::::: RIO DE JANEIRO - 17 DE SETEMBRO DE 2007 :::::

 

O Estado de São Paulo
17/09/2007
Acidente de avião em balneário tailandês deixa 88 mortos e 42 feridos
MD-82 saiu da pista, partiu-se e pegou fogo quando tentava pousar em meio a chuvas torrenciais na Ilha de Phuket
Phuket, Tailândia

Um avião repleto de turistas estrangeiros acidentou-se ontem na ilha tailandesa de Phuket, o principal resort turístico do país, deixando 88 mortos. O avião partiu-se e pegou fogo durante o pouso, em meio a uma forte chuva. As outras 42 pessoas a bordo do avião - que vinha de Bangcoc - sobreviveram e estavam sendo atendidas em hospitais próximos por diversos tipos de ferimentos, entre eles queimaduras, informou o vice-governador de Phuket, Vorapot Rajsima. “Cinco estão em estado crítico. Algumas pessoas tiveram 60% do corpo queimados”, disse o coordenador do Hospital Bangcoc Phuket, Piyannooch Anantakdee.

Segundo sobreviventes, as condições eram terríveis durante o pouso, em meio à chuva torrencial e à turbulência. Um homem disse que o avião, um MD-82 (da americana McDonnell Douglas) operado pela empresa de vôos de baixo custo One-Two-Go, parecia estar descendo com velocidade excessiva.

“O avião descia rápido demais. Nunca vi nada assim”, disse Nong Khaonual, um tailandês que escapou do desastre com a mulher. “Pouco antes de o avião tocar na pista, sentimos que ele tentou arremeter e então derrapou para fora dela”, disse. “Minha mulher estava meio inconsciente e eu a arrastei pela saída de emergência. Tinha um homem em chamas atrás de nós.”

Aeroportos da Tailândia informaram que havia 7 tripulantes e 78 passageiros estrangeiros a bordo, na maioria europeus em férias. Segundo previsões, mais de 13 milhões de turistas devem visitar a Tailândia este ano.

Quatorze tailandeses, oito britânicos, cinco iranianos e quatro alemães estão entre os sobreviventes, informaram funcionários de hospitais. De acordo com a Embaixada do Brasil na Tailândia, não há registro de que houvesse brasileiros no MD-82, fabricado em 1983.

“O avião parece ter derrapado e saído da pista em direção a um morro”, disse Leslie Quahe, um pastor de Cingapura que chegou ao local cerca de uma hora depois do acidente. “Eu estava descendo o morro quando vi fumaça saindo do avião. Ele estava partido em vários pedaços”, disse Quahe à Reuters.

‘PÉROLA’

Segundo funcionários, o avião partiu-se em dois quando pousou na ilha, que ainda é chamada de “Pérola do Andaman”, apesar da devastação sofrida pelo tsunami de dezembro de 2004 no Oceano Índico.

A cauda do avião repousava na ponta da pista. Seu nariz estava entre as árvores que a delimitam. Parentes desesperados reuniram-se no aeroporto, na costa noroeste da maior ilha da Tailândia, procurando notícias. Representantes de companhias de turismo estrangeiras, que estavam no terminal à espera de turistas, também verificavam as listas de passageiros.

“Estou profundamente chocado com esse trágico acidente”, disse Udom Tantiprasongchai, presidente da companhia controladora da One-Two-Go, a Orient Thai Airlines, a jornalistas em Bangcoc.

Ele prometeu uma investigação completa e disse que o piloto, cujo nome não foi revelado, era um estrangeiro experiente. Ninguém soube dizer se o piloto está entre os sobreviventes.

“Amanhã (hoje) a polícia formará uma comissão de investigação para descobrir o que realmente causou o acidente. O que precisamos fazer agora é cuidar dos feridos”, disse Udom.

