::::: RIO DE JANEIRO - 18 DE JULHO DE 2007 :::::

 

O Estado de São Paulo
18/07/2007

BRA e OceanAir pedem restrições à fusão Gol/Varig
Empresas querem que Cade garanta competição no setor
Isabel Sobral

Três meses depois de anunciada a aquisição da Varig pela Gol, as concorrentes OceanAir e BRA pediram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) a imposição de restrições ao negócio para garantir condições de competição no mercado aéreo doméstico. A principal medida defendida pela OceanAir e pela BRA é a determinação de que todos os slots e hotrans (espaços e horários para pouso e decolagens de aviões nos aeroportos), além das rotas domésticas pertencentes à Varig, sejam devolvidos à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para redistribuição entre todas as empresas.

No documento protocolado no conselho na semana passada, os advogados das companhias argumentam que a fusão 'causa um ambiente deletério para o ambiente concorrencial', pois a Gol é hoje a segunda companhia aérea do País, com quase 40% de participação do mercado. Embora a Varig tenha hoje uma participação de pouco mais de 4%, BRA e Ocean Air ressaltam que ela detém um grande número de slots e hotrans, principalmente em aeroportos já bastante saturados, como Congonhas (SP). Os advogados argumentam que a Gol aumenta seu poder de mercado se ficar com esses espaços.

OceanAir e BRA também pediram ao Cade uma liminar que autorizasse de imediato a Anac a redistribuir os slots. No entanto, há poucas chances de esse pedido prosperar porque, no conselho, a avaliação é que o acordo de preservação da reversibilidade da operação (Apro), assinado no dia 13 de junho entre a Gol e o Cade, garante o ambiente de competição até o julgamento final do negócio.

O Apro impede que haja uma integração administrativa e societária das duas empresas e torna mais fácil a adoção de restrições ou, no limite, a rejeição da fusão entre as duas. Os pedidos da OceanAir e da BRA já estão sendo analisados pelo relator da operação, conselheiro Luís Fernando Rigato.

AUTORIZAÇÃO

A compra da Varig foi anunciada no dia 28 de março. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu a informação pessoalmente do empresário Nenê Constantino, pai do presidente da Gol, Constantino Junior. A compra da Varig foi fechada por US$ 320 milhões. A Anac, que analisa fusões do ponto de vista societário e das leis da aviação civil, já autorizou o negócio. No Cade, não há data definida para o julgamento do caso.

 

 

O Estado de São Paulo
18/07/2007

Avião com 176 tenta pouso, atinge prédio e explode em Congonhas
Airbus da TAM que decolara de Porto Alegre passou sobre a Avenida Washington Luís e acertou depósito de cargas da empresa
Deputado gaúcho está entre as vítimas
Aeronáutica diz que avião não derrapou e piloto tentou arremeter Sindicato culpa falta de ranhuras na pista
Autoridades farão teste para definir se Congonhas abre hoje

No maior acidente aéreo ocorrido no Brasil, um Airbus A-320 da TAM que vinha de Porto Alegre com 176 pessoas a bordo perdeu o controle ontem na pista principal do Aeroporto de Congonhas após o pouso. Sem conseguir controlar a aeronave, o comandante ainda tentou arremeter o Airbus, mas o avião acabou atravessando a Avenida Washington Luís, passou sobre os carros e bateu entre o primeiro e segundo andar de um depósito de cargas da TAM, do outro lado da avenida. Havia informações, ainda não confirmadas, de vítimas entre pessoas que moravam ou passavam pelo local na hora do acidente.

Até 1 hora de hoje não havia notícias de sobreviventes no Airbus. Oficialmente, 14 pessoas ficaram feridas e foram socorridas em hospitais. À noite, a TAM divulgou uma lista preliminar, com o nome de 11 mortos - incluindo seis funcionários da companhia. Segundo a Aeronáutica, só hoje pela manhã, após uma vistoria na pista, se decidirá se o Aeroporto de Congonhas será liberado para pousos e decolagens - embora companhias como a TAM continuassem a vender normalmente passagens ontem.

