:::::RIO DE JANEIRO - 17 DE JULHO DE 2006 :::::
 

Valor Econômico
17/07/06
Varig não tem condições de pagar todos os credores, admite VarigLog

Janaina Vilella e Catherine Vieira

Os recursos que a VarigLog pretende injetar na Varig ´velha´ - que herdará o passivo - nos próximos dez anos não serão suficientes para quitar a dívida com os credores. Quem reconhece isso é o próprio Marco Antonio Audi, sócio da Volo do Brasil, que controla a VarigLog, única empresa a apresentar até agora proposta de compra pela companhia aérea. "Jamais a Varig vai conseguir liquidar 100% dos seus débitos. Isso não existe, em uma situação dessas", disse Audi.

Na avaliação do executivo, o pagamento dos cerca de R$ 5,5 bilhões devidos pela União e pelos Estados, referentes a perdas com o congelamento das tarifas e créditos de ICMS, será crucial para honrar os demais montantes com os credores. O montante também ficaria com a empresa antiga.

Hoje, os credores se reúnem em assembléia para avaliar e votar a proposta da VarigLog, assim como as alterações que esta acarreta no plano de recuperação da Varig. "Hoje, o credor olha e vê 0% de possibilidade, amanhã vai olhar e pensar que pode receber 10%, 30%, 60% de seus créditos. Pelo menos, ele tem um norte. Mas tenho certeza que (a companhia) não vai liquidar 100%", afirmou Audi ao Valor.

Audi lembrou que a Varig que pode ir a leilão nesta quarta-feira é uma companhia com faturamento equivalente a 20% do que era e um quarto da frota original. "Nas últimas semanas, a Varig virou uma mini-companhia. Acabou o caixa. Está com 16 aviões voando. Recentemente, eram 62 aviões em operação, depois passou para 48 e hoje tem 16."

Não é a primeira vez que a VarigLog oferece uma proposta de compra pela Varig. Em abril deste ano, a ex-subsidiária de logística da Varig apresentou uma oferta de US$ 400 milhões pela Varig, mas acabou retirando a proposta antes mesmo da realização do leilão, que acabou sendo considerado "deserto" pela Justiça do Rio. Desde abril, ressaltou Audi, o cenário da companhia mudou. "Naquela época, a Varig ainda tinha 30% do mercado, hoje tem 5%. A empresa que está aí fatura US$ 400 milhões por ano. Aquela, da primeira proposta, era uma empresa de US$ 2 bilhões", afirmou Audi.

Com relação à companhia, ele diz que é urgente chegar a uma conclusão para ´estancar a sangria´. "Todo dia aumenta o furo e isso não tem mais fim, o custo do leasing é enorme, as aeronaves estão paradas, mas o lessor (arrendador de aeronaves) não quer saber, ele quer receber", disse.

Segundo Audi, a Varig tem sobrevivido nas últimas semanas graças ao aporte emergencial de recursos feito pela VarigLog, desde o dia 26 de junho. A ex-subsidiária comprometeu-se a depositar até US$ 20 milhões para manter a aérea voando até a realização do leilão. Até quinta-feira, o montante depositado totalizava US$ 13 milhões.

O executivo afirmou que não pretende colocar mais dinheiro na empresa, além dos US$ 20 milhões previstos inicialmente. "Estamos colocando dinheiro basicamente a fundo perdido. Caso não aconteça nada com a Varig, vamos perder esse montante. Estamos falando da recuperação de algo que você nunca vai ter certeza se é realmente recuperável. Recuperável é, mas a que custo?", questionou Audi.


Companhia que vai a leilão tem faturamento equivalente a 20% do que era e cerca de 25% da frota original


Na sexta-feira, executivos da Varig se reuniram com os credores para apresentar as modificações no plano de recuperação da empresa, a ser votado hoje. O documento prevê que a Varig ´velha´, que continuará em recuperação judicial, deverá ter apenas 50 funcionários e um avião, com receita anual de até R$ 20 milhões. A projeção é que a empresa antiga chegue a 2016 com um fluxo de caixa de cerca de R$ 40 milhões. A nova Varig, por sua vez, teria 16 aviões e funcionaria com até dois mil empregados. Na visão de Audi, a nova empresa começará a operar com 16 aeronaves, mas tem que voltar a ter uma frota de 50 aviões. "Fica difícil falar em quanto tempo", diz.

