Jornal do Cormércio - RS
14/06/2007
A Varig e seus aposentados
Affonso Ritter
A salvação da Varig foi um sucesso, decorrente
em grande parte da nova legislação de falências
e concordatas, ou recuperação de empresas.
Tanto que ela foi comprada pela Gol, que promete devolver
seu prestígio. Mas sua recuperação
esqueceu dos milhares de funcionários, que, ao
longo da vida, fizeram vultosos descontos nos salários
para o fundo de pensão a fim de garantirem uma
aposentadoria digna que agora não estão
podendo usufruir. Mas nem tudo está perdido. Há
no horizonte a bilionária indenização,
devida pelo governo federal à empresa, mas para
a qual ainda falta a decisão do STF para sua liberação.
Estado de São Paulo
147/06/2007
Acordo no Cade 'congela'
compra da Varig pela Gol
Renata Veríssimo
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
assinou ontem um acordo com a companhia aérea Gol
que impede a integração da empresa com a
recém-adquirida Varig até o julgamento final,
pelos órgãos de defesa da concorrência,
da operação de compra. Na prática,
o negócio fica congelado.
A única permissão do Cade é para
que a Varig possa utilizar a malha aérea da Gol
para conexões de vôos internacionais que
chegam ou partem dos aeroportos de Guarulhos, em São
Paulo, e Galeão, no Rio. O acordo autoriza a Varig
a utilizar passagens da Gol no trecho de ligação
para esses dois aeroportos e proíbe o compartilhamento
de assentos em outros trechos.
O relator do caso, Luis Fernando Rigato, afirmou que
a preocupação do Cade é que não
haja a integração administrativa e societária
das duas empresas até que a operação
seja julgada. As duas companhias se comprometeram a manter
os seus negócios separados, com a identidade jurídica
e a marca de cada uma. A venda de passagens aéreas
também continuará ocorrendo separadamente.
A Varig também terá que manter suas contas
e finanças separadas da Gol.
O advogado das empresas, Fernando Marques, considerou
o acordo positivo, porque permite as medidas necessárias
para a administração da Varig, e, ao mesmo
tempo, preserva as companhias até o julgamento
da operação pelo Cade.
Outros dois acordos também foram fechados ontem.
Um deles envolve as empresas Air Liquide e White Martins
que formaram um consórcio para a produção
de gases industriais para uma planta a ser instalada em
Santa Cruz (RJ), pela Companhia Siderúrgica do
Atlântico (CSA). O acordo prevê que a White
Martins não participará da gestão
do consórcio.
O outro acordo foi assinado com a Petrobras e a Ipiranga
Asfaltos (Iasa). As duas empresas se comprometem a manter
a estrutura administrativa da Ipiranga Asfaltos, as marcas
e os produtos usados pela empresa, além das estruturas
de logística, distribuição e comercialização
da Iasa.
Estado de São Paulo
14/06/2007
Varig poderá usar malha de
vôos da Gol
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) e as empresas Varig e Gol assinaram acordo ontem
para manter a separação das empresas até
o julgamento da compra. O acordo permite, porém,
que a Varig utilize a malha de vôos da Gol para
receber ou distribuir passageiros nos aeroportos em que
são operados vôos internacionais da Varig.Pelo
acordo, a Varig terá que manter suas contas e finanças
totalmente separadas da Gol.
Jornal do Brasil
14/06/2007
Cade congela venda da Varig para
Gol e impõe derrota à Vale
Rivadavia Severo
Brasília. O Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) aprovou ontem medida liminar que
congela a compra da Varig pela Gol. O objetivo é
preservar o cumprimento de uma possível decisão
do Cade contrária à fusão das duas
empresas no futuro. O chamado acordo de preservação
da reversibilidade da operação (Apro) congela
a aquisição da Varig anunciada no fim de
março, no valor de US$ 320 milhões.
Com o acordo, as duas companhias comprometem-se a manter
os conselhos administrativos separados e também
uma política distinta.
Segundo a assessoria do Cade, a preocupação
do órgão regulador é evitar a integração
administrativa e societária das duas empresas até
a apreciação da operação pelo
órgão.
Com a decisão, a Gol deverá manter os ativos
da Varig e não poderá tomar medidas que
desvalorizem a companhia adquirida, como demitir um grande
número de funcionários ou reduzir o número
de vôos.