O acidente foi o terceiro ocorrido em Congonhas em apenas 48 horas. Anteontem, um avião modelo ATR-42, da empresa Pantanal, derrapou na pista principal e parou na grama. Horas depois, um avião da TAM teve problemas semelhantes ao pousar, mas conseguiu arremeter.

Especialistas apontam a falta de drenagem na pista como a provável causa para os três acidentes. O de ontem ocorreu 17 dias depois de a pista principal ter sido reaberta, mesmo sem as ranhuras transversais, o grooving, que facilitam a drenagem. Assim, a chuva das últimas 48 horas pode ter sido determinante. O presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, cancelou compromissos e criou um gabinete de emergência. O governador de São Paulo, José Serra, defendeu o fechamento do aeroporto “pelo tempo que for necessário para a investigação”. Hoje, pelo menos até o meio-dia, a CET manterá uma série de bloqueios de trânsito na região.

 

 

O Estado de São Paulo
18/07/2007
Sistema de segurança de ponta do jato A320 não impede acidente
Avião da TAM é considerado um dos mais espetaculares sucessos tecnológicos da história da aviação
Roberto Godoy, da Agência Estado


SÃO PAULO - O jato de passageiros A320, fabricado pelo consórcio Airbus Industries, é um dos mais espetaculares sucessos tecnológicos e comerciais da história da aviação comercial, com mais de 3 mil aeronaves vendidas desde o lançamento, no início dos anos 80. O birreator é a referência de uma famímia de produtos que abrange os modelos 318, 319 e 321. A principal diferença entre eles é a capacidade, atualmente no limite de 170 lugares. A TAM é uma das maiores operadoras de produtos da Airbus em todo o mundo: tem uma frota de 86 aviões fornecidos pelo grupo europeu, sendo 76 da série A320, 15 do tipo 319 e 61 da versão 320. A empresa anunciou há pouco mais de um mês a encomenda de outras 22 aeronaves A350, intercontinentais. O jato utilizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma configuração especial de longo alcance da linha 319, dotado de sistemas de bordo especificados pela Força Aérea Brasileira.

O A320 foi o primeiro da sua classe a trocar os instrumentos da cabine de pilotagem por telas digitais e a adotar joysticks semelhantes aos usados em videogames em lugar dos manches tradicionais. Os computadores tem um programa de segurança que assume o comando caso determinados parâmetros de controle sejam rompidos ou ultrapassados durante as operações de vôo. Esse recurso de alta tecnologia, todavia, é inútil em um acidente como o ocorrido nesta terça-feira, 17, no aeroporto de Congonhas.

Um Airbus A320 da TAM procedente de Porto Alegre derrapou no Aeroporto de Congonhas, atravessou a Washington Luiz e bateu num prédio da companhia aérea num posto de gasolina do outro lado da avenida. Por volta de 21h30, o número estimado de vítimas do acidente era de 175.

O avião mede 31.45 metros de comprimento, tem 12.56 metros de altura e envergadura de 34.10 metros. Voa a 850 km/hora e pode cobrir 6 mil quilômetros sem escalas, o que permite decolar de Porto Alegre e pousar em Macapá, com reserva de segurança. No arranjo mais confortável leva 107 passageiros. Em média a disposição é de 150 lugares, embora a TAM tenha optado em algumas aeronaves pelo desenho de alta densidade, com 170 poltronas. A Airbus Industries é a fabricante do A380, o maior avião de passageiros já construido, com capacidade para transportar de 500 a 650 passageiros. O primeiro será entregue em 2008, para a empresa asiática Linhas Aéreas de Singapura.

