:::::RIO DE JANEIRO - 14 DE JANEIRO DE 2007 :::::

 

Estadão
12 de janeiro de 2007 - 20:37h
Funcionários da Varig tentam readmissão na companhia
Empregados estáveis demitidos nesta semana dizem ter sido pegos ´de surpresa´
Mariana Barbosa

SÃO PAULO - Os funcionários estáveis que foram demitidos da Varig estudam entrar com uma ação judicial para reverter a decisão, buscando ser reabsorvidos pela nova Varig.

Segundo o presidente do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo, Reginaldo Alves de Souza, o Mandu, os cerca de 700 funcionários estáveis demitidos nesta semana estavam trabalhando na nova Varig e recebendo salários "quando foram pegos de surpresa". Na próxima semana, o sindicato irá solicitar audiências com o Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro e com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para tratar da questão.

"A sucessão trabalhista tem que acontecer. Temos de lutar para não deixar os trabalhadores sem seus direitos garantidos", disse Souza, que recomendou a todos os demitidos a não assinar a carta de demissão.

 

 

Estadão
12 de janeiro de 2007 - 19:15h
Varig: ex-presidente vai esclarecer pagamentos à Justiça
Marcelo Bottini foi intimado pela Justiça do Rio de Janeiro a prestar esclarecimento sobre o favorecimento de cerca de 20 executivos do alto escalão da companhia

Alberto Komatsu

RIO - A Justiça do Rio intimou nesta sexta-feira o ex-presidente da Varig, Marcelo Bottini, a prestar esclarecimentos sobre o favorecimento de cerca de 20 executivos do alto escalão, suspeitos de receber indenizações trabalhistas antes de serem demitidos. A investigação é do Ministério Público do Trabalho (MPT), que já tem provas e documentos oficiais da Varig comprovando o pagamento de até R$ 150 mil a apenas um gerente na gestão de Bottini. Já os 9 mil trabalhadores que foram demitidos, a partir de julho do ano passado, ainda não receberam salários atrasados. A dívida é estimada em R$ 150 milhões.

"Embora não haja nada formal sobre isso (favorecimento) no processo (de recuperação da Varig), eu me adiantei em virtude das notícias gravíssimas sobre o assunto", afirma o juiz Paulo Roberto Fragoso, integrante da comissão de juízes responsável pela recuperação judicial da Varig. Segundo ele, a Justiça quer apurar a movimentação financeira da Varig no período em que houve a antecipação de indenizações trabalhistas.

Chamou a atenção do MPT pagamentos que teriam sido realizados antes do leilão da Varig, ocorrido no dia 20 de julho de 2006.Caso Bottini não seja encontrado, o gestor judicial da Nordeste (Varig antiga), Miguel Dau, deverá indicar quem pode fornecer as informações solicitadas. O objetivo é encontrar os responsáveis pelos pagamentos. Bottini está trabalhando na Aerolíneas Argentinas, em Miami. Procurado por telefone e por e-mail, o ex-presidente da Varig não retornou até o fechamento desta edição.

O favorecimento a diretores e gerentes da Varig veio à tona por meio de denúncias de funcionários. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, diz que em agosto teve uma reunião com o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara empresarial do Rio, e com representantes da Deloitte para relatar as irregularidades. "Foi preciso o Dau entrar no circuito, um mês depois, para investigar e produzir o relatório", afirma Selma.

No dia 31 de outubro de 2006, Dau emitiu um relatório a Ayoub constatando que "diversas situações foram observadas e estão gerando descontentamento no quadro funcional, tais como: o privilégio de pagamento para um grupo de funcionários, que já foi objeto de um relatório preliminar a ser entregue ao administrador judicial (consultoria Deloitte)".

O relatório assinado por Dau observa, ainda, que houve "falta de informação sobre o critério utilizado na escolha das pessoas para fazer parte do quadro funcional da VRG (razão social da nova Varig). A nova Varig informou que não se pronuncia sobre o assunto. Segundo funcionários, os executivos privilegiados seriam ligados a Bottini. As irregularidades foram apuradas por meio de uma auditoria promovida por Dau, que em agosto do ano passado assumiu a Nordeste.

Uma terceira irregularidade foi registrada no relatório. De fevereiro a julho do ano passado, a Varig reteve Imposto de Renda dos funcionários no valor de R$ 28,6 milhões, "sem o devido recolhimento".