Jornal
Imprensa Paulista
Março-2008
Varig & Aerus
Reflexões sobre a cidadania
Rosa Maria Custódio
Estamos
em março de 2008 e até o final de abril
próximo, como acontece todo ano, o cidadão
brasileiro, honesto e laborioso, deve prestar contas
ao governo de tudo o que auferiu no ano anterior e direcionar
aos cofres públicos uma boa parte de seus ganhos.
Este é o preço da cidadania, que, em contrapartida,
lhe garantiria uma vida tranqüila em sociedade.
Uma vida com segurança e liberdade, que lhe permitiria
viver com dignidade, isto é: com saúde
e bem-estar advindos da satisfação das
necessidades básicas como alimentação,
vestuário, habitação, cuidados
médicos, educação e oportunidade
de trabalho, e, ainda, serviços sociais que lhe
auxiliassem em caso de desemprego, doença e velhice.
Ao cidadão não é dado outra alternativa:
é obrigado a pagar o IR e esperar que as promessas
do governo sejam cumpridas. Mas, a contrapartida não
é obrigatória... O governo, cada vez mais
gigante, inoperante e exigente, se apodera do dinheiro
público e, detentor do poder que este lhe confere,
usa sua força, não para criar uma sociedade
humana e justa, como se prega na constituição,
nos discursos e propagandas. Basta ter olhos para ver
e ouvidos para ouvir que a realidade brasileira se mostra
nua e crua, com suas mazelas sociais, do norte ao sul
do país.
Os governantes, seus familiares, amigos e agentes, oficialmente
contratados, ou simplesmente apaniguados, vão
muito bem, obrigado. Para eles, todas as garantias constitucionais
estão asseguradas e muitas outras mais. Rios
de dinheiro público correm sorrateiramente e
deságuam em cofres muito particulares. Aqueles
que pagam a conta, os contribuintes do IR, ficam a ver
navios.
Como exemplo, cito a questão dos ex-funcionários
da Viação Aérea Rio Grandense S.A
(internacionalmente conhecida como VARIG - por seus
brilhantes serviços prestados, no país
e no mundo, no setor de transportes aéreos, durante
décadas) e dos aposentados e pensionistas do
AERUS (instituto de previdência privada, criado
com o aval do governo). Esses trabalhadores,
que durante toda a sua vida profissional foram obrigados
a contribuir para os cofres públicos, e ainda
destinaram outra parte de seus proventos para uma aposentadoria
suplementar, estão sendo violados nos seus direitos
mais fundamentais (garantidos pela constituição!)
como nunca se viu neste país! Esses trabalhadores
estão sofrendo as conseqüências de
uma vergonhosa e desastrada intervenção
governamental, onde leis anticonstitucionais foram criadas
para justificar o injustificável!
Leis estão sendo criadas e modificadas para beneficiar
pequenos grupos de pessoas. Como em outras épocas,
com outros partidos políticos no poder, indivíduos
são privilegiados e ficam milionários
da noite para o dia. Enquanto a grande maioria da população
é enganada com a promessa de redistribuição
de renda, e programas de governo são criados
para dar aos que não trabalham o dinheiro que
é tirado do trabalhador! Não é
com o bolsa-família, que não educa ninguém,
que se constrói uma nação de homens
livres, honestos e produtivos!
O dinheiro público tem sido a grande atração
de muitos homens que se dedicam à vida pública.
Esses, nunca poderão ser chamados de autênticos
homens públicos porque estão no poder
apenas para se abastecer com o resultado do trabalho
de outros. Não estão lá com uma
missão mais nobre, de zelar pelo bem público
e ajudar a construir uma sociedade mais justa e equilibrada
nos direitos e deveres de cada um. Os cartões
corporativos, que facilitam a ação de
saqueadores, são apenas folhas secas levadas
pelo vento aos córregos que alcançam os
rios lamacentos onde o dinheiro público deságua
em contas muito particulares. Como no caso da primeira
dama que, apesar de não ocupar cargo no governo,
já gastou 650 mil reais no seu cartão
oficial, dos quais, R$600.000,00 foram aplicados, em
dinheiro vivo, no plano de previdência júnior,
da Brasilprev, para garantir o futuro de seus netinhos,
que certamente irão estudar na Suíça
e terão passaporte internacional neste mundo
globalizado e sem ética.
Por tudo isso - e voltando ao exemplo citado,
dos funcionários da ex-VARIG, e aposentados e
pensionistas do AERUS, que estão sem receber
o que lhes é devido desde 2006 - podemos
afirmar que as instituições públicas
brasileiras, criadas para assegurar a justiça
e o bem-estar social, estão vergonhosamente falidas.
Por quê esses brasileiros, que passaram a vida
trabalhando e pagando impostos, no momento em que mais
precisam, são colocados à margem da sociedade
pelo próprio poder público que nega seus
direitos adquiridos por lei???
Que esperança depositar no futuro, com todos
esses exemplos perversos que são cotidianamente
publicados nas páginas dos jornais e mostrados
na mídia? Até quando vamos ter que pagar
impostos sem a garantia de receber nosso dinheiro de
volta, na forma de segurança, justiça
e bem-estar social???
Equipe
RBS TV RS
15/03/2008
Funcionários da Varig têm
redução nos vencimentos da previdência
complementar
Beneficiários do fundo
de aposentadoria da Varig já tiveram redução
de até 90% nos vencimentos
O
Globo
16/03/2008
Zero
Hora
16/03/2008
Alitalia aprova oferta de compra
da Air France-KLM
Decisão do conselho
de administração foi unânime
O conselho de administração da empresa
aérea Alitalia aprovou, na noite de ontem, a
oferta de compra feita pela Air France-KLM. Iniciada
na manhã de ontem, a reunião só
terminou às 22h25. O grupo informou, em comunicado,
que o conselho de administração da Alitalia
ponderou de forma unânime e decidiu aceitar a
oferta apresentada pela Air France-KLM e concluir o
contrato.
A
Air France-KLM revelou, na sexta-feira, sua proposta
formal à Alitalia depois de oito semanas de duras
negociações. A administração
da companhia italiana esperava obter a opinião
do ministro da economia. O Estado tem 49,9% de participação
na Alitalia.
De
acordo com o contrato, a Air France-KLM deveria lançar
um oferta pública cobrindo 100% dos papéis
da Alitalia. Cada ação da empresa franco-holandesa
seria trocada por 160 ações da companhia
italiana. A Alitalia também aceitou a oferta
pública de uma aquisição de 100%
dos seus títulos de dívida conversíveis,
em um preço unitário de 0,3145 euro, em
relação ao valor do mercado em 14 de março.
A
operação é vista como fundamental
para a sobrevivência da empresa italiana, que
vem registrando perdas financeiras consecutivas.