Valor Econômico
17/07/2007
Gol faz parceria com Aerolíneas
Argentinas
José Sergio Osse, para o Valor Online
A Gol anunciou ontem uma parceria operacional com a
Aerolíneas Argentinas. À semelhança
de outros dois acordos firmados neste segundo trimestre
pela companhia aérea, a empresa argentina poderá
emitir bilhetes da brasileira, que não terá
o mesmo direito.
Assim, passageiros da Aerolíneas Argentinas poderão
adquirir diretamente com ela passagens para trechos operados
pela Gol dentro do território brasileiro e para
outros destinos na América do Sul.
A Gol tem acertos semelhantes com as companhias aéreas
americanas Delta Air Lines e Continental Airlines, ambos
divulgados no mês passado.
"O acordo proporciona a todos os passageiros da
Aerolíneas Argentinas acesso à ampla malha
de vôos da Gol, assim como às baixas tarifas,
ampliando assim o mercado das duas companhias", disse
o vice-presidente de planejamento e tecnologia da informação
da Gol, Wilson Maciel Ramos.
De acordo com a companhia aérea brasileira, a
vantagem de acordos como esses, em que apenas o parceiro
pode vender passagens para seus vôos, é o
aumento no tráfego de passageiros. A companhia
aérea espera que, com as alianças, possa
vender mais bilhetes para seus trechos internos, elevando
seus índices e receita operacionais.
Na ocasião do anúncio do acordo com a
Delta, o gerente de administração da receita
e de alianças da Gol, Marcelo Bento Ribeiro, declarou
ao Valor Online que a companhia está em contato
com a empresa espanhola Air Europa para firmar outro pacto
nesses moldes.
Segundo o executivo, há muitos obstáculos
para uma parceria de compartilhamento de vôos (no
qual todas as companhias aéreas parceiras vendem
passagens para vôos umas das outras) entre uma companhia
de baixo custo como a Gol e uma companhia aérea
tradicional.
"Somos, por exemplo, uma empresa que não
emite bilhetes, ao contrário dessas companhias",
disse Ribeiro.
O único acordo de code-share que a Gol tem em
vigor foi feito em agosto de 2005, com a panamenha Copa
Airlines, também uma companhia que opera no modelo
de baixo custo, baixa tarifa. Conforme Ribeiro, nesse
segmento em todo o mundo, apenas a Gol e a australiana
Virgin Blue têm acordos operacionais com companhias
tradicionais.
Folha de São Paulo
17/07/2007
Gol contra
O que fazer: leitores, se puderem
evitar, não viajem de avião. Para trajetos
curtos, façam a viagem de ônibus
MARIA INÊS DOLCI
NUNCA PENSEI QUE , um dia, fosse me lembrar com saudade
da frase "a única saída para o Brasil
é o aeroporto". Viajar de avião, há
quase um ano, é uma forma de sadomasoquismo neste
país.
Por que voltar a um assunto tão batido, tão
repisado em todo este período? Porque constatamos,
mais recentemente, que as companhias aéreas também
participam ativamente do caos aéreo.
Exemplos esclarecem mais do que teorias -então
vamos lá. Um casal e sua filha programaram, com
antecedência, sua viagem a Buenos Aires, destino
favorito de milhares de brasileiros, principalmente neste
inverno de 2007, o mais rigoroso dos últimos anos.
Compraram as passagens no site da Gol -companhia da qual
são clientes há muitos anos- e lá
também pesquisaram e reservaram hotel na capital
portenha.
A passagem e a reserva de hotel foram feitas no final
de março para uma viagem no feriadão paulista
de 9 de julho. No começo de maio, chegou o primeiro
alerta da Gol, com troca do vôo para horários
totalmente incompatíveis com o que o casal e a
filha planejaram. Explicação: "ajuste
na malha aérea".
Como eles não aceitaram, houve um "ajuste"
para os dias e horários inicialmente definidos.
Tudo certo, então? Não. Os vôos de
ida e volta seriam pela Varig, então, não
havia localizador para segurança dos passageiros.