Também ontem, o Cade negou pedido da Companhia
Vale do Rio Doce de reapreciação de decisões
do órgão envolvendo a mina Casa de Pedra,
da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). O Cade
informou que o recurso da Vale à Justiça
contra a decisão do órgão foi um
dos fatores observados na negativa.
"Restou claro que a Vale praticou ato incompatível
com a vontade de recorrer administrativamente, que pode
ser entendido como renúncia ao direito de pedir
reapreciação administrativa", informou
o Cade, por meio de comunicado.
A questão que está sob análise no
Cade refere-se à compra das mineradoras Caemi,
Ferteco, Socoimex e Samitri, além do descruzamento
da participação societária da Vale
com a CSN.
Valor Econômico
14/06/2007
Cade decide congelar aquisição
da Varig pela Gol
BRASÍLIA - O Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) do Ministério da Justiça
assinou, ontem, um acordo com a Gol pelo qual congela
parte da compra da Varig até que o órgão
aprove ou vete a conclusão do negócio. A
Gol se comprometeu a manter a identidade da VRG - empresa
formada no processo de falência da Varig - e os
recursos necessários para o seu funcionamento.
Pelo acordo, a VRG deverá ser mantida como empresa
independente e a Gol não poderá participar
da gestão da empresa. Com isso, foi atendido o
objetivo do órgão antitruste. Segundo o
relator do processo, conselheiro Luís Fernando
Rigato Vasconcellos, o Cade quer garantir que a compra
da Varig pela Gol não se transforme num fato consumado
e possa ser revista, caso se conclua, no futuro, que ela
prejudica a competição. Rigato temia que
a Gol assumisse a VRG de tal forma que tornasse inviável
uma futura decisão ordenando a venda dessa empresa
para uma concorrente. A VRG terá de manter as suas
contas e finanças em separado da Gol.
Desde que comprou a VRG, em 28 de março, a Gol
vem afirmando que as operações das duas
empresas serão mantidas separadamente.
O acordo com o Cade determina que os ativos da VRG sejam
preservados e que as marcas Gol e Varig sejam utilizadas
separadamente. Ou seja, a Gol fica proibida de suspender
a marca Varig do mercado, embora a empresa nunca tenha
mencionado essa hipótese publicamente.
Do lado operacional, o acordo determina que as duas empresas
mantenham políticas comerciais e sistemas de vendas
de passagens completamente independentes um do outro.
A possibilidade de " code share " (compartilhamento
de vôos) também está restrita. Pelo
acordo, a Varig está autorizada a utilizar a malha
aérea da Gol para a coleta ou distribuição
de passageiros apenas nos aeroportos em que são
operados os vôos internacionais da Varig - Galeão,
no Rio de Janeiro, e Guarulhos, em São Paulo. Com
isso, o Cade limitou o compartilhamento da venda de bilhetes
em vôos internacionais da Varig nestes dois aeroportos.
Está vedado o " code share " em outros
trechos.
O Cade poderá rever o acordo, caso entenda necessário.
Já as empresas poderão pedir ao órgão
antitruste a revisão dos termos do acordo. O descumprimento
das medidas leva a multa diária de R$ 5 mil.
O advogado da Gol, Fernando Marques, tentou impedir a
divulgação dos termos do acordo para a imprensa.
Ele ameaçou processar um funcionário do
Cade que estava entregando cópias da decisão
a jornalistas. A decisão foi lida em público
durante o julgamento.
Desde que anunciou a compra da Varig, a Gol vem tomando
uma série de ações para reestruturar
suas operações. Uma das primeiras medidas
foi negociar contratos para ampliar a frota da Varig com
empresas de leasing (aluguel). A Gol vem se preparando
para retomar as linhas internacionais que são da
Varig.
Folha de São Paulo
14/06/2007
Cade congela por ora acordo para
fusão da Gol com a Varig
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Gol e a Varig assinaram ontem um acordo com o Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em
que se comprometem a "congelar" a operação
de fusão entre as duas companhias aéreas
até que o negócio seja julgado.
