exploração de petróleo

OUTROS
Biocombustíveis e crédito de carbono
Grupo pretende investir US$ 200 milhões

Café
Compra de uma fazenda na Colômbia

 

NASCE UMA NOVA PROMESSA

Até a semana passada, pouca gente fora do interior conhecia a TRIP LINHAS AÉREAS e seu dono, o empresário José Mário Caprioli, cuja família prosperou por meio da empresa de ônibus Caprioli Turismo. Pois na terça-feira 13, a empresa de aviação regional anunciou a incorporação da malha aérea da concorrente TOTAL, criando a maior companhia da categoria na América Latina. “Atendemos juntos 63 municípios.

É a maior malha brasileira”, afirma Caprioli em entrevista à DINHEIRO. “Nosso objetivo e foco são exclusivamente a operação de aviação regional de passageiros.

Não queremos ser mais uma bandeira na ponte aérea, mesmo que haja essa possibilidade.”

O grupo conta com 17 aviões ATR 42, econômicos e de fácil operação em pistas curtas. Com investimentos de US$ 200 milhões, incorporarão mais 23 unidades nos próximos três anos. O potencial do segmento de média e baixa demanda é enorme num país de dimensões continentais como o Brasil. Basta ter em conta que o segmento representa 20% de market share nos Estados Unidos. Aqui, ainda não passa de 2%. “O País carece de rodovias e não tem sistema ferroviário.

É essa janela de negócios que queremos explorar”, continua o empresário.

 

 

Jornal do Brasil
18/1/2007
O que é ser um comissário de bordo

Fóruns na internet e leitores me ajudaram a montar essa lista com definições que mostram como nós, passageiros, somos vistos quando tomamos um vôo. Vamos à lista, que está atualizada e pede ampliação. Ser comissário de bordo é:

. Nunca desfazer as malas.

. Olhar para o teto quando a campainha do quarto toca.

. Sonhar em ter turbinas presas na cama, para acordar mais rápido.

. Nunca mais escrever o nome das cidades, só as siglas, como BOM (Mumbai), GIG (Galeão), GRU (Guarulhos) e agora DBX (Dubai).

.Ficar admirado com alguns tipos de gelo (quem já viu o que é servido no avião sabe como é isso).

.Odiar passageiros que continuam com os fones de ouvido apesar dos avisos para devolvê-los.

.Saber como parecer elegante usando roupas há cinco dias na bagagem. (Essa eu quero aprender).

.Descobrir, independentemente de quantas vezes você lave a mala, tesouros esquecidos há muito ali.

.Odiar os embarques.

.Adorar desembarcar.

.Concluir, feliz, que a turbulência que você sentiu no piso não era das nuvens, mas dos carrinhos.

.Não acreditar que pais deixem crianças brincarem no chão.

. Lembrar de passageiros educados (sinal que a maioria não é).

.Adorar quem não fala inglês, porque estes não sabem reclamar.

.Sorrir por dentro quando aquele passageiro que está se sentindo mal não é da sua seção da cabine.

.Odiar vender Duty Free.

.Ter de aturar gente que diz: "eu viajo muito mais do que você".

.Odiar encontrar os passageiros do vôo depois no saguão do hotel.

.Detestar os que bebem e começam a chamar você pelo nome.

.Lembrar com saudade quando ligava a tevê e via filmes de graça.

.Querer usar os prendedores de cabelo para o nariz de passageiros que roncam. (conheço gente que daria tudo por um desses..).

.Torcer para que ninguém fale com você no descanso.

.Usar uniforme fora da escala para levar frascos acima de 100 ml.

.Exigir que o passageiro que não sabe onde fica a descarga continue no banheiro até descobrir.

.Ter um megafone para responder: "não, eu não tenho caneta!"

.Correr pela cabine depois do desembarque para pegar revistas e li vros antes da limpeza.

. Odiar vôos que começam cedo. Por que diachos alguém precisa voar às 6h?

.Desejar que todo gerente tenha sido comissário uma vez na vida. Duas vezes para supervisores.

. Saber que seus amigos não entendem o que você faz.

.Saber que o colega sabe mais de você que o seu marido ou esposa.

.Odiar quando você acorda sobressaltado e perguntando: "que hotel é esse?" e está em casa.

.Ficar com as pernas para fora da cama nos hotéis porque não foi feita para pessoas de 1,80 m.

