Jornal do Brasil
17/08/2007
Argentina obriga Varig a cancelar
demissões
São Paulo, 16 de agosto de 2007 - O Ministério
do Trabalho da Argentina obrigou nesta quinta-feira a
Varig a deixar sem efeito a demissão de 104 funcionários
da empresa em Buenos Aires. O ministério decidiu
prorrogar por cinco dias úteis o chamado "Procedimento
Preventivo de crise" (PPC), dentro do conflito entre
a União Pessoal de Aeronavegação
de Entes Privados (Upadep) e a companhia.
Os trabalhadores alegam que a Gol, que comprou a Varig,
espera o vencimento do PPC para fechar definitivamente
a empresa e demitir os funcionários. Na semana
passada, as autoridades argentinas suspenderam as operações
da Varig pela situação institucional da
empresa e pela falta de cumprimento dos requisitos de
ordem técnico-operacionais.
Os trabalhadores criticaram os empresários brasileiros
e os acusaram de "falta de escrúpulos e sensibilidade
na administração desse conflito", em
um release distribuído entre os passageiros da
Varig, no Aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires.
A Upadep garantiu que o objetivo é demitir, sem
indenização, os 104 empregados para voltar
a contratar 80 pessoas, sem reconhecer a antigüidade.
A proposta foi rejeitada pelos trabalhadores e foi aberta
uma instância de negociação no ministério.
Valor Econômico
17/08/2007
CPI vai investigar intenção
de transferir cargas para Ribeirão
Raquel Ulhôa
Lula Marques
|
Denise
Abreu afirmou à CPI ser contrária à
transferência de parte da operação
de carga aérea para Ribeirão Preto |
Uma imprevista acareação entre o brigadeiro
José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero
(estatal que controla os aeroportos), e Denise Abreu,
diretora da Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac), convenceu o relator da CPI do Apagão
Aéreo do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO),
a investigar tentativas de transferir uma parcela do setor
de cargas aéreas dos aeroportos de Guarulhos e
Viracopos, em Campinas, para o de Ribeirão Preto
(SP).
"A operação é totalmente suspeita
e vamos apurar. Se houver indícios de favorecimento
da diretora da Anac, vamos pedir a quebra dos seus sigilos
bancários, uma vez que ela não os disponibilizou
para a CPI", disse Demóstenes. Estavam previstos
depoimentos separados de Pereira e Denise, mas como nenhum
deles se opôs, permaneceram juntos e puderam se
confrontar em alguns momentos. Não houve tensão
entre eles e o brigadeiro negou ter acusado a executiva
de tentar transferir parte dos vôos de carga para
Ribeiro Preto com a intenção de beneficiar
o empresário Carlos Ernesto Campos.
As acusações foram publicadas em entrevista
concedida ao jornal "O Globo" de 6 de agosto,
véspera de Pereira entregar o cargo ao ministro
da Defesa, Nelson Jobim. Denise, que interpelou judicialmente
o brigadeiro para explicar o que considerou "calúnias",
considerou a posição de Pereira como uma
"retratação".
"O brigadeiro amarelou", concluiu o relator
da CPI do Apagão, depois de mais de quatro horas
de reunião. "E ela veio para arrumar as coisas.
Negou tudo de que é acusada. Foi uma sessão
de desmentidos", disse Demóstenes. Ele pedirá
ao Departamento Aeroviário do Estado de São
Paulo (Daesp) a cópia da licitação
realizada para operação do setor de cargas
aéreas, vencida pelo empresário citado.
O aeroporto de Ribeirão Preto é administrado
pelo Estado de São Paulo e não pela Infraero.
O então presidente da estatal se opôs à
retirada de parte do setor de carga dos aeroportos de
Viracopos e Guarulhos, administrados pela estatal, porque
perderia receita.
A diretora da Anac negou ter agido para favorecer o
empresário, de quem desmentiu ser amiga. Afirmou
ser contrária à transferência de parte
da operação de carga aérea para Ribeirão
Preto, cujo aeroporto não tem, segundo ela, estrutura
para absorver o setor. "Dentro de São Paulo
há outras alternativas. A melhor é a realização
de obras em Viracopos", disse a diretora. "Se
ela é contra, por que falou a favor da transferência?",
perguntou o relator da CPI.
