::::: RIO DE JANEIRO - 18 DE FEVEREIRO DE 2008 :::::

 

Jornal do Brasil
18/02/2008
Ainda cabe conciliação como saída
José Aparecido Miguel

Executivos da Varig Logística (VarigLog), empresa envolvida em uma briga societária, acreditam que ainda há possibilidade de conciliação entre as partes, embora a empresa esteja sob intervenção judicial desde sexta-feira, depois de processo com denúncias de desvio de recursos, arresto de bens, bloqueio de valores e troca de acusações no Brasil e nos Estados Unidos. Há ainda a possibilidade de venda da companhia, que já foi considerada o melhor ativo desmembrado da velha Varig. Um dos interessados é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

A intervenção foi decidida, em medida provisória, pelo juiz José Paulo Camargo Magano, da 17ª Vara Cível de São Paulo, que nomeou o engenheiro José Carlos Rocha Lima para administrar a sócia da empresa, Volo do Brasil S.A., dos empresários Luís Eduardo Gallo, Marcos Michel Haftel e Marco Antonio Audi. O outro sócio é a Volo Logistics LLC, de Delaware (EUA), subsidiária da Matlin Patterson, representada pelo empresário chinês Lap Chan, radicado nos Estados Unidos.

O interventor escolhido pela Justiça é o engenheiro José Carlos Rocha Lima, que já foi anteriormente presidente da VarigLog, de onde saiu por acusações de supostas irregularidades. Seu nome também apareceu na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios - empresa que ele também presidiu nos anos 90. Sua atuação, durante o período de crise e negociação da antiga Varig, foi questionada. A CPI dos Correios o ouviu por sua colaboração com a Skymaster - concorrente da VarigLog - em negociação de contratos com a estatal. Rocha Lima admitiu ter recebido pelo menos R$ 50 mil da Skymaster. Disse que prestou serviços de consultoria para a empresa.

Lan Chan, da Volo Logistics LLC, que havia emprestado US$ 346 milhões para a VarigLog comprar sete aviões Boeing 757-200, cargueiros, desentendeu-se com os sócios brasileiros. Dos cinco aparelhos entregues, entre fevereiro e agosto do ano passado, conseguiu judicialmente o arresto de um (em Miami, nos EUA) e impedimento de uso dos outros quatro, além de bloquear US$ 220 milhões da VarigLog, que faturou R$ 1 bilhão de reais em 2006, quando deteve cerca de 52% de seu mercado, e aproximadamente R$ 700 milhões no ano passado.

Os advogados das duas partes abriram na audiência de sexta-feira a possibilidade de uma conciliação "em qualquer tempo", que também dependerá de parecer da Justiça. A Volo Logistics LLC - que detém 20% do capital votante e 100% das ações preferenciais da empresa - queria a saída dos sócios brasileiros, retirando deles o poder de mando na VarigLog. A Volo do Brasil, de Gallo, Haftel e Audi, com 80% do capital votante, tem 40% do negócio, segundo as informações. Os três formam o Conselho de Administração da VarigLog, condição aceita anteriormente por Lap Chan - estrangeiros não podem administrar empresas aéreas nacionais, consideradas reservas estratégicas do país -, razão do limite de até 20% do capital votante, restrição aceita e praticada por diferentes países.

Os empresários brasileiros, que supostamente estariam agindo em nome de outros interessados, como mostra inquérito sobre a velha Varig na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, chegaram a oferecer US$ 450 milhões pela parte da Volo Logistics LLC, subsidiária da Matlin Patterson, que pediu a revelação da origem do dinheiro. Foi alegado sigilo sobre o nome de um grande grupo privado do Brasil. O juiz Camargo Magano aceitou que houvesse consulta por celular para que a identidade fosse revelada, o que não ocorreu. A partir daí, iniciaram-se as exposições sobre a reconvenção do contrato da empresa e a tutela antecipada, esta decidida pelo juiz Camargo Magano, "pois não há convergência de interesses entre as partes" e "a precariedade econômica da Volo do Brasil e de seu principal ativo é incontroversa". Para o juiz, a solução do conflito litigioso passa inegavelmente pela analise da função social do contrato. "Ele diz respeito ao interesse público e coletivo, envolvendo interesse de terceiros, como fornecedores, credores, consumidores e trabalhadores".

