Jornal
do Brasil
18/02/2008
Ainda cabe conciliação
como saída
José Aparecido Miguel
Executivos da Varig Logística (VarigLog), empresa
envolvida em uma briga societária, acreditam
que ainda há possibilidade de conciliação
entre as partes, embora a empresa esteja sob intervenção
judicial desde sexta-feira, depois de processo com denúncias
de desvio de recursos, arresto de bens, bloqueio de
valores e troca de acusações no Brasil
e nos Estados Unidos. Há ainda a possibilidade
de venda da companhia, que já foi considerada
o melhor ativo desmembrado da velha Varig. Um dos interessados
é a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.
A
intervenção foi decidida, em medida provisória,
pelo juiz José Paulo Camargo Magano, da 17ª
Vara Cível de São Paulo, que nomeou o
engenheiro José Carlos Rocha Lima para administrar
a sócia da empresa, Volo do Brasil S.A., dos
empresários Luís Eduardo Gallo, Marcos
Michel Haftel e Marco Antonio Audi. O outro sócio
é a Volo Logistics LLC, de Delaware (EUA), subsidiária
da Matlin Patterson, representada pelo empresário
chinês Lap Chan, radicado nos Estados Unidos.
O
interventor escolhido pela Justiça é o
engenheiro José Carlos Rocha Lima, que já
foi anteriormente presidente da VarigLog, de onde saiu
por acusações de supostas irregularidades.
Seu nome também apareceu na Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPI) dos Correios - empresa
que ele também presidiu nos anos 90. Sua atuação,
durante o período de crise e negociação
da antiga Varig, foi questionada. A CPI dos Correios
o ouviu por sua colaboração com a Skymaster
- concorrente da VarigLog - em negociação
de contratos com a estatal. Rocha Lima admitiu ter recebido
pelo menos R$ 50 mil da Skymaster. Disse que prestou
serviços de consultoria para a empresa.
Lan Chan, da Volo Logistics LLC, que havia emprestado
US$ 346 milhões para a VarigLog comprar sete
aviões Boeing 757-200, cargueiros, desentendeu-se
com os sócios brasileiros. Dos cinco aparelhos
entregues, entre fevereiro e agosto do ano passado,
conseguiu judicialmente o arresto de um (em Miami, nos
EUA) e impedimento de uso dos outros quatro, além
de bloquear US$ 220 milhões da VarigLog, que
faturou R$ 1 bilhão de reais em 2006, quando
deteve cerca de 52% de seu mercado, e aproximadamente
R$ 700 milhões no ano passado.
Os
advogados das duas partes abriram na audiência
de sexta-feira a possibilidade de uma conciliação
"em qualquer tempo", que também dependerá
de parecer da Justiça. A Volo Logistics LLC -
que detém 20% do capital votante e 100% das ações
preferenciais da empresa - queria a saída dos
sócios brasileiros, retirando deles o poder de
mando na VarigLog. A Volo do Brasil, de Gallo, Haftel
e Audi, com 80% do capital votante, tem 40% do negócio,
segundo as informações. Os três
formam o Conselho de Administração da
VarigLog, condição aceita anteriormente
por Lap Chan - estrangeiros não podem administrar
empresas aéreas nacionais, consideradas reservas
estratégicas do país -, razão do
limite de até 20% do capital votante, restrição
aceita e praticada por diferentes países.
Os
empresários brasileiros, que supostamente estariam
agindo em nome de outros interessados, como mostra inquérito
sobre a velha Varig na Assembléia Legislativa
do Rio de Janeiro, chegaram a oferecer US$ 450 milhões
pela parte da Volo Logistics LLC, subsidiária
da Matlin Patterson, que pediu a revelação
da origem do dinheiro. Foi alegado sigilo sobre o nome
de um grande grupo privado do Brasil. O juiz Camargo
Magano aceitou que houvesse consulta por celular para
que a identidade fosse revelada, o que não ocorreu.