A Varig tem hoje 10 mil funcionários. O custo das demissões foi estimada pelo advogado do Trabalhadores do Grupo Varig (TGV), Otávio Neves, em US$ 80 milhões. Fontes ligadas ao processo disseram que, no encontro de sexta-feira, o fundo de pensão Aerus, que detém 70% dos créditos da classe dois de credores, se mostrou disposto a aprovar o novo plano e votar a favor da proposta da VarigLog.

A companhia aérea garantiu ao Aerus, no novo plano, como parte do pagamento, parte dos créditos que tem a receber da União pelo congelamento das tarifas. As empresas de leasing, por sua vez, se absteriam de votar, segundo interlocutores presentes ao encontro.

O risco de que a Fundação Ruben Berta (FRB) continuasse à frente da Varig ´velha´ causou tensão entre credores, principalmente as estatais. Infraero, BR Distribuidora e Banco do Brasil querem garantias de que a FRB não terá qualquer tipo de interferência na empresa que continuará em recuperação para votar a favor do plano e da proposta.

Na sexta-feira, o juiz da 8ª Vara Empresarial, Luiz Roberto Ayoub, garantiu que a fundação continuará afastada da administração da Varig enquanto for necessário. Embora tenha 87% das ações da aérea, a FRB está fora do comando da empresa desde o dia 15 de dezembro, por decisão judicial.

A proposta da VarigLog prevê a divisão da Varig em duas companhias. Uma delas, a nova Varig, ficará com a parte operacional, ou seja, os vôos, aviões e linhas no Brasil e no exterior. A Varig ´velha´ ficará com 5% das ações da nova companhia, R$ 130 milhões em ativos (principalmente imóveis), o centro de treinamento de pilotos e uma linha entre São Paulo e Porto Seguro. Também herdará o passivo de cerca de R$ 7 bilhões.

A consultoria Deloitte contestou, em relatório, a composição do preço mínimo de compra da Varig feita pela VarigLog, alegando que a ex-subsidiária considerou como preço receitas futuras. Audi considera que este ponto é uma "questão de visão". "A Deloitte enxergou de uma maneira e a gente de outra. Chegou a falar em todos os jornais que era melhor a quebra da empresa do que qualquer proposta. É uma questão de visão. Eu não tenho esse tipo de visão."

Na semana passada, os executivos da VarigLog reuniram-se com representantes da Deloitte e modificaram itebs da proposta. Depois do encontro, o sócio da consultoria Luiz Alberto Fiore disse que "a proposta apresentou uma melhora considerável". "Mostramos o que temos a oferecer (aos credores) e o que pode acontecer se a empresa fechar. Agora, a decisão é deles", diz Audi.
Colaborou Ana Paula Grabois, do Valor Online


Folha de São Paulo
17/07/06
Futuro da Varig deve ser decidido em assembléia hoje

Operações da aérea vão a leilão se os credores acatarem a oferta; caso contrário, a Justiça pode optar pela falência
Mudanças no plano de recuperação precisam ser aprovadas; Varig oferece aluguéis e créditos a receber para convencer credores

JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO

A assembléia de credores da Varig marcada para hoje vai definir o futuro da aérea. Os credores trabalhistas, de empresas estatais, do fundo de pensão dos funcionários e de empresas de leasing vão decidir se aceitam a proposta da VarigLog e as mudanças que ela acarretará no plano de recuperação da companhia.

A crise da Varig se agravou nos últimos meses. O número de aviões caiu de 58 em dezembro do ano passado para 13 em julho. A receita de vôo líquida recuou 83,3% no período.

Se a oferta for aceita, as operações da empresa vão a leilão na quarta-feira com lance mínimo de US$ 24 milhões (R$ 52,8 milhões). O comprador pode adquirir as concessões, as aeronaves e o programa "Smiles". Se a proposta for recusada, há espaço para a decretação de falência. A Deloitte, administradora judicial da Varig, mencionou em seu último relatório de acompanhamento que a empresa não conseguiria manter as operações até agosto se não fosse vendida.

As operações da Varig têm sido mantidas à custa de uma linha de crédito oferecida pela VarigLog no valor de US$ 20 milhões (R$ 44 milhões). Deste total, a Varig já havia recebido US$ 13 milhões (R$ 28,6 milhões) até a última quinta-feira.