- Não se sabe quando a insanidade da empresa pode chegar ao limite. Há afirmação de desvio de recursos - acrescentou, ao justificar a intervenção judicial.

Executivos da empresa querem que a VarigLog seja preservada. A sua previsão de faturamento este ano vai cair para a faixa de R$ 500 milhões, metade do que obteve em 2006. A empresa tem US$ 220 milhões em caixa, embora retidos pela Volo Logistics LLC, a sócia americana. A VarigLog, braço da antiga Varig, que acabou incorporada pela Gol no ano passado, começou a operar em novo formato em 2001. Na operação de socorro à velha Varig, em 2005, foi vendida por US$ 48 milhões para a Aero LB, aGeo Capital e a TAP (Transportes Aéreos Portugueses), com clausula que permitia venda imediata. Em fevereiro de 2006, foi adquirida pela Volo do Brasil e pela Volo Logistics LLC, que entraram em disputa societária no ano passado. Antes, a empresa expandiu sua atuação de 130 para 300 escritórios no país, com função regional, cobrindo 4 mil municípios brasileiros. Tem atualmente 1.900 empregados, 2.100 franqueados. Ao todo, responde por cerca de 7 mil empregos diretos e indiretos.

A maior preocupação, diante da intervenção e da continuidade da disputa judicial entre os sócios, é o risco de sua paralisação - hipótese que poderia ocorrer, se a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que regula o setor, vier a suspender o Certificado de Empresa de Transporte Aéreo da VarigLog, diante dos problemas que enfrenta.

Além disso, a Varig Engenharia e Manutenção (VEM) chegou a comunicar por escritor que deixou de trabalhar para a VarigLog por falta de pagamento de prestação de serviços. A Flex - novo nome de parte da companhia remanescente da velha Varig - cobra R$ 38 milhões da empresa no rastro de sua complexa negociação.

Outra possibilidade de solução para a crise da transportadora de carga aérea e entrega de mercadorias é uma negociação com os Correios ou outro interessado em comprar a empresa. O presidente executivo da VarigLog, João Luís Bernes de Sousa, iniciou negociações com o presidente da estatal, Luiz Henrique Custódio, que as confirmou. Bernes esteve também duas vezes, no final do ano passado e em janeiro, com o ministro das Comunicações, Hélio Costa, a quem os Correios estão subordinados. A idéia inicial era a formação, pela VarigLog, de uma subsidiária em sociedade com os Correios (49% de participação e direito de gestão).

A Volo do Brasil vai entrar com recurso, o agravo de instrumento, contra a decisão de intervenção judicial na empresa, segundo seus advogados, que consideram o processo de alçada federal.

 

 

Jornal do Brasil
18/02/2008
Gaudenzi garante: fica na Infraero

As investidas do PT e do PMDB para conquistar o comando da Infraero balançaram o presidente da estatal, Sérgio Gaudenzi. Mas, em conversas com aliados, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, descartou a saída do chefe da empresa aeroportuária. Jobim defende a permanência de Gaudenzi no posto para evitar prejuízos aos novos projetos da Infraero que estão engatilhados. A idéia é lançar em seis meses a principal reformulação da estatal: a abertura de capital, com a venda de ações nas bolsas de valores.

A medida foi proposta por Gaudenzi e está em análise por técnicos do Ministério da Fazenda. A avaliação do ministro da Defesa é de que se houver qualquer alteração na chefia, o cronograma de ações da empresa, que incluem obras significativas em aeroportos previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - principal bandeira de investimentos do governo Lula - poderá atrasar.

- Gaudenzi assumiu a Infraero em meio a um cenário assustador, repleto de dívidas e suspeita de irregularidades. Agora que conseguiu arrumar a casa, querem derrubá-lo? - questiona o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES).

Boatos

Circulam há algumas semanas no Ministério da Defesa boatos do desligamento de Gaudenzi do comando da Infraero. Entre os motivos estão os inúmeros desgastes com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que diverge do controle exercido por Gaudenzi na estatal. Dilma é a favor de medidas mais drásticas e de curto prazo. Um dos principais desencontros entre os ministros é a questão sobre a privatização do terceiro aeroporto de São Paulo, ainda a ser construído, e considerada fundamental por Dilma. Com os rumores da troca de Gaudenzi, corre no Palácio do Planalto a notícia de que a ministra da Casa Civil já teria escolhido o sucessor. O posto seria repassado ao atual presidente da Empresa de Planejamento Energético, Maurício Tolmasquim.

