Tribuna da Imprensa
18/05/2007
Previdência: um novo ataque
à vista
Pedro Porfírio
"Meu filho... o que venho
passando eu não desejo pro meu pior inimigo. Hoje
eu não tinha o que comer:... pão... três
dias sem... leite apenas... comida... acabou tudo. E ainda
tenho aquela dívida pendente." (Carta de uma
comissária da Varig licenciada pelo INSS ao filho)
Prepare seu coração porque estão
falando com muita insistência sobre uma terceira
"reforma da previdência". E, pelo visto,
boa coisa não vem por aí, apesar de uma
ligeira mudança no discurso do presidente Luiz
Inácio. Enquanto ameaçam com novas amputações
nos direitos garantidos pela previdência pública,
os fundos de pensão complementar começam
a dar sinais de insegurança e os planos privados
de aposentadoria, geridos pelos grandes bancos, festejam
um inchaço de fazer inveja.
Particularmente, por mais que especule, não sei
o que podem fazer desfigurar mais ainda o sistema público
de previdência, que é o único que
funciona com 100% de segurança e se algum problema
registra é decorrente de más gestões
e de uma estrutura paquidérmica, que torna seu
controle interno praticamente impossível. Pelo
que observei ao longo desses últimos anos, há
interesses poderosos mobilizados para obter ganhos com
o esvaziamento da previdência pública, que
contam com aliados em todos os governos e no Congresso.
Quem faz a festa
Essa ofensiva contra o modelo de previdência que
adotamos, baseado na solidariedade entre gerações,
acontece em vários países do mundo. Há
todo um arcabouço de captação de
poupança de olho nos sonhos de uma aposentadoria
digna, que minimize as perdas com a aposentadoria.
Aí estão os esfuziantes resultados anunciados
pelos bancos: o mercado de previdência privada registrou
crescimento de 20,2% no primeiro trimestre. O valor pago
pelos brasileiros desde janeiro para os fundos de previdência
privada chegou a R$ 5,977 bilhões, contra R$ 4,972
bilhões no primeiro trimestre do ano passado. Os
dados fazem parte de balanço da Federação
Nacional da Previdência Privada e Vida (Fenaprevi),
que representa 83 empresas de previdência privada
e seguro de vida.
A procura por planos do tipo de VGBL (indicado para o
investidor que não declara imposto pelo modelo
completo) cresceu 30,24%, passando de R$ 3,073 bilhões
no primeiro trimestre de 2006 para R$ 4,003 bilhões
no mesmo período de 2007.
Já o PGBL - ideal para quem declara Imposto de
Renda, por permitir dedução de até
12% do valor devido à Receita Federal - captou
R$ 1,114 bilhão, o que representa avanço
de 1,93%. A captação dos planos tradicionais
subiu 7,21%, com valor total de R$ 856,57 milhões.
Os outros produtos de previdência (FAPI, PGRP e
VGRP) captaram R$ 3,445 milhões (queda de 51,52%).
É bom que você observe que o próprio
Tesouro, que se apropria de boa parte das rubricas destinadas
à previdência pública, abre mão
de 12% do Imposto de Renda devido para que esses valores
sejam desviados para os fundos privados de previdência.
Temos aí, para ser didático, uma "jogada
ensaiada": recursos como a contribuição
sobre o líquido das empresas e Cofins, que se destinaram
ao caixa previdenciário, são retidos no
Ministério da Fazenda; ao mesmo tempo, 12% do que
iria para a arrecadação com o Imposto de
Renda vão para os fundos privados.
Quem não sabe
do amanhã
Já os fundos de aposentadoria complementar, como
no caso do Aerus, deixam de cumprir suas obrigações
com seus participantes em função de problemas
com as empresas patrocinadoras e os aposentados não
têm para quem apelar, já que eles são
autorizados a captar recursos sem as garantias de um resseguro,
como acontece nos Estados Unidos.
Quem pensa que os fundos que levam ao desespero aposentados
da Varig, Transbrasil e Vasp são os únicos
em crise, não tem idéia do que acontece
de fato.
