Jornal do Brasil
14/05/2007
Ex-empresa da Varig duplica receita
da TAP com serviços
Ana Paula Machado
São Paulo. O grupo português TAP vai duplicar
o faturamento neste ano com a manutenção
de aviões. Com o aumento de 90% na participação
na VEM Manutenção e Engenharia, o antigo
braço de manutenção da Varig, a empresa
conseguiu um novo canal para crescer. O presidente do
grupo português, o brasileiro Fernando Pinto, revela
que havia uma incapacidade de expansão da TAP Manutenção
e Engenharia. Por isso, a TAP decidiu ampliar sua presença
na VEM.
- Além de nossas aeronaves, realizamos também
em nosso centro de manutenção, serviços
para outras companhias - esclarece. - Com o crescimento
da aviação comercial no mundo tínhamos
que procurar outras alternativas.
De acordo com o executivo, 50% dos serviços de
manutenção realizados na TAP são
para grandes empresas internacionais.
- Esses clientes também operam no Brasil e isso
vai facilitar a integração dos trabalhos.
A TAP adquiriu da GE Capital parte da Reaching Force,
passando a ter participação de 90% na VEM
Manutenção e Engenharia. A companhia portuguesa
concretizou a operação exercendo o direito
de opção contratualmente previsto e, simultaneamente,
procedeu a um aumento do capital social da VEM no valor
de 24 milhões, dotando a organização
de manutenção brasileira com a estrutura
financeira adequada à reestruturação.
O presidente da TAP revela que o segmento de manutenção
de aeronaves representa atualmente 10% do faturamento
total da companhia. No ano passado, as receitas com este
tipo de serviço geraram 200 milhões.
- Já este ano a participação saltará
em até 20% do faturamento da TAP, isso em função
das operações da VEM - projetou Fernando
Pinto.
A VEM, que faturou R$ 300 milhões no ano passado,
tem como clientes, além da Varig, empresas como
Aerolineas Argentinas, Copa Airlines, Embraer, Euro Atlantic,
LAN Chile, Ocean Air, Varig Log e a Força Aérea
Brasileira (FAB). A companhia dispõe de oito hangares
de manutenção espalhados pelo Brasil. A
VEM ainda tem certificação da Boieng, Airbus,
Fokker e Embraer para realizar os trabalhos necessários
nos aviões.
Para o consultor e presidente da Aeromarketing, Décio
Corrêa, a compra da VEM pela TAP foi uma jogada
de mestre da companhia portuguesa, uma vez que o Brasil
tem o quinto maior mercado mundo e, por isso, detém
tecnologia, normas e legislações severas
para manter as aeronaves no ar.
- Há espaço ainda para crescimento - disse,
ao lembrar que um estudo da Boeing mostra que a aviação
comercial na América Latina tem potencial para
crescer 15% em cinco anos.
No Brasil, desde 2004, o setor tem taxas acima de dois
dígitos. Só no ano passado foram transportados
15% de passageiros a mais que em 2005.
- Em 2006, foram cerca de 100 milhões de passageiros
e a expectativa é que em 2015 isso dobre. Como
sustentar este crescimento sem uma manutenção
competente aqui? - questiona Corrêa.
No Brasil, existem hoje 300 oficinas de manutenção
de aeronaves. Especialistas calculam que esse mercado
fature em torno de US$ 500 milhões por ano. Além
disso, voam pelos céus brasileiros 16.534 aeronaves.
- O mercado total de aviação fatura de
US$ 14 bilhões a US$ 16 bilhões por ano
no país - ressaltou o consultor.
A TAP encerrou o ano passado com com um lucro de 7,3
milhões de euros, acima da meta de 4 milhões
de euros prevista para o período. A companhia portuguesa
também terminou o ano passado com resultado operacional
de 30,3 milhões de euros, ante os 9,5 milhões
negativos de 2005. Os vários tipos de negócio
da companhia - transporte aéreo, manutenção
e carga - fizeram a receita crescer 21,7% em relação
ao ano anterior, ao atingir 1,65 mil milhões de
euros.
No mesmo período, a TAP registou um aumento de
14,4% dos custos, principalmente por causa da alta do
preço do petróleo, que encareceu os gastos
com combustível - que atingiu 373 milhões.