Em meio às especulações sobre sua saída, Gaudenzi tratou de avisar aos funcionários da estatal que permanece. Na tarde de sexta-feira, divulgou uma circular interna explicando que não há desconforto e que continua na chefia da empresa aeroportuária. Nos bastidores, no entanto, o presidente da Infraero confidenciou a colegas do PSB, que, se a pressão de petistas e peemedebistas pelo cargo continuar, vai acabar cedendo.

- Não há porque ele (Gaudenzi) temer. Da parte do PMDB, não existe a barganha deste cargo - afirma o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO).

Alguns integrantes do PSB sustentam que uma saída para Gaudenzi pode ser as eleições municipais de outubro. Gaudenzi ensaia disputar a Prefeitura de Salvador. Mas, o presidente da Infraero não estaria totalmente satisfeito com a aliança do PSB com PT e PMDB, que lhe reservaria o cargo de vice-prefeito. Caso esta seja a solução para os contratempos, o presidente da Infraero terá que deixar o cargo em março, quando termina o prazo para as autoridades que queiram concorrer às eleições se afastem. (M.F.)

 

 

O Globo
18/02/2008
Ancelmo Góis

 

 

Coluna Claudio Humberto
18/20/2008
Comendador

A Aeronáutica às vezes perde o juízo: após homenagear a cúpula desastrada da Anac e até a primeira-dama, vai condecorar o sealopra Mangabeira Unger por "relevantes serviços prestados". A quem? A quê?

 

 

Valor Econômico
18/02/2008
Varig busca parcerias para não perder direito a rotas
Roberta Campassi, de São Paulo

A Varig desistirá definitivamente das rotas para Frankfurt, Londres e Roma se não conseguir fechar parcerias significativas com companhias internacionais e se não ocorrerem outras "novidades" nos próximos meses, afirmou Constantino de Oliveira Jr., presidente da Gol Linhas Aéreas, na sexta-feira.

O executivo não explicou o que chama de novidades, mas disse que sobre a retomada dos vôos pesam fatores comerciais e a disponibilidade de aviões.

Oliveira Jr. disse que a Varig está na fase final para fechar acordos de "interline" (mais simples) com as companhias Air France e Iberia, e em já trabalha para firmar um "code-share" (acordo mais complexo) com a Air Europa. Essas parcerias podem ajudar o desempenho dos vôos que a Varig manteve para Paris e Madri.

O grupo Gol divulgou aumento de 47,2% na receita líquida do quarto trimestre, para R$ 1,49 bilhão. As despesas operacionais subiram 60%, mas foram compensadas por ganhos com operações financeiras e créditos de IR. A empresa teve lucro líquido de R$ 76,9 milhões. No mesmo período de 2006, a Gol havia lucrado R$ 193,4 milhões.

 



Folha de São Paulo
18/02/2007
Parentes de mortos no acidente da TAM protestam em São Paulo
Sete meses depois, amigos e familiares cobram conclusão das investigações
RICARDO WESTIN DA REPORTAGEM LOCAL

Parentes e amigos das 199 pessoas que morreram no acidente com o avião da TAM, em julho do ano passado, protestaram ontem em São Paulo contra a demora na conclusão das investigações e por mais segurança nos aeroportos.

Cerca de 450 pessoas, pelos cálculos da Polícia Militar, vestiram roupas pretas em sinal de luto e percorreram quatro quilômetros, numa passeata, entre o parque do Ibirapuera e o local do acidente, em frente ao aeroporto de Congonhas.

Pela primeira vez, parentes e amigos das vítimas entraram no local onde funcionava o prédio da TAM Express atingido pelo avião. Por causa da colisão e do incêndio que se seguiu, morreram funcionários do prédio e os passageiros.

O quarteirão onde ficava o prédio está cercado por tapumes. Ali dentro não há praticamente nada. Muitos choraram e se abraçaram assim que entraram ontem no terreno.

Uma cerimônia foi celebrada por líderes religiosos, em memória dos mortos. "Até agora, o que se ouviram foram frases de efeito e promessas", disse, sob aplausos, um pastor luterano.

Durante os 60 minutos da celebração ecumênica, os parentes e amigos das vítimas viram passar sobre suas cabeças sete aviões da TAM, decolando de Congonhas, no outro lado da avenida, ou aterrissando.

