:::::RIO DE JANEIRO - 17 DE OUTUBRO DE 2006 :::::

 

O Dia
17/10/2006 - 00:37h
‘Tsunami’ que veio do céu'
Menina de 9 anos morre após avião do Corpo de Bombeiros lançar forte jato de água sobre o público no Campo dos Afonsos, domingo. Nove pessoas saíram feridas, três delas estão graves

Rio - ‘Tsunami’ que chegou do céu, provocada pelo avião do Corpo de Bombeiros, domingo à tarde, causou a morte da menina Ana Gleice de Oliveira, 9 anos, ontem de manhã. Ela e cerca de 40 mil pessoas assistiam, aglomeradas, à comemoração da Semana da Asa e do centenário do vôo do 14 Bis, na Base Aérea do Campo dos Afonsos, em Sulacap. A tragédia, que ocorreu por volta das 15h15, deixou mais nove feridos — três em estado grave.

Reunido para assistir às exibições de diversos aviões, o público aguardava o rasante do Air Tractor AT-802F, que pulverizou de água a platéia quatro vezes antes do acidente, para abrandar o calor. Segundo testemunhas, o quinto jato de água, no entanto, foi jorrado de distância menor e com muita velocidade, arrastando pessoas por mais de cinco metros. Cerca que as separava das pistas cedeu com a água e o empurra-empurra. O pânico tomou conta da festa.

Dos feridos, quatro estavam juntos, inclusive Ana Gleice. Ela morreu no Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG), na Ilha do Governador, para onde foi transferida. Ela sofreu traumatismo craniano, agravado por hemorragia. A menina foi à comemoração com Rute Maria Couto de Araújo, 42, que também levou os filhos, Caio, 10, e Caroline, 7.

Com eles, estavam Alberto Barbosa dos Santos, 33, e o sobrinho Wallace, 11. Internado na UTI do HFAG, Alberto sofreu traumatismos torácico e abdominal. Wallace teve luxação no ombro direito. O estudante Rodrigo Cesar Garcez, 19, fraturou a clavícula, deslocou o ombro e teve corte no supercílio. Atingido pela tromba d’água no rosto, Cosme Henrique Coelho de Santos de Oliveira, 20, teve escoriações e desmaiou no meio da multidão. Helicópteros ajudaram na remoção dos feridos.

“Quando o avião passou, a água veio forte e essa força se somou ao vácuo deixado pela passagem da aeronave. Foi a sensação de onda forte no mar. A cerca que ficava em volta da pista se soltou. Eu caí para trás, meu filho caiu para o lado com o Wallace e minha filha desapareceu com a Ana Gleice na multidão”, lembra Rute.

TRÊS INVESTIGAÇÕES

O caso foi registrado na 33ª DP (Realengo). Segundo o delegado Luiz Antônio Ferreira, haverá mais duas investigações: da Aeronáutica e da Defesa Civil Estadual.

“Há padrão de altitude para a aeronave, estipulado pela Aeronáutica. Aguardamos esse número para saber se o avião estava voando baixo demais. Dependendo da altura e velocidade, essa água pode chegar perto a chuva de granizo, como as testemunhas contaram. É muito forte”, afirmou o delegado. Ele disse que as investigações não devem demorar muito e os culpados devem ser indiciados por homicídio culposo e lesão corporal.

Piloto chorou ao saber que menina morreu

Domingo, o piloto do avião do Corpo de Bombeiros, major Afonso, fez cinco demonstrações de vôo. Nas três primeiras foram despejados mil litros cada. No quarto e quinto, 900.

Chefe do Estado-Maior dos Bombeiros, coronel Marcos Silva explicou que quando o piloto participa de vôos assim deve diminuir a quantidade de saída de água da aeronave. Segundo ele, foi o procedimento adotado durante a exibição.

De acordo com o coronel, o major Afonso disse que, quando soltou o quinto jato, viu a multidão concentrada no canto do gramado correr para o centro, onde a água cairia. Foi quando o tumulto começou. O major, que chorou ao saber da morte de Gleice, foi afastado.

Vítimas contam o contrário: “O avião parecia pesado. Estava a uns 7 metros de altura. Quando a água caiu, foi uma pancada só”, contou Jaldir Moura Mota, 45, que levou sete pontos no supercílio. O Corpo de Bombeiros não informou a altura da aeronave durante o acidente.

 

 

O Dia
17/10/2006 - 00:37h
Capacidade para 3.100 litros

Rio - O monomotor Air Tractor AT-802F, fabricado nos Estados Unidos, foi comprado por R$ 4,1 milhões para ser usado em combate a incêndios. O Corpo de Bombeiros do Rio é o único da América Latina a possuir uma aeronave para esse fim.

O avião tem capacidade para despejar 3.100 litros de água. Ele pode ser reabastecido em apenas 90 segundos e é capaz de decolar ou pousar em pista de apenas 900 metros. Ele pode voar a velocidade baixa, para atingir as chamas com mais precisão.