A partir daí, iniciaram-se as exposições
sobre a reconvenção do contrato da empresa
e a tutela antecipada, esta decidida pelo juiz Camargo
Magano, "pois não há convergência
de interesses entre as partes" e "a precariedade
econômica da Volo do Brasil e de seu principal
ativo é incontroversa". Para o juiz, a solução
do conflito litigioso passa inegavelmente pela analise
da função social do contrato. "Ele
diz respeito ao interesse público e coletivo,
envolvendo interesse de terceiros, como fornecedores,
credores, consumidores e trabalhadores".
-
Não se sabe quando a insanidade da empresa pode
chegar ao limite. Há afirmação
de desvio de recursos - acrescentou, ao justificar a
intervenção judicial.
Executivos
da empresa querem que a VarigLog seja preservada. A
sua previsão de faturamento este ano vai cair
para a faixa de R$ 500 milhões, metade do que
obteve em 2006. A empresa tem US$ 220 milhões
em caixa, embora retidos pela Volo Logistics LLC, a
sócia americana. A VarigLog, braço da
antiga Varig, que acabou incorporada pela Gol no ano
passado, começou a operar em novo formato em
2001. Na operação de socorro à
velha Varig, em 2005, foi vendida por US$ 48 milhões
para a Aero LB, aGeo Capital e a TAP (Transportes Aéreos
Portugueses), com clausula que permitia venda imediata.
Em fevereiro de 2006, foi adquirida pela Volo do Brasil
e pela Volo Logistics LLC, que entraram em disputa societária
no ano passado. Antes, a empresa expandiu sua atuação
de 130 para 300 escritórios no país, com
função regional, cobrindo 4 mil municípios
brasileiros. Tem atualmente 1.900 empregados, 2.100
franqueados. Ao todo, responde por cerca de 7 mil empregos
diretos e indiretos.
A
maior preocupação, diante da intervenção
e da continuidade da disputa judicial entre os sócios,
é o risco de sua paralisação -
hipótese que poderia ocorrer, se a Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac), que
regula o setor, vier a suspender o Certificado de Empresa
de Transporte Aéreo da VarigLog, diante dos problemas
que enfrenta.
Além
disso, a Varig Engenharia e Manutenção
(VEM) chegou a comunicar por escritor que deixou de
trabalhar para a VarigLog por falta de pagamento de
prestação de serviços. A Flex -
novo nome de parte da companhia remanescente da velha
Varig - cobra R$ 38 milhões da empresa no rastro
de sua complexa negociação.
Outra
possibilidade de solução para a crise
da transportadora de carga aérea e entrega de
mercadorias é uma negociação com
os Correios ou outro interessado em comprar a empresa.
O presidente executivo da VarigLog, João Luís
Bernes de Sousa, iniciou negociações com
o presidente da estatal, Luiz Henrique Custódio,
que as confirmou. Bernes esteve também duas vezes,
no final do ano passado e em janeiro, com o ministro
das Comunicações, Hélio Costa,
a quem os Correios estão subordinados. A idéia
inicial era a formação, pela VarigLog,
de uma subsidiária em sociedade com os Correios
(49% de participação e direito de gestão).
A
Volo do Brasil vai entrar com recurso, o agravo de instrumento,
contra a decisão de intervenção
judicial na empresa, segundo seus advogados, que consideram
o processo de alçada federal.
Jornal
do Brasil
18/02/2008
Gaudenzi garante: fica na Infraero
As
investidas do PT e do PMDB para conquistar o comando
da Infraero balançaram o presidente da estatal,
Sérgio Gaudenzi. Mas, em conversas com aliados,
o ministro da Defesa, Nelson Jobim, descartou a saída
do chefe da empresa aeroportuária. Jobim defende
a permanência de Gaudenzi no posto para evitar
prejuízos aos novos projetos da Infraero que
estão engatilhados. A idéia é lançar
em seis meses a principal reformulação
da estatal: a abertura de capital, com a venda de ações
nas bolsas de valores.
