Tribuna
da Imprensa
16/03/2007
Coluna do Pedro Profírio
Uma nova visão
da Previdência
Lula mudou o discurso em relação
à previdência pública. Por mais de uma
vez defendeu sua contabilidade e admitiu que alguns dos
seus benefícios fazem parte dos programas de assistência
social, portanto dependentes de outras rubricas orçamentárias.
E parece disposto a refazer o percurso
de outras receitas, que passam pelo Tesouro e lá
ficam, contribuindo para criar uma imagem distorcida das
contas da Previdência.
Ao convidar o PDT para assumir esse ministério,
ele deve estar sinalizando para um reencontro com seus discursos
de campanha. Isso parece mais claro quando demonstra preferência
por Lupi, que não é nenhum senador, não
exerce hoje mandato parlamentar, mas é, como provou,
da espinha dorsal do partido, determinado, um organizador
e um homem aberto, capaz de formar uma equipe disposta a
demonstrar a viabilidade da Previdência Pública,
como já aconteceu quando Waldir Pires foi titular
dessa pasta.
Nesse caso, Lula está sendo lógico.
Ninguém melhor do que Carlos Lupi encarna o brizolismo:
ele ficou com seu ídolo quando Marcello Alencar deixou
o PDT e abriu mão de uma secretaria de Estado, no
governo Garotinho, ao contrário do Luiz Alfredo Salomão,
também indicado por Brizola, quando o governador
de então saiu fora levando muita gente boa.
Se realmente se confirmar a entrega do Ministério
da Previdência ao PDT e se seu titular for o mais
fanático dos brizolistas, podemos até repensar
muito sobre o Lula de 2007.
Só
espero que os pedetistas saibam que eles são as últimas
esperanças dos aposentados, pensionistas, dos massacrados
dos fundos de pensão, como o Aerus, e de todos os
que ainda precisarão de uma aposentadoria decente,
quando deixarem de trabalhar.
ARTIGO PARA O JORNAL O POVO DO
RIO DE JANEIRO DE 16 DE MARÇO DE 2007
COM O PDT E LUPI UM NOVO OLHAR SOBRE
A PREVIDÊNCIA
A Previdência Pública
está salva!
Esta é a primeira impressão
ao confirmar-se a decisão de Lula de entregar o Ministério
da Previdência ao PDT, convidando para o cargo Carlos
Lupi, presidente do partido, e inteiramente afinado com
o pensamento de Leonel Brizola.
Embora anterior à revolução
de 30 e criada pelos próprios trabalhadores através
das caixas de aposentadoria, como a dos ferroviários,
a Previdência Social ganhou força e forma a
partir de Getúlio Vargas, que criou os institutos
de aposentadorias e pensões e lhes deu tanto apoio
que os melhores hospitais do país eram de sua estrutura,
sem falar no SAMDU, o serviço de assistência
médica domiciliar de urgência.
A partir de 1964, começaram a investir
contra o arcabouço modelar deixado por João
Goulart. Na época, queriam fortalecer os tais montepios
militares, como Capemi e Gboex, que venderam ilusões
a milhões de brasileiros.
A falta de compromisso político
com o alcance social da Previdência, que é
responsável hoje pela vida de muitas cidades onde
moram centenas de aposentados e pensionistas, foi levando
desprestígio ao nosso modelo de aposentadoria.
No governo Collor, quando se criou o chamado
fator previdenciário, a aposentadoria foi se tornando
um pesadelo, em contraste com o aumento de nosso tempo de
vida. Isso obrigou uma boa parte dos aposentados a recorrerem
a bicos para completarem o orçamento.
A tragédia se tornou ainda maior
por conta do desemprego que aflige as populações
mais jovens: hoje, o dinheiro minguado do aposentado é
responsável por 40% dos orçamentos domésticos.
No rastro da desfiguração da nossa previdência,
para a qual se fabricam números manipulados sobre
déficits, coube a ela arcar com as despesas dos programas
de assistência social: 6 milhões de 21 milhões
de previdenciários jamais contribuíram, de
onde a receita para seu pagamento deveria vir do Tesouro,
o que Lula hoje admite a partir dessa aliança com
o PDT.