A líder do PT, Ideli Salvatti (SC), tentou politizar
a discussão pelo fato de a licitação
ter sido realizada pelo governo paulista, na gestão
tucana, e também porque a decisão da Aeronáutica,
de tornar o aeroporto de Ribeirão Preto internacional,
ter sido tomada no fim do governo FHC. Ela considerou
"esdrúxula" e "fato gravíssimo"
a internacionalização de um aeroporto regional,
sem estrutura. "É claro que deram expectativa
de algo que não foi entregue", disse.
O senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) rechaçou
a tentativa de responsabilizar o PSDB e o relator encerrou
a discussão. "O governo FHC deu, o governo
Lula manteve e não podemos partidarizar",
disse Demóstenes.
O brigadeiro, no depoimento, defendeu que o governo
federal investigue as empresas aéreas que atuam
no país. "O acidente com o Airbus A320 da
TAM levantou o tapete da infra-estrutura. Antes, havia
sido levantado o tapete dos controladores. As empresas
aéreas estão aí. É preciso
levantar o tapete das empresas aéreas", afirmou.
A diretora da Anac negou todos os fatos que lhe renderam
acusações. O último, de que teria
orientado empresas aéreas a descumprir determinações
do Conselho de Aviação Civil (Conac) de
restringir vôos em Congonhas, em recente reunião.
Esclareceu ter dito às empresas que a resolução
precisaria ser cumprida e eventuais divergências
deveriam ser levadas ao Conac, a Jobim ou à Justiça.
Denise confirmou ser amiga do ex-ministro José
Dirceu (PT), mas negou ter sido indicada por ele para
compor a Anac. Afirmou ter tido sempre atuação
suprapartidária, citando ter trabalhado em funções
jurídicas e sociais nos governos Franco Montoro,
Fleury Filho e Mário Covas. Pediu afastamento do
governo em 2003 para trabalhar na Casa Civil da Presidência
da República, a convite de Dirceu.
Folha de São Paulo
17/08/2007
Diretora da Anac força recuo
de brigadeiro
Ex-presidente da Infraero, José
Carlos Pereira negou ter dito que Denise Abreu fez "lobby"
para seu "amigo" em Ribeirão
A diretora, no entanto, caiu em contradição
durante seu depoimento à CPI e reforçou
suspeita de ter manobrado para beneficiar empresário
LEILA SUWWAN DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A diretora da Anac, Denise Abreu, conseguiu forçar
ontem um recuo do brigadeiro José Carlos Pereira,
ex-presidente da Infraero, sobre a acusação
de lobby no setor de transporte de cargas aéreas
de São Paulo, mas acabou caindo em contradição
e reforçou a suspeita de que teria manobrado a
agência para beneficiar um empresário de
Ribeirão Preto.
A acareação na CPI do Apagão Aéreo
do Senado foi marcada por troca de farpas e ironias. Denise
tentou forçar uma retratação.
Ao final, o relator da CPI, o senador Demóstenes
Torres (DEM-GO), considerou que o brigadeiro "amarelou".
Mas também disse que Denise tentou enrolar, ao
estilo "Rolando Lero" -referência ao personagem
humorístico que conta estórias para fugir
das questões.
"Ela trabalhou a favor, mas diz que é contra.
Isso é tática. Vamos investigar mais e avaliar
se vamos quebrar o sigilo bancário dela",
disse o relator.
R$ 400 milhões
A proposta seria de transferir a carga hoje transportada
via Cumbica (Guarulhos) e ViraCopos (Campinas) -um negócio
que vale mais de R$ 400 milhões por ano para a
Infraero- para o aeroporto de Ribeirão Preto, que
é do Estado de São Paulo. A exploração
de cargas no local foi concedida por licitação
ao empresário Carlos Ernesto Campos.
O argumento é que isso desafogaria os aeroportos
para receber os vôos comerciais que hoje congestionam
Congonhas. Pereira denunciou a manobra em entrevista ao
jornal "O Globo". Mas, ontem, negou que tenha
usado as palavras "lobby" ou "amizade"
entre Denise Abreu e o empresário.