E não é por acaso de fundos poderosos,
como o Petrus, o segundo maior do País, investem
pesado na revisão do seu contrato: a partir de
agora, mais de 70% dos seus participantes estão
trocando o plano de "benefício definido"
pelo da "contribuição definida",
isto é, a certeza de que teriam 90% do salário
ao aposentar-se pela incerteza ampla, geral e irrestrita.
Sobre a aposentadoria complementar, o advogado Roberto
Mohamed fez um oportuno alerta em artigo publicado no
"Monitor Mercantil":
"O sistema fechado é hoje sinônimo de
impunidade, irresponsabilidade e tráfico de influências
políticas ou financeiras. Até os fundos
patrocinados por empresas privadas apresentam problemas,
como é o caso do Aerus, integrado pelos funcionários
do Grupo Varig. Sucessões de intervenções
desastrosas e diretorias desonestas levaram a insegurança
a se tornar cotidiana na vida de milhares de aposentados
que dependem desses fundos para seu sustento e de suas
famílias. Mas quem é o grande responsável
por isso?
O Portus, fundo de pensão dos empregados das companhias
Docas, quase todas estatais controladas pela União,
é o maior exemplo da irresponsabilidade coletiva
na administração do patrimônio popular.
Administrado por uma mesma diretoria por oito anos, o
fundo foi alvo de duas auditorias da SPC. Na última,
os auditores expressamente pediram o afastamento da diretoria
após detectar mais de R$ 250 milhões desviados
do patrimônio da entidade.
E o que fez a SPC? Advertiu a diretoria pelo Diário
Oficial. Foi preciso a denúncia dos sindicatos
e da imprensa para que a diretoria fosse afastada e um
interventor nomeado. Descobriu-se que o rombo chegava
a mais de R$ 400 milhões em investimentos mais
que suspeitos. A penalidade aplicada aos diretores? Multas
de R$ 6 mil para cada um. O Ministério Público
Federal, instado a abrir inquérito para apuração
de responsabilidades, manifestou-se em dúvida se
haveria dano ao patrimônio público e o inquérito
encontra-se parado aguardando o julgamento dos recursos
administrativos dos ex-diretores na SPC.
É difícil entender como lesar o patrimônio
de quase 15 mil portuários e suas famílias,
cidadãos que confiaram no sistema de previdência
complementar fiscalizado pelo governo, não é
considerado crime contra a economia popular pelo MP. Ou
será que o Ministério Público não
defende mais os interesses difusos e coletivos? Mas o
que importa é que, com essa omissão e com
a lentidão da SPC, quem vem pagando a conta são
os trabalhadores portuários aposentados".
Para além do calote do Aerus, há toda uma
crise latente nos fundos complementares, na medida em
que sua existência já está associada
ao desempenho das empresas patrocinadoras: se essas derrapam,
infelizmente, os primeiros a sofrerem as conseqüências
são os aposentados. Pode?
Valor Econômico
18/05/2007
Falhas vão de inoperância
a pane total de radar
De São Paulo
Abaixo, algumas das principais falhas apontadas nos
"relatórios de perigo", feitos pelos
controladores de vôo nos meses de setembro, outubro
e novembro de 2006. Nesse período, foram feitas
150 ocorrências de falhas. Os dados revelam os problemas
apenas da área controlada Cindacta I, que responde
por 2/3 do tráfego aéreo nacional, o equivalente
a uma área de 1.500 Km² (três vezes
o território da França):
No dia 22 de novembro, o radar de Três Marias
(MG), segundo relatório de perigo, "tornou-se
inoperante" das 17h10 às 18h30.
Nessa mesma data, um controlador fez um desabafo em
seu relatório: "Fica registrado que o setor
S06 da região BR do ACC-BS (de Brasília)
tem se tornado muito desgastante, estressante e perigoso
para o tráfego aéreo no local, devido às
várias e repetidas panes de freqüências
dos seus limites", escreveu o controlador.
Ainda no dia 22 de novembro de 2006, foram apontadas
duplicações de pistas na tela dos monitores
dos vôos Gol 7472, Gol 1844, TAM 3507 e Varig 2634
na região de São Paulo.
