O Estado de São Paulo
15/05/2007
Pilotos evitam pouso em Congonhas
17 vôos foram desviados
de última hora; falta de ranhura em pista cria
risco de derrapagem, dizem controladores
Camilla Rigi
No primeiro dia da reforma da pista principal do Aeroporto
de Congonhas, zona sul, 17 vôos, além dos
48 já programados, foram desviados para o Aeroporto
de Cumbica, Guarulhos, na última hora. O motivo
alegado pelas companhias aéreas foi o mau tempo,
que impôs restrições ainda maiores
aos pousos na pista auxiliar, 500 metros menor que a principal.
Reaberta há uma semana, após reforma, ela
foi ampliada, mas o grooving (superfície com ranhuras
que ajudam a escoar a água) ainda não foi
feito. Sem isso, fica escorregadia com qualquer garoa,
dizem controladores e pilotos ouvidos pelo Estado.
Apesar disso, o presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura
Aeroportuária (Infraero), brigadeiro José
Carlos Pereira, afirmou que não há mais
problema de acúmulo de água na pista auxiliar
e o índice de atrito segue normas internacionais.
Ele garantiu que Congonhas tem condições
de receber pousos normalmente, desde que os aviões
estejam com o peso determinado - há uma tabela
técnica que prevê, em pistas menores, o uso
de aeronaves mais leves. “A decisão soberana
é do piloto que opta por pousar ou não na
pista molhada.” Pereira disse que vai ler o relatório
de cada piloto para saber quais foram os problemas mencionados
na operação ontem.
Para o diretor de Segurança do Sindicato Nacional
dos Aeronautas, Carlos Camacho, a segunda pista de Congonhas
já é de alto risco mesmo sem chuva. “O
grooving é importante mesmo na principal, que é
maior. A 860 metros de altitude, com uma pista de 1.434
metros, sem área de escape longitudinal , eu não
pousaria mesmo. Foram heróis esses pilotos que
se recusaram.”
De acordo com a Infraero, dos vôos desviados na
última hora para Guarulhos, cinco eram da TAM,
dois da Ocean Air, sete da Varig e três da Gol.
Além desses, a TAM informou que seis aviões
foram para Campinas e um para Ribeirão Preto. Pousaram
nessas cidades, mas retornaram a São Paulo assim
que o tempo melhorou. A Ocean Air confirmou apenas uma
transferência.
O empresário Luiz Rebelo saiu de São José
do Rio Preto num vôo da TAM e deveria ter pousado
em Congonhas às 9h30, mas desceu em Guarulhos.
“Foi uma confusão. Disseram que a pista auxiliar
não tinha condições de pouso. E agora
não sabem para onde foram as bagagens.” Rebelo
teve de ir a Congonhas para pegar a conexão para
o Rio.
Segundo Pereira, é normal haver um período
de adaptação da malha com a interdição
da pista principal. “Em dois ou três dias,
a situação deve estar normalizada.”
Às 18 horas, a Infraero informou ter registrado
atraso de mais de uma hora em 14% dos 1.332 vôos
programados no País.
Durante o período de obras, a Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac) suspendeu 106 vôos
diários em Congonhas e transferiu outros 48 para
Guarulhos. O número de pousos e decolagens caiu
de 38 para 33 por hora no terminal da zona sul. O horário
de funcionamento também foi modificado. De segunda
a sexta-feira, ele ficará aberto das 5h30 à
meia-noite; aos sábados, das 6 às 23 horas;
e, aos domingos, das 7 horas à meia-noite.
A pista principal foi fechada à meia-noite de
domingo para os primeiros trabalhos de topografia. No
total, 140 pessoas trabalham na recuperação
do pavimento, que vai levar 45 dias. Outros 90 dias serão
necessários para refazer a sinalização
e o grooving. A previsão de Pereira é de
que, após a obra, a vida útil da pista seja
de 10 ou 12 anos.
A reforma custará R$ 19,9 milhões. As construtoras
responsáveis são OAS e Galvão Engenharia.
Jornal do Brasil
15/05/2007
Aeronáutica restringe visita
de CPI ao Cindacta
Leandro Mazzini
Brasília. A visita dos integrantes da CPI do
Apagão Aéreo ontem ao Centro Integrado de
Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo,
o Cindacta 1, em Brasília, terminou com informações
tão desencontradas como as que envolvem o misterioso
acidente com o avião da Gol, em setembro passado,
alvo da investigação.
A maior reclamação foi a distância
dos controladores - nenhum profissional que atuava pôde
conversar com os deputados, para não atrapalhar
a fiscalização do controle aéreo.
Uma janela separava os parlamentares dos controladores.
Os integrantes da CPI garantiram, no entanto, que o grupo
será convocado.
Depois de percorrerem as instalações, sob
os olhos atentos dos militares, os deputados pareciam
ter saído da torre de Babel. Ninguém se
entendia, e cada um apontava um motivo diferente para
as possíveis causas da tragédia.