Seja qual for o resultado das investigações, o acidente deverá aumentar o temor sobre a segurança das dezenas de operadoras de vôos de baixo custo que proliferaram por todo o Sudeste Asiático na última década. Apesar de alguns acidentes e sustos, analistas dizem que não há evidências sólidas que comprovem que essas empresas sejam mais propensas a acidentes que as operadoras de serviços completos.

O grosso da investigação deverá concentrar-se nas condições do tempo quando o avião estava pousando.

“Dava para dizer que havia um problema. O avião estava dando voltas tentando aterrissar. Ele estava fazendo ruídos estranhos e a chuva e o vento eram muito fortes”, disse um sobrevivente irlandês, que se identificou apenas como John, ao canal tailandês ITV. “O avião estava em chamas, mas eu consegui sair”, acrescentou John. O turista irlandês estava viajando com um amigo que também sobreviveu ao acidente. Segundo funcionários, o aeroporto de Phuket, que opera vôos nacionais e internacionais, deve ser reaberto hoje.REUTERS

TRAGÉDIAS RECENTES

3 de maio de 2006 - Queda de Airbus A-320 armênio no Mar Negro mata 113

9 de julho - Um Airbus A-310 russo cai durante um vôo para a Sibéria, matando 122

22 de agosto - Queda de Tupolev na Ucrânia mata 170

29 de setembro - Boeing da Gol cai na Amazônia, matando 154

1º de janeiro de 2007 - Boeing indonésio cai durante vôo de Java para as Ilhas Sulawesi e mata 102

5 de maio - Boeing 737 da Kenya Airlines, que seguia dos Camarões para Nairóbi, cai, matando 114

17 de julho - Airbus A-320 da TAM sai da pista e colide ao pousar no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, matando 199

FRASE
Nong Khaonual - Turista tailandês

“O avião descia rápido demais. Nunca vi algo assim. Pouco antes de o avião tocar na pista, sentimos que ele tentou arremeter e então derrapou para fora dela.
Minha mulher estava meio inconsciente e a arrastei para a saída de emergência. Tinha um homem em chamas atrás de nós”.

 

 

O Estado de São Paulo
17/09/2007
CPI quer mudar gestão da Anac

O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo da Câmara deverá recomendar mudanças na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), como o fim da direção colegiada. Segundo o relator, Marco Maia (PT-RS), o colegiado impede que haja comprometimento dos diretores com as decisões e com as resoluções tomadas, uma vez que não há como identificar quem assina embaixo da proposta. Com a saída recente de três dos cinco diretores, a direção chegou a ficar proibida legalmente de agir. Maia disse ainda à Agência Brasil que o modelo atual tira agilidade da Anac. Segundo o deputado, o texto final do relatório só ficará pronto no transcorrer de sua apresentação, que começa amanhã.

Entre os pontos que tratará, o relator citou a desmilitarização do controle de tráfego aéreo, os investimentos a serem feitos na infra-estrutura e a possibilidade de indiciamento dos responsáveis pela crise aérea e pelos recentes acidentes aéreos.

 

 

Jornal do Brasil
17/09/2007
Congonhas: mudanças não afetam empresas
Alexandra Bicca e Rivadavia Severo

Brasília. As companhias aéreas que operam no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, afirmaram, neste fim de semana, que a redução do comprimento da pista principal e da auxiliar para uso como área de escape terá impacto mínimo sobre os pousos e decolagens das aeronaves. A TAM e a Gol informaram que a redução terá pouca influência sobre o peso dos aviões e número de passageiros. A Ocean Air avalia que nada muda na pista principal, e que não vai mais operar na auxiliar. Varig e BRA não se manifestaram sobre o assunto.

A pista principal foi reduzida de 1.940 metros para 1.640 metros. E a pista auxiliar passou de 1.435 metros para 1.195 metros. Com isso, aumentou a área de escape para pousos e decolagens. Na pista principal, a área passou a ser de 150 metros em cada uma das extremidades da pista. E na auxiliar de 120 metros.