 

 

JORNAL DO BRASIL
18/07/2007
Especialistas apontam os erros

A tragédia de ontem no Aeroporto de Congonhas pode ter três causas: irregularidades na pista, falha no sistema de freios do avião ou erro na atuação do piloto. Segundo o pesquisador Moacyr Duarte, especialista em Controle de Emergências da UFRJ, os controladores de vôo que autorizaram o pouso serão peças cruciais do inquérito, por terem visto as últimas manobras realizadas pela aeronave.

- O equipamento dos aviões é checado antes de cada vôo. Assim, decolar com problemas é impossível - descarta Moacyr. - A pista, por sua vez, está nova, embora ainda não tenha ranhuras, parecidas com pequenas varetas que fazem a água escoar e aumentam o atrito.

A presença de ranhuras, segundo o pesquisador, de nada adiantaria se o piloto errasse o ponto de toque da pista. Pelas imagens do acidente, Moacyr acredita que o comandante da aeronave tenha tentado, em cima da hora, decolar novamente. A suspeita é confirmada pelas características de Congonhas - a pista é alta em relação à Avenida Washington Luís, localizada ao lado do aeroporto.

- O natural seria que o avião descesse a rampa da pista e atravessasse a avenida no chão - explica. - Mas parece que o piloto tentou decolar e, por isso, bateu no prédio.

Moacyr ressalta que ainda é cedo para atribuir o acidente a falha humana. O leque de hipóteses para o caso só seria restrito pelos controladores de vôo, que deram sinal verde para o pouso. O procedimento dos controladores, garante o especialista, não foi errado.

- Recebendo tantos vôos por dia, a pista de Congonhas é imediatamente interditada no caso de irregularidades. Se estava livre, e se o seu funcionamento sem as ranhuras foi autorizado, é porque não apresentava problemas.

O aeroporto, porém, há tempos não tem as condições ideais de segurança.

- O aeroporto tem um pouso a cada três ou quatro minutos - destaca Moacyr. - Alguma autoridade precisa ter a coragem de admitir que Congonhas é um aeroporto vulnerável, principalmente por sua localização.

A hipótese de que o piloto do Airbus da TAM tenha tentado decolar novamente é compartilhada pelo comandante Flávio Costa, piloto aposentado e ex-instrutor de vôo.

- O que me chama atenção é que o avião estava numa velocidade fora do comum. Me parece que o piloto tenha tentado arremeter - avalia Costa. - Nunca vi isso em toda a minha vida. Me surpreende muito esse acidente, com essas características.

 

Jornal do Brasil
18/07/2007
Fogo na nova ala bloqueia Santos Dumont
Anna Luiza Guimarães

Um incêndio no terceiro andar do novo terminal do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, inaugurado há menos de dois meses, deixou um ferido e causou um grande transtorno na tarde de ontem. As operações foram interrompidas por volta das 15h, e, ao todo, 28 pousos e 30 decolagens tiveram de ser transferidos para o Aeroporto Tom Jobim.

O único ferido, Carlos Antônio dos Santos Frango, 50 anos, deu entrada no Hospital Souza Aguiar, no Centro, com intoxicação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou o novo terminal no dia 14 de junho. A ala - inaugurada para absorver turistas durante os Jogos Pan-Americanos e desafogar o movimento da ponte aérea - é apenas parte da obra do aeroporto. A previsão é que os trabalhos estejam concluídos em novembro.

O foco do incêndio foi a área onde será aberta uma praça de alimentação. Joelio dos Santos, 27 anos, funcionário de empresa que instalava tubulações no local, relatou que a fumaça assustou quem trabalhava ou circulava pelo terminal.

- Nós ouvimos um grito de "fogo" e saímos correndo. Era muita fumaça - contou Joelio, que acredita que um curto-circuito tenha sido a causa do incêndio.

- Havia cadeiras novas, embaladas em papelão e plástico - disse o funcionário, julgando que esses materiais poderiam ter ajudado a alastrar o fogo rapidamente.