Dez familiares serão recebidos no dia 28 pelo ministro Nelson Jobim, da Defesa -ministério ao qual estão ligadas as entidades do tráfego aéreo.

 

 

Site Vide Versus
18/02/2008
Volo diz não querer vender VarigLog aos Correios

O fundo norte-americano de investimentos Matlin Patterson, dono de 60% do capital total da VarigLog por meio da Volo Logistics LLC, informou na quarta-feira que não tem interesse em vender a ex-subsidiária de cargas e logística da Varig para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).

Nesta semana, o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, e o ministro das Comunicações, Hélio Costa, disseram ser favoráveis à negociação. A Variglog informou que não se pronunciaria. "Causa-nos espanto e estranheza o conteúdo de mencionadas reportagens porquanto a Volo Logistics LLC tem planos de expansão para as atividades de sua subsidiária Varig Logística S.A., não tendo interesse, no presente momento, na alienação de parte ou totalidade da referida empresa para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos", declarou Lap Wai Chan, representante do Matlin Patterson no Brasil.

Carlos Henrique Custódio disse recentemente que, desde 2006, os Correios vêm conversando com companhias aéreas para firmar uma parceria na área de logística. No entanto, o projeto de ter uma estrutura própria, segundo ele, veio da CPI dos Correios e do Tribunal de Contas da União.

O Matlin Patterson trava duelo judicial com seus três sócios brasileiros, que têm 40% do capital total da VarigLog. São eles Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo, que possuem 80% do capital votante, sendo que a Volo LLC tem os 20% restantes, conforme as regras da legislação do setor.

 

 

Site G1 - Globo
18/02/2008 - 07h43
Italianos protestam contra possível compra da Alitalia pela Air France
Operação pode ajudar a recuperar a empresa aérea italiana.
Empresas aguardam parecer de um tribunal administrativo de Roma.

Italianos protestam no aeroporto de Malpensa, próximo a Milão, contra a possível compra da Alitalia pela Air France-KLM, a maior companhia área européia. Se bem sucedida, a operação pode ajudar a recuperar a empresa italiana, que vem registrando perdas consecutivas.

As empresas aguardam um parecer de um tribunal administrativo de Roma sobre o caso, esperado para 20 de fevereiro. O tribunal precisa decidir se aceita ou não o pedido da Air One, concorrente também interessada em adquirir a empresa. (Foto: AFP)

 

 

Revista Exame
15.02.2008 - 09h48
Gol precisa aprender a vender para ricos, dizem especialistas
Modelo da “barrinha de cereal” da Gol e vôos com poucas conexões da Varig afastam executivos de vôos internacionais, o filet mignon da aviação
Por Márcio Juliboni

A Gol é um dos casos de mais rápida expansão do capitalismo brasileiro. Com seu modelo de baixo custo e baixa tarifa, simbolizado pela “barrinha de cereal”, a empresa conquistou os brasileiros em seus cinco primeiros anos de existência ao desenvolver uma fórmula que permitiria a milhões de pessoas que nunca tinham viajado de avião utilizar pela primeira vez os aeroportos.

Há quase um ano, a empresa mostrou que estava disposta a crescer na mesma velocidade no mercado de vôos internacionais, ao desembolsar 275 milhões de dólares pela Varig. Na época, não foram poucos os especialistas do setor aéreo que previram que juntas as duas empresas desbancariam a TAM da liderança da aviação civil brasileira ainda em 2007. O que se viu de lá para cá, entretanto, foi uma TAM cada vez mais líder em vôos internacionais. A empresa ganhou mais de 8 pontos percentuais nos últimos 12 meses e chegou a uma participação de 67%. Já o grupo Gol-Varig ficou praticamente estacionado em 30%.

Após mudar de mãos, a Varig passou a atender dez destinos no exterior. A expansão de rotas, porém, não foi acompanhada por um retorno dos clientes. A companhia ainda está abaixo da média de ocupação do setor, de 73% em janeiro. A Varig permaneceu com 59%, mesma taxa de 12 meses atrás. A Gol, por exemplo, tem 77% e a TAM, 80%. Um sinal de que algo precisa ser feito foi a suspensão dos vôos da Varig para Londres, Frankfurt e Roma em janeiro. Em paralelo, a Gol afirmou que deixaria de realizar os vôos diretos entre o Brasil e Lima, no Peru, e Santiago do Chile - rotas já atendidas pela sua controlada. A Gol continuará, porém, realizando vôos diretos para Lima e Santiago a partir de Buenos Aires, na Argentina.