No mesmo dia 22 de novembro, na região do Rio
de Janeiro, a duplicação de pistas também
ocorreu nos vôos Gol 1845, TAM 3139 e FAB 5933
Das 22h10 do dia 19 de outubro de 2006 à 1h do
dia 20, o Centro de Controle de Área de Curitiba
informou "pane parcial de freqüências
e pane total de visualização radar na sua
FIR (região)". Neste dia, o aeroporto de Curitiba
ficou parado durante 30 minutos.
Às 20h do dia 3 de outubro de 2006, o Destacamento
de Controle do Espaço Aéreo de Santa Teresa
(ES) relatou "eco e interferência de rádio
pirata" na freqüência 134.750 MHZ, usada
para o controle aéreo.
No dia 1º de setembro de 2006, o Destacamento de
Controle do Espaço Aéreo da Chapada dos
Guimarães (MT) detectou "duplicação
de pistas" às 16h. No relatório, há
indícios de que o problema era recorrente.
Às 20h do dia 3 de outubro de 2006, o Destacamento
de Controle do Espaço Aéreo de Três
Marias (MG) detectou "interferência de telefonia
celular" na freqüência 135.550 MHZ.
Às 22h20 do dia 1º de outubro, o radar primário
do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo
de Três Marias (MG) estava "inoperante".
Às 15h55 do dia 5 de novembro de 2006, o Destacamento
de Controle do Espaço Aéreo de Três
Marias (MG) apontou a "criação de pistas
falsas" nas telas dos monitores.
Às 12h25 do dia 14 de novembro de 2006, o radar
do Destacamento de Controle do Espaço Aéreo
de Barra do Garças (MT) estava "inoperante"
Às 12h32 do dia 22 de novembro de 2006, foi a
vez do radar do Destacamento de Controle do Espaço
Aéreo do Pico do Couto (RJ) ficar "inoperante"
À meia noite do dia 15 de novembro de 2006, o
monitor do próprio Cindacta I apontava "pista
falsa"
Há diversas ocorrências que apontam falta
de recursos do Cindacta I. No dia 29 de setembro, há
a reclamação de falta de cinco impressoras
de computadores. Outras três ocorrências,
dos dias 13 e 19 de outubro, dão conta de monitores
com imagens distorcidas.
Valor Econômico
18/05/2007 08:26
Deputados pedem negociação
com governo norte-americano para depoimento de pilotos
do Legacy
Agência Brasil
BRASÍLIA - Os ministérios da Justiça
e das Relações Exteriores vão negociar
com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos a convocação
dos pilotos do jato executivo Legacy que, em setembro
de 2006, chocou-se com o Boeing 737-800 da Gol, matando
154 pessoas. A afirmação é dos deputados
Marcelo Castro (PMDB-PI) e Marco Maia (PT-RS), respectivamente,
presidente e relator da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da
Câmara.
No início da noite de ontem, os parlamentares
se reuniram com o ministro da Justiça, Tarso Genro,
e com o secretário nacional de Justiça,
Antônio Carlos Biscaia, para apresentar o pedido
de convocação dos pilotos, os norte-americanos
Joe Lepore e Jan Paladino.
Segundo o presidente da CPI, embora tenham pedido a intervenção
do ministério na convocação, não
está descartada a hipótese de um grupo de
deputados viajar aos Estados Unidos para tomar o depoimento
dos pilotos. "Se o Ministério das Relações
Exteriores concluir que essa é a melhor opção,
nós nomearemos uma comissão de quatro ou
cinco membros que poderão ouví-los nos Estados
Unidos".
Castro voltou a defender a necessidade de a CPI obter
o depoimento dos pilotos, já indiciados pela Polícia
Federal (PF): " Talvez, se eles tivessem falado durante
o interrogatório da PF, essa audiência fosse
desnecessária. Mas como eles se negaram a falar,
não sabemos a opinião deles".
Sobre a possibilidade de ser pedida a prisão preventiva
dos pilotos, caso eles venham ao Brasil para depor, o
deputado afirmou que isso também vai ser negociado.