A medida foi proposta por Gaudenzi e está em
análise por técnicos do Ministério
da Fazenda. A avaliação do ministro da
Defesa é de que se houver qualquer alteração
na chefia, o cronograma de ações da empresa,
que incluem obras significativas em aeroportos previstas
no Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) - principal bandeira de investimentos do governo
Lula - poderá atrasar.
- Gaudenzi assumiu a Infraero em meio a um cenário
assustador, repleto de dívidas e suspeita de
irregularidades. Agora que conseguiu arrumar a casa,
querem derrubá-lo? - questiona o líder
do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES).
Boatos
Circulam
há algumas semanas no Ministério da Defesa
boatos do desligamento de Gaudenzi do comando da Infraero.
Entre os motivos estão os inúmeros desgastes
com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff,
que diverge do controle exercido por Gaudenzi na estatal.
Dilma é a favor de medidas mais drásticas
e de curto prazo. Um dos principais desencontros entre
os ministros é a questão sobre a privatização
do terceiro aeroporto de São Paulo, ainda a ser
construído, e considerada fundamental por Dilma.
Com os rumores da troca de Gaudenzi, corre no Palácio
do Planalto a notícia de que a ministra da Casa
Civil já teria escolhido o sucessor. O posto
seria repassado ao atual presidente da Empresa de Planejamento
Energético, Maurício Tolmasquim.
Em meio às especulações sobre sua
saída, Gaudenzi tratou de avisar aos funcionários
da estatal que permanece. Na tarde de sexta-feira, divulgou
uma circular interna explicando que não há
desconforto e que continua na chefia da empresa aeroportuária.
Nos bastidores, no entanto, o presidente da Infraero
confidenciou a colegas do PSB, que, se a pressão
de petistas e peemedebistas pelo cargo continuar, vai
acabar cedendo.
- Não há porque ele (Gaudenzi) temer.
Da parte do PMDB, não existe a barganha deste
cargo - afirma o líder do PMDB no Senado, Valdir
Raupp (RO).
Alguns integrantes do PSB sustentam que uma saída
para Gaudenzi pode ser as eleições municipais
de outubro. Gaudenzi ensaia disputar a Prefeitura de
Salvador. Mas, o presidente da Infraero não estaria
totalmente satisfeito com a aliança do PSB com
PT e PMDB, que lhe reservaria o cargo de vice-prefeito.
Caso esta seja a solução para os contratempos,
o presidente da Infraero terá que deixar o cargo
em março, quando termina o prazo para as autoridades
que queiram concorrer às eleições
se afastem. (M.F.)
O
Globo
18/02/2008
Ancelmo Góis
Coluna
Claudio Humberto
18/20/2008
Comendador
A Aeronáutica às vezes perde o juízo:
após homenagear a cúpula desastrada da
Anac e até a primeira-dama, vai condecorar o
sealopra Mangabeira Unger por "relevantes serviços
prestados". A quem? A quê?
Valor
Econômico
18/02/2008
Varig busca parcerias para não
perder direito a rotas
Roberta Campassi, de São Paulo
A Varig desistirá definitivamente das rotas para
Frankfurt, Londres e Roma se não conseguir fechar
parcerias significativas com companhias internacionais
e se não ocorrerem outras "novidades"
nos próximos meses, afirmou Constantino de Oliveira
Jr., presidente da Gol Linhas Aéreas, na sexta-feira.
O executivo não explicou o que chama de novidades,
mas disse que sobre a retomada dos vôos pesam
fatores comerciais e a disponibilidade de aviões.
Oliveira Jr. disse que a Varig está na fase final
para fechar acordos de "interline" (mais simples)
com as companhias Air France e Iberia, e em já
trabalha para firmar um "code-share" (acordo
mais complexo) com a Air Europa. Essas parcerias podem
ajudar o desempenho dos vôos que a Varig manteve
para Paris e Madri.