A aeronave já foi cedida a vários estados. Em março deste ano, atuou em incêndio florestal em Sergipe.

DEPOIMENTO: ‘SÓ ACORDEI NA MACA’

“O avião tinha passado algumas vezes, borrifando gotas, e estava muito bom. Eu o vi a uns cinco metros da gente. Quando passou pela última vez, parecia uma tsunami. Quando a água jorrou, levou todo mundo. A água bateu em mim com tanta força, que desmaiei. Meus pais me encontraram no chão.

Senti um impacto muito grande na cabeça e só acordei na maca, já no hospital. O médico me liberou, mas disse que se eu tivesse mal-estar, teria que voltar ao hospital. É muito triste sair para passeio um assim. Meu pai é suboficial da reserva da Aeronáutica e sempre tem exibição. Mas nunca aconteceu nada semelhante a isso.

Estou ralado, quebrei meus dentes, cortei a boca por dentro, perdi meus óculos e relógio. Tive que remendar outro par de óculos para enxergar”. Cosme Henrique Coelho de Santos de Oliveira, 20 anos.

 

 

Mercado e Eventos
16/10 - 16:53h
Varig lança novo serviço de bordo em vôos domésticos


Amanhã (17/10), a Varig lançará o novo serviço de bordo para seus vôos domésticos. O cardápio contará com sanduíches quentes, empanadas, esfihas e hot pockets, além de sobremesas artesanais de vários países.

O novo serviço de bordo será implementado inicialmente nas rotas São Paulo (Congonhas), Porto Alegre, Brasília e Curitiba. São sete sugestões de cardápios que serão alternados a cada três dias para que o passageiro possa experimentar todas as variedades. A novidade tem ainda sanduíches saudáveis com pães de beterraba, cenoura, tomate seco e batata. As combinações de recheios também misturam frios, frutas e diversos queijos.

Dentre os doces brasileiros estão os de abóbora, mamão, queijadinha e cocadas baianas. Outras sobremesas de diversos países são a ambrosia, cuca de banana, mousses e sagu.

O artesanato de diversas regiões do Brasil virá estampado nas embalagens do novo serviço de bordo dos vôos domésticos. O trabalho de rendeiras, as tramas dos índios, a rede dos caboclos e dos pescadores trarão a bordo um pouco das tradições do nosso povo. Além de degustar novos cardápios, os passageiros vão apreciar caixas com estampas de rendas de bilro, filés, renascenças, trama de redes, tapetes de sisal e chitas.

 

BOLETIM ELETRÔNICO DA ANAPAR
16 de outubro de 2006 - Ano VI - N.º225
AEROS - Anapar cobra, da SPC, pagamento dos aposentados


A Anapar cobrou, do Secretário da Previdência Complementar, a liberação de mais de R$ 5 milhões em recursos disponibilizados pela Medida Provisória 299, de 28 de junho de 2006, para o pagamento dos aposentados do AEROS, o fundo de previdência complementar dos funcionários da VASP.

A União editou a MP 299 após ter sido condenada, em Ação Civil Pública, a custear a aposentadoria complementar dos assistidos do AEROS. A ação é de autoria do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), que ingressou na 17ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal. Condenada, a União recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que manteve a sentença em favor do Sindicato e dos aposentados.

A sentença que condenou o Governo Federal a abrir crédito extraordinário para custear as aposentadorias complementares é inédita no Brasil e acatou a argumentação, levantada pelo SNA, de que a Secretaria da Previdência Complementar assumiu a responsabilidade de gestor, ao manter o AEROS sob intervenção por doze anos e, depois, decretar a liquidação do plano de previdência. Como gestor, o órgão público responsável pela fiscalização dos fundos teria de assumir também o ônus de se responsabilizar pelo pagamento dos benefícios das centenas de participantes do plano. O sindicato argumentou que, ao administrar o fundo, o preposto nomeado pela SPC não teria tomado todas as medidas necessárias para que a patrocinadora do fundo, a VASP, recolhesse as contribuições devidas. Outras irregularidades foram praticadas no passado, tais como empréstimos irregulares feitos pela fundação à sua patrocinadora.

A falida VASP e seu antigo controlador, senhor Vagner Canhedo, sem dúvida são os grandes responsáveis pela complicadíssima situação vivida pelos aeroviários e aeronautas aposentados. Mas o órgão fiscalizador não pode se eximir de uma parcela significativa de responsabilidade para com estes trabalhadores que não têm outra fonte de renda.

Anapar cobra cumprimento de decisão judicial – Através de ofício enviado ao Secretário da Previdência Complementar, Leonardo Paixão, a Anapar apóia a luta do Sindicato Nacional dos Aeronautas e exige que a SPC “cumpra as decisões judiciais anteriormente referidas, faça o levantamento do crédito extraordinário e proceda ao pagamento dos benefícios.” Nada está sendo pedido além do simples cumprimento de uma decisão judicial, atitude esperada de um órgão público em uma sociedade democrática, regida pelo estado de direito.