"Eles virão com um salvo-conduto, com todos
os procedimentos determinados. Naturalmente, eles não
virão com o corpo aberto para chegarem aqui e sofrerem
qualquer constrangimento", disse, ao lembrar que
essa situação, inclusive, já foi
discutida na CPI.
Para o deputado Marco Maia, a legislação
garante que os pilotos não serão importunados.
"A lei prevê que ninguém é preso
se não for em flagrante delito. E o caso deles
não é esse. Eles têm endereço
certo e estariam vindo depor em uma situação
de acordo entre governos dos dois países."
Maia disse acreditar que a audiência seria uma
oportunidade para Lepore e Paladino se defenderem das
acusações feitas pela PF. Além disso,
eles ajudariam a CPI a esclarecer dúvidas que ainda
persistem: "O transponder foi ou não foi desligado
involuntariamente? Por que eles não cumpriram o
plano de vôo? O que eles têm a dizer sobre
a falha de comunicação nos momentos que
antecederam o acidente? Esses são questionamentos
e temas que, vindo à CPI e se propondo a falar,
eles poderão explicar e inclusive beneficiar a
si próprios".
O deputado também disse ainda não estar
convencido da conclusão da Polícia Federal
que indiciou os pilotos norte-americanos por crime culposo
- quando não há intenção de
ferir - por entender que o transponder teria sido desligado
involuntariamente.
"Eu ainda tenho muitas dúvidas em relação
ao fato de o equipamento ter sido desligado de forma involuntária.
O próprio coronel Rufino [Rufino Antonio da Silva
Ferreira, presidente da Comissão de Investigação
do Acidente Aeronáutico do Boeing da Gol], disse
em seu depoimento que para o aparelho ser desligado são
necessários dois toques e que isso não acontece
tão facilmente".
Folha de São Paulo
18/05/2007
BRA e OceanAir apostam no interior
do país
(KAREN CAMACHO) DA FOLHA ONLINE
As empresas aéreas BRA e OceanAir se uniram e
apostam em um crescimento da demanda no interior dos Estados
para alcançarem, juntas, 10% de participação
do mercado. Atualmente, as duas somam cerca de 5%. "Há
um duopólio no setor [entre TAM e Gol] e a estratégia
dessa união é melhorar nossas condições
de brigar no mercado", afirmou o vice-presidente
da OceanAir, Jorge Vianna.
O setor registrou, em abril, uma das maiores concentrações.
Nos vôos nacionais, TAM, Gol e Varig (comprada pela
Gol em março), operam 94,1% do mercado e, nos internacionais,
93,4%.
As operações compartilhadas entre BRA e
OceanAir começam em 18 de junho, mas a partir de
segunda-feira as vendas já serão integradas.
A contar daí, as companhias estimam um faturamento,
em 12 meses, de aproximadamente R$ 1 bilhão.
No total, as duas atenderão 55 cidades, sendo 14
novas. Das rotas inaugurais, a única capital é
Vitória (ES).
Os novos trechos custaram às empresas um investimento
de cerca de R$ 20 milhões. Serão usadas
27 aeronaves, mas as aéreas planejam incorporar
outras oito até o final deste ano.
Mercado e Eventos
18/05/2007
Mesa da CPI do Apagão Aéreo
no Senado já está definida
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) do Apagão Aéreo será o senador
Tião Viana (PT-AC), que já fez hoje (17/05)
a sua primeira reunião e nomeou o senador Demóstenes
Torres (DEM-GO) como relator.
Os senadores elegeram também o senador Renato
Casagrande (PSB-ES) como vice-presidente. No dia 22, a
CPI fará reunião para analisar plano de
trabalho a ser apresentado pelo relator que afirmou que
irá ao Tribunal de Contas da União (TCU),
ainda hoje para colher informações e solicitar
documentos relativos à crise no setor aéreo.
Entre os documentos que serão solicitados estão
os relatórios das auditorias realizadas pelo TCU
na Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária
(Infraero). Demóstenes acrescentou que ele e Tião
Viana devem visitar também o Ministério
Público da União, a Polícia Federal,
a Controladoria Geral da União e a CPI do Apagão
Aéreo instalada na Câmara para obter mais
informações e documentos.