O Acordo de Preservação de Reversibilidade
da Operação assegura que a operação
pode ser desfeita no futuro, caso o conselho venha a entender
que o negócio provoca danos ao mercado. "O
acordo é positivo porque permite que as empresas
adotem as medidas necessárias e que o sistema preserve
a reversibilidade da operação até
o julgamento", avaliou o advogado das empresas, Fernando
Marques.
Os negócios devem permanecer separados e a identidade
jurídica da Varig mantida independente, assim como
os registros necessários para seu funcionamento.
O acordo permite, no entanto, que a Varig use a malha
doméstica da Gol para alimentar e distribuir passageiros
de vôos internacionais do Galeão (RJ) e de
Guarulhos (SP).
Estadão
13 de junho de 2007 - 20:15h
Criada subcomissão para ajudar
aposentados da Varig
Além de auxiliar pensionistas,
subcomissão pressionará governo a pagar
R$ 6,2 bi à Varig de ressarcimento pelas perdas
dos planos econômicos da década de 80
Elder Ogliari
PORTO ALEGRE - A Comissão de Economia e Desenvolvimento
da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul
criou uma subcomissão para auxiliar o fundo de
pensão Aerus a pressionar o governo federal a pagar
R$ 6,2 bilhões à Varig de ressarcimento
pelas perdas decorrentes do congelamento do valor das
passagens pelos planos econômicos da década
de 80. A decisão foi tomada nesta quarta-feira,
13, depois de uma reunião dos participantes da
comissão com centenas de ex-funcionários
da empresa.
"Vamos solicitar audiências com os ministros
da Justiça (Tarso Genro) e da Casa Civil (Dilma
Rousseff) para pedir que o governo federal faça
um acordo e solucione o problema", prometeu o deputado
estadual Kalil Sehbe (PDT), escolhido coordenador da subcomissão.
Tanto o parlamentar quanto os ex-funcionários
da Varig citam decisões da Justiça que reconhecem
a dívida do governo federal com a empresa como
a salvação dos beneficiários da Varig
no plano Aerus. Se o governo deixar de usar recursos judiciais
e quitar a dívida, uma fatia de R$ 3 bilhões
do total será destinada ao fundo, que, com isso,
poderá seguir pagando os benefícios.
Na situação atual, os aposentados da Varig
estão recebendo apenas 40% dos seus proventos e
por apenas mais um mês. Cerca de 7,5 mil pessoas
são beneficiárias do Aerus pela Varig. "Há
pessoas de baixo poder aquisitivo que estão com
sua sobrevivência ameaçada depois de terem
contribuído durante toda a vida", ressalta
o vice-diretor da Associação dos Funcionários
da Varig em Porto Alegre, Benoit Ullmann.
Agencia Estado
13/06/2007 - 18:59 h
Cade congela compra da Varig pela
Gol
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
aprovou hoje os termos do acordo de preservação
da reversibilidade da operação (Apro), que
congela a compra da Varig pela Gol. Segundo o conselheiro
relator Luiz Fernando Rigatto, a preocupação
do Cade é que não haja a integração
administrativa e societária das duas empresas até
a apreciação da operação pelo
órgãos de defesa da concorrência.
Com a assinatura do acordo, as duas companhias se comprometerão
a manter os seus conselhos administrativos separados e
também uma política distinta. Os termos
do acordo ainda não foram divulgados à imprensa.
Agência de Notícias da ALERGS
13:21h - 13/06/2007
ECONOMIA
Deputados criam subcomissão
para buscar indenização à Varig
Marinella Peruzzo
Edição: Gilmar Eitelwein Foto: Marco Couto
/ Ag AL
Audiência tratou do encaminhamento
da proposta
A criação de uma subcomissão que
buscará o pagamento imediato de uma parcela de
R$ 3 bilhões da indenização devida
pelo governo federal à Varig foi a proposta dos
deputados presentes à audiência pública
realizada nesta manhã de quarta-feira (13) pela
Comissão de Economia e Desenvolvimento. O valor
se refere a uma ação judicial de R$ 6,2
bilhões decorrente do congelamento do preço
das passagens aéreas no Plano Cruzado, em 1986.
"Iremos a Brasília quantas vezes forem necessárias
para exigir o pagamento", declarou o deputado Kalil
Sehbe (PDT), proponente da audiência.