O grupo Gol divulgou aumento de 47,2% na receita líquida
do quarto trimestre, para R$ 1,49 bilhão. As
despesas operacionais subiram 60%, mas foram compensadas
por ganhos com operações financeiras e
créditos de IR. A empresa teve lucro líquido
de R$ 76,9 milhões. No mesmo período de
2006, a Gol havia lucrado R$ 193,4 milhões.
Folha de São Paulo
18/02/2007
Parentes de mortos no acidente
da TAM protestam em São Paulo
Sete meses depois, amigos
e familiares cobram conclusão das investigações
RICARDO WESTIN DA REPORTAGEM LOCAL
Parentes
e amigos das 199 pessoas que morreram no acidente com
o avião da TAM, em julho do ano passado, protestaram
ontem em São Paulo contra a demora na conclusão
das investigações e por mais segurança
nos aeroportos.
Cerca de 450 pessoas, pelos cálculos da Polícia
Militar, vestiram roupas pretas em sinal de luto e percorreram
quatro quilômetros, numa passeata, entre o parque
do Ibirapuera e o local do acidente, em frente ao aeroporto
de Congonhas.
Pela primeira vez, parentes e amigos das vítimas
entraram no local onde funcionava o prédio da
TAM Express atingido pelo avião. Por causa da
colisão e do incêndio que se seguiu, morreram
funcionários do prédio e os passageiros.
O quarteirão onde ficava o prédio está
cercado por tapumes. Ali dentro não há
praticamente nada. Muitos choraram e se abraçaram
assim que entraram ontem no terreno.
Uma cerimônia foi celebrada por líderes
religiosos, em memória dos mortos. "Até
agora, o que se ouviram foram frases de efeito e promessas",
disse, sob aplausos, um pastor luterano.
Durante os 60 minutos da celebração ecumênica,
os parentes e amigos das vítimas viram passar
sobre suas cabeças sete aviões da TAM,
decolando de Congonhas, no outro lado da avenida, ou
aterrissando.
Dez familiares serão recebidos no dia 28 pelo
ministro Nelson Jobim, da Defesa -ministério
ao qual estão ligadas as entidades do tráfego
aéreo.
Site
Vide Versus
18/02/2008
Volo diz não querer vender
VarigLog aos Correios
O
fundo norte-americano de investimentos Matlin Patterson,
dono de 60% do capital total da VarigLog por meio da
Volo Logistics LLC, informou na quarta-feira que não
tem interesse em vender a ex-subsidiária de cargas
e logística da Varig para a Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos (ECT).
Nesta
semana, o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio,
e o ministro das Comunicações, Hélio
Costa, disseram ser favoráveis à negociação.
A Variglog informou que não se pronunciaria.
"Causa-nos espanto e estranheza o conteúdo
de mencionadas reportagens porquanto a Volo Logistics
LLC tem planos de expansão para as atividades
de sua subsidiária Varig Logística S.A.,
não tendo interesse, no presente momento, na
alienação de parte ou totalidade da referida
empresa para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos",
declarou Lap Wai Chan, representante do Matlin Patterson
no Brasil.
Carlos
Henrique Custódio disse recentemente que, desde
2006, os Correios vêm conversando com companhias
aéreas para firmar uma parceria na área
de logística. No entanto, o projeto de ter uma
estrutura própria, segundo ele, veio da CPI dos
Correios e do Tribunal de Contas da União.
O
Matlin Patterson trava duelo judicial com seus três
sócios brasileiros, que têm 40% do capital
total da VarigLog. São eles Marco Antonio Audi,
Marcos Haftel e Luiz Eduardo Gallo, que possuem 80%
do capital votante, sendo que a Volo LLC tem os 20%
restantes, conforme as regras da legislação
do setor.
Site
G1 - Globo
18/02/2008 - 07h43
Italianos protestam contra possível
compra da Alitalia pela Air France
Operação pode
ajudar a recuperar a empresa aérea italiana.
Empresas aguardam parecer de um tribunal administrativo
de Roma.