Outra tragédia que se prenuncia
é o desastre anunciado dos fundos complementares
de pensão, como já ocorreu com Aerus, da Varig
e Transbrasil, e o Aeros, da VASP.
Tudo isso forma um desafio que só
poderia ser confiado a quem ainda acredita nos direitos
sociais dos mais velhos. E Lula viu isso ao fazer uma avaliação
de sua própria política previdenciária.
Era preciso convocar o PDT, vitorioso em vários embates
eleitorais, mas igualmente vitorioso como uma referência
política digna, de mãos limpas.
Para ser mais lógico ainda, conhecendo
Carlos Lupi pelos encontros e pelos debates no Conselho
Político que montou, viu que ele seria o homem que
Brizola indicaria para o cargo. E foi sincero em conversa
com Miro Teixeira e o próprio Lupi, reconhecendo
que errou ao chamar um pedetista para seu primeiro ministério
sem antes consultar o grande líder trabalhista.
Em seu currículo, Lupi leva, além
da absoluta fidelidade aos postulados do brizolismo, o sucesso
na reorganização do PDT, hoje mais robusto
do que nunca, quando muitos achavam que desapareceria com
a morte de Brizola, que, por sinal ainda vive nos corações
de milhares de brasileiros. coluna@pedroporfirio.com
Valor Econômico
16/03/2007
CPI da Varig vai convocar juiz Ayoub
Ana Paula Grabois
A Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Varig, reaberta ontem na Assembléia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj), vai convocar para depor o juiz
responsável pela recuperação judicial
da companhia aérea, Luiz Roberto Ayoub. Titular da
1ª Vara Empresarial da Justiça do Rio, Ayoub
foi responsável pela aprovação da venda
da parte operacional da companhia à VarigLog por
US$ 20 milhões, em julho do ano passado.
Segundo o presidente da CPI, deputado
Paulo Ramos (PDT), a data para o depoimento não está
definida porque o juiz ainda será convocado formalmente.
Ayoub preferiu não comentar o assunto, mas uma fonte
envolvida na questão disse tratar-se de uma espécie
de vingança, pois o juiz chegou a interpelar Ramos
judicialmente.
O presidente da CPI questiona o motivo
pelo qual o fundo de investimento americano Matlin Patterson,
um dos acionistas da VarigLog, injetou US$ 20 milhões
na Varig antes mesmo de arrematar a empresa. O leilão,
entretanto, só teve a VarigLog como concorrente.
Folha Online
15/03/2007 - 15h08
Com crise da Varig, faturamento de
outras aéreas cresceu 42,4%
PATRICIA ZIMMERMANN
No ano em que a Varig quase parou, as principais
companhias aéreas do país, que assumiram a
liderança do mercado, aumentaram seu faturamento
em 42,4%, em média, em relação a 2005.
No ano anterior, a alta no faturamento havia sido de 21,5%.
Os custos dessas empresas caíram
3%, e os preços praticados, 6,4%, enquanto os postos
de trabalho aumentaram em 34,9%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Anual
de Conjuntura Econômica do Turismo, realizada pelo
Ministério do Turismo e a Fundação
Getúlio Vargas, que analisa informações
as 80 maiores empresas do setor de turismo, entre companhias
aéreas, locadoras de automóveis, hotelaria,
agências de turismo, entre outros.
A pesquisa não aponta quais as companhias
que foram consideradas, mas o secretário-executivo
do Ministério do Turismo, Márcio Favilla,
admitiu que a Varig, que seria o ponto fraco do setor no
último ano, "não existiu o ano inteiro
para a pesquisa".
A justificativa para o crescimento das
maiores companhias no ano passado foi a estratégia
de atender novos destinos e rotas, o que deverá se
repetir em 2007, segundo análise dos pesquisadores.
Entretanto, a infra-estrutura aeroportuária,
que passou por um período de caos no fim do ano passado,
e a carga tributária elevada para o setor são
apontadas pela pesquisa como potenciais "fatores limitadores"
para a expansão dos negócios.
Com expectativas otimistas para 2007, as
empresas começam o ano com projetos de investimentos
em tecnologia da informação, especialmente
em seus sistemas de vendas, a fim de alcançar uma
expansão no faturamento neste ano ainda maior que
a registrada em 2006 (45%).