A medida para restringir o peso das aeronaves que operam no aeroporto foi determinada pelo Departamento de Controle de Espaço Aéreo (Decea), da Aeronáutica, e entrou em vigor no sábado, autorizadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A intenção é a de aumentar a segurança de pousos e decolagens. Agora, os aviões só podem chegar ao fim da pista em situação de emergência. No entanto, a pintura que indica os novos locais onde a pista começa e termina não foram feitas, o que levou algumas aeronaves a pousaram antes das faixas que marcam a cabeceira da pista principal.

A assessoria da Anac informou que a agência recebeu os estudos feitos pelas empresas de aviação no sábado. Eles indicam a composição do peso das aeronaves, que é o principal fator que restringe a operação no aeroporto. No decorrer da semana, a Anac vai divulgar uma tabela com as restrições que serão impostas às companhias.

Segundo o Ministério da Defesa, as autoridades encarregadas de promover a redução das pistas de Congonhas terão entre 60 e 90 dias para concluir as mudanças necessárias. Na quinta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, fez o anúncio das medidas, que são uma resposta à tragédia envolvendo o Airbus da Tam, que em julho chocou-se contra o prédio da Tam Express ao aterrissar em Congonhas, quando faleceram 199 pessoas, no maior acidente da história da aviação brasileira.

Os novos procedimentos que serão adotados no aeroporto são a pinturas de sinalização na pista, a calibragem de equipamentos balizamento e demais ajustes necessários para a operação das aeronaves nas duas pistas de pouso do aeroporto. Também poderá ser criada uma área especial, com um asfalto mais poroso nas cabeceiras das pistas, que cede ao contato com grandes aeronaves, que serviria como freio.

Logo após o anúncio feito pelo ministro, representantes do Ministério da Defesa, da Anac, do Decea e da Infraero reuniram-se para discutir aspectos técnicos a fim de adotar medidas de implementação das novas operações.

O estudo sobre o peso das aeronaves foi uma exigência da Anac, que encaminhou ofício às empresas aéreas solicitando o envio de cálculos sobre o peso do avião na sexta-feira. De acordo com a Anac, mesmo sem as pinturas nas pistas que indicam o local de pouso e decolagem das aeronaves, as empresas já estão obrigadas a operarem dentro das novas margens das pistas.

 

 

Agencia Estado
16/09/2007
CPI: Gol pode ser cúmplice de norma inválida da Anac
LUCIANA NUNES LEAL

BRASÍLIA - A CPI do Apagão Aéreo da Câmara descobriu hoje que a empresa aérea Gol pode ter participado da elaboração do recurso judicial da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que anexou um documento sem valor legal para obter a liberação da pista principal do Aeroporto de Congonhas a aviões de grande porte. O recurso foi encaminhado ao Tribunal Regional Federal de São Paulo no dia 22 de fevereiro. Além disso, a Gol pode ter usado o mesmo documento em uma ação contra o Ministério Público Federal (MPF), que pedia a interdição total da pista.

Em depoimento hoje, o procurador da Anac Paulo Roberto Araújo revelou que o recurso da agência foi discutido e elaborado em uma reunião de autoridades da Anac com a presença do então vice-presidente técnico da Gol, David Barioni, hoje vice-presidente de Operações da rival TAM. Segundo Araújo, nesta reunião foi tomada a decisão de anexar a Instrução Suplementar (IS) 121-189 no recurso. Araújo contrariou a versão de várias autoridades da Anac de que não tinham conhecimento do uso da IS no recurso judicial.

"Alguém disse ''''junte isso aí'''' e me entregou (cópia da IS). Eu não tinha por que achar que não tinha validade", defendeu-se Araújo. O procurador não esclareceu qual foi a participação do diretor da Gol durante a elaboração do recurso e afirmou não ter estranhado a presença do executivo. "Achei normal, não me pareceu uma irregularidade", disse aos deputados.