Em seguida, na semana que antecedeu a viagem, multiplicaram-se
as ligações de um "setor de acomodação"
para pressionar os viajantes a aceitar mudanças
de itinerário, inclusive com alegações
de que o vôo havia sido cancelado.
No dia da viagem, depois de extrair "a fórceps"
o localizador, o casal e a filha chegaram muito mais cedo
do que o necessário ao aeroporto de Cumbica, em
Guarulhos (Grande SP). E enfrentaram um jogo de empurra
entre a Gol (onde teriam de iniciar o check-in) e a Varig.
Somente a boa vontade de uma funcionária da Varig
e a teimosia da passageira evitou que perdessem o vôo,
como ocorreu com outros passageiros em situação
semelhante.
Todo esse estresse, desrespeito e desconsideração
não impediram que o trio se divertisse em Buenos
Aires, e que desfrutasse, como bônus, da neve que
se precipitou sobre a cidade, no último dia 9 de
julho, após 89 anos de ausência.
Mas ficou um gosto amargo na boca, a certeza de que, no
Brasil, as instituições funcionam mal. Afinal,
as multas aplicadas pela Anac (Agência Nacional
de Aviação Civil) às companhias aéreas,
desde a criação da agência, em 2006,
até hoje, não chegam a R$ 90 mil.
O que fazer: leitores, se puderem evitar, não viajem
de avião. Para trajetos curtos, prefiram ônibus.
Se tiverem de enfrentar o caos aéreo, registrem
tudo, guardem as notas e entrem na Justiça. Mas
não esperem muito, pois as empresas aéreas
aproveitam o total desinteresse das autoridades dos três
Poderes pelo assunto para fazer overbooking, disfarçado
em expressões como "ajuste da malha aérea".
Um autêntico gol contra.
Jornal do Brasil
17/07/2007
Mesmo depois das obras, avião
derrapa em Congonhas
São Paulo. Um avião da empresa Pantanal
derrapou às 12h43 de ontem ao pousar na recém-reformada
pista principal do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul
de São Paulo. Os motivos do incidente serão
investigados. Chovia no momento do pouso. Não há
registro de feridos. Devido à derrapagem, a pista
principal de Congonhas ficou interditada até as
13h02.
Segundo o Sindicato Nacional dos Pilotos da Aviação
Civil (Sinpac), a situação das duas pistas
de Congonhas é precária, mesmo após
as reformas realizadas.
- O grooving (ranhuras na pista) não foi feito.
Isso é pior ainda porque, com o acúmulo
de água, há aquaplanagem - disse Hugo Stringuini,
presidente do Sinpac.
- Não descarto também ventos laterais,
que podem atrapalhar pequenas aeronaves, falhas mecânicas
ou do piloto - completou. Segundo a Infraero, estatal
que administra os aeroportos do país, os ventos
eram fracos, de 9 km/h. O presidente da estatal, brigadeiro
José Carlos Pereira, negou relação
entre o acidente e supostos problemas na pista.
- Aquaplanagem não foi, e há pistas que
não possuem grooving e operam com chuva.
O grooving na pista principal começará
a ser feito no dia 25. Na auxiliar, restam 40 metros ainda
sem ranhuras.
A assessoria de imprensa da Pantanal não foi localizada
para dar informações sobre a lotação
do vôo ou o estado de conservação
do avião, que partiu de Araçatuba e vinha
de uma escala em Bauru.
Nos primeiros meses deste ano, Congonhas registrou ao
menos três casos de derrapagem de aeronaves devido
ao mau estado de conservação de suas pistas.
Em fevereiro, a pista auxiliar entrou em reforma. Os trabalhos
na recuperação duraram cerca de 70 dias.
Logo começaram as obras na pista principal, que
duraram mais 45 dias. Ela foi liberada no dia 30 de junho.
A Infraero registrou o atraso de 47 das 194 partidas
da meia-noite às 18h de ontem, no Aeroporto de
Congonhas.