Com isso, os custos globais registaram um crescimento
de 18,1%.
Folha de São Paulo
14/05/2007
CPI reforça interesse em
ouvir pilotos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
A transcrição dos dados da caixa-preta
do Legacy que se chocou com o avião da Gol, matando
154 pessoas, reforçou o interesse da CPI do Apagão
Aéreo de ouvir os pilotos do jato, os americanos
Joseph Lepore e Jan Paul Paladino.
Reportagem da Folha revelou que eles estavam inseguros
no vôo, mostrando falta de familiaridade com os
equipamentos. Há dúvidas se a CPI pode exigir
a presença dos pilotos no Brasil.
Valor Econômico
14/0/2007
Cade faz acordos com empresas para
"congelar" grandes fusões
Juliano Basile
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) abriu a temporada de acordos para suspender grandes
fusões . O órgão antitruste deve
assinar quarta-feira com a Ambev um Acordo de Preservação
da Reversibilidade da Operação (Apros) para
"congelar" o processo de compra da cervejaria
Cintra. Existe a expectativa que o Cade consiga também
chegar a um entendimento, no mesmo dia, com a Petrobras,
para delimitar restrições à compra
do negócio de distribuição de combustíveis
da Ipiranga.
Nas próximas semanas, o Cade deverá estudar
a possibilidade de assinar acordos semelhantes com a Gol,
devido à compra da Varig, e com a Telefônica,
por causa da aquisição da Telecom Itália.
Mas os conselheiros ainda não receberam informações
consistentes sobre essas duas operações.
A temporada de Apros surgiu em resposta ao recente "boom"
de grandes fusões e aquisições no
Brasil. "O que aconteceu foi que as empresas abriram
as carteiras e foram às compras", comentou
o conselheiro Luís Fernando Rigato Vasconcellos.
Para ele, não existe uma tendência do Cade
em assinar Apros, mas uma resposta do órgão
a cada uma das fusões.
Os Apros servem para evitar que uma fusão se
consolide de tal forma a tornar inútil uma eventual
decisão do Cade contrária ao negócio.
Se uma empresa compra a outra, encerra sua atividade e
desativa as marcas, o órgão antitruste não
poderá, depois, ordenar a venda das marcas. Nesses
acordos, o Cade obriga as empresas a manter estruturas
separadas até a decisão final. Elas não
podem fechar fábricas, nem cancelar marcas. Todos
os ativos devem ser mantidos intactos. A fusão
fica "congelada".
No caso Ambev-Cintra, a Ambev já comunicou ao
Cade que aceita fazer um Apro para manter a marca Cintra
no mercado. O documento seria assinado quarta-feira passada,
mas técnicos do Cade entenderam que deveria ser
melhor especificado que a Ambev não irá
fechar as fábricas da Cintra. Com isso, o Cade
poderá impor restrições ao negócio
no futuro - como a venda das fábricas e da marca
-, caso conclua que a compra da Cintra seja prejudicial
à concorrência.
No caso Petrobras-Ipiranga, o órgão antitruste
está tentando chegar a uma negociação
para evitar que a fusão impeça restrições
futuras ao mercado de distribuição de combustíveis.
O Cade ficou preocupado com a elevação da
participação da Petrobras para cerca de
50% do mercado em vários municípios no Norte,
Nordeste e Centro-Oeste. Os conselheiros chegaram a baixar
medida preventiva suspendendo os efeitos da compra da
Ipiranga nessas regiões. A Petrobras pediu para
negociar e foi aberto um prazo para a estatal apresentar
uma proposta de "governança corporativa"
para os negócios de distribuição.
A compra da Varig foi notificada há duas semanas.
O negócio é bastante diferente da união
entre a TAM e a própria Varig, que foi monitorada
de perto pelo Cade, com a assinatura de um Apro. A fusão
acabou não sendo levada a cabo e o Apro foi arquivado.
Já a Gol comprou uma empresa em fase de recuperação.
A expectativa é que, se o Cade optar por um Apro
no caso Gol-Varig, não será nada dramático,
pois as empresas mantêm as suas estruturas de funcionamento
em separado. Inclusive os preços das passagens
da Gol e da Varig estão diferentes, o que não
aconteceu no caso Varig-TAM.
A compra da Telecom Itália sequer foi notificada
formalmente, mas representantes da Telefônica já
se adiantaram e informaram ao Cade que as estruturas das
empresas serão mantidas em separado. Com isso,
querem afastar a possibilidade de assinar um Apro, no
qual a promessa de independência se transformaria
em obrigação.
O Cade estava há mais de um ano sem assinar Apros,
mas o recente "boom" de fusões levou
os conselheiros a retomar a prática. No processo
da compra da Ipiranga, o órgão assinou acordo
com a Braskem, que terá que manter os ativos, as
instalações físicas e a carteira
de clientes e fornecedores de matérias-primas da
Ipiranga Petroquímica. E, agora, deverá
chegar a termo com a Petrobras.
O primeiro Apro do ano provocou a suspensão dos
efeitos da compra da Engine Products Group - divisão
de motores da Dana Corporation pelo grupo Mahle. O negócio
rendeu 88% do mercado de pistões - componentes
usados na indústria automotiva - e os conselheiros
acharam prudente "congelar" a aquisição.
O primeiro Apro foi assinado pelo Cade em março
de 2002 no processo da compra da Biobrás pela Novo
Nordisk. Na mesma data, o Cade também fechou o
Apro mais famoso, que suspendeu a compra da Garoto pela
Nestlé.
Apesar de levarem a restrições temporárias
às empresas, os Apros não são mal
vistos pelos advogados. A assinatura dos acordos de suspensão
das fusões leva em conta um processo de negociação
com as empresas, não são decisões
impostas pelos conselheiros.
O Estado de São Paulo
14/05/2007
Obra tira 157 vôos de Congonhas
Reforma da pista principal do
aeroporto começa hoje e dura 45 dias; contrato
de emergência é de R$ 19 milhões
Camilla Rigi
A reforma da pista principal do Aeroporto de Congonhas,
na zona sul, começa hoje, com a transferência
de 51 vôos para Cumbica, em Guarulhos, e 106 cancelamentos
temporários. Anunciada desde o início de
2006, a obra só foi autorizada sexta-feira pela
Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária
(Infraero). O contrato emergencial custará mais
de R$ 19 milhões e deve durar 45 dias.
O principal problema da pista é o acúmulo
de água. Desde o final do ano passado, por segurança,
a Infraero mede a lâmina de água sobre a
pista em dias de chuva. Se estiver superior a 3 milímetros,
as operações são interrompidas. O
procedimento serve para evitar que os aviões derrapem,
mas será abandonado depois da reforma.
Em março de 2006, um Boeing da BRA com 115 passageiros
fez um ziguezague na pista molhada e quase caiu na Avenida
Washington Luís.
Entre as melhorias previstas, estão a correção
do caimento da pista para 1,5%, o que deve aumentar a
velocidade de escoamento da água, a regularização
do pavimento com uma camada de asfalto menos densa e a
colocação de uma capa de asfalto com todas
as especificações necessárias para
manter o índice de atrito. A sinalização
e o grooving (ranhuras que evitam o acúmulo de
água) são os últimos passos da obra.
A previsão é concluir a reforma até
27 de junho, antes das férias.
Como a pista auxiliar, que foi liberada na semana passada,
fica no lado oposto ao terminal de passageiros, três
pontos da pista principal terão de ser reformados
por último para permitir o deslocamento dos aviões.
Outras duas vias de manobra entre as pistas também
serão construídas para agilizar o deslocamento
das aeronaves.
Durante a reforma, o aeroporto funcionará em três
horários diferentes: de segunda a sexta-feira,
ficará aberto das 5h30 à meia-noite; aos
sábados,das 6 às 23 horas; e, aos domingos,
das 7 horas à meia-noite. Nesse período,
o número de pousos e decolagens vai cair de 38
para 33 por hora.
Aviões como 737-700, 737-800 e Fokker 100 não
deverão operar em Congonhas, pois a pista auxiliar
- 505 metros mais curta que a principal - não suporta
esses tipos de aeronave. A empresa que mais precisou cortar
vôos foi a Varig, com 66 suspensões de um
total de 169 operações que realizava no
aeroporto. A OceanAir cortará 12 dos seus 36 vôos.
Apenas a TAM e a Gol foram autorizadas a transferir parte
de suas operações para Cumbica.
A pista principal tem 1.939 metros de comprimento por
45 metros de largura e recebe 70% das operações
de Congonhas que, na média de 2006, foram 630 pousos
e decolagens diários. Segundo a Agência Nacional
de Aviação Civil, os passageiros deverão
ser informados das mudanças pelas companhia aéreas.
Outra opção é consultar a tabela
de vôos de cada empresa no site da Anac.
SUSPEITA
A obra será executada pelo consórcio formado
pela empresas OAS e Queiroz Galvão. As duas empreiteiras
participaram do consórcio contratado para a reforma
do terminal de passageiros, que teve início em
2003 e ainda não foi concluída. A ampliação,
orçada em quase R$ 200 milhões, está
sob investigação do Ministério Público
Federal (MPF). Há suspeita de superfaturamento
de até 252% sobre os preços pagos pela Infraero
às construtoras.
A estatal informou que o relatório do Tribunal
de Contas da União, que apontou irregularidades,
não é conclusivo.
Site da Alerj
11/05/2007
CPI da Varig tentará reverter
liquidação do Aerus
Ex-titular da SPC admite que liquidação
queria evitar saques das poupanças dos ativos
O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) que investiga, na Alerj, o processo de venda da
Varig, deputado Paulo Ramos, afirmou nesta quinta-feira
(10/05) que irá lutar para reverter o processo
de liquidação do fundo de pensão
Aerus.
A afirmação foi feita após o depoimento
do ex-titular da Secretaria de Previdência Complementar
(SPC), Adacir Reis, que apontou a possibilidade de reverter
a liquidação dos planos do Aerus. Reis confirmou
que só pediu a liquidação para evitar
que os funcionários ativos sacassem parte de suas
poupanças.
Segundo ele, "naquele momento [abril 2006], a liquidação
significou estancar o quadro existente e priorizar, pela
legislação, o quadro de aposentados",
uma vez que "o Aerus vivia uma crise porque o dinheiro
deixou de entrar”. O ex-secretário ressaltou,
porém, que “a Lei Complementar diz que, se
houver um fato novo, a liquidação pode ser
suspensa”.
Reis negou, ainda, que tenha sido pressionado por instâncias
superiores a intervir no Aerus e liquidar apenas os planos
da Varig – e não a entidade como um todo,
como prevê a lei. O ex-secretário não
soube informar se já houve, no país, caso
semelhante ao do Aerus.
O deputado Paulo Ramos quer, agora, buscar meios para
que os funcionários possam reaver o dinheiro que
investiram. "Vamos receber mais documentos e analisar
uma maneira de intervir neste processo", afirmou
Ramos.
Instituto e leilão
Na mesma sessão, ao falar sobre a eleição
no Aerus, em abril de 2006, sua diretora administrativa,
Andréa Vanzillotta, afirmou que Ricardo Lodi ficou
impossibilitado de assumir a presidência do Instituto
porque, na ata da reunião, faltava a assinatura
de um conselheiro. Paulo Ramos quis saber se era função
dela conferir as assinaturas. A resposta foi negativa.
Já o leiloeiro Acir Joaquim da Costa falou sobre
o primeiro leilão da Varig. "Na época,
foram cadastradas de cinco a sete empresas, porém
o lance ofertado foi abaixo do valor estabelecido. Por
isso, foi feita a venda condicional, onde o comprador
não assume imediatamente", explicou. Por motivos
que ignora, Acir não foi convidado para o segundo
leilão.
Quanto à possível convocação
do juiz Luiz Roberto Ayoub, o deputado Paulo Ramos informou
que a Associação dos Magistrados do Estado
conseguiu mandado de segurança para impedir o depoimento,
mesmo que este seja feito numa sessão fechada.
“Tal decisão só faz aumentar as suspeições
do leilão da Varig”, observou o deputado.
Na próxima quinta-feira (17/05) serão ouvidos
Marco Antônio Audi e Luiz Eduardo Gallo, sócios
da Volo, empresa que comprou a Varig em 2006. Foi aprovada,
ainda, a convocação do advogado Roberto
Teixeira.