Para os empresários do setor, segundo
a pesquisa, a tendência é de estabilidade nos
preços do transporte aéreo neste ano, e de
continuidade na redução dos custos (4,1%)
para as empresas em 2007.
Os postos de trabalho também devem
manter a expansão neste ano, chegando a 23,1%, segundo
a pesquisa, que aponta ainda para uma perspectiva positiva
de aumento da oferta de assentos, com a incorporação
de novas aeronaves nas frotas atuais.
Folha Online
15/03/2007 - 14h49
Crise da Varig fez o Brasil receber
menos estrangeiros em 2006
PATRÍCIA ZIMMERMANN
O Brasil recebeu menos turistas estrangeiros
em 2006 e uma das razões foi o agravamento da crise
da Varig, segundo o secretário-executivo do Ministério
do Turismo, Márcio Favilla. Em 2005, o país
registrou 6,8 milhões de desembarques em vôos
internacionais, mas no ano passado esse número só
chegou a 6,3 milhões.
Nos vôos nacionais, por outro lado,
houve crescimento de 7,4% nos desembarques, que somaram
46,3 milhões.
Em compensação, os vôos
charters, que transportam exclusivamente estrangeiros, aumentaram
20,72% em relação a 2005, e trouxeram para
o país 423.514 turistas.
"Deixamos de atingir US$ 5 bilhões,
que era a expectativa de receita com estrangeiros",
disse Favilla. O secretário admitiu que existe um
"gargalo" para o turismo internacional em relação
ao número de vôos para o Brasil.
Para este ano, no entanto, a expectativa
é que haja uma recuperação, já
que o número de vôos internacionais estaria
crescendo desde agosto do ano passado. Em janeiro, por exemplo,
o número de vôos já teria sido maior
que o registrado no mesmo período de 2006. Os dados
ainda não foram divulgados.
O sinal de recuperação do
setor neste ano estaria no desempenho registrado em janeiro,
quando as receitas em dólares cresceram 20,5% em
relação a janeiro de 2006, atingindo US$ 484
milhões.
Nas conversas com representantes de companhias
aéreas e operadoras estrangeiras, o governo tem como
prioridade, segundo o secretário, elevar o número
de vôos principalmente para as regiões Nordeste
e Norte, já que hoje os vôos internacionais
estão concentrados em São Paulo, e alguns
no Rio de Janeiro.
A boa notícia no turismo internacional,
segundo Favilla, foi que os estrangeiros continuam aumentando
seus gastos no Brasil pelo quinto ano consecutivo, mesmo
tendo desembarcado em menor número no último
ano.
A receita cambial turística (US$
4,3 bilhões) registrou no ano passado um crescimento
de 11,78% em relação aos gastos de 2005 (US$
3,9 bilhões), o que corresponde a uma alta de 116,02%
sobre o valor apurado em 2002, primeiro ano da série
de crescimento.
Já as despesas dos turistas brasileiros
no exterior cresceram 22,12%, passando de US$ 4,7 bilhões
em 2005 para US$ 5,8 bilhões em 2006, maior valor
registrado desde 1998, quando o dólar valia cerca
de R$ 1.
Em 2005, o gasto por turista estrangeiro
no Brasil foi de US$ 721 dólares durante sua estada
no país (com média de 12 dias), contra US$
300 em 2000. Os dados de 2006 ainda não foram consolidados.
O Globo Online
15/03/2007 às 14h12m
Cerca de 6.700 aposentados da Varig
param de receber benefícios em abril
Claudio de Souza
RIO - Os 6.700 aposentados e pensionistas
da Varig só receberão os benefícios
do fundo de pensão Aerus até o próximo
dia 3 de abril (benefício de março). Segundo
a Secretaria de Previdência Complementar, os recursos
em caixa do fundo de pensão só são
suficientes para o pagamento até o próximo
mês.
A previsão inicial era de que o
pagamento aos beneficiários do chamado Plano 1 (plano
mais antigo que teve adesões até 1995) tivesse
sido encerrado em janeiro deste ano , mas, com a venda de
mais alguns ativos, o fundo conseguiu recursos que viabilizaram
a prorrogação. Para o Plano 2 (que inclui
as adesões a partir de 1995 e os participantes do
plano antigo que aceitaram a migração), a
estimativa anterior era de que os pagamentos de, pelo menos,
parte dos benefícios continuasse até 2010.
