Estadão
16 de novembro de 2006 - 21:25
Anac deve homologar nova Varig na
1ª semana de dezembro
Estimativa é válida
caso companhia entregue todos os documentos até
dia 24
Alberto Komatsu
RIO - A Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) deverá conceder a homologação
da nova Varig como empresa de transporte aéreo
(certificado conhecido como Cheta) na primeira semana
de dezembro.
A estimativa é do secretário-geral da Anac,
Henrique Augusto Gabriel, que se reuniu nesta quinta-feira
com o juiz Luiz Roberto Ayoub, responsável pela
recuperação judicial da Varig, o presidente
da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira e representantes
da Varig para discutir a certificação.
De acordo com Gabriel, a estimativa de concessão
do Cheta para a primeira semana de dezembro só
é válida se a nova Varig entregar todos
os documentos necessários e cumprir com os procedimentos
para sua homologação até o dia 24
de novembro, limite estipulado durante a reunião
com a Justiça.
Caso a nova Varig cumpra com esse prazo, a Anac se comprometeu
a analisar toda a documentação em 10 dias
para poder homologar a companhia aérea.
"Se tudo estiver correto e se todos os documento
forem entregues no dia 24, há todas as possibilidades",
respondeu o secretário geral da Anac, ao ser questionado
se o Cheta poderia ser concedido na primeira semana de
dezembro, levando-se em conta os prazos estipulados durante
a reunião com o juiz Ayoub.
Gabriel ressalta, porém, que o Cheta ainda não
foi expedido porque "ainda há pendência
de apresentação de uma série de documentos".
A Anac também se comprometeu a publicar os contratos
de concessão assim que conceder a certificação,
já que cada rota precisa de um contrato de concessão.
Entre algumas das medidas que a Varig terá de
cumprir está a devolução de espaços
de check-in ociosos em aeroportos espalhados pelo País,
após negociação entre a Varig e a
Infraero. "Todas as companhias já concordaram
(sobre a devolução). Só falta agora
a Varig", diz o presidente da Infraero.
A nova Varig também terá de apresentar
uma série de contratos, como o de prestação
de serviços com a Varig antiga pelo prazo de 120
dias prorrogáveis. A VRG (razão social da
nova empresa) também terá de assinar contratos
de trabalho antes da concessão do Cheta, o que
é possível porque a companhia já
tem certificado jurídico de funcionamento e CNPJ.
"Esses são documentos que vêm para
nós para a gente verificar se a aeronave tem como
voar, se tem tripulação suficiente para
voar e, o mais importante, se ela tem como atender o serviço
público de transporte aéreo de passageiros,
conforme se prontificou de acordo com o plano básico
de linhas", afirma Gabriel.
Site da ALERJ
16/11/2006 - 19:23h
CPI DA VARIG: FUNCIONÁRIOS
FORAM PREJUDICADOS
Os depoimentos desta quinta-feira (16/11) à CPI
que apura a venda da Varig levaram o presidente da CPI,
deputado Paulo Ramos (PDT), a afirmar que as ações
que culminaram na venda da companhia aérea favoreceram,
única e exclusivamente, os interesses da empresa
compradora, a Volo do Brasil, em detrimento dos direitos
dos trabalhadores da companhia. O parlamentar ainda questionou
a isenção do juiz responsável pelo
processo judicial de venda da Varig, Luiz Roberto Ayoub,
e criticou os sindicatos controlados pela Central Única
dos Trabalhadores (CUT).
Os dois primeiros depoimentos foram dados pela presidente
do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziela Baggio,
e pela presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários,
Celma Balbino - ambas as organizações ligadas
à CUT. Ambas foram incisivas ao afirmar que a crise
vivida hoje no setor aéreo brasileiro decorre da
falta de política e de assistência do Governo
federal na área."Os sindicatos estão
se confundindo com os interesses do Governo e deixando
de lado os interesses dos trabalhadores", afirmou
Paulo Ramos.
Durante o depoimento, Celma fez uma retrospectiva das
ações do sindicato no desenrolar do caso
Varig e criticou a atuação do ex-presidente
da Varig, Marcelo Bottini. "Ele é um traidor.