Segundo o relato de credores, a Varig "rasgou seu plano de recuperação". Antes, os créditos seriam convertidos em participação em um fundo controlador. O novo formato prevê a emissão de debêntures: uma para os trabalhadores e outra para os credores com garantias contratuais e para 50% das dívidas contraídas após o início do plano de recuperação, em junho do ano passado.

A "velha Varig", fatia da empresa que não será vendida e que carrega as dívidas de R$ 7,9 bilhões, terá um fluxo de caixa anual de R$ 19,6 milhões, com receitas provenientes de serviços do Centro de Treinamento de Tripulantes, contratos de locação de aeronave acompanhada de tripulação, aluguel de imóveis, vôos charter e operação regular da Nordeste.

Para convencer os credores das mudanças no plano de recuperação, a Varig ofereceu os recursos de ações contra a União por defasagem tarifária e contra os Estados referentes a ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O Aerus tem prioridade no caso da ação contra a União e o Banco do Brasil na questão do ICMS. Além disso, 70% do fluxo operacional da "velha Varig" foi oferecido às demais estatais e empresas de leasing.
Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a expectativa é a de que o plano seja aprovado, mas novas alterações foram feitas até a noite de ontem. Credores ouvidos pela Folha afirmaram que a tendência é de aprovação porque ninguém quer ser responsável pela falência da empresa.

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, destacou que os trabalhadores estão preocupados com a perspectiva de demissões. "Haverá um contingente muito grande de trabalhadores sem emprego, sem rescisão e sem FGTS depositado nos últimos quatro anos. Isso vai atingir outras empresas do grupo, como a Sata", disse.

Os sindicatos pretendem incluir num acordo coletivo a obrigação de que as contratações da nova Varig priorizem os funcionários da empresa. Após o leilão, a Varig precisará demitir cerca de 8.000 pessoas, mas ainda não se sabe de onde virão os recursos. Os sindicatos reconquistaram o direito na Justiça do Trabalho de representar os aeronautas e aeroviários em assembléia.

VARIG TAXIANDO

O que os credores definirão?
Decidem se aceitam a proposta de compra da VarigLog e as mudanças no plano de recuperação da companhia. Se aceitarem, as operações da Varig vão a leilão na quarta

E se a proposta for rejeitada?
A Justiça pode decretar a falência. Segundo relatório da Deloitte, administradora judicial da Varig, sem a venda a empresa não conseguiria se manter ativa até agosto

Como a Varig seria dividida?
A nova empresa nasceria com 13 aviões e assumiria as milhas do Smiles. A VarigLog quer chegar a 23 aviões em até 50 dias. Os funcionários seriam de 1.500 a 2.000, conforme o número de aviões. A "velha" Varig ficaria com uma linha (São Paulo - Porto Seguro) e 50 funcionários.


Folha de São Paulo
17/07/06
Credores não querem que Ruben Berta administre "velha Varig'

DA SUCURSAL DO RIO

Os credores da Varig exigiram a definição de uma gestão profissional na "velha Varig", a fatia da empresa que permanece em recuperação judicial e que carrega as dívidas, estimadas em R$ 7,9 bilhões.

De acordo com o modelo de alteração do plano de recuperação da empresa apresentado aos credores em reuniões na quinta e sexta-feira, a FRB (Fundação Ruben Berta) continuaria dona da Varig remanescente, com percentual de 87% das ações. A fundação é identificada por muitos credores como uma das principais responsáveis pela crise da Varig.

Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a direção da companhia está finalizando o detalhamento das alterações do plano. "Estamos analisando quem vai administrar a Varig remanescente. Pode ser um fundo de investimento ou um gestor interino. Temos várias opções", disse.

A Justiça afastou a FRB da gestão da Varig no fim do ano passado, depois que a fundação tentou interromper o processo de recuperação da companhia. A possibilidade de ficar com as dívidas da empresa não foi bem recebida nem pela própria fundação. A Justiça do Rio garantiu que ela continuará afastada.

Antonio Carlos Avelar Bastos, procurador de fundações do RS, vai participar da assembléia de credores. "Estou alarmado com a maneira como as coisas estão sendo conduzidas. Eventualmente posso entrar com uma ação judicial se constatar que a FRB será mais prejudicada do que já foi", disse. (JL)


O Estado de São Paulo
17/07/06
Trabalhadores vão aprovar hoje proposta da VarigLog
Nilson Brandão Junior

Os sindicatos nacionais de aeroviários e aeronautas da Varig decidiram ontem à noite que votarão hoje a favor do novo modelo de venda da companhia aérea e avaliaram que a proposta de compra da VarigLog é melhor do que a falência da empresa. O novo modelo e ajustes no plano de recuperação serão votados em assembléia, a partir das 9 horas. Já às 7 horas, os principais credores participarão de reunião prévia para discutir os ajustes ao plano.

Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, apesar de ser "ínfima" a quantidade de trabalhadores que continuariam na nova Varig, caso a VarigLog saia vencedora do leilão previsto para quarta-feira, "o crescimento no curto e médio prazos vai gerar mais empregos".

"A falência é que é o caos", disse ela. As informações são de que a nova Varig começaria com 15 jatos e entre 1,5 mil e 2 mil empregados - a Varig hoje tem 10 mil funcionários. Existe a perspectiva de a nova empresa chegar ao fim de 2007 com 70 jatos. Os sindicatos pleiteiam que as demais empresas aéreas dêem prioridade na contratação de ex-funcionários da Varig.

GESTÃO

Segundo dois grandes credores privados, ficou definido nos últimos dias que os próprios credores da companhia aérea deverão eleger, numa futura assembléia, o gestor judicial que comandará a Varig antiga, empresa que continuará existindo e permanecerá em recuperação judicial quando a nova Varig for vendida.

O afastamento da Fundação Ruben Berta (FRB) do comando da antiga Varig era uma das maiores preocupações dos credores nos últimos dias. A fundação detém 87% das ações da Varig e teve os poderes políticos e administrativos sobre a empresa suspensos pela Justiça.

Enquanto a Varig velha herdará o endividamento, a nova Varig está prevista para ir a leilão quarta-feira sem dívida e com a maior parte da operação. Outro assunto discutido nos últimos dias foi a forma como será feita a partilha dos recursos que entrarão na empresa com a venda.

A proposta da VarigLog prevê, além de duas emissões de debêntures, que a velha Varig receberá pelo aluguel de dois jatos, centro de treinamento, alguns imóveis, recursos potenciais de ações judiciais contra a União e relativo ao ICMS, e terá a concessão do vôo São Paulo/Porto Seguro.

Hoje, serão votadas a nova modelagem de venda e as mudanças no plano de recuperação exigidas pelo novo formato de leilão. A assembléia será no hangar da Varig. Antes disso, os credores se reunirão para checar o detalhamento das mudanças, que serão votadas, contudo, apenas durante a assembléia.

Ontem, a Varig ficou de enviar um documento final com os ajustes feitos no plano, mas até o fechamento dessa matéria o material não havia sido enviado.

Até o momento, existe apenas a proposta concreta da VarigLog, que será votada nesta quarta-feira. Para que outros interessados participem do leilão, precisarão se qualificar amanhã, mediante depósito judicial, no mesmo dia, de US$ 24 milhões.

CÁLCULO

Não é possível antecipar qual será a votação dos credores. Na prática, a conta que os credores farão é se receberão mais - ou perderão menos - aceitando a proposta da VarigLog ou deixando a empresa falir, salvo o aparecimento de nova proposta. "Recuperar (os créditos integralmente) a essa altura não é mais possível", diz um grande credor.

Especula-se que credores estatais e o Aerus poderiam votar a favor da proposta, enquanto empresas de aluguel de jatos tenderiam a se abster.


O Globo
17/07/06
Varig: sindicatos aprovam novo modelo a ser analisado por credores

Nadja Sampaio

A Federação Nacional dos Trabalhadores de Aviação Civil (Fentac) aprovou, ontem, a proposta de um novo modelo de venda da Varig, que prevê que a Fundação Ruben Berta (FRB) continue controlando a antiga companhia, que não será posta em leilão e ficará com a dívida de R$ 7,5 bilhões.

Os credores aguardam uma definição da direção da Varig para saber se apoiarão a oferta da VarigLog pela empresa, durante a assembléia de hoje.

Para aprovar a proposta, os credores querem ter a garantia de que a Varig antiga não terá qualquer interferência da FRB por dois anos a contar da data da aprovação do plano. Também querem indicar um profissional do mercado para administrar o que sobrar da Varig durante esse período. A FRB hoje é dona de 87% das ações da Varig, apesar de não estar mais na gestão, por decisão da Justiça.