Os 4.400 beneficiários do Plano
1 já estavam em pior situação. Nesse
caso, os aposentados e pensionistas já estavam recebendo
só metade dos benefícios desde outubro até
fevereiro. Para o Plano 2, que tem 2.300 aposentados e pensionistas,
a redução dos benefícios tinha sido
menor no ano passado, de 30%.
Em março,
aposentados já tiveram novo corte nos benefícios
A partir deste mês, no entanto, os
aposentados e pensionistas já tiveram outra redução
sobre o valor que vinham recebendo até fevereiro.
Os beneficiário do Plano 1, tiveram redução
de 20% sobre o valor recebido de fevereiro e os do Plano
2, de 15% sobre os pagamentos do mês passado. A justificativa
do Aerus para a última redução dos
pagamentos foi a necessidade de realizar provisões
de R$ 78 milhões por causa de uma cobrança
judicial da Receita Federal de impostos de contribuições
devidas, principalmente de PIS (Programa de Integração
Social).
Essa redução também
atingiu os aposentados e pensionistas da antiga Transbrasil
que também fazem parte do Aerus. Eles também
tiveram reduções de 15% nos pagamentos deste
mês e do próximo. Entretanto, para esses, a
secretaria afirma que não há previsão
da suspensão dos benefícios.
Só
parte dos aposentados podem voltar a receber
Os dois planos dos funcionários
da Varig estão em processo de liquidação
desde abril do ano passado, quando sofreu intervenção
da Secretaria de Previdência Complementar (SPC). O
principal problema do fundo de pensão é a
dívida da antiga Varig com o Aerus que é estimada
em R$ 2,3 bilhões.
Segundo a Secretaria de Previdência
Social, ainda há ativos do fundo de pensão
que podem ser vendidos e, então, haveria mais recursos
para que os participantes voltem a receber os benefícios.
A secretaria, no entanto, não tem previsão
de quando isso deve acontecer e a expectativa é de
que só os participantes do Plano 2 tenham possam,
eventualmente, voltar a receber os benefícios.
Os representantes dos aposentados e pensionistas
da Varig já conseguiram liminar na Justiça,
obrigando o governo a responsabilizar-se pela dívida
do fundo de pensão, porque alegam que o Executivo
tinha obrigação de ter fiscalizado as aplicações
e a gestão do Aerus. Entretanto, a liminar foi suspensa
e a disputa se arrasta na Justiça.
Valor Online
15/03/2007 - 13h58m
CPI DA VARIG CONVOCARÁ JUIZ
PARA DEPOR
Luiz Roberto Ayoub autorizou venda
da empresa à VarigLog.
Deputados querem explicações sobre a aprovação
do negócio.
A Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Varig, reaberta nesta quinta-feira (15) na Assembléia
Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), vai convocar o juiz
responsável pela recuperação judicial
da empresa, Luiz Roberto Ayoub. O magistrado, titular da
1ª Vara Empresarial da Justiça do Rio, foi responsável
pela aprovação da venda da parte operacional
da empresa aérea à VarigLog em julho de 2006
por US$ 20 milhões.
O presidente da CPI estadual, deputado
Paulo Ramos (PDT), questiona o motivo do fundo de investimentos
norte-americano Matlin Patterson, um dos acionistas da VarigLog,
ter injetado US$ 20 milhões na Varig antes de ter
arrematado a parte operacional da empresa em leilão.
"Os vitoriosos já vinham injetando
dinheiro na empresa antes. Por quê?", pergunta
o deputado. Ramos acredita que, por trás da venda
da empresa, existe uma decisão de transferir para
a concorrência parte dos ativos da Varig, especialmente
as concessões de linhas aéreas.
A CPI vai convocar para depor nas próximas
semanas Miguel Dau, gestor judicial da velha Varig (parte
da empresa que não foi vendida e que acumula dívidas
de R$ 7 bilhões), além de João Cysneiros
Vianna, primeiro administrador judicial da Varig; o diretor
de operações da Nova Varig, John Long; o ex-presidente
do Aeros (fundo de pensão da Varig) Odilon Junqueira
e o
ex-interventor do Aeros Ricardo Lodi.
A convocação ainda não
ocorreu e, portanto, não há ainda uma data
definida para as audiências.
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