Segundo os especialistas, o problema é que a Varig – com aviões mais antigos e poucas conexões - e a Gol - com sua “barrinha de cereal” - ainda não encontraram um modelo capaz de bater os concorrentes no filão internacional. “A concorrência nesse mercado é forte e pode ter sido subestimada”, afirma André Castellini, sócio da consultoria Bain & Company e especialista em aviação. “A Gol não tinha experiência em vôos internacionais de longa duração”, completa. Eduardo Puzziello, analista de aviação da Fator Corretora, concorda. “Esse é um mercado em que a companhia não tinha background”, diz.

No geral, os passageiros de vôos internacionais têm elevado nível de escolaridade, alto poder aquisitivo e experiência em vôos. De acordo com o Ministério do Turismo, em 2006 (dados mais recentes), cerca de 70% dos turistas estrangeiros que chegaram ao país por meio de aviões tinha de 25 a 59 anos, e 71% cursaram uma faculdade ou uma pós-graduação. Pouco mais de 33% deles veio ao Brasil a negócios.

Tudo somado, trata-se de uma clientela mais sofisticada, que busca nos vôos mais vantagens que os passageiros de uma companhia de baixo custo. “O passageiro da Varig não é o mesmo que o da Gol. Falta identidade à nova companhia”, afirma Reynaldo Goulart Filho, presidente da Associação de Comissários de Bordo da Varig.

Pacote completo

Para reconquistar os mais ricos, a Varig precisa oferecer um pacote completo de serviços. O produto vendido pela empresa não é apenas a passagem, mas inclui o tipo de aeronave, serviço de bordo, horários de vôo, conexões disponíveis e programa de fidelidade. “O que o passageiro quer é conveniência, conexões para outros destinos e preço”, afirma André Castellini. Para ele, durante a agonia que precedeu a recuperação judicial e a venda da parte operacional para a Gol, a Varig “perdeu massa crítica”: deixou de voar para destinos importantes no exterior e perdeu aviões. Tudo isso afastou os passageiros e permitiu o avanço das concorrentes.

Os destinos oferecidos pela empresa no exterior são um exemplo do trabalho que ainda há pela frente. Das sete cidades para as quais a Varig ainda voa, apenas uma está entre as mais visitadas do mundo: Paris. Entre os 30 destinos mais procurados, a empresa voa para apenas mais dois – Madri (17º no ranking) e Cidade do México (30º). A companhia ainda não voa para os Estados Unidos, por exemplo, um dos países mais procurados pelos brasileiros.

Além de ainda não ofertar rotas atraentes, as já abertas também perdem competitividade por outro motivo: a falta de acordos com alianças mundiais com outras empresas. Essas parcerias permitiriam aos passageiros conexões que dariam mais opções de rotas, ampliando o alcance da empresa. Somente em 2007, a TAM elevou de 34 para 64 o número de acordos com companhias aéreas estrangeiras para a realização de conexões em outros países. E isso explica em boa parte seu sucesso.

O último nó para o grupo Gol-Varig é encontrar aeronaves capazes de atender essas rotas com a sofisticação esperada pelos clientes. Com a retomada do mercado mundial de aviação e a expansão das companhias asiáticas, comprar ou alugar aparelhos está cada vez mais difícil, o que deixa a Varig com pouca margem de manobra. Para os analistas, isso também pesou na decisão de cancelar algumas rotas e investir nas mais rentáveis.

“A Gol ainda está procurando como posicionar a Varig no longo prazo. É um processo de aprendizagem”, afirma Daniel Lemos, analista da corretora Socopa. Ao que tudo indica, ainda serão necessárias várias horas de vôo para que os comandantes da Gol consigam estabilizar a Varig.

 

 

Revista Exame
15.02.2008 -18h55
Gol busca parcerias para expandir negócios
Empresa vai abrir mão de rotas internacionais e focar na parceria com companhias aéreas de outros países
Por Francine De Lorenzo

EXAME Se no passado a TAM seguiu a Gol, aderindo ao modelo de baixo custo para ganhar competitividade nos vôos domésticos, agora é a vez da Gol copiar o modelo da concorrente para conquistar espaço no mercado internacional por meio da Varig, comprada pela companhia em março do ano passado. Após anunciar um prejuízo de 24 milhões de reais no quarto trimestre de 2007 e suspender os vôos da Varig para três destinos no exterior, a Gol decidiu investir em parcerias com companhias aéreas de outros países para fortalecer seus negócios.