Trabalhadores esperam ser aproveitados

Celso Klafke, presidente da Fentac, afirma que os trabalhadores, em assembléia, decidiram aprovar a mudança do modelo porque não havia outra saída:

— Essa é a condição essencial para que a Justiça do Rio não bata o martelo e decrete a falência da empresa. Temos esperança que apareçam outros investidores no leilão da próxima quarta-feira.

Estiveram reunidos em assembléia cinco sindicatos de Rio, Pernambuco e Guarulhos e, segundo Klafke, os trabalhadores esperam que sejam admitidos na nova companhia o maior número possível de funcionários.

Caso leve a companhia, a VarigLog ficará com 13 aviões e 1.500 trabalhadores e a Varig antiga terá 50 empregados e herdará um avião que fará a rota Congonhas-Porto Seguro, além contratos de prestação de serviços com a nova empresa.

 

Zero Hora
17/07/06
Assembléia da Varig


Credores da Varig se reúnem hoje para analisar as sugestões de alteração no plano de recuperação da companhia para adequá-lo à proposta de compra da Varig Log. Se aprovada, haverá um novo leilão, na quarta-feira, do qual poderão participar outros interessados.


Estadão
17 de julho de 2006 - 04:59h
VarigLog é melhor do que a falência da empresa, avaliam sindicatos
As informações são de que a nova Varig começaria com 15 jatos e entre 1,5 mil e 2 mil empregados

Nilson Brandão Junior

Rio de Janeiro - Os sindicatos nacionais de aeroviários e aeronautas da Varig decidiram neste domingo à noite que votarão nesta segunda-feira a favor do novo modelo de venda da companhia aérea e avaliaram que a proposta de compra da VarigLog é melhor do que a falência da empresa. O novo modelo e ajustes no plano de recuperação serão votados em assembléia, a partir das 9 horas. Já às 7 horas, os principais credores participarão de reunião prévia para discutir os ajustes ao plano.

Segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, apesar de ser "ínfima" a quantidade de trabalhadores que continuariam na nova Varig, caso a VarigLog saia vencedora do leilão previsto para quarta-feira, "o crescimento no curto e médio prazos vai gerar mais empregos".

"A falência é que é o caos", disse ela. As informações são de que a nova Varig começaria com 15 jatos e entre 1,5 mil e 2 mil empregados - a Varig hoje tem 10 mil funcionários. Existe a perspectiva de a nova empresa chegar ao fim de 2007 com 70 jatos. Os sindicatos pleiteiam que as demais empresas aéreas dêem prioridade na contratação de ex-funcionários da Varig.

GESTÃO

Segundo dois grandes credores privados, ficou definido nos últimos dias que os próprios credores da companhia aérea deverão eleger, numa futura assembléia, o gestor judicial que comandará a Varig antiga, empresa que continuará existindo e permanecerá em recuperação judicial quando a nova Varig for vendida.

O afastamento da Fundação Ruben Berta (FRB) do comando da antiga Varig era uma das maiores preocupações dos credores nos últimos dias. A fundação detém 87% das ações da Varig e teve os poderes políticos e administrativos sobre a empresa suspensos pela Justiça.

Enquanto a Varig velha herdará o endividamento, a nova Varig está prevista para ir a leilão quarta-feira sem dívida e com a maior parte da operação. Outro assunto discutido nos últimos dias foi a forma como será feita a partilha dos recursos que entrarão na empresa com a venda.

A proposta da VarigLog prevê, além de duas emissões de debêntures, que a velha Varig receberá pelo aluguel de dois jatos, centro de treinamento, alguns imóveis, recursos potenciais de ações judiciais contra a União e relativo ao ICMS, e terá a concessão do vôo São Paulo/Porto Seguro.

Hoje, serão votadas a nova modelagem de venda e as mudanças no plano de recuperação exigidas pelo novo formato de leilão. A assembléia será no hangar da Varig. Antes disso, os credores se reunirão para checar o detalhamento das mudanças, que serão votadas, contudo, apenas durante a assembléia.

Hoje (16), a Varig ficou de enviar um documento final com os ajustes feitos no plano, mas até o fechamento desta edição o material não havia sido enviado. Até o momento, existe apenas a proposta concreta da VarigLog, que será votada nesta quarta-feira. Para que outros interessados participem do leilão, precisarão se qualificar na terça-feira, mediante depósito judicial, no mesmo dia, de US$ 24 milhões.