Italianos
protestam no aeroporto de Malpensa, próximo a
Milão, contra a possível compra da Alitalia
pela Air France-KLM, a maior companhia área européia.
Se bem sucedida, a operação pode ajudar
a recuperar a empresa italiana, que vem registrando
perdas consecutivas.
As
empresas aguardam um parecer de um tribunal administrativo
de Roma sobre o caso, esperado para 20 de fevereiro.
O tribunal precisa decidir se aceita ou não o
pedido da Air One, concorrente também interessada
em adquirir a empresa. (Foto: AFP)
Revista
Exame
15.02.2008 - 09h48
Gol precisa aprender a vender
para ricos, dizem especialistas
Modelo da “barrinha
de cereal” da Gol e vôos com poucas conexões
da Varig afastam executivos de vôos internacionais,
o filet mignon da aviação
Por Márcio Juliboni
A Gol é um dos casos de mais rápida expansão
do capitalismo brasileiro. Com seu modelo de baixo custo
e baixa tarifa, simbolizado pela “barrinha de
cereal”, a empresa conquistou os brasileiros em
seus cinco primeiros anos de existência ao desenvolver
uma fórmula que permitiria a milhões de
pessoas que nunca tinham viajado de avião utilizar
pela primeira vez os aeroportos.
Há
quase um ano, a empresa mostrou que estava disposta
a crescer na mesma velocidade no mercado de vôos
internacionais, ao desembolsar 275 milhões de
dólares pela Varig. Na época, não
foram poucos os especialistas do setor aéreo
que previram que juntas as duas empresas desbancariam
a TAM da liderança da aviação civil
brasileira ainda em 2007. O que se viu de lá
para cá, entretanto, foi uma TAM cada vez mais
líder em vôos internacionais. A empresa
ganhou mais de 8 pontos percentuais nos últimos
12 meses e chegou a uma participação de
67%. Já o grupo Gol-Varig ficou praticamente
estacionado em 30%.
Após
mudar de mãos, a Varig passou a atender dez destinos
no exterior. A expansão de rotas, porém,
não foi acompanhada por um retorno dos clientes.
A companhia ainda está abaixo da média
de ocupação do setor, de 73% em janeiro.
A Varig permaneceu com 59%, mesma taxa de 12 meses atrás.
A Gol, por exemplo, tem 77% e a TAM, 80%. Um sinal de
que algo precisa ser feito foi a suspensão dos
vôos da Varig para Londres, Frankfurt e Roma em
janeiro. Em paralelo, a Gol afirmou que deixaria de
realizar os vôos diretos entre o Brasil e Lima,
no Peru, e Santiago do Chile - rotas já atendidas
pela sua controlada. A Gol continuará, porém,
realizando vôos diretos para Lima e Santiago a
partir de Buenos Aires, na Argentina.
Segundo
os especialistas, o problema é que a Varig –
com aviões mais antigos e poucas conexões
- e a Gol - com sua “barrinha de cereal”
- ainda não encontraram um modelo capaz de bater
os concorrentes no filão internacional. “A
concorrência nesse mercado é forte e pode
ter sido subestimada”, afirma André Castellini,
sócio da consultoria Bain & Company e especialista
em aviação. “A Gol não tinha
experiência em vôos internacionais de longa
duração”, completa. Eduardo Puzziello,
analista de aviação da Fator Corretora,
concorda. “Esse é um mercado em que a companhia
não tinha background”, diz.
No
geral, os passageiros de vôos internacionais têm
elevado nível de escolaridade, alto poder aquisitivo
e experiência em vôos. De acordo com o Ministério
do Turismo, em 2006 (dados mais recentes), cerca de
70% dos turistas estrangeiros que chegaram ao país
por meio de aviões tinha de 25 a 59 anos, e 71%
cursaram uma faculdade ou uma pós-graduação.
Pouco mais de 33% deles veio ao Brasil a negócios.