O deputado Adão Villaverde (PT) sugeriu que a primeira
audiência em Brasília seja marcada com a
ministra da Casa Civil, Dilma Roussef. Segundo ele, a
informação que recebeu da ministra é
de que o governo não pretende mais recorrer da
ação e estuda uma forma de pagamento parcelado.
As declarações foram feitas após
detalhada explanação de representantes da
Fundação Ruben Berta e de associações
de trabalhadores e usuários de transporte aéreo
sobre a situação dos 7,5 mil beneficiários
(1,5 mil no Rio Grande do Sul) da Varig no plano Aerus
de previdência privada.
Nelson Cirtoli, assessor previdenciário da Amvvar,
apresentou um histórico de como as sucessivas negociações
ilegais das dívidas da Varig culminaram na crise
atual. "Em sete anos houve 16 negociações
da dívida. Por quê o governo aceitava essas
negociações? Porque sabia que ele próprio
era culpado pela abertura do mercado, pelo congelamento
dos preços das passagens e pelo cancelamento dos
repasses de 3% sobre o valor da venda das passagens domésticas",
disse. "Por jogadas políticas de vários
governos, chegamos ao ponto em que estamos hoje",
considerou. "Até 1991, a Varig era dona de
seus aviões, depois teve que vendê-los e
passou a alugar aviões para continuar voando".
Para Cláudio Candiota Filho, presidente da Associação
dos Usuários de Transporte Aéreo, o grande
responsável pelo chamado "caos aéreo"
é a União. "O problema veio se agravando
e explodiu nessa administração", avaliou.
Ele lembrou que a Constituição Federal determina
que cabe ao governo fiscalizar permanentemente os serviços
concedidos, mas que, apesar dos inúmeros alertas
que a própria associação vinha fazendo,
nenhuma medida foi tomada para se evitar um apagão
aéreo. "Nada do que a lei manda fazer for
feito", declarou. Segundo ele, acabou-se com um terço
das rotas, o que sobrecarregou o espaço aéreo
em Brasília, e demitiram-se 9 mil funcionários.
Cesar Curi de Souza criticou declarações
divulgadas pela imprensa ao longo dos anos, desqualificando
a Varig e a Fundação Ruben Berta, e ameaças
do governo federal de retardar o encontro de contas, retirar
o apoio do banco federal, paralisar o fornecimento de
produtos e serviços pelos credores governamentais
e de intervenção na empresa.Marcelo Duarte,
da Associação dos Pilotos da Varig, classificou
o que ocorreu na Varig como um crime de lesa-pátria.
"Foram vários crimes seguidos que vêm
fazendo o país perder milhares de dólares
e postos de trabalho e o deixa prestes a ser rebaixado
no cenário internacional da aviação",
considerou.
Gerson de Oliveira, do sindicato dos Aeroviários,
lembrou que "muitos que começaram essa caminhada
não estão mais conosco" e que "a
solução depende de uma decisão política".
A assessora jurídica da Aprus, Cristina Dornelles,
cujo pai, beneficiário do fundo de previdência,
faleceu em setembro passado, disse que lutará até
o fim para ver a situação dos demais beneficiários
solucionada. "Ninguém entra num fundo de pensão
para receber reservas matemáticas, o que se quer
é tranqüilidade", disse.
Cesar Curi de Souza lembrou que o fundo de previdência
foi criado justamente após a identificação
de graves problemas físicos e psicológicos
afetando os trabalhadores aéreos. O fundo tinha
como objetivo, portanto, amenizar esses problemas, dando
mais tranqüilidade aos funcionários.
O Aerus foi criado em 1982 com três fontes mensais
de custeio: trabalhadores, empregadoras e União,
por meio do recolhimento de 3% sobre o valor da venda
das passagens aéreas nacionais domésticas.
Em 1991, 22 anos antes do previsto, esta terceira fonte
foi suspensa.
Participações
Presentes à audiência também Luiz
Müller, representando o ministro do Trabalho, Carlos
Lupi, e os deputados Nelson Härter (PMDB), presidente
da comissão, Edson Brum (PMDB), Alceu Moreira (PMDB),
Raul Carrion (PCdoB), Iradir Pietroski (PTB), Heitor Schuch
(PSB) e Adão Villaverde (PT).