 

 

Zero Hora
18 de novembro de 2007
Aviação - Desmilitarização decola no Planalto
Nova empresa pública, que deve ser criada em 2008, seria o destino dos controladores da Aeronáutica

Uma operação sigilosa desencadeada pelo governo prepara a desmilitarização do controle de tráfego aéreo. Esboçado pelo Ministério da Defesa, o estudo prevê a transferência dos controladores da Aeronáutica para uma nova empresa pública, a ser criada em 2008.

A missão de planejar o novo sistema e a transição foi entregue pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, à secretária de Aviação Civil e futura presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira. Há cerca de 30 dias, Solange fez uma reunião secreta com os líderes dos controladores. O encontro ocorreu à noite, em Brasília, no escritório do advogado da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo, Roberto Sobral.Estava presente o presidente da entidade, Wellington Rodrigues, que em julho chegou a ser preso por 10 dias pela Aeronáutica por insubordinação.

Solange explicou que Jobim pretende criar uma empresa de capital misto para exercer o controle do tráfego aéreo no país. O novo órgão terá como modelo a Infraero (estatal que administra os aeroportos), mas com participação da iniciativa privada.

- Ela (Solange) disse que Jobim quer uma empresa com 51% das ações nas mãos do governo. A gestão, portanto, será pública. Os 49% das ações restantes serão repassados às companhias aéreas - conta um interlocutor dos controladores.

Semanas depois da primeira reunião, Solange voltou a se encontrar com os sargentos em seu gabinete no Ministério da Defesa. Para manter o sigilo, a reunião ocorreu à noite, quando poucos funcionários trabalhavam.

FAB seria o único entrave a novo modelo de gestão

Ela afirmou que, com as mudanças, os controladores de vôo continuariam como servidores públicos, mas sob regime civil. Dos 3,1 mil controladores em atividade no país, 80% são militares. Para solucionar a principal reivindicação da categoria, os baixos salários, Solange cogitou equiparar a carreira à de auditor da Receita Federal. Hoje, um controlador em início de carreira ganha em média R$ 1,8 mil por mês, e um auditor, R$ 5.

- Com investimento privado, os equipamentos serão mais modernos, e a gestão, mais eficiente. Se o tempo de carreira for preservado, a proposta é ótima - comenta um controlador.

Em audiência pública na Câmara, Jobim foi questionado se o governo pretende reajustar os salários dos controladores e condicionou o aumento ao debate da desmilitarização. Oficialmente, o Ministério da Defesa diz que uma mudança nesse aspecto "não está na agenda do ministro".

A transferência à iniciativa privada havia sido ventilada no início do ano, após o motim dos controladores. Na ocasião, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, havia manifestado o interesse em abrir uma empresa de controle de tráfego aéreo. Quando o governo endureceu a negociação com os controladores, eles cogitaram um pedido de baixa coletiva e a formação de uma cooperativa para se associar à iniciativa privada. O temor de perder a estabilidade do emprego público e benefícios fez o movimento recuar.

Com a anuência dos controladores ao novo modelo de gestão, o único entrave para a desmilitarização do setor reside no alto comando da Força Aérea Brasileira (FAB). Os oficiais consideram um perigo à soberania nacional tirar da caserna o controle do tráfego. Desde que foi criado, em 1946, o sistema está sob jugo militar. Com 40% das aeronaves sem condições de voar, a Aeronáutica teme perder os recursos garantidos pelo controle aéreo militar, estimados em R$ 2 bilhões anuais. O Planalto já elaborou uma estratégia para convencer a FAB a abrir mão do tráfego civil. O primeiro passo foi dado pelo presidente Lula, que autorizou o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, a comprar 36 caças a partir de janeiro. O projeto, batizado de FX-2, é orçado em US$ 2,2 bilhões.

 

 

O Globo
16/11/2007
às 21h16m
Procuradoria do Trabalho faz mais uma audiência com representantes da BRA

SÃO PAULO - A Procuradoria Regional do Trabalho de São Paulo (2ª Região) realiza segunda-feira, às 10h, mais uma audiência com representantes da BRA Transportes Aeroviários S/A e dirigentes dos sindicatos dos aeroviários e dos aeronautas. Desde que a companhia aérea anunciou o fim de suas atividades (em 6 de novembro), o Ministério Público do Trabalho de São Paulo já realizou duas audiências com sindicalistas e representantes da BRA com o objetivo de discutir o pagamento dos salários e das verbas rescisórias dos 1.100 funcionários demitidos.