Enganou os trabalhadores e não fez a parte dele
para nos ajudar. Demitiu milhares de funcionários
e manteve apenas os que interessavam a ele", afirmou
Celma. Graziela contou que no final de 2005 encontrou
Bottini e que o ex-presidente, na ocasião, fez
elogios ao fundo Matlin Patterson, que é um dos
investidores da Volo do Brasil. O presidente da CPI achou
estranha a ligação entre o fundo e a Varig
antes dos leilões e disse que pretende ouvir Bottini,
na próxima terça-feira (21/11), às
11h, na Sala 316 do Palácio Tiradentes.
O depoimento seguinte foi o do coordenador da Associação
de Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), Marcio Marsillac.
Ele reclamou da atuação do juiz Luiz Roberto
Ayoub na condução dos leilões da
Varig. Segundo ele, os critérios foram diferentes
no primeiro leilão, realizado no dia 19 de junho
deste ano, quando a NV Participações, formada
pela TGV, fez a única proposta de compra da Varig,
e o segundo, quando a companhia foi arrematada pela Volo
do Brasil. "Pela nossa proposta, pagaríamos
como parte da compra R$ 500 milhões em debêntures
a serem emitidos em vinte anos. Já a segunda proposta,
que o juiz aceitou, prevê o pagamento de apenas
R$ 45 milhões em debêntures em dez anos.
E como esses pagamentos vão para os trabalhadores,
é claro que eles serão extremamente prejudicados",
afirmou Marsillac. Após ouvir o relato, Paulo Ramos
disse haver "aspectos preocupantes quanto às
posições que o juiz tomou durante os dois
leilões".
Marsillac também levantou suspeita sobre o funcionário
André Azevedo, que trabalhava em um banco que prestava
assessoria à Varig e que atuou como assessor de
um dos possíveis investidores do primeiro leilão,
mas que acabou desistindo de apresentar ofertas. "Em
menos de um mês ele deixou o cargo no banco e foi
assessorar um dos nossos parceiros. Logo em seguida, este
investidor deixou de ter interesse em investir na companhia",
contou. Paulo Ramos anunciou que convocará, para
as próximas sessões, André Azevedo.
Na sessão da CPI da próxima terça-feira
(21/11), além de Bottini, estão sendo esperados
a ex-diretora jurídica da Varig, Glenda Romano,
e o representante da TGV, Élnio Borges.
Agência Estado
16/11 - 09:18
Ações da Varig acumulam
alta de 105% no ano
As ações da Varig acumulam alta de 105,71%
este ano, o melhor resultado entre companhias aéreas
de capital aberto nas Américas, excluindo o Canadá,
segundo estudo da consultoria Economática. Apenas
na terça-feira, a ação preferencial
(sem direito a voto) foi cotada a R$ 3,90 para venda,
com alta de 35,4%. A explicação para esse
resultado reflete a situação confusa da
própria empresa.
Segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de
S.Paulo, há muita especulação sobre
o futuro da Varig. A especulação incluiria
desde uma eventual venda da companhia para a LanChile
até o recebimento de uma indenização
bilionária do governo. No dia 22 de novembro, o
Superior Tribunal de Justiça (STJ) deverá
julgar um pedido de indenização da Varig
pelas perdas com o congelamento de tarifas.
Mas a maior confusão de todas, segundo os especialistas,
é que as ações negociadas na Bolsa
de Valores de São Paulo (Bovespa) são da
Varig velha, que ficou com as dívidas da empresa.
"As pessoas desconhecem o papel da Varig. Acham
que estão com ações da nova Varig,
que está próxima de receber a homologação
como companhia aérea, e está recuperando
mercado. No entanto, estão com papéis da
Varig velha, que permanece em recuperação
judicial", diz um analista financeiro, que pediu
para não ser identificado.
Segundo o estudo da Economática, o valor de mercado
da Varig é de R$ 309 milhões, somando-se
todas as ações disponíveis. Neste
cálculo, o valor de mercado da Gol é de
R$ 12,3 bilhões e o da TAM é de R$ 9,2 bilhões.