Tudo
somado, trata-se de uma clientela mais sofisticada,
que busca nos vôos mais vantagens que os passageiros
de uma companhia de baixo custo. “O passageiro
da Varig não é o mesmo que o da Gol. Falta
identidade à nova companhia”, afirma Reynaldo
Goulart Filho, presidente da Associação
de Comissários de Bordo da Varig.
Pacote
completo
Para
reconquistar os mais ricos, a Varig precisa oferecer
um pacote completo de serviços. O produto vendido
pela empresa não é apenas a passagem,
mas inclui o tipo de aeronave, serviço de bordo,
horários de vôo, conexões disponíveis
e programa de fidelidade. “O que o passageiro
quer é conveniência, conexões para
outros destinos e preço”, afirma André
Castellini. Para ele, durante a agonia que precedeu
a recuperação judicial e a venda da parte
operacional para a Gol, a Varig “perdeu massa
crítica”: deixou de voar para destinos
importantes no exterior e perdeu aviões. Tudo
isso afastou os passageiros e permitiu o avanço
das concorrentes.
Os
destinos oferecidos pela empresa no exterior são
um exemplo do trabalho que ainda há pela frente.
Das sete cidades para as quais a Varig ainda voa, apenas
uma está entre as mais visitadas do mundo: Paris.
Entre os 30 destinos mais procurados, a empresa voa
para apenas mais dois – Madri (17º no ranking)
e Cidade do México (30º). A companhia ainda
não voa para os Estados Unidos, por exemplo,
um dos países mais procurados pelos brasileiros.
Além
de ainda não ofertar rotas atraentes, as já
abertas também perdem competitividade por outro
motivo: a falta de acordos com alianças mundiais
com outras empresas. Essas parcerias permitiriam aos
passageiros conexões que dariam mais opções
de rotas, ampliando o alcance da empresa. Somente em
2007, a TAM elevou de 34 para 64 o número de
acordos com companhias aéreas estrangeiras para
a realização de conexões em outros
países. E isso explica em boa parte seu sucesso.
O
último nó para o grupo Gol-Varig é
encontrar aeronaves capazes de atender essas rotas com
a sofisticação esperada pelos clientes.
Com a retomada do mercado mundial de aviação
e a expansão das companhias asiáticas,
comprar ou alugar aparelhos está cada vez mais
difícil, o que deixa a Varig com pouca margem
de manobra. Para os analistas, isso também pesou
na decisão de cancelar algumas rotas e investir
nas mais rentáveis.
“A
Gol ainda está procurando como posicionar a Varig
no longo prazo. É um processo de aprendizagem”,
afirma Daniel Lemos, analista da corretora Socopa. Ao
que tudo indica, ainda serão necessárias
várias horas de vôo para que os comandantes
da Gol consigam estabilizar a Varig.
Revista
Exame
15.02.2008 -18h55
Gol busca parcerias para expandir
negócios
Empresa vai abrir mão
de rotas internacionais e focar na parceria com companhias
aéreas de outros países
Por Francine De Lorenzo
EXAME
Se no passado a TAM seguiu a Gol, aderindo ao modelo
de baixo custo para ganhar competitividade nos vôos
domésticos, agora é a vez da Gol copiar
o modelo da concorrente para conquistar espaço
no mercado internacional por meio da Varig, comprada
pela companhia em março do ano passado. Após
anunciar um prejuízo de 24 milhões de
reais no quarto trimestre de 2007 e suspender os vôos
da Varig para três destinos no exterior, a Gol
decidiu investir em parcerias com companhias aéreas
de outros países para fortalecer seus negócios.
De
acordo o presidente do grupo, Constantino de Oliveira
Junior, já estão em andamento negociações
com a francesa Air France e com as espanholas Iberia
e Air Europa. “Não temos a intenção
de elevar a quantidade de rotas para a Europa. Preferimos
manter apenas os vôos para Paris e Madri e, por
meio das parcerias, distribuirmos passageiros por todo
o continente, além de Ásia e África”,
diz Oliveira Junior.