CÁLCULO

Não é possível antecipar qual será a votação dos credores. Na prática, a conta que os credores farão é se receberão mais - ou perderão menos - aceitando a proposta da VarigLog ou deixando a empresa falir, salvo o aparecimento de nova proposta. "Recuperar (os créditos integralmente) a essa altura não é mais possível", diz um grande credor. Especula-se que credores estatais e o Aerus poderiam votar a favor da proposta, enquanto empresas de aluguel de jatos tenderiam a se abster.


O Globo
16/07/2006 - 22h04m

Federação aprova volta da FRB à Varig velha
Nadja Sampaio - O Globo


RIO - A Federação Nacional dos Trabalhadores de Aviação Civil (Fentac) aprovou, neste domingo, a proposta de um novo modelo de venda da Varig, que prevê que a Fundação Ruben Berta (FRB) continue controlando a antiga companhia, que não será posta em leilão e ficará com a dívida de R$ 7,5 bilhões. Os credores aguardam uma definição da direção da Varig para saber se apoiarão a oferta da VarigLog pela empresa, durante a assembléia desta segunda.


Agência Estado
16/07 - 19:45h
Gestor da Varig antiga será escolhido em assembléia

Credores da Varig deverão eleger, numa futura assembléia, o gestor judicial que comandará a Varig antiga, que continuará existindo e permanecerá em recuperação judicial quando a nova Varig for vendida. O afastamento da Fundação Ruben Berta (FRB) do comando da antiga Varig era uma das maiores preocupações dos credores nos últimos dias. A fundação detém 87% das ações da Varig e teve os poderes políticos e administrativos sobre a empresa suspensos pela Justiça.

Enquanto a Varig velha herdará o endividamento, a nova Varig está prevista para ir a leilão quarta-feira, sem dívida e com a maior parte da operação. Hoje, às 7hs, os credores da empresa farão uma reunião prévia, antes da assembléia convocada para as 9hs, que votará o novo modelo de venda da empresa aérea. O compromisso de escolha do gestor foi confirmado por dois grandes credores. Outro assunto discutido nos últimos dias foi a forma como será feita a partilha dos recursos que entrarão na empresa com a venda.

A proposta da VarigLog prevê, além de duas emissões de debêntures, que a velha Varig receberá pelo aluguel de dois jatos, centro de treinamento, alguns imóveis, recursos potenciais de ações judiciais contra a União e relativo ao ICMS, e terá a concessão do vôo São Paulo/Porto Seguro. Hoje, serão votadas a nova modelagem de venda e as mudanças no plano de recuperação exigidas pelo novo formato de leilão.

A assembléia será no hangar da Varig. Antes disso, os credores se reunirão para checar o detalhamento das mudanças, que serão votadas, contudo, apenas durante a assembléia. A avaliação era de que a assembléia poderá começar com atraso, em função da reunião prévia. Ontem, a Varig ficou de enviar um documento final com os ajustes feitos no plano, mas até o final da tarde de hoje o material não havia sido enviado.

Até o momento, existe apenas a proposta concreta da VarigLog, que será votada nesta quarta-feira. Para que outros interessados participem do leilão, precisarão se qualificar amanhã, mediante depósito judicial, no mesmo dia, de US$ 24 milhões.

Não é possível antecipar qual será a votação dos credores. Na prática, a conta que os credores farão é se receberão mais - ou perderão menos - aceitando a proposta da VarigLog ou deixando a empresa falir, salvo o aparecimento de nova proposta. "Recuperar (os créditos integralmente) a essa altura não é mais possível", diz um grande credor.

Especula-se que credores estatais e o Aerus poderiam votar a favor da proposta, enquanto empresas de aluguel de jatos tenderiam a se abster - como já fizeram em outros momentos da recuperação. Sindicatos dos trabalhadores estavam reunidos ontem no início da noite para definir a linha de votação hoje e a estratégia que adotarão posteriormente, caso a VarigLog leve a Varig, para assegurar a contratação futura de pessoal.

Isso porque a estimativa é de que nova Varig deverá decolar com cerca de 15 jatos e algo entre 1.500 e 2.000 empregados - hoje a empresa emprega ao redor de 10 mil pessoas. A sindicatos de trabalhadores e credores, o executivo Lap Chan indicou que pretende elevar a frota da empresa para até 70 jatos até o fim de 2007, com futuras contratações. Chan é representante do Matlin Patterson, fundo que participa da Volo Brasil, dona da VarigLog.