Ambos fizeram interpelações judiciais sobre
as afirmações do brigadeiro. Denise retirou
o pedido depois da sessão da CPI, por considerar
que ele fez uma "retratação" -Pereira
falou em "esclarecimento".
Denise disse diversas vezes que a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) não aprovou
o plano diretor para o projeto de Ribeirão Preto
e que sequer havia terminal de cargas no local.
Em um momento de clima pesado, foi desmentida com a exibição
da gravação de uma entrevista à colunista
da Folha Mônica Bergamo, na qual afirma: "O
plano diretor foi aprovado muito rapidamente, exatamente
para fazer o alongamento da pista".
Depois, reconheceu que dois itens do plano foram, de fato,
aprovados em reunião da diretoria da Anac. Um se
refere à configuração final do aeroporto
de Ribeirão Preto e outro ao corredor de ruído.
"Esses dois itens abrem o caminho para a construção
começar no local, se a questão ambiental
for resolvida", disse Demóstenes.
Além dessa questão, Pereira aproveitou para
criticar o modelo de gestão da Anac, com uma diretoria
colegiada onde "ninguém é de ninguém
e ninguém decide nada". Atacou também
a FAB, ao dizer que a crise dos controladores aconteceu
por "nítida falta de chefia".
Coluna Claudio Humberto
17/08/2007
Anac: diretoria deve cair
O ministro Nelson Jobim (Defesa) vai ganhar um presente
do Democratas, partido de oposição, que
permitirá a ele derrubar toda a diretoria da Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac): o deputado
Vic Pires Franco (DEM-PA), da CPI do Apagão Aéreo,
reuniu provas documentais de que a "diretoria colegiada"
da Anac cometeu crime de improbidade administrativa. Com
isso, presidente e diretores estão sujeitos a demissão,
como já prevê a lei.
Site Paraná-Online
16/08/2007
Aposentados do fundo das aéreas
esperam solução
Aposentados e pensionistas do Fundo de
Pensão Aerus Varig/Transbrasil fizeram um protesto
ontem, contra o governo federal, na Câmara de Vereadores
de Curitiba. Os funcionários aposentados das duas
companhias aéreas querem o apoio dos vereadores
da capital, para pressionar o governo federal para que
arque com os prejuízos que o fundo teve com a falência
das empresas. Boa parte dos oito mil associados não
deve mais receber o benefício a partir do mês
que vem. No Paraná, são 130 associados.
Os beneficiários argumentam que a falência
do Aerus foi causada por atos ilícitos das companhias
aéreas e pela falta de fiscalização
por parte do governo federal. Por isso tentam, por meio
de uma ação civil pública movida
pelo Sindicato Nacional dos Aeroviários, resgatar
o valor. Outra esperança dos ex-funcionários
das companhias é que o governo federal pague os
R$ 6 bilhões referentes a uma ação
movida pela Varig em função do congelamento
do preço das passagens aéreas entre 1987
e 1992.
Enquanto as ações tramitam, algumas pessoas
passam dificuldades, já que os valores pagos pelo
fundo até este mês não correspondem
à aposentadoria integral à qual os associados
têm direito. Um exemplo é a aposentada Dione
Matilde Hecke. Ela foi secretária da Varig por
26 anos e hoje deveria estar recebendo cerca de R$ 1,8
mil. No entanto, recebe R$ 300. "Agora eu não
consigo mais pagar o medicamento que uso para diabetes",
contou a aposentada, que também precisa de alguém
que cuide dela por causa da falta de visão, mas
não pode bancar.
Os associados paranaenses do Aerus foram convidados a
participar da sessão na Câmara pelo vereador
Paulo Frote (PSDB). Em seu discurso, o vereador lembrou
que hoje o governo federal está preocupado com
as conseqüências do caos aéreo, mas
esquece destas questões. Frote sugeriu que os vereadores
assinem uma moção de apoio aos pensionistas
e encaminhem o documento ao governo federal. Os associados
também estão recolhendo assinaturas digitais
em uma petição. Quem quiser participar pode
acessar www.petitiononline.com/apoaerus/petition.html.