De acordo o presidente do grupo, Constantino de Oliveira Junior, já estão em andamento negociações com a francesa Air France e com as espanholas Iberia e Air Europa. “Não temos a intenção de elevar a quantidade de rotas para a Europa. Preferimos manter apenas os vôos para Paris e Madri e, por meio das parcerias, distribuirmos passageiros por todo o continente, além de Ásia e África”, diz Oliveira Junior.

Recentemente, a Gol informou que suspenderia os vôos da Varig para Londres, Roma e Frankfurt. Na América do Sul, em contrapartida, a Gol deixará de fazer vôos diretos do Brasil para o Chile e o Peru – rotas já atendidas pela Varig. Para os analistas, a reestruturação das rotas mostra que a Gol subestimou a concorrência no mercado internacional, representada pela TAM e pelas companhias estrangeiras. Com isso, passou a voar com baixas taxas de ocupação nesses trechos.

Pelas normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Varig tem 180 dias para retomar os vôos suspensos para a Europa, caso contrário, perderá o direito de operar para estes destinos. Os trechos seriam, então, redistribuídos pelo governo para companhias brasileiras. “A não ser que surja algum negócio interessante, não nos interessa manter essas rotas”, afirma o presidente da Gol.

A estratégia de ampliar a área de atuação por meio de acordos com companhias de outros países foi um dos fatores que proporcionou à TAM um salto de oito pontos percentuais em sua participação de mercado no segmento de vôos internacionais nos últimos 12 meses. Somente no ano passado, a empresa fechou 30 novas parcerias, ampliando de 34 para 64 seu número de acordos para conexões internacionais.

A decisão de abrir mão de alguns vôos internacionais fundamenta-se não só no mau momento pelo qual a companhia está passando, mas também em seu modelo de negócios. A Gol experimentou rápido crescimento no mercado brasileiro mesclando baixo custo com a cobrança de tarifas reduzidas. “Acreditamos nesse modelo e pretendemos mantê-lo”, diz Oliveira Junior.

Nos últimos meses, ficou claro que esse sistema não combina com viagens de longa duração. A própria suspensão dos vôos da Gol para Santiago e Lima, na América do Sul, são o melhor exemplo. As pesquisas revelaram que os passageiros não aceitaram bem a proposta de um vôo internacional de média duração em apenas uma classe de serviços – a econômica. Por isso, as rotas foram desativadas em prol da Varig, que faz o mesmo percurso e oferece duas classes: executiva e econômica.

Nova York

A baixa taxa de ocupação da Varig em rotas internacionais – em janeiro ficou em 59%, mesmo número de 12 meses antes e menor que os 73% da média do setor – também é causada pela ausência de destinos atraentes para os passageiros. Os Estados Unidos, por exemplo, um dos países mais procurados pelos brasileiros, ainda não são atendidos pelo grupo Gol-Varig.

Somente em novembro, terão início os vôos para Nova York, um dos maiores pólos de turismo e negócios do mundo. Para operar a rota, a Varig encomendou novas aeronaves, que devem ser entregues entre setembro e outubro. Segundo Oliveira Junior, até lá, 100% da frota da companhia, que hoje conta com 30 aviões, já deverá ter sido renovada.

 

Revista Exame
15.02.2008 - 12h07
Gol lidera baixas do Ibovespa após queda no lucro
Por Silvia AraujoAgência Estado

As ações da Gol abriram em forte baixa no pregão da Bovespa em resposta ao resultado da empresa em 2007. Às 12h05, os papéis preferenciais (PN) cediam 4,38%, após 445 negócios fechados, e lideravam as baixas do índice Bovespa. No mesmo horário, o Ibovespa operava em queda de 1,18% a 61.090 pontos. O volume total de negócios na Bovespa somava R$ 654 milhões.

A companhia aérea de baixo custo registrou lucro líquido, pelo padrão de contabilidade dos EUA, de R$ 102,5 milhões no ano passado, mostrando queda de 82% sobre o registrado em 2006. Na contabilidade brasileira, a Gol registrou lucro líquido consolidado de R$ 268,5 milhões, queda de 60,8% sobre 2006.