O relator da comissão, Marco Maia (PT-RS), disse
ter gostado de visitar principalmente a "área
de lazer" dos controladores. Mais prudente, o presidente
da CPI, Marcelo Castro (PMDB-PI), preferiu evitar prognósticos.
Vic Pires (DEM-PA) se antecipou ao debate e deduziu que
o problema está nos radares.
- Estamos começando hoje, eles vão dar
mais explicações. Mas se houvesse mais radares
na região da Amazônia, talvez o acidente
tivesse sido evitado. Acho que devemos visitar o Cindacta
4, na Amazônia. O problema está lá
- comentou o deputado.
Atento ao que dizia o parlamentar, dois metros atrás
dele o novo diretor do Cindacta, coronel Eduardo Raulino,
discordou. Teve de explicar, depois, que os radares são
o menos importante na questão. Os militares também
negaram, mas deputados disseram que houve cobrança
para a liberação de verbas. O contingenciamento
para o setor atrasou investimentos. Raulino desconversou.
- O Cindacta 1 é uma organização
de execução. Não lidamos com o Orçamento.
Neste momento, o que temos de verba nos atende.
O brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica,
acompanhou o grupo, mas evitou a imprensa.
Valor Econômico
15/05/2007
Deputados da CPI do Apagão
atestam crise do Cindacta I
Os deputados da Comissão de Parlamentar de Inquérito
(CPI) do Apagão Aéreo visitaram ontem o
Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de
Tráfego Aéreo de Brasília (Cindacta
I) e deixaram o local com a certeza de que há dois
problemas graves na aviação brasileira:
contingenciamento elevado de recursos e falta de infra-estrutura
adequada para o sistema funcionar plenamente.
G1 - Globo
14/05/2007 - 11h01
Acordo vai 'congelar' venda da Varig,
Ipiranga e Cintra
Cade vai assinar nesta semana
acordo com a Ambev e a Petrobras.
Também deve sair um entendimento com a Gol e a
Telefônica.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
abriu a temporada de acordos para suspender grandes fusões.
O órgão antitruste deve assinar na próxima
quarta-feira (14) com a Ambev um Acordo de Preservação
da Reversibilidade da Operação (Apros) para
"congelar" o processo de compra da cervejaria
Cintra. Existe a expectativa de que o Cade consiga também
chegar a um entendimento, no mesmo dia, com a Petrobras,
para delimitar restrições à compra
do negócio de distribuição de combustíveis
da Ipiranga.
Nas próximas semanas, o Cade deverá estudar
a possibilidade de assinar acordos semelhantes com a Gol,
devido à compra da Varig, e com a Telefônica,
por causa da aquisição da Telecom Itália.
A temporada de acordos surgiu em resposta ao recente
"boom" de grandes fusões e aquisições
no Brasil. "O que aconteceu foi que as empresas abriram
as carteiras e foram às compras", comentou
o conselheiro Luís Fernando Rigato Vasconcellos.
Os acordos servem para evitar que uma fusão se
consolide de tal forma a tornar inútil uma eventual
decisão do Cade contrária ao negócio.
Se uma empresa compra a outra, encerra sua atividade e
desativa as marcas, o órgão antitruste não
poderá, depois, ordenar a venda das marcas. Nesses
acordos, o Cade obriga as empresas a manter estruturas
separadas até a decisão final. Elas não
podem fechar fábricas, nem cancelar marcas. Todos
os ativos devem ser mantidos intactos. A fusão
fica "congelada".
A Ambev já comunicou ao Cade que aceita fazer
um acordo para manter a marca Cintra no mercado. Com isso,
o Cade poderá impor restrições ao
negócio no futuro - como a venda das fábricas
e da marca -, caso conclua que a compra da Cintra seja
prejudicial à concorrência.
No caso Petrobras-Ipiranga, o Cade ficou preocupado com
a elevação da participação
da Petrobras para cerca de 50% do mercado em vários
municípios no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os
conselheiros chegaram a baixar medida preventiva suspendendo
os efeitos da compra da Ipiranga nessas regiões.
A Petrobras pediu para negociar e foi aberto um prazo
para a estatal apresentar uma proposta.
A compra da Varig foi notificada há duas semanas.
A expectativa é que, se o Cade optar por um acordo
no caso, não será nada dramático,
pois as empresas mantêm as suas estruturas de funcionamento
em separado. Inclusive os preços das passagens
da Gol e da Varig estão diferentes.
A compra da Telecom Itália sequer foi notificada
formalmente, mas representantes da Telefônica já
se adiantaram e informaram ao Cade que as estruturas das
empresas serão mantidas em separado.
O primeiro desses acordos foi assinado pelo Cade em março
de 2002, no processo da compra da Biobrás pela
Novo Nordisk. Na mesma data, o Cade também fechou
o acordo mais famoso, que suspendeu a compra da Garoto
pela Nestlé.