 

Valor Econômico
18/07/2007
CPI do apagão aéreo fará reunião de emergência
Thiago Vitale Jayme

A CPI do apagão aéreo da Câmara deverá fazer uma reunião de emergência para avaliar e acompanhar as investigações sobre as causas do acidente envolvendo o Airbus da TAM no início da noite de ontem, em São Paulo. O deputado federal Vic Pires Franco (DEM-PA) quer reunir os colegas hoje, em Brasília. "É uma tragédia. Acho que devemos suspender o nosso recesso para dar apoio às famílias. Temos de acompanhar tudo de perto", afirmou.

O PSDB e a presidência da Câmara confirmaram que o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS) embarcou no vôo JJ 3054 da TAM, em Porto Alegre . Redecker viajara para São Paulo, de onde partiria hoje para os EUA com o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Um grupo de parlamentares teria amanhã uma série de encontros com congressistas americanos. A viagem foi cancelada.

Redecker completou 51 anos no dia 12. Está no quarto mandato. Em 2006, com 157 mil votos, foi o deputado mais bem votado da coligação que elegeu a governadora Yeda Crusius (PSDB). "Nos próximos dias poderemos analisar o que houve, agora, é um momento de união em torno dos parentes e dos possíveis sobreviventes", disse o presidente do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (RJ).

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse em nota divulgada ontem à esperar " rigorosa apuração das causas" do acidente com o o Airbus da TAM.

 

 

Folha de São Paulo
18/07/2007
Piloto foi alertado, dizem controladores
Cerca de quatro minutos antes do pouso, operador fez dois avisos sobre as condições da pista, que estava escorregadia
Perícia mostra que comandante da aeronave havia compreendido as informações passadas pelo operador da torre

KLEBER TOMAZ DA REPORTAGEM LOCAL

O piloto do Airbus A-320 da TAM com 176 pessoas que se chocou ontem contra dois imóveis foi alertado duas vezes pelo operador da torre de controle que era preciso pousar com cautela porque a pista principal do aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, estava "molhada e escorregadia." Garoava no momento do acidente.

A Folha apurou junto a controladores de tráfego aéreo que participaram da degravação feita pela perícia do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) que o aviso foi dito entre três minutos a quatro minutos antes de a aeronave ter recebido autorização para pousar.

De acordo com o relatório da torre, o avião tocou o solo por volta das 18h40. Ainda, segundo controladores, que só aceitaram falar com a reportagem sob a condição de não terem seus nomes publicados, era possível se escutar vozes de dentro da cabine que diziam: "vira, vira, vira agora!"

Segundo os controladores, essas falas seriam da própria tripulação do Airbus. Além da conversa entre a cabine e a torre de controle, imagens do pouso do avião foram gravadas. Nelas, os técnicos do Cenipa perceberam que a aeronave chegou a tocar o solo com os três eixos. Os controladores da torre disseram que o procedimento para o pouso, em princípio, esteve dentro dos padrões.

Tanto que quando foi alertado duas vezes pela torre sobre as condições da pista, o comandante confirmou que entendeu a informação e não se queixou de nenhum problema, segundo os controladores de vôo.

De acordo com os operadores, o procedimento padrão de aterrissagem em condições de chuva é para o piloto procurar um ponto de toque no solo -o mais aconselhável é que isso seja feito o quanto antes, logo no início da pista (a principal tem 1.939 m de extensão).

A principal hipótese trabalhada pelo Cenipa para explicar o acidente, após uma análise inicial e não conclusiva das imagens da tentativa de pouso da aeronave, é que a tripulação tenha percebido que ao tocar o solo não conseguiria parar.

Em virtude de a pista estar escorregadia, o avião tentou arremeter, mas como tinha pouca velocidade não houve resistência suficiente do ar para subir. Assim, entrou à esquerda, sobrevoou a avenida Washington Luís e caiu sobre um posto de gasolina e o prédio da TAM. Os controladores dizem que a falta do grooving -ranhuras que facilitam o escoamento de água- prejudica os pousos.

 

 

Site da AMVVAR
18/07/2007