Recentemente,
a Gol informou que suspenderia os vôos da Varig
para Londres, Roma e Frankfurt. Na América do
Sul, em contrapartida, a Gol deixará de fazer
vôos diretos do Brasil para o Chile e o Peru –
rotas já atendidas pela Varig. Para os analistas,
a reestruturação das rotas mostra que
a Gol subestimou a concorrência no mercado internacional,
representada pela TAM e pelas companhias estrangeiras.
Com isso, passou a voar com baixas taxas de ocupação
nesses trechos.
Pelas
normas da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), a Varig tem 180 dias para retomar os vôos
suspensos para a Europa, caso contrário, perderá
o direito de operar para estes destinos. Os trechos
seriam, então, redistribuídos pelo governo
para companhias brasileiras. “A não ser
que surja algum negócio interessante, não
nos interessa manter essas rotas”, afirma o presidente
da Gol.
A
estratégia de ampliar a área de atuação
por meio de acordos com companhias de outros países
foi um dos fatores que proporcionou à TAM um
salto de oito pontos percentuais em sua participação
de mercado no segmento de vôos internacionais
nos últimos 12 meses. Somente no ano passado,
a empresa fechou 30 novas parcerias, ampliando de 34
para 64 seu número de acordos para conexões
internacionais.
A
decisão de abrir mão de alguns vôos
internacionais fundamenta-se não só no
mau momento pelo qual a companhia está passando,
mas também em seu modelo de negócios.
A Gol experimentou rápido crescimento no mercado
brasileiro mesclando baixo custo com a cobrança
de tarifas reduzidas. “Acreditamos nesse modelo
e pretendemos mantê-lo”, diz Oliveira Junior.
Nos
últimos meses, ficou claro que esse sistema não
combina com viagens de longa duração.
A própria suspensão dos vôos da
Gol para Santiago e Lima, na América do Sul,
são o melhor exemplo. As pesquisas revelaram
que os passageiros não aceitaram bem a proposta
de um vôo internacional de média duração
em apenas uma classe de serviços – a econômica.
Por isso, as rotas foram desativadas em prol da Varig,
que faz o mesmo percurso e oferece duas classes: executiva
e econômica.
Nova
York
A
baixa taxa de ocupação da Varig em rotas
internacionais – em janeiro ficou em 59%, mesmo
número de 12 meses antes e menor que os 73% da
média do setor – também é
causada pela ausência de destinos atraentes para
os passageiros. Os Estados Unidos, por exemplo, um dos
países mais procurados pelos brasileiros, ainda
não são atendidos pelo grupo Gol-Varig.
Somente
em novembro, terão início os vôos
para Nova York, um dos maiores pólos de turismo
e negócios do mundo. Para operar a rota, a Varig
encomendou novas aeronaves, que devem ser entregues
entre setembro e outubro. Segundo Oliveira Junior, até
lá, 100% da frota da companhia, que hoje conta
com 30 aviões, já deverá ter sido
renovada.
Revista
Exame
15.02.2008 - 12h07
Gol lidera baixas do Ibovespa
após queda no lucro
Por Silvia AraujoAgência Estado
As
ações da Gol abriram em forte baixa no
pregão da Bovespa em resposta ao resultado da
empresa em 2007. Às 12h05, os papéis preferenciais
(PN) cediam 4,38%, após 445 negócios fechados,
e lideravam as baixas do índice Bovespa. No mesmo
horário, o Ibovespa operava em queda de 1,18%
a 61.090 pontos. O volume total de negócios na
Bovespa somava R$ 654 milhões.
A companhia aérea de baixo custo registrou lucro
líquido, pelo padrão de contabilidade
dos EUA, de R$ 102,5 milhões no ano passado,
mostrando queda de 82% sobre o registrado em 2006. Na
contabilidade brasileira, a Gol registrou lucro líquido
consolidado de R$ 268,5 milhões, queda de 60,8%
sobre 2006.