No entanto, na audiência da semana passada, a Procuradora-Chefe Oksana Maria Dziura Boldo, do MPT de São Paulo, propôs a revisão e a reconsideração imediata das demissões. A advogada da empresa Sônia Aparecida Ribeiro Soares Silva preferiu não se pronunciar sobre o assunto e se comprometeu a apresentar uma proposta na audiência de segunda-feira.

 

 

Jornal do Brasil
16/11/2007
Soberania nos céus com capital aberto

A abertura do mercado aéreo brasileiro que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, apontou como solução para a crise no setor será feita dentro das próprias companhias do país, e não com a vinda de aéreas estrangeiras. Ontem, durante evento no Rio, o ministro disse que o governo vai atuar no Congresso para aprovar projeto de lei que aumenta de 20% para 49% a parcela máxima de capital externo nas empresas que operam vôos domésticos.

Há, pelo menos, quatro projetos relativos à quebra do monopólio de empresas nacionais tramitando na Câmara. Todos sugerem mudança no Código Brasileiro de Aeronáutica para flexibilizar o controle das aéreas. A abertura do capital das empresas brasileiras também fez parte do texto final proposto pelo relator da CPI da Crise Aérea, do deputado Marco Maia (PT-RS).

Jobim, no entanto, mostrou-se cauteloso ao responder sobre a possibilidade de liberação da malha para companhias de outros países.

- A abertura do céu brasileiro às companhias estrangeiras pode levar à quebra das empresas brasileiras - argumentou, depois da abertura da 4ª Conferência sobre Segurança Nacional, em Copacabana, onde encontrou o ministro da Defesa de Portugal, Severiano Teixeira.

Os Estados Unidos - que concentram a maior parte do mercado internacional de aviação - foram o exemplo citado pelo ministro para justificar o cuidado com a questão.

- Isso é uma coisa perigosa em termos de segurança, inclusive nacional - disse.

No segundo feriado prolongado depois da declaração do ministro de que a crise aérea só terminaria em 15 de março, os aeroportos do país registraram muitas filas, mas nem tantos atrasos. Segundo a Infraero - estatal que administra os terminais - dos 1.532 vôos previstos para o período da meia-noite às 19h, 197 (12,9%) atrasaram mais de uma hora e 214 (14%) foram cancelados.

Parte dos problemas foi evitada graças à inauguração antecipada da reforma na pista principal de Guarulhos, que estava fechada desde 20 de agosto.

As obras na pista reaberta ontem incluíram troca do asfalto, reforço na pintura de sinalização horizontal e confecção de grooving (ranhuras na pista). A Infraero conseguiu entregar a revitalização antes do prazo final, previsto para 30 de novembro.

Quarta-feira, Jobim havia defendido a fusão de pequenas companhias aéreas brasileiras para elevar o nível de concorrência do setor. E afirmou que seria ideal ter quatro ou cinco grandes empresas nacionais em competição pelo mercado.

- Quando há fusão de empresas, isso dá mais envergadura. Temos duas grandes empresas com envergadura e temos pequenas empresas. A fusão das empresas neste momento é importante para dar envergadura às empresas - atestou, referindo-se ao duopólio TAM-Gol e à recente atuação da pequena OceanAir ao assumir as rotas da deficitária BRA.

O ministro disse que ainda há algumas arestas a aparar no acordo entre as duas.

- Por enquanto ainda está naquela fase de disputa das duas empresas para o fechamento dos negócios. Mas eu tenho confiança que logo a seguir vai se compor também a solução dos demais

 

Jornal do Brasil
16/11/2007
Airbus falha e deixa feridos

Paris. Dez pessoas ficaram feridas, três delas em estado grave, quando um Airbus A340 se chocou contra uma das paredes do complexo da fábrica da empresas em Toulouse, no Sul da França. A aeronave, que passava por testes de motor, deu um pulo para frente e foi jogada contra o complexo. A parte da frente do avião foi totalmente destruída. Além do piloto e co-piloto, outras pessoas se feriram porque estavam no local.

 

O Estado de São Paulo
16/11/2007

Jobim é contra 'céu aberto' para aérea estrangeira
Ministro defende, porém, participação estrangeira maior nos grupos locais
Alberto Komatsu, RIO

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou ontem ser contrário à abertura do céu brasileiro para companhias estrangeiras. Segundo ele, conceder a liberdade para essas empresas poderem operar vôos dentro do País é prejudicial para a aviação brasileira.

“A abertura do céu brasileiro às companhias estrangeiras pode levar à quebra das empresas brasileiras”, afirmou Jobim, em entrevista coletiva concedida após a abertura da IV Conferência do Forte de Copacabana: “Segurança Internacional - Um diálogo Europa - América do Sul”, realizada no Rio de Janeiro.

Jobim usou como referência os Estados Unidos, o maior mercado do mundo da aviação comercial, que não adotou a liberdade de mercado. “Isso é uma coisa perigosa em termos de segurança, inclusive nacional”, acrescentou.

Entretanto, o ministro Jobim é favorável ao aumento da participação do capital estrangeiro nas empresas aéreas brasileiras, hoje limitado a 20% do capital votante. Para o ministro, esta participação poderia chegar a 49%.

BALANÇO DO FERIADO

O ministro da Defesa fez um balanço positivo da situação dos aeroportos neste feriado e se mostrou otimista com a recuperação do setor aéreo.

“Eu creio que estamos caminhando para a solução do problema. Vejo com boa perspectiva as fusões que estão começando a ocorrer na área das empresas aéreas. Essas fusões são importantes porque darão envergadura às pequenas empresas”, afirmou Jobim, referindo-se à incorporação da operação da empresa aérea regional Total pela Trip, negócio anunciado na terça-feira.

Sobre a crise da BRA, que suspendeu todos os seus vôos no dia 7, Jobim disse que espera uma solução para os passageiros da empresa que ainda possuem bilhetes para voar até março do ano que vem, após a OceanAir ter informado que só havia garantia para os passageiros de vôos fretados da BRA. Cerca de 70 mil passagens foram vendidas pela BRA até março, sendo que em torno de 43 mil são de pacotes turísticos, com vôos fretados.

“Espero que caminhemos para uma solução nesse sentido. Por enquanto, ainda está naquela fase de disputa entre as duas empresas (BRA e OceanAir) para o fechamento dos negócios. Então, você tem esse tipo de linguagem. Mas eu tenho confiança que logo a seguir vai se compor também a solução dos demais (passageiros de vôos regulares), que é o interesse que temos”, disse Jobim.

 

 

O Estado de São Paulo
16/11/2007
Um caos gerado por 60 anos de omissões
Washington Novaes

O desastre com um jato executivo que acabara de decolar do Campo de Marte, a queda de três helicópteros num mesmo dia, a suspensão dos vôos da BRA, o corte de verbas federais para fiscalização na área - tudo isso recolocou com destaque na comunicação o chamado “caos aéreo” e a ausência de perspectivas mais otimistas para o setor. Talvez um retorno ao passado possa ajudar a entender esse “imbróglio”, que reflete também nossa incapacidade de planejar adequadamente a ocupação urbana.

Em 1936, uma forte inundação pelas águas do Rio Tietê inviabilizou a utilização do Campo de Marte, que era o aeroporto civil de São Paulo. Decidiu-se então construir um novo aeroporto, porque havia probabilidade de novas enchentes nessa área de inundação natural periódica do rio. E assim foi feito, com a previsão de se desativar o Campo de Marte. No entanto, Congonhas foi construído e começou a operar, mas não se desativou o Campo de Marte. E até se permitiu a ocupação progressiva de seu entorno, a área de inundação natural, por residências, fábricas, ruas, avenidas, etc. Mais tarde, ainda se instalaram nas inundáveis margens do Rio Tietê as principais vias expressas para veículos. Da mesma forma, nada de efetivo aconteceu que impedisse a ocupação progressiva do entorno de Congonhas. Nem mesmo quando, a partir das décadas de 1950 e 1960, a política do “São Paulo não pode parar” levou a cidade a se expandir em alta velocidade.

O resultado não tardou muito. Congonhas não suportou o trânsito aéreo intenso e foi preciso construir novo aeroporto em Guarulhos (não havia áreas disponíveis com a dimensão necessária na capital), na esperança de para lá transferir os vôos internacionais e regionais, deixando para Congonhas apenas os vôos da ponte aérea. Guarulhos logo mostrou seus problemas - a grande distância e o custo alto de táxis, que provocaram resistência dos usuários; os congestionamentos de trânsito na Marginal do Tietê, com freqüência exacerbados pelas inundações (previstas pelo menos desde 1936); a resistência da empresas aéreas e dos passageiros a vôos partindo de um aeroporto que lhes exigia muito tempo de deslocamento. E aos poucos quase todos os vôos foram retornando para Congonhas, com o beneplácito de quem devia zelar pelo setor.

Em Guarulhos se repetiu o processo do Campo de Marte e de Congonhas - nada se fez para reservar áreas para futuras expansões perfeitamente previsíveis; hoje, fala-se que para expandir o aeroporto seria necessário remover cerca de 25 mil famílias, a custos impensáveis. Para completar, boa parte dos recursos federais destinados à adequação dos aeroportos, principalmente Congonhas, foi gasta apenas com a expansão das áreas comerciais (lojas, shoppings, etc.), que produzem receitas para a administração.

Mais um fator veio somar-se com a falta de regulação e monitoramento das atividades das empresas, a partir do momento em que a estabilidade econômica e as baixas taxas de inflação lhes permitiram expandir as vendas de passagens com pagamento parcelado a prazo até de anos. A demanda por vôos comerciais cresceu muito, somada à de vôos fretados para atividades turísticas e à intensa utilização de Congonhas por jatos executivos. Uma administração cuidadosa não teria tardado a concluir que a situação se tornaria insuportável. Mas não aconteceu. Ou foi ocultado.

Só poderia dar no que deu e continua a dar. Ainda há poucos dias, o autor destas linhas levou dez horas dentro de um avião da Gol para chegar a São Paulo, saindo de Goiânia (normalmente, leva-se pouco mais de uma hora). Era dia de Grande Prêmio Brasil de Automobilismo e o aparelho, depois de sobrevoar arredores da capital paulista, foi para o Galeão, no Rio de Janeiro, onde os passageiros tiveram de ficar sete horas confinados no avião, sem informações, impedidos de desembarcar (não podiam retirar a bagagem, não se oferecia hotel nem traslado, não se sabia quando o vôo prosseguiria). Só às 4 horas de segunda-feira o vôo prosseguiu para Guarulhos, onde os passageiros tiveram de ficar mais uma hora dentro do aparelho, por falta de ônibus que os levasse ao terminal. Dez horas de viagem. Dois dias depois, o escriba embarcou em São Paulo num vôo da TAM, às 8h30, para o Rio de Janeiro e permaneceu preso no avião até 11 horas, porque o aeroporto Santos Dumont estava fechado e o do Galeão, “congestionado”. Desistiu da viagem, porque a programação estava perdida, e retornou a Goiânia, num vôo que se atrasou mais duas horas e meia.

Apesar de tudo o que tem acontecido e continua a acontecer, noticia-se que aos poucos os vôos mais longos começam a retornar a Congonhas. Que as autoridades do setor não foram capazes de ver o que estava acontecendo com a BRA. Que não há perspectiva de solução - ou alguém acredita que se vá retirar os ocupantes do entorno de Guarulhos, expandir o aeroporto, implantar um trem-bala de lá ao centro de São Paulo? E, para completar, o governo de São Paulo investirá R$ 295 milhões “em obras destinadas a minimizar os efeitos da chuva na Região Metropolitana de São Paulo” (Estado, 9/11), inclusive na área do Tietê.

Mas também cabe um mea-culpa. Onde estávamos nós, da comunicação, ao longo destes 60 anos, de olhos quase fechados - a não ser nos momentos de desastres, crises graves, fortes emoções - para a ausência de planejamento urbano, a ocupação do entorno dos aeroportos, a falta de política para o transporte aéreo, a ocupação de áreas naturais de inundação, etc., etc.? Este pode ser um bom momento para começarmos a nos redimir - mantendo uma discussão continuada sobre a questão do planejamento urbano e suas relações com esse setor; sobre o que deva ser uma política adequada para o transporte aéreo; sobre a disciplina que o poder público tem o dever de estabelecer nessa área.

A alternativa é o caos permanente e agravado